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Como identificar a infertilidade?

Ao sentir dificuldades para ter filhos naturalmente, muitas pessoas acreditam ter um problema de infertilidade. Embora essa seja uma possibilidade, a condição só é considerada após um ano de relações sexuais frequentes sem o uso de anticoncepcionais.

As possíveis causas do problema são variadas. Doenças, desequilíbrios hormonais, uso de substâncias químicas e até alguns hábitos, como o alcoolismo, o tabagismo e o sedentarismo, podem levar homens e mulheres a desenvolver um quadro de infertilidade.

Nos homens, o problema pode ser causado, por exemplo, por obstrução nos dutos que transportam os espermatozoides, anormalidades na anatomia do órgão genital ou traumas e como consequência de cirurgias escrotais.

A infertilidade feminina, entretanto, pode surgir devido a diferentes condições relacionadas ao funcionamento do sistema reprodutor, como distúrbios ovulatórios, obstruções uterinas, anormalidades da anatomia do útero e até mesmo o avanço natural da idade.

O diagnóstico da infertilidade pode ser um desafio em alguns casos, especialmente quando não há sintomas. No entanto, é importante conhecer os possíveis sinais e condições de saúde relacionadas para, diante de qualquer indicativo, procurar um médico, investigar o problema e solucioná-lo.

Este artigo tem o objetivo de ajudar nesse sentido. Acompanhe a leitura e descubra quais são os principais sintomas de infertilidade masculina e feminina, as condições de saúde associadas e de que maneira o problema pode ser diagnosticado.

Sintomas de infertilidade masculina

O homem pode desenvolver a infertilidade devido a diversas condições e, em muitos casos, é assintomático.

A azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen), por exemplo, é um dos problemas mais graves de infertilidade masculina, mas não manifesta sintomas.

Outras doenças, no entanto, podem apresentar desconfortos e indicativos físicos. Alterações no tamanho dos testículos, dor, inchaço, vermelhidão e a presença de nódulos na região genital, por exemplo, podem indicar varicocele, doença que consiste no surgimento de varizes na bolsa testicular e que prejudica o processo de produção de espermatozoides.

Alguns desses sintomas também podem estar relacionados a processos infecciosos e a ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como a uretrite, a orquite, a epididimite e a prostatite.

Nesses casos, o homem sente principalmente dor e queimação ao urinar ou ao ejacular, irritação ou inchaço no órgão genital, coceira e sensibilidade. A infecção também pode gerar a presença de sangue na urina, de secreção peniana e linfonodos na região.

Os sintomas de infertilidade masculina podem ser, no entanto, mais simples. Quando o homem tem distúrbios hormonais, como alterações nos níveis de testosterona, pode apresentar sinais comumente associados ao problema, como irritabilidade, desmotivação, ginecomastia (aumento das glândulas mamárias), diminuição na libido e problemas de ereção ou ejaculação.

Sintomas de infertilidade feminina

As mulheres podem desenvolver a infertilidade devido a diversas condições de saúde, inclusive processos inflamatórios e ISTs.

Assim como os homens, também podem apresentar desconfortos ao urinar e, ainda, ao evacuar. No entanto, os sinais costumam ser mais leves ou inexistentes.

Febre, calafrios, coceira, corrimento vaginal, sangramentos não-relacionados ao período menstrual e dores, que podem se manifestar na região abdominal ou nas relações sexuais, são também sintomas de ISTs e de outras condições, como pólipos endometriais, adenomiose e DIP (doença inflamatória pélvica).

Aliás, a dor, que inclui cólicas, é um sintoma comum a muitas doenças que exercem influência no potencial reprodutivo de mulheres. É um sinal, por exemplo, de trombofilia, de endometriose e de anomalias müllerianas.

Em alguns casos, o problema pode ser acompanhado de períodos menstruais e fluxos irregulares, incluindo amenorreia (ausência de menstruação).

Esses podem ser sintomas de, por exemplo, problemas na tireoide, miomas e da SOP (síndrome do ovário policístico).

Essa última, aliás, está associada a sintomas muito específicos. A mulher pode desenvolver traços mais comuns aos homens, como pelos no rosto, nos seios e no abdômen, acne e ganho repentino de peso.

Algumas condições também são assintomáticas nas mulheres, que só percebem o problema devido à dificuldade para engravidar. As anomalias müllerianas, por exemplo, podem não emitir quaisquer sinais de sua existência.

A própria idade da mulher é um fator muito importante. Após os 35 anos, seu potencial reprodutivo reduz devido à diminuição natural da reserva ovariana e da qualidade dos seus óvulos.

Exames que podem diagnosticar a infertilidade

Mesmo que se passe um ano após tentativas frequentes sem o uso de anticoncepcionais, é preciso confirmar o diagnóstico e descobrir a causa da infertilidade.

Além da avaliação do histórico de saúde e familiar e da análise física, podem ser requisitados exames de imagem, como a ultrassonografia, a ressonância magnética e a histerossalpingografia.

Na investigação da infertilidade provocada por algum fator em específico, como a baixa qualidade de gametas, distúrbios hormonais ou problemas genéticos, os especialistas podem, ainda, solicitar outros exames, como o espermograma, a avaliação da reserva ovariana e o teste de função espermática.

A infertilidade pode ser causada por diversas condições de saúde, muitas vezes assintomáticas. No entanto, desconfortos urinários, dores, coceira, irritação, febre, secreções, sangramentos, mudanças no humor e no desejo sexual, irregularidades menstruais e o desenvolvimento de características físicas atípicas indicam a condição. Se houver suspeita é preciso procurar um médico para realizar exames, descobrir a causa e confirmar a infertilidade.

Se você quiser saber mais sobre como pode identificar o problema, leia o texto Como descobrir se sou infértil?

Endometrioma e reserva ovariana: qual a relação?

Toda mulher nasce com uma determinada quantidade de folículos em seus ovários. Essas estruturas são as responsáveis pelo desenvolvimento e liberação dos óvulos, gametas femininos que são fecundados pelos espermatozoides.

Com o passar do tempo e dos ciclos menstruais, o número vai diminuindo e cai consideravelmente quando a mulher atinge idades mais avançadas, próximo à menopausa.

A reserva ovariana representa a quantidade de folículos encontrados nos ovários e é um dos principais indicativos de fertilidade feminina. Quando esse número se esgota, a mulher deixa de ser fértil e entra na menopausa.

Outro fator que contribui para a infertilidade feminina é a qualidade dos óvulos, que diminui ao longo de sua vida reprodutiva. Além de as chances de gravidez serem menores, aumenta os riscos de transmissão de distúrbios genéticos.

Algumas doenças e alterações podem interferir na reserva ovariana da mulher e gerar dificuldades para engravidar. Uma delas são os endometriomas, pequenos cistos nos ovários que podem causar problemas à saúde reprodutiva da mulher.

A seguir, saiba mais sobre os endometriomas e entenda a sua relação com a infertilidade feminina.

O que são endometriomas?

Os endometriomas são um tipo de cisto no ovários, preenchidos por sangue envelhecido, encontrados com mais frequência em mulheres em idade reprodutiva. Eles podem causar intensas dores pélvicas e cólicas menstruais, além de interferir na fertilidade.

Em alguns casos, os cistos funcionais podem desaparecer após a menstruação, mas mulheres com endometriose podem continuar com o problema, causando uma irritação nos tecidos e provocando sintomas.

São considerados um tipo de endometriose e constituídos de glândulas endometriais e estroma, que se formam fora do útero. Os cistos formados são compostos por um líquido espesso, com cor semelhante ao chocolate, como consequência de sangramento e acúmulo do sangue envelhecido.

O aparecimento e a intensidade dos sintomas causados pelos endometriomas variam de mulher para mulher, sendo alguns deles:

  • Cólicas abdominais intensas;
  • Dor na região pélvica;
  • Sangramento anormal;
  • Dor intensa durante a menstruação;
  • Desconforto ao urinar ou defecar;
  • Corrimento vaginal com cor escura;
  • Dor durante as relações sexuais.

O diagnóstico da doença é feito inicialmente por exames físicos em que os médicos procuram nódulos e alterações. Além disso, são realizados exames mais completos como: a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.

Assim, é possível avaliar as estruturas e os órgãos do sistema reprodutor, visualizando as alterações nos órgãos atingidos pela doença. Com isso, é feito o diagnóstico dos endometriomas e o tratamento adequado pode ser preparado e direcionado de acordo com cada situação.

Por que os endometriomas podem causar infertilidade?

Os ovários atingidos por este problema sofrem uma alteração em sua função, interferindo na quantidade e na qualidade dos gametas e causando uma diminuição da reserva ovariana. Além de dificultar a ovulação, os endometriomas podem interferir na implantação do embrião, devido às alterações inflamatórias causadas pela endometriose.

Os tratamentos para endometriomas têm foco no alívio das dores e na tentativa de recuperação da fertilidade da mulher. São utilizados analgésicos e, em casos de mulheres que não desejam engravidar, contraceptivos para inibir a função ovulatória e cessar o crescimento dos focos endometriais.

Existe um tratamento considerado radical, que pode causar algumas complicações para a paciente, a intervenção cirúrgica. Adotada em casos mais graves de endometriomas, consiste na remoção dos cistos. Porém, existe uma chance de a cirurgia afetar a reserva ovariana, dificultando ainda mais a gravidez ou causando infertilidade permanente.

Mulheres com esse problema, podem buscar a preservação da fertilidade antes do tratamento, pelo congelamento de óvulos, quando os gametas são coletados e preservados para que a utilização em outro momento, quando estiver apta para a gestação.

Como a reprodução assistida pode ajudar em casos de endometrioma?

Em alguns casos é possível engravidar de forma natural mesmo com endometriomas. Quando isso não acontece, a paciente tem ainda a opção de tratamento pela reprodução assistida. Técnicas avançadas foram desenvolvidas a fim de alcançar a gravidez, buscando resolver problemas de infertilidade em diversos casos.

Endometriomas são um tipo de endometriose mais avançada, por isso, a técnica mais adequada é a fertilização in vitro (FIV). É a mais complexa e com as maiores taxas de sucesso, indicada normalmente em casos mais graves ou quando há falhas em outros procedimentos.

A FIV é feita em cinco etapas principais: a estimulação ovariana, seleção e coleta dos gametas, fecundação, cultivo dos embriões e transferência embrionária. A maioria desses procedimentos acontece em laboratório, o que permite um acompanhamento maior para evitar falhas.

Técnicas complementares também estão disponíveis para auxiliar no tratamento, aumentando as chances de sucesso e evitando riscos de falhas de formação ou problemas durante a gravidez.

Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV por ciclo de tratamento são bastante altos, em média 40%. No entanto, se não houver sucesso, a transferência do embrião pode, ainda, ser repetida em um ciclo seguinte, uma vez que os excedentes são congelados para uso no futuro, inclusive uma nova gravidez. 

Para maiores informações sobre esse assunto, leia nosso post sobre a endometriose, entenda como a doença se desenvolve e conheça os tratamentos mais indicados em cada caso.

Cirurgia de endometriose: quando é indicada e qual é a conduta?

A endometriose é uma das doenças femininas mais prevalentes, especialmente entre as mulheres em idade reprodutiva, e também está entre aquelas que mais oferecem riscos de infertilidade feminina.

Considerada uma doença complexa, cujas origens ainda não estão bem esclarecidas pela ciência, a endometriose pode ser difícil de lidar, com desdobramentos para a saúde física e mental da mulher, comprometendo a qualidade de vida.

Estima-se que a endometriose possa ser encontrada em um percentual bastante expressivo da população geral, presente em aproximadamente metade dos casos de infertilidade associada à dor pélvica, os dois principais sintomas dessa doença.

Classificada no grupo de doenças estrogênio-dependentes, a endometriose consiste no aparecimento e crescimento de tecido semelhante ao endométrio, porém fora da cavidade uterina, onde normalmente está localizado.

Por estar associada à ação do estrogênio e da progesterona, a endometriose é mais prevalente em mulheres em idade reprodutiva, que nunca tiveram filhos (nulíparas) e também naquelas diagnosticadas com outras doenças estrogênio-dependentes, como miomas uterinos e pólipos endometriais.

A infertilidade é uma das principais consequências da endometriose, famosa ainda por seus sintomas dolorosos e intensos, muitas vezes incapacitantes, que se manifestam mais comumente durante o período menstrual, em forma de dismenorreia severa.

Dependendo do estágio de desenvolvimento e da gravidade do quadro endometriótico, a conduta medicamentosa pode ser insuficiente. Para esses casos a principal indicação é a retirada cirúrgica dos focos endometrióticos.

Vamos mostrar neste texto quando a intervenção cirúrgica para endometriose é indicada, como pode ser realizada e quais as alternativas de tratamento.

Como é realizada a cirurgia para endometriose?

A cirurgia para retirada dos focos endometrióticos normalmente é feita por videolaparoscopia ou por histeroscopia cirúrgica, e a indicação de cada abordagem depende do estágio de desenvolvimento da doença, da localização dos focos endometrióticos e também dos desejos reprodutivos da mulher.

A videolaparoscopia consiste em um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, que demanda anestesia geral e, por isso, deve ser realizado em ambiente hospitalar. Normalmente a mulher recebe alta após 24 horas e o tempo de recuperação pode variar, mas costuma ser relativamente curto.

Nesse procedimento são feitas pequenas incisões no abdômen, por onde é introduzido um tubo de fibra ótica, com uma microcâmera, além dos instrumentos para a manipulação cirúrgica. As imagens da microcâmera são transmitidas em tempo real para um monitor, e guiam o procedimento cirúrgico, neste caso, para a localização e retirada dos focos endometrióticos.

A histeroscopia cirúrgica é um procedimento menos invasivo que a videolaparoscopia, porém indicado para casos leves, principalmente quando os focos estão localizados nas proximidades do útero e tubas uterinas.

Nesse procedimento, também é inserido um aparelho ótico com uma microcâmera e os instrumentos para a retirada dos focos endometrióticos, porém, o acesso aos focos é feito por via transvaginal.

Apesar de mais invasiva que a histeroscopia cirúrgica, a videolaparoscopia é um procedimento mais abrangente, podendo ser indicado também para casos mais graves, em que os focos endometrióticos são mais profundos, numerosos ou quando estão aderidos a outras estruturas da cavidade pélvica, como intestinos e a bexiga, inacessíveis por via transvaginal.

De acordo com a gravidade dos sintomas e o desenvolvimento da doença, o tratamento cirúrgico pode ser feito de forma conservadora, em que a fertilidade é preservada, ou radical, que leva à histerectomia, remoção total do útero.

A cirurgia para endometriose pode afetar a fertilidade das mulheres?

De forma geral, os objetivos da abordagem cirúrgica para endometriose são retirar a maior quantidade de endométrio ectópico possível e, assim, buscar restabelecer a fertilidade e a anatomia original da pelve.

Dependendo da localização dos focos endometrióticos, contudo, a abordagem cirúrgica pode oferecer riscos de dano tecidual e ser desaconselhada, especialmente quando a mulher tem planos de engravidar.

Isso acontece principalmente para os casos de endometriose infiltrativa profunda e endometriomas, a forma ovariana da doença. No primeiro caso pela dificuldade em extrair os focos mais profundos e, no segundo, porque o manejo do tecido ovariano em si oferece riscos de danos à reserva ovariana e, consequentemente, à fertilidade.

Preservação social da fertilidade

A preservação social da fertilidade é uma opção interessante para as mulheres com infertilidade por endometriose, que precisam realizar a cirurgia para retirada dos focos.

O procedimento tem como objetivo coletar e criopreservar um número específico de gametas femininos, que podem ser utilizados posteriormente para engravidar com a FIV (fertilização in vitro).

Quando a conduta cirúrgica é indicada para endometriose?

Como mencionamos, a indicação da abordagem cirúrgica para os diversos tipos de endometriose depende principalmente da intensidade dos sintomas do estágio de desenvolvimento da doença, da quantidade, localização e profundidade dos focos endometrióticos e também dos desejos reprodutivos da mulher.

Se a mulher não apresenta sintomas álgicos relevantes e os exames para avaliação da endometriose mostram focos pequenos e localizados apenas em uma região, o tratamento pode ser expectante ou a mulher pode receber indicações para técnicas menos complexas de reprodução assistida.

De forma geral, as indicações para cirurgia incluem:

Dor sem melhora significativa com o tratamento medicamento

O tratamento farmacológico é realizado normalmente com administração de medicamentos contraceptivos, progestagênios e agonistas do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), todos envolvidos na regulação do ciclo reprodutivo.

Quando essa abordagem, se mostra insuficiente no controle dos sintomas dolorosos, no entanto, ou quando a mulher deseja engravidar, a indicação é para a abordagem cirúrgica.

Focos localizados no peritônio e aderidos aos ovários, às tubas uterinas, à bexiga, ureteres e intestino

É comum que, nos casos em que os focos endometrióticos estão localizados no peritônio – tecido de preenchimento da cavidade pélvica –, por seu contato com todos os órgãos e estruturas dessa região, as funções desses órgãos sejam prejudicadas pela endometriose, que pode invadir diferentes regiões.

A indicação da cirurgia é feita quando os focos invadiram órgãos que comprometem a fertilidade ou causam sintomas de maior severidade. A cirurgia é realizada por videolaparoscopia, procedimento minimamente invasivo.

Como é feita a preparação para a cirurgia?

A preparação para a retirada dos focos endometrióticos é feita principalmente com algumas mudanças na rotina alimentar pré-operatória. Recomenda-se que a mulher realize uma dieta restritiva nas 48h que antecedem a cirurgia, para diminuir relevantemente a formação de resíduos intestinais, que podem dificultar o procedimento e oferecer um maior risco de infecção.

A dieta restritiva consiste em não consumir alimentos cuja digestão aumenta muito o bolo fecal, como:

  • Vegetais de folhas, legumes, raízes e tubérculos (crus ou cozidos);
  • Leguminosas (feijão, lentilha etc.);
  • Produtos industrializados integrais;
  • Cereais;
  • Leite e laticínios.

Além disso, antes de se apresentar para a cirurgia, a mulher deve realizar um jejum de 8h, com restrição inclusive de líquidos.

Passos após a cirurgia

A cirurgia para retirada dos focos endometrióticos costuma demonstrar bons resultados para o tratamento dos sintomas álgicos e infertilidade, contudo é possível que mesmo com os sintomas controlados a mulher ainda apresente dificuldades para engravidar.

A reprodução assistida pode ser indicada para esses casos, especialmente a FIV (fertilização in vitro), por possibilitar a coleta de folículos ovarianos (que contém o óvulo imaturo) diretamente nos ovários, contornando possíveis problemas anovulatórios ou obstrutivos.

A fecundação acontece posteriormente em laboratório. Os embriões formados são cultivados por alguns dias e transferidos ao útero, o que permite a realização de um preparo endometrial, quando a endometriose provoca falhas na implantação do embrião, minimizando os riscos.

As demais técnicas – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial) também podem ser indicadas quando a doença está em estágios iniciais, contudo, a indicação depende da observação de alguns aspectos, como a idade da mulher, tratamentos anteriores e a presença ou não de fator masculino na infertilidade conjugal.

Tenha acesso a mais conteúdo sobre esse assunto tocando o link.

Blastocisto: o que é e qual sua importância para a FIV?

Assim que a fecundação ocorre, seja nas tubas uterinas, seja de forma controlada como acontece na FIV (fertilização in vitro), a célula primordial (zigoto), originada pelo encontro dos gametas, dá início às primeiras etapas do desenvolvimento embrionário.

O desenvolvimento embrionário pode ser dividido em fases, de acordo com a dinâmica de multiplicação celular: clivagens iniciais, estágio de mórula, estágio de blástula, gastrulação e organogênese.

Durante as duas primeiras fases do desenvolvimento embrionário – primeiras clivagens e mórula – a célula primordial se multiplica dando origem a células ainda indiferenciadas, semelhantes à original e contidas pela zona pelúcida do óvulo.

A partir do estágio de blástula, o blastocisto,  nome dado ao conjunto total de células do embrião nesta fase,  já apresenta as primeiras células diferenciadas, separadas por um espaço preenchido de líquido, chamado antro.

Na gastrulação, acontece a primeira diferenciação celular do embrião, em que as células embrionárias se diferenciam em três tecidos específicos – ectoderme, mesoderme e endoderme –, que durante a organogênese dão origem a todos os órgãos e sistemas do corpo humano.

Aproximadamente na 8ª semana de gestação a organogênese e, consequentemente, o período embrionário, têm fim, e inicia o período de desenvolvimento fetal, em que o bebê cresce e as estruturas formadas no período anterior se desenvolvem, terminando no parto.

Nos tratamentos com fertilização in vitro a fecundação e os primeiros processos do desenvolvimento embrionário podem ser observados durante o período de cultivo embrionário, que antecede a transferência desses embriões para o útero.

Na maior parte dos casos, a transferência é feita durante a fase de mórula ou durante a etapa de blastocisto, dependendo de aspectos específicos, que variam em cada caso, como o número de embriões conseguidos após a fecundação.

A fase de blastocisto merece uma atenção especial, e este texto tem como objetivo mostrar o que é e qual a relevância dessa etapa no contexto dos tratamentos com a FIV.

O que é blastocisto?

Blastocisto é o nome dado ao conjunto de células contido pela zona pelúcida, durante a fase de blástula do desenvolvimento embrionário.

Nessa etapa o principal evento é a separação das células que originam o bebê daquelas que dão origem aos anexos embrionários – placenta, cordão umbilical e líquido amniótico –, localizadas de forma oposta e separadas pelo antro, uma cavidade preenchida por líquido.

Os anexos embrionários são tecidos que dão suporte à gestação, estabelecendo limites e possibilidades, especialmente para o contato entre o bebê e a mulher, nutrição e proteção.

É nessa etapa também que acontece o rompimento da zona pelúcida, num evento chamado hatching, que permite ao embrião fixar-se no endométrio, iniciando a gestação.

Após a definição das células embrionárias propriamente ditas, essas entram em novos processos de diferenciação celular, nas etapas de gastrulação e organogênese, que encerra o período de desenvolvimento embrionário.

Como isso acontece na FIV?

A fertilização in vitro é considerada hoje a técnica de reprodução assistida mais complexa e abrangente entre as disponíveis, por promover a fecundação de forma controlada, em laboratório.

Ainda assim, a metodologia dessa técnica busca adaptar ao máximo os processos envolvidos na fecundação por vias naturais, então podemos dizer que todas as fases de desenvolvimento embrionário mencionadas acontecem da mesma forma, mesmo quando a fertilização é feita em laboratório.

A fecundação na FIV pode ser feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que um único espermatozoide é colocado no interior do óvulo por uma agulha especial, em uma placa de vidro, contendo meio nutritivo de cultura adequado, semelhante ao encontrado nas tubas uterinas.

A partir desse momento, o desenvolvimento embrionário pode ser observado por um período de 3 a 6 dias, ou até a fase de blastocisto, num processo que chamamos cultivo embrionário.

Qual a importância do blastocisto para a FIV?

Durante o desenvolvimento embrionário o blastocisto é a primeira formação celular em que é possível observar as células do bebê separadas daquelas que formam os anexos embrionários.

Por isso, quando observados durante o cultivo embrionário da FIV, esse é o momento mais precoce para a identificação de anomalias e doenças genéticas, por ter um acesso mais específico ao material genético do embrião.

É durante a fase de cultivo embrionário que pode ser realizado o PGT (teste genético pré-implantacional), para o rastreio do embrião em busca de doenças ou anomalias genéticas. A prevenção dessas condições é um motivo pelo qual muitos casais buscam auxílio da reprodução assistida.

Além disso, como a etapa de blastocisto é também o momento em que ocorre a implantação embrionária, ou a fixação do embrião no endométrio, é possível também realizar o hatching assistido, em que pequenas incisões são feitas na zona pelúcida do embrião antes da transferência, com o objetivo de facilitar o rompimento dessa camada e a implantação embrionária.

Pelo mesmo motivo, é comum que se escolha realizar a transferência embrionária nessa etapa, que corresponde ao D5 do cultivo, ou 5º dia após a fecundação.

Blastocisto é o único momento para transferência embrionária na FIV?

Em alguns casos, especialmente quando a mulher em tratamento com a FIV tem mais de 35 anos e uma reserva ovariana já sensivelmente menor, é possível que a etapa de fecundação produza menos embriões do que o esperado inicialmente, e de menor qualidade.

Para essas situações pode-se realizar a transferência embrionária antes da etapa de blastocisto, a partir do D3 do cultivo embrionário, quando o embrião atinge o estágio de mórula.

A escolha do melhor momento para realizar a transferência embrionária depende das especificidades de cada caso: das variações no desenvolvimento do embrião, durante a etapa de cultivo, e também da quantidade de embriões conseguidos na fase de fecundação. Por isso, a indicação é feita sempre de forma individualizada.

Quer saber mais sobre transferência de blastocisto? Toque o link e acesse nosso conteúdo.

O que é preservação oncológica e quando fazer?

Apesar dos diversos avanços obtidos pela medicina atualmente, é bastante compreensível que receber um diagnóstico de câncer possa significar um impacto bastante intenso e profundo, especialmente nas expectativas sobre a vida futura, para qualquer pessoa.

Esse impacto não é somente decorrente dos prejuízos físicos que o câncer pode trazer, mas também pode fazer com que a pessoa adquirir uma visão pessimista sobre o futuro, aumentando as chances de desenvolver depressão e ansiedade, o que inclusive pode prejudicar o próprio tratamento.

Além disso, mesmo que os resultados dos tratamentos oncológicos sejam bastante positivos hoje, os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia ainda estão presentes, especialmente as alterações e incômodos que ocorrem durante o tratamento.

Contudo, existe um outro efeito colateral provocado por esses tratamentos que costuma ser pouco abordado, principalmente porque há uma preocupação maior em justamente tratar o câncer: essas terapêuticas oferecem um alto risco de danos à função reprodutiva, podendo levar à infertilidade.

Por isso a medicina reprodutiva possibilita que homens e mulheres possam preservar sua fertilidade dos efeitos colaterais trazidos pelos tratamentos oncológicos por procedimentos realizados a partir da FIV (fertilização in vitro), que permitem o congelamento de óvulos, de espermatozoides e também de embriões.

A preservação oncológica da fertilidade oferece uma ampliação nas possibilidades para as expectativas sobre gravidez após o tratamento oncológico, abrindo espaço para que, ao final dessa fase tão difícil, os planos de maternidade ainda possam ser concretizados.

Continue a leitura e conheça melhor o que é e quando pode ser feita a preservação oncológica da fertilidade.

O que é a preservação oncológica da fertilidade?

A preservação oncológica da fertilidade é realizada a partir do congelamento de algumas células reprodutivas femininas, com o objetivo de permitir que a mulher possa engravidar e ter filhos biológicos, após o fim do tratamento para o câncer.

Essa é uma importante possibilidade oferecida pela FIV, com o objetivo de atender aos casos de homens e mulheres que precisam passar pelo tratamento oncológico com radioterapia e quimioterapia, terapêuticas que afetam a fertilidade em praticamente todos os casos.

O processo de congelamento possibilita a conservação dessas células por tempo indeterminado, permitindo que a fecundação seja realizada mesmo em casos cujos tratamentos se estendem durante muito tempo, e que por isso, oferecem um risco ainda maior de danos à fertilidade.

Outra possibilidade oferecida pela preservação oncológica da fertilidade, é a possibilidade de realizar o PGT (teste genético pré-implantacional) durante a etapa de cultivo embrionário da FIV, quando a opção é pelo congelamento de embriões.

O teste realiza o rastreamento das células embrionárias para doenças genéticas, hereditárias ou não, o que é interessante especialmente nesses casos, já que a origem do câncer também está relacionada à predisposição genética.

Quando a preservação oncológica da fertilidade deve ser realizada?

É importante que a preservação oncológica da fertilidade tenha início antes dos tratamentos com quimioterapia e radioterapia, para que a integridade das células reprodutivas da mulher seja mantida nas melhores condições possíveis.

Como a coleta dos folículos ovarianos deve acontecer antes do início dos tratamentos, é importante que a mulher conheça a possibilidade de realizar a preservação oncológica da fertilidade em tempo, por isso o acesso prévio a esses procedimentos é muito importante.

Como essa preservação é realizada?

A preservação oncológica da fertilidade é feita sempre no contexto da FIV, e nesses casos realiza-se apenas as primeiras etapas da técnica: estimulação ovariana e a coleta de folículos, que são estão encaminhados para o processo de criopreservação.

A estimulação ovariana é feita a partir da administração de medicamentos à base dos hormônios gonadotróficos, LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), que atuam nos ovários, promovendo o recrutamento e amadurecimento folicular.

O objetivo dessa etapa é potencializar o amadurecimento de aproximadamente 10 folículos ovarianos: todo o processo deve ser acompanhado por ultrassonografia pélvica transvaginal.

O monitoramento ultrassonográfico é fundamental para indicar o momento ideal em que a coleta dos folículos ovarianos pode ser realizada, a partir da técnica de aspiração folicular, capaz de obter os folículos diretamente dos ovários, sem a necessidade de qualquer intervenção cirúrgica.

Aspiração folicular é feita com auxílio de uma cânula introduzida por via transvaginal até os ovários, acoplada à uma câmera e um cateter, este conectado à uma bomba de sucção. Nesse procedimento os folículos são aspirados um a um, e o processo é acompanhado em tempo real, permitindo uma manipulação mais cuidadosa dos ovários.

Após a coleta, os óvulos são extraídos em laboratório, armazenados em uma solução nutritiva e crioprotetora e imediatamente submetidos ao congelamento por vitrificação – considerada atualmente a técnica mais avançada, entre as disponíveis para a criopreservação de células e material biológico.

Como utilizar os óvulos preservados?

Ao optar pela preservação oncológica da fertilidade, a retomada do tratamento para engravidar pode ser realizada quando a mulher decidir, a partir do momento em que os tratamentos com quimioterapia e radioterapia chegam ao fim.

Para dar continuidade à FIV, os óvulos são, então, descongelados para que a fecundação ocorra em ambiente laboratorial e posteriormente os embriões obtidos por esse processo sejam transferidos para o útero da mulher.

Muitas vezes é necessário que a mulher passe pelo preparo endometrial, realizado a partir de medicamentos à base de estrogênio e progesterona, que induzem o espessamento do endométrio e preparam essa camada do útero para receber o embrião.

O processo também é monitorado por ultrassonografia transvaginal, que indica o momento ideal para descongelamento dos óvulos e a realização das etapas seguinte da FIV.

Após a fecundação, os embriões obtidos são observados durante o período de cultivo embrionário, quando pode ser aplicado o PGT, uma ferramenta útil para seleção dos melhores embriões, que são transferidos para o útero da mulher, após aproximadamente 5 dias de cultivo

A FIV permite também que, nos casos em que outras estruturas do sistema reprodutivo, especialmente o útero, foram comprometidas pelos tratamentos oncológicos, a gestação possa acontecer no corpo de outra mulher pela cessão temporária de útero, permitindo a concepção de filhos biológicos mesmo em situações mais extremas.

Compartilhe esse conteúdo em suas redes sociais e ajude outras mulheres a saber que é possível realizar a preservação oncológica da fertilidade.

Endometriomas: saiba como é feito o diagnóstico

Os endometriomas são cistos formados nos casos de endometriose ovariana e, diferente dos outros tipos de endometriose cujo principal sintoma é a dor, os endometriomas são normalmente assintomáticos e podem provocar infertilidade feminina.

Sua presença nos ovários afeta os processos envolvidos na ovulação, além de causar uma severa diminuição na reserva ovariana e, consequentemente, danos à função reprodutiva das mulheres.

Esses cistos são constituídos por tecido endometrial ectópico, cujo crescimento e desenvolvimento é estimulado pela ação do estrogênio endógeno (produzido pelo próprio corpo), tornando a doença estrogênio-dependente e crônica.

As causas do aparecimento de endometriomas ainda não estão bem esclarecidas pela medicina, porém as principais teorias apontam para alterações genéticas hereditárias e anomalias no desenvolvimento embrionário do sistema reprodutivo feminino, atreladas a questões ambientais, como o estresse físico e emocional.

Por ser uma doença estrogênio-dependente, a ausência de gestações anteriores é um fator de risco para os endometriomas, assim como a menarca (primeira menstruação) precoce e a idade – mulheres que estão na perimenopausa têm menos chance de desenvolver endometriomas do que aquelas com menos de 35 anos.

Na maior parte das vezes a mulher não apresenta somente um tipo de endometriose e os endometriomas costumam vir acompanhados de outras manifestações, que podem causar sintomas mais visíveis.

Contudo, isoladamente, os endometriomas não produzem sintomas além da infertilidade, o que justamente torna seu diagnóstico relativamente mais difícil.

Este texto mostra como é feito o diagnóstico dos endometriomas e também as principais formas de abordagem terapêutica desse tipo de endometriose.

Quais as consequências dos endometriomas?

Como dificilmente os endometriomas aparecem de forma isolada, a mulher costuma apresentar também os sintomas gerais da endometriose:

  • Dor pélvica;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Sangramento durante a relação sexual;
  • Alterações intestinais;
  • Alterações urinárias;
  • Infertilidade;

Podemos observar que as principais consequências da endometriose incluem principalmente sintomas dolorosos e a infertilidade.

De forma geral, a intensidade dos sintomas está relacionada à profundidade dos implantes endometrióticos, enquanto sintomas específicos, como as alterações intestinais e urinárias, dependem dos locais em que os focos de endometriose estão aderidos.

O principal sintoma presente na maior parte das mulheres com endometriose ovariana, em que se desenvolvem os endometriomas, é a infertilidade por anovulação, acompanhada de uma redução sensível da reserva ovariana.

A infertilidade causada pelos endometriomas deve-se principalmente à pressão exercida por esses cistos nos ovários, especialmente na região cortical em que estão localizados os folículos ovarianos contendo as células reprodutivas femininas.

Além disso, a reação inflamatória disparada pelos estímulos do estrogênio também provoca danos aos folículos e ao ovário como um todo, prejudicando a reserva ovariana.

Como é feito o diagnóstico?

Quando a mulher não apresenta sintomas além da infertilidade, esse costuma ser o motivo pelo qual acontece a primeira consulta: compreender o porquê das dificuldades encontradas para conseguir uma gestação por vias naturais.

Por isso, é fundamental que o primeiro contato seja marcado por uma conversa acolhedora, que aborde principalmente o histórico de saúde individual e familiar da mulher.

A anamnese deve buscar compreender se existem casos precedentes da doença, principalmente entre parentescos próximos, ou se a mulher passou por outros eventos relacionados à saúde reprodutiva, que possam ter impactado sua fertilidade.

De qualquer forma, a confirmação diagnóstica para os endometriomas depende da análise dos exames de imagem, que forneçam dados mais detalhados sobre as condições dos ovários e do sistema reprodutivo das mulheres.

O principal exame de imagem envolvido no diagnóstico dos endometriomas é a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal.

Nela, a mulher deve realizar o esvaziamento prévio dos intestinos, normalmente no dia anterior ao exame, podendo recorrer ao auxílio de medicamentos específicos para isso.

O esvaziamento intestinal permite uma melhor visualização de algumas regiões próximas ao peritônio, e é importante para o diagnóstico dos endometriomas, porque muitas vezes esses cistos entram em contato também com o peritônio.

O exame consegue detectar, ainda, a presença de outros focos endometrióticos na cavidade pélvica, não ovarianos, sendo por isso indicado de forma geral para o diagnóstico da endometriose como um todo.

Como é a conduta após o diagnóstico?

O tratamento dos endometriomas pode ser realizado a partir de duas principais condutas: a medicamentosa e a cirúrgica. A indicação depende principalmente dos desejos que a mulher manifeste de ter ou não filhos.

Tratamento contraceptivo

A abordagem medicamentosa é feita a partir de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, com objetivo de regular a dinâmica hormonal, controlando o ciclo menstrual e também os sintomas dolorosos.

Essa forma de tratamento, contudo, só é indicada para mulheres com quadros leves de endometriose ovariana – poucos cistos e de pequenas dimensões – e que não desejam engravidar.

Tratamentos cirúrgicos

Para os casos mais severos, especialmente aqueles em que além dos endometriomas a mulher apresenta outros focos endometrióticos, a videolaparoscopia é atualmente o procedimento utilizado para realizar a retirada dos implantes.

Porém, por oferecer risco de dano ao tecido ovariano pela manipulação mecânica necessária para a remoção, esse procedimento também é contra indicado para as mulheres que desejam engravidar, inclusive aquelas que têm indicação para o tratamento com reprodução assistida.

A retirada parcial ou total dos ovários pode ser recomendada para mulheres que desenvolvem os endometriomas em idade já próxima à menopausa e que não desejam ter filhos, embora esta seja a última abordagem por suas consequências radicais sobre a vida reprodutiva da mulher.

Reprodução assistida

A infertilidade desencadeada pelos endometriomas pode ser tratada também pela reprodução assistida, particularmente por fertilização in vitro (FIV).

A FIV, considerada uma técnica de alta complexidade, é atualmente o procedimento mais indicado para a maior parte dos casos de infertilidade, incluindo aqueles causados pelos endometriomas e também por outras formas de endometriose.

Para mais informações sobre endometriose, toque no link.

Tratamento de SOP e reprodução assistida

Considerada como uma das doenças que mais acomete mulheres em idade reprodutiva, a síndrome dos ovários policísticos – ou simplesmente SOP – é um distúrbio metabólico com potencial para afetar não somente o sistema reprodutivo, mas também alguns tecidos periféricos, como a pele, os pelos, o tecido adiposo e a musculatura esquelética.

A infertilidade e o hiperandrogenismo são dois sintomas típicos da SOP, e bastante temidos pelas mulheres que estão em processo de investigação diagnóstica para essa doença, já que provocam não somente alterações físicas, mas podem também comprometer algumas dinâmicas emocionais, especialmente ligadas à frustração e ao constrangimento que esses sintomas podem provocar.

Atualmente, calcula-se que a incidência da SOP seja de 16% entre as mulheres em idade reprodutiva, e, dessas, até 85% apresente um ou mais sintomas do hiperandrogenismo.

A SOP também é responsável por cerca de 75% dos casos de infertilidade e tem a diabetes, hipertensão arterial e obesidade como alguns dos principais fatores de risco.

A maior parte dos sintomas da SOP pode ser controlada pelos tratamentos adequados, que incluem a terapêutica hormonal e a reprodução assistida.

O objetivo desse texto é mostrar quais são os tratamentos disponíveis atualmente para que a mulher com SOP possa lidar com os principais sintomas manifestados pela doença, inclusive a reprodução assistida. Aproveite a leitura!

Como a SOP altera a dinâmica dos hormônios sexuais?

Considerada uma doença metabólica, cuja origem é composta por aspectos genéticos e ambientais. Na SOP a secreção de gonadotrofinas se apresenta desregulada: enquanto a secreção de LH (hormônio luteinizante) é acima do normal, a de FSH (hormônio folículo-estimulante) é significativamente rebaixada.

O excesso de LH faz com que as células foliculares da teca produzam testosterona em um ritmo mais intenso, enquanto a baixa concentração de FSH se mostra insuficiente para realizar a conversão dessa testosterona em estrogênio, um processo fundamental para que o ciclo reprodutivo ocorra naturalmente, já que os estrogênios atuam na ovulação e também no preparo endometrial.

Quais são os sintomas da SOP?

Todos os sintomas manifestados pela SOP estão ligados ao desequilíbrio hormonal provocado pelas alterações na secreção das gonadotrofinas.

A diminuição do estrogênio é o aspecto da SOP relacionado à infertilidade por anovulação, enquanto os sintomas de hiperandrogenismo estão mais conectados ao aumento na concentração de testosterona, pois os tecidos alvo desse hormônio incluem também a pele, o tecido adiposo e a musculatura.

Outro sintoma marcante da SOP é justamente a presença de cistos ovarianos, cuja observação depende da realização dos exames de imagens, e que são formados como resultado os processos anovulatórios mencionados.

Como a diminuição dos estrogênios e do FSH inibem o desenvolvimento dos folículos, os que não desenvolvem ou conseguem romper no momento da ovulação, permanecem no córtex ovariano, formando os cistos típicos dessa síndrome.

Importante ressaltar que todos os sintomas mencionados anteriormente devem ser confirmados por exames laboratoriais e de imagem.

Como é feito o diagnóstico da SOP?

Os sintomas manifestados pela SOP, se observados de forma isolada podem ser confundidos com sinais de outras doenças e condições hormonais, como a hiperprolactinemia fora do período puerperal.

Por isso, a confirmação diagnóstica desta síndrome não pode ser feita de forma segura a não ser a partir do resultado de exames de imagem, principalmente a ultrassonografia pélvica transvaginal, e de dosagens hormonais, realizadas pela análise laboratorial de amostras de sangue.

Os critérios diagnósticos para determinação da SOP preveem que a mulher deve apresentar ao menos dois dos seguintes sintomas:

  • Infertilidade por anovulação;
  • Cistos ovarianos;
  • Hiperandrogenismo;

Quais são os tratamentos para a SOP?

Por ser uma doença crônica a SOP não tem cura, porém, seus sintomas podem ser controlados a partir de terapêuticas específicas para cada um deles.

As duas principais formas de tratamento para os sintomas da SOP são o uso de contraceptivos orais, indicados para as mulheres que não desejam engravidar, e a reprodução assistida, para aquelas cujo planejamento familiar inclui a gestação em curto prazo.

Os contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona atuam no corpo da mulher –simulando a fase pós-ovulatória, com o objetivo de inibir a secreção das gonadotrofinas (LH e FSH) e consequentemente a ovulação.

O uso desses medicamentos para o tratamento da SOP é eficiente para atenuar os sintomas de hiperandrogenismo e regular o ciclo menstrual.

Contudo, esse tipo de tratamento é contraindicado para as mulheres que desejam engravidar justamente pelos efeitos contraceptivos dos medicamentos hormonais utilizados.

Dessa forma, a reprodução assistida é a terapêutica mais indicada para as mulheres com SOP que desejam engravidar – especialmente a FIV (fertilização in vitro) – e a escolha entre as técnicas disponíveis depende principalmente do grau de acometimento do processo ovulatório causado pela SOP.

As técnicas de reprodução assistida são divididas em etapas e a estimulação ovariana é um procedimento compartilhado por todas elas, oferecendo benefícios para os casos de infertilidade por anovulação, como a SOP.

A estimulação ovariana é realizada a partir da administração diária de medicamentos similares às gonadotrofinas, e o principal objetivo dessa etapa é potencializar a ovulação, para a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), ou aumentar a taxa de recrutamento e amadurecimento folicular, quando utilizada na FIV.

Na RSP e na IA, os protocolos para estimulação ovariana preveem doses baixas desses hormônios, para evitar o risco de gestação múltipla, já que é fecundação nessas técnicas acontece no interior das tubas uterinas e o controle sobre os processos é menor do que na FIV.

Quando utilizada na FIV, a estimulação ovariana é feita a partir de doses mais altas, pois o objetivo é induzir o amadurecimento de aproximadamente 10 folículos ovarianos, que serão posteriormente coletados para que os óvulos sejam extraídos e a fecundação aconteça em ambiente laboratorial de forma mais controlada e precisa.

Toque aqui e leia mais sobre a SOP.

Como tratar a infertilidade?

Atualmente, a infertilidade conjugal é considerada uma condição grave, que atinge a população em escala global: espera-se que aproximadamente 15% da população mundial, entre homens e mulheres, se depare em algum momento da vida com o diagnóstico de infertilidade.

A alta incidência na população mundial se deve, em parte, ao aumento no ritmo de vida da sociedade contemporânea, que expõe o ser humano a situações estressantes de forma mais frequente.

Hábitos alimentares pouco saudáveis, sedentarismo ou a prática excessiva de atividades físicas, bem como distúrbios do sono, também contribuem para a diminuição da fertilidade.

A percepção e a iniciativa para mudar esses hábitos cotidianos prejudiciais é o primeiro passo no combate à infertilidade. Além disso, as formas de tratamento das doenças e condições que causam infertilidade em homens e mulheres, inclusive as técnicas de reprodução assistida, serão abordadas nesse texto. Aproveite a leitura!

Infertilidade feminina

A infertilidade feminina é uma condição que pode ser causada por três principais motivos: falhas no processo ovulatório, obstrução das tubas uterinas e alterações funcionais ou anatômicas no útero.

Com exceção das deformações anatômicas uterinas, a maior parte das doenças e condições que provocam infertilidade nas mulheres são acompanhadas de desequilíbrios na dinâmica dos hormônios sexuais, responsáveis pela coordenação dos processos envolvidos com a função reprodutiva.

Assim como a infertilidade masculina, as origens dessa condição para as mulheres podem ser genéticas, adquiridas – como infecções resultantes do contato com ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) – ou causadas pela combinação desses dois aspectos.

Idade

Contudo, a idade é um fator muito importante para avaliação da fertilidade das mulheres, já que o corpo feminino conta com uma reserva limitada de células reprodutivas, diferente do que acontece com os homens, que produzem espermatozoides por toda a vida.

As células reprodutivas femininas são formadas no período embrionário, e após o nascimento a mulher não é mais capaz de produzir novos folículos (bolsas que contém o óvulo imaturo), por isso dizemos que a reserva ovariana é um estoque limitado.

A puberdade marca o início da vida reprodutiva das mulheres, enquanto a menopausa determina o seu fim, e entre esses dois importantes eventos a mulher consome sua reserva ovariana a cada ciclo reprodutivo.

Ainda que a menopausa só aconteça por volta da quinta década de vida, a partir dos 35 anos já é possível sentir uma relevante diminuição no potencial da fertilidade das mulheres.

Esse processo é natural e fisiológico, contudo, a infertilidade feminina pode também ser causada por doenças hereditárias, por anomalias anatômicas, pela predisposição genética ao desequilíbrio hormonal e também como consequência da contaminação por ISTs.

Entre as principais causas da infertilidade feminina destacamos as seguintes condições:

Já entre os principais exames solicitados para investigação das causas da infertilidade feminina, podemos destacar os exames de imagem, como as ultrassonografias pélvica transvaginal e suprapúbica, além da histerossonografia, histeroscopia diagnóstica, ressonância magnética e a histerossalpingografia.

As dosagens hormonais também são importantes para confirmar os diagnósticos das doenças hormônio-dependentes, e são realizadas a partir da análise de amostras de sangue.

Tratamentos para infertilidade feminina

O tratamento para infertilidade feminina pode ser realizado por via medicamentosa, cirúrgica e também pela reprodução assistida, dependendo dos fatores apontados pelos exames diagnósticos e da idade da mulher.

Para a maior parte das doenças causadas por desequilíbrios hormonais – SOP e as estrogênio-dependentes – os principais sintomas, com exceção da infertilidade, podem ser controlados pela administração de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, especialmente nos casos mais leves.

Contudo, tanto para os casos mais severos como quando o objetivo é reverter o quadro de infertilidade, na maior parte das vezes é necessário a retirada cirúrgica das massas celulares formadas pelas doenças mencionadas.

As principais formas de intervenção cirúrgica nesses casos são a videolaparoscopia e a histeroscopia cirúrgica, ambos procedimentos minimamente invasivos.

Esses procedimentos são igualmente utilizados para correção de problemas relacionados à anatomia uterina, como como a remoção de septos, indicados para os casos de útero septado didelfo (duplo) e bicorno, ou deformações causadas por doenças.

A cirurgia para reversão da laqueadura tubária também é feita por videolaparoscopia.

Infertilidade masculina

A infertilidade masculina se manifesta principalmente por quadros de azoospermia, evidenciados pelo espermograma, exame de excelência para análise dos principais parâmetros seminais.

O espermograma também é capaz de identificar alterações relativas à morfologia dos espermatozoides e à capacidade de motilidade, evidenciando quadros de teratozoospermia e astenozoospermia, respectivamente.

Com exceção da azoospermia, todas as alterações indicadas pelo espermograma afetam a função reprodutiva, seja por dificultar a chegada dos espermatozoides às tubas uterinas para fecundação, ou pela incapacidade de romper a zona pelúcida, uma barreira que protege o óvulo.

A azoospermia, por sua vez, indica a ausência de espermatozoides no líquido ejaculado e pode ser causada por fatores obstrutivos, quando o trajeto do cordão espermático se encontra bloqueado, ou por fatores não obstrutivos, que indicam problemas na espermatogênese, processo de formação dos espermatozoides nos túbulos seminíferos.

A varicocele é uma das principais doenças responsáveis por desenvolver um quadro de infertilidade por azoospermia não obstrutiva, já que as alterações nas válvulas da rede venosa, que irriga a bolsa escrotal, alteram a temperatura e a pressão internas do testículo, prejudicando a formação e o desenvolvimento de novos espermatozoides.

Na maior parte dos casos de azoospermia obstrutiva os bloqueios no interior dos canais espermáticos são decorrentes de lesões provocadas por intervenções cirúrgicas, ou de cicatrizes resultantes da contaminação bacteriana no cordão espermático.

Tratamentos para infertilidade masculina

Os tratamentos para infertilidade masculina são relativamente mais restritos que aqueles disponíveis para o cuidado dos problemas femininos, relacionados à função reprodutiva.

A varicocele pode ser tratada pela cauterização das veias defeituosas e a correção da varicocele é feita por videolaparoscopia, pelas vias inguinal e subinguinal.

Em algumas situações é possível realizar a reconexão ou a desobstrução dos ductos que compõem o cordão espermático, como é o caso da reversão da vasectomia, embora as indicações para esse tratamento dependam de outros fatores, além da própria vasectomia.

Contudo, na maioria dos casos, a infertilidade masculina é abordada com melhores chances de sucesso pelas técnicas de reprodução assistida, assunto do qual falaremos mais adiante.

ISTs (infecções sexualmente transmissíveis)

As infecções sexualmente transmissíveis oferecem um potencial de risco para saúde reprodutiva de homens e mulheres, especialmente a clamídia e a gonorreia, que podem deixar cicatrizes salientes nas tubas uterinas e no cordão espermático, obstruindo a passagem dos gametas nos dois casos.

A identificação das bactérias envolvidas nas ISTs é feita por exames laboratoriais, e o tratamento adequado é realizado a partir da administração de antibióticos específicos para cada tipo de bactéria.

A reprodução assistida como tratamento para infertilidade

 

 

A reprodução assistida também é considerada uma forma de tratamento para infertilidade conjugal, e atualmente oferece técnicas capazes de abordar praticamente todas as formas de manifestação dessa condição.

A RSP (relação sexual programada) é uma técnica de baixa complexidade, em que a ovulação é estimulada hormonalmente e a mulher é orientada a manter relações sexuais durante seu período fértil, que foi potencializado pela estimulação ovariana. Essa técnica é indicada apenas para os casos de infertilidade por oligovulação.

A IA (inseminação artificial) também é considerado uma técnica de baixa complexidade, embora os gametas masculinos sejam coletados e submetidos ao preparo seminal antes de serem depositados no interior do útero da mulher. O preparo seminal é capaz de selecionar amostras que contêm espermatozoides mais viáveis entre as obtidas por masturbação.

Apesar de as técnicas de baixa complexidade serem eficientes quando bem indicadas, a FIV (fertilização in vitro) é o procedimento que atualmente oferece as melhores taxas de gestação e soluciona praticamente todos os casos de infertilidade masculina e feminina.

Nessa técnica, os gametas masculinos e femininos são coletados e a fecundação acontece fora do corpo da mãe, em ambiente laboratorial e controlado.

Uma das principais vantagens da FIV é a possibilidade de realizar o PGT (teste genético pré-implantacional), que rastreia os embriões durante o cultivo embrionário em busca de doenças hereditárias e anomalias genéticas que possam prejudicar a gestação e o bebê.

Toque o link e acesse mais informações sobre infertilidade masculina.

Causas de infertilidade masculina

Durante muito tempo acreditou-se que a infertilidade conjugal somente poderia ser resultado de problemas no aparelho reprodutivo das mulheres, gerando um estigma que prejudicou inclusive as pesquisas sobre infertilidade masculina.

Atualmente, sabe-se que, apesar de a participação de fatores masculinos e femininos na composição do diagnóstico final de infertilidade conjugal ser relativamente semelhante, a infertilidade masculina tem se mostrado muitas vezes mais prevalente do que a infertilidade feminina.

Entre as principais causas da infertilidade masculina podemos destacar:

  • Azoospermia obstrutiva;
  • Azoospermia não obstrutiva;
  • Varicocele;
  • ISTs (infecções sexualmente transmissíveis);
  • Vasectomia;

Esse texto mostra detalhadamente quais são as principais causas da infertilidade masculina, e como essas doenças podem ser tratadas. Veja!

Causas da infertilidade masculina

A fertilidade masculina, de forma geral, pode ser afetada por dois principais motivos: problemas relacionados à formação dos diversos componentes do sêmen – espermatozoides e líquidos glandulares – ou pela obstrução do trajeto percorrido pelo esperma até o momento da ejaculação.

Na maior parte dos casos de infertilidade masculina o espermograma, exame mais utilizado para analisar a qualidade do sêmen, resulta em azoospermia e as causas desse quadro ainda precisam ser investigadas a partir de outros exames, especialmente aqueles que fornecem imagens, como a ultrassonografia testicular.

As doenças que prejudicam o potencial reprodutivo dos homens podem ter origens genéticas, ambientais ou ser causadas por uma combinação desses dois fatores.

Doenças que causam azoospermia não obstrutiva

Varicocele

A varicocele é uma doença que pode se manifestar ainda na adolescência, causando aumento do volume testicular, além da sensação de dor e peso nessa região.

A infertilidade por varicocele é decorrente das alterações no interior da bolsa escrotal provocadas pela doença. Elas afetam a espermatogênese pelo aumento da temperatura e pressão testiculares, resultado do acúmulo de sangue que os defeitos valvulares da rede venosa escrotal provocam.

Exposição a substâncias tóxicas

Em alguns casos os homens podem se ver expostos a um maior contato com substâncias tóxicas, especialmente poluentes, fertilizantes e radiação, inclusive por motivos profissionais, que podem prejudicar a formação dos espermatozoides.

Além disso, aqueles que passam pelo tratamento para o câncer, como a quimioterapia e a radioterapia, apresentam declínio considerável na função reprodutiva após o final.

Para essas pessoas, a preservação oncológica da fertilidade deve ser indicada, por ser um procedimento que permite a coleta e congelamento do sêmen, que pode ser utilizado após o fim do tratamento.

Hábitos cotidianos

Alguns hábitos cotidianos também oferecem um potencial para diminuir a capacidade reprodutiva dos homens, com destaque para o tabagismo, etilismo e o consumo de substâncias estimulantes, bem como as recorrentes rotinas estressantes, que incluem poucas horas de sono, má alimentação, o sedentarismo e também o excesso de atividades físicas.

Essas interferências também prejudicam o processo de espermatogênese, podendo levar a quadros de azoospermia não obstrutiva.

Doenças que causam azoospermia obstrutiva

As principais formas de azoospermia obstrutiva são causadas pela atividade bacteriana nas diversas estruturas do cordão espermático, incluindo os epidídimos, canal deferente e também a uretra.

Na maior parte das vezes as bactérias responsáveis por esses quadros infecciosos são transmitidas por via sexual, ainda que outras, como as provenientes do sistema urinário, possam causar uretrites com potencial para prejudicar a função reprodutiva masculina.

As principais ISTs que tendem a formar aderências no interior dos túbulos são a clamídia e a gonorreia, embora alguns casos de Herpes simplex possam produzir saliências igualmente prejudiciais.

Essas doenças podem afetar a fertilidade masculina mesmo após o tratamento, pois oferecem risco para a formação de cicatrizes nos locais parasitados, normalmente compostos por tecidos bastante delicados.

Vasectomia

A vasectomia é a cirurgia de esterilização masculina. Realizada de forma voluntária, é atualmente o único método contraceptivo masculino disponível, além do preservativo.

É comum que os homens se arrependam da vasectomia. A cirurgia de reversão é possível, ainda que indicada apenas em algumas situações, especialmente quando passou pouco tempo entre a vasectomia e a cirurgia de reversão, e também quando a companheira com quem esse homem deseja ter filhos tem menos de 35 anos.

Para todos os outros caso, a reprodução assistida tem apresentado melhores resultados do que aqueles obtidos pela reversão da vasectomia.

Outras alterações seminais

Além da azoospermia, problemas na espermatogênese podem gerar também células reprodutivas que apresentam a motilidade ou a sua morfologia alteradas, provocando quadros de astenozoospermia e teratozoospermia, respectivamente.

Nesses casos, ainda é possível que a fecundação ocorra, porém, as anomalias espermáticas diminuem drasticamente as chances, assim como de que a gestação transcorra até o parto com segurança.

A infertilidade masculina tem tratamento?

Diferente da infertilidade feminina, que pode ser revertida a partir de procedimentos que vão desde tratamentos medicamentosas a intervenções cirúrgicas, a maior parte dos casos de infertilidade masculina só pode ser solucionada pela intervenção cirúrgica ou pela reprodução assistida.

A varicocele é um exemplo de doença que pode ser corrigida cirurgicamente, pela cauterização dos vasos defeituosos na rede venosa da bolsa escrotal. A cirurgia costuma atenuar os sintomas e, se realizada de forma precoce, pode também evitar que a infertilidade se instale de forma permanente.

Outra forma de intervenção cirúrgica para infertilidade são as tentativas de reconexão dos túbulos que compõem o cordão espermático, utilizadas para reverter a vasectomia e como tratamento para cicatrizes e aderências deixadas por eventuais processos infecciosos na região. Essas intervenções, porém, apresentam baixo potencial de reversão do quadro de infertilidade masculina.

Apenas as ISTs podem ser abordadas pelo tratamento medicamentoso com sucesso, nesse caso sempre por antibióticos específicos para as bactérias em questão. Importante lembrar que a parceria deve ser também tratada com os antibióticos de forma preventiva, mesmo que não apresente sintomas evidentes.

Reprodução assistida

A reprodução assistida tem oferecido boas taxas de gestação, mesmo para homens com problemas severos relativos à sua função reprodutiva.

Das técnicas disponíveis, a única totalmente contraindicada é a RSP (relação sexual programada), já que esse procedimento depende da perfeita integridade do sistema reprodutivo masculino.

Para os casos de infertilidade masculina leve e causados por azoospermia não obstrutiva, a IA (inseminação artificial) pode ser indicada, pois essa técnica prevê a possibilidade de preparo seminal.

No preparo seminal, a amostra de sêmen é fracionada por procedimentos envolvendo a centrifugação desse material, e sua divisão em fases distintas possibilita a coleta de extratos contendo o maior número de espermatozoides viáveis, antes da inseminação.

Contudo, a FIV (fertilização in vitro), é considerada a técnica que oferece maiores chances de conseguir uma gestação para os homens acometidos por distúrbios reprodutivos leves, moderados ou severos.

Mesmo aqueles que manifestam infertilidade por azoospermia podem ser beneficiados pela FIV, especialmente pela possibilidade de coletar os espermatozoides por punção testicular, diretamente nos epidídimos ou túbulos seminíferos.

A FIV abre espaço, ainda, para a realização do PGT (teste genético pré-implantacional), que rastreia os embriões de forma preventiva em busca de doenças genéticas, hereditárias ou não, melhorando a chance de uma gestação de sucesso.

Encontre mais informações sobre infertilidade masculina tocando o link.

Causas de infertilidade feminina

Infertilidade conjugal é um termo utilizado para se referir a somatória final de todas as causas que levaram às dificuldades ou à impossibilidade de engravidar, do casal como um todo.

A infertilidade é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela comunidade médica internacional, como a dificuldade que um casal manifesta de engravidar ou de manter a gestação até o parto, mesmo após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer tipo de contraceptivo.

Isso significa que tanto os casos em que a mulher quer engravidar e não consegue, quanto aqueles em que o casal passa por sucessivas perdas gestacionais – abortos de repetição – são consideradas formas de infertilidade conjugal.

Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e compreenda, de forma mais detalhada, quais são as principais causas da infertilidade feminina e como funcionam as doenças e condições envolvidas em cada caso.

O que pode causar infertilidade feminina?

Idade

Ainda que a mulher não seja acometida por qualquer doença ou condição que prejudique sua função reprodutiva, a simples passagem de tempo leva a uma redução natural da fertilidade feminina.

Durante a idade reprodutiva, os processos ovulatórios consomem gradativamente a reserva ovariana, e aproximadamente na quinta década de vida não existem mais gametas femininos disponíveis para a fecundação: a menopausa marca o fim da vida reprodutiva da mulher.

Doenças

A maioria das doenças que afetam a fertilidade das mulheres têm origem genética, mas também podem ser adquiridas ao longo da vida, como é o caso principalmente das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), com destaque para clamídia e gonorreia, que podem afetar a função tubária de forma permanente.

A clamídia e a gonorreia oferecem risco à fertilidade das mulheres não apenas por que parasitam o sistema reprodutivo, prejudicando temporariamente suas funções, mas principalmente porque, mesmo após o tratamento, podem deixar cicatrizes nos lugares em que a bactéria se instalou, formando aderências salientes.

Quando essas aderências estão localizadas no interior das tubas uterinas, diminuem o diâmetro interno dessas estruturas e, por isso, impedem a fecundação e aumentam os riscos para gravidez ectópica.

As demais doenças que provocam infertilidade feminina têm origens genéticas, hereditárias ou não, e se manifestam por alterações hormonais ou pela formação de massas celulares anormais.

As doenças estrogênio-dependentes normalmente estão relacionadas à formação de massas celulares atípicas ou ectópicas, como acontece nos casos de endometriose, miomas uterinos, pólipos endometriais, além de alguns tipos de câncer de endométrio:

Endometriose

Na endometriose, o tecido endometrial passa a se desenvolver também fora da cavidade uterina, seu local de origem, especialmente aderido a outros tecidos da cavidade pélvica.

Por continuar responsivo a ação estrogênica do ciclo reprodutivo, os focos desencadeiam processos inflamatórios locais, provocando sintomas dolorosos e intensos, incluindo infertilidade.

Miomas uterinos e pólipos endometriais

No caso dos miomas uterinos e dos pólipos endometriais essas massas celulares formam tumores benignos, que se diferenciam pela composição celular dos tecidos desenvolvidos, ainda que ambos levem à infertilidade por prejudicar a receptividade endometrial e a integridade do útero como todo.

Os miomas uterinos são formados por tecido semelhante ao miométrio, composto por células musculares fibrosas, e podem estar localizados em qualquer uma das três camadas uterinas.

Já os pólipos endometriais são formados por tecido endometrial e se desenvolvem na superfície do próprio endométrio, invadindo o interior da cavidade uterina e mudando a sua composição.

SOP (síndrome dos ovários policísticos)

A SOP também é causada por um desequilíbrio hormonal, porém, nesse caso, os sintomas são consequência da diminuição na produção de estrogênio, paralela ao aumento na concentração de testosterona.

Nessa síndrome, a infertilidade acontece por anovulação, pois o rebaixamento de estrogênio faz com que os folículos não se rompam, provocando a atresia destas estruturas, que permanecem aderidas ao ovário na forma de cistos.

Estilo de vida e outras causas para infertilidade feminina

Alguns hábitos cotidianos também podem afetar a fertilidade das mulheres, especialmente o tabagismo, consumo exagerado de bebidas alcoólicas, cafeína e outros entorpecentes, assim como a exposição a substâncias tóxicas, como poluentes, alguns tipos de fertilizantes e anabolizantes.

As que necessitam passar por tratamentos com quimioterapia e radioterapia têm sua fertilidade severamente afetada em função do tratamento e, nessas situações, a preservação oncológica da fertilidade deve ser indicada.

A laqueadura também é considerada uma forma de infertilidade ou esterilidade das mulheres, mesmo que a decisão para a realização desse procedimento seja voluntária. Apesar de a reversão da laqueadura ser possível, a decisão, caso mulher se arrependa da laqueadura, depende de outros fatores além da sua vontade.

Quais os principais tratamentos para infertilidade feminina?

Dependendo dos fatores que causaram quadro de infertilidade feminina, os tratamentos podem ser medicamentosos, principalmente hormonais ou antibióticos, ou realizados por intervenções cirúrgicas.

Tratamentos medicamentosos

Os tratamentos hormonais são indicados para casos leves de endometriose, SOP, miomas e pólipos e quando a mulher não deseja engravidar, já que na maior parte das vezes as terapêuticas são baseadas em contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona.

As ISTs e outras possíveis infecções decorrentes, inclusive, de procedimentos cirúrgicos malsucedidos e traumas, devem ser tratadas com antibióticos específicos para as bactérias envolvidas nos quadros infecciosos.

Intervenções cirúrgicas

As intervenções cirúrgicas são recomendadas para casos mais severos das doenças não infecciosas já mencionadas, e são realizadas principalmente a partir da videolaparoscopia e da histeroscopia cirúrgica.

Reprodução assistida

A reprodução assistida também é uma forma de tratamento para infertilidade feminina, e pode ser realizada atualmente a partir de três principais técnicas: a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro). A escolha da melhor depende das causas da infertilidade.

Todas as técnicas têm em comum a etapa inicial de estimulação ovariana, e por isso a mulher com infertilidade por anovulação é aquela que encontra mais opções entre as disponíveis.

Na RSP, indicada para casos leves de SOP e endometriose ovariana, a infertilidade não está relacionada com a capacidade de gestar, mas é decorrente de um quadro de oligovulação e anovulação.

As indicações da IA para infertilidade feminina são semelhantes às da RSP, porém, a IA também possibilita o tratamento se houver infertilidade masculina causada por pequenas alterações nos espermatozoides.

Embora essas técnicas possam ser indicadas para casos bastante específicos, a FIV é o procedimento mais complexo e abrangente, sendo a principal escolha para a maior parte dos casos de infertilidade conjugal, incluindo praticamente todas as formas de infertilidade feminina e masculina.

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