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Aborto de repetição: causas

Aborto de repetição é o termo utilizado quando ocorrem duas ou mais perdas consecutivas de gravidez antes da 22ª semana.

Para ser definido dessa forma, entretanto, é necessário que o processo tenha sido comprovado clinicamente por meio de exames, como a ultrassonografia transvaginal ou o exame de sangue beta-HCG quantitativo.

A forma clínica correta para definir a perda gestacional, entretanto, é abortamento. Ainda que o termo aborto seja frequentemente utilizado, significa o produto da concepção eliminado no abortamento.

Continue a leitura deste texto até o final para entender o que pode causar o aborto de repetição, suas consequências para a saúde feminina e as possibilidades de tratamento.

Entenda melhor o que é aborto de repetição

A gravidez é um processo complexo, que depende de diferentes fatores para ser bem-sucedida, incluindo o funcionamento correto dos órgãos reprodutores feminino ou masculino.

Todos os meses por exemplo, a cada ciclo menstrual feminino, diversos folículos, bolsas que contém o óvulo primário, são recrutados, embora apenas um deles se torne dominante, amadureça e rompa liberando o óvulo. 

Esse processo é estimulado pela ação de diferentes hormônios, incluindo as gonadotrofinas FSH (folículo hormônio-estimulante) e LH (folículo luteinizante), os hormônios femininos estrogênio e progesterona e os tireoidianos. 

Os hormônios femininos também são responsáveis pelo preparo do endométrio (camada interna do útero) para receber o embrião, tornando-o, para isso, mais espesso durante o ciclo.

Após ser liberado o óvulo é capturado pelas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, que também recebe os espermatozoides liberados na ejaculação. Embora milhares de espermatozoides sejam liberados, apenas um deles vence a corrida para fecundar o óvulo.

O embrião formado é, da mesma forma, transportado pelas tubas até o endométrio para que a implantação (nidação) ocorra iniciando a gravidez. Nele fica abrigado e é nutrido até a placenta ser formada. O útero é o órgão responsável pelo desenvolvimento da gravidez até o nascimento do bebê.

Alterações no funcionamento correto dos sistemas reprodutores de ambos os parceiros podem resultar em dificuldades reprodutivas, impedindo o processo de fecundação ou causando a perda da gravidez.

No entanto, é importante observar que muitas mulheres têm abortamento espontâneo sem perceber e isso nem sempre representa um problema. 

Embora a maioria engravide normalmente posteriormente, é aconselhável ficar atenta aos possíveis sintomas manifestados pela condição, uma vez que as chances de gravidez diminuem a cada perda, assim como aumentam as de o abortamento tornar-se de repetição.

O principal sintoma que alerta para a possibilidade de perda gestacional é o sangramento mais escuro, amarronzado ou vermelho vivo, que inicia de forma intensa ou aumenta em intensidade progressivamente, muitas vezes com expulsão de tecidos com coágulo. 

Outros sintomas são cólicas severas que não diminuem mesmo com o uso de medicamentos, secreção de muco em tom rosado, perda repentina de peso e diminuição dos sinais de gravidez.

Por que o aborto de repetição pode ocorrer?

O abortamento de repetição pode ser causado por diferentes fatores, o mais comum são as anormalidades cromossômicas, que possuem como característica a presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal. 

Podem ser consequência da perda de qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides), comum ao envelhecimento, resultando em embriões com a saúde comprometida ou de erros ocorridos durante o processo de divisão celular do embrião.

Alterações na anatomia do útero, congênitas ou provocadas por doenças uterinas comuns, como miomas, endometriose, pólipos endometriais e aderências resultantes de processos inflamatórios, podem dificultar o desenvolvimento e sustentação da gravidez, levando a perdas.

Desequilíbrios hormonais, incluindo nos níveis dos hormônios femininos responsáveis pelo preparo do endométrio, podem comprometer a receptividade endometrial, fundamental para a implantação do embrião ser bem-sucedida, causando falhas e abortamento. 

A inflamação do endométrio, geralmente consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), também pode causar alterações na receptividade endometrial, resultando em falhas e abortamento

Mulheres com trombofilia, doença caracterizada pela propensão para a formação de coágulos (trombos), têm alto risco de abortamento, uma vez que o problema tende a afetar a vasculatura placentária. O risco é ainda característico de doenças autoimunes como o Lúpus e a tireoide de Hashimoto. 

Além disso, é fundamental manter um estilo de vida mais saudável. Alimentação inadequada, hábitos como alcoolismo, tabagismo e uso de drogas recreativas, em excesso, são ainda apontados como fatores de risco.

Para detectar o que causou o problema, são realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem em ambos os parceiros. A partir da identificação da causa, é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, que na maioria dos casos proporciona a solução do problema e o desenvolvimento normal da gravidez.

Se não houver sucesso, ou nos casos em que o abortamento de repetição é causado por anormalidades cromossômicas, é indicado o tratamento por técnicas de reprodução assistida.

Como a reprodução assistida pode contribuir para solucionar o aborto de repetição?

A técnica indicada para aumentar as chances de gravidez de mulheres com abortamento de repetição como resultado de anormalidades cromossômicas é a fertilização in vitro (FIV).

O tratamento possibilita a seleção de óvulos e espermatozoides mais saudáveis, fecundados com a utilização da FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que aumenta as chances de sucesso do processo, pois prevê a injeção de cada espermatozoide diretamente no óvulo.

Além disso, as células do embrião podem ser ainda avaliadas pelo teste genético pré-implantacional (PGT), técnica complementar à FIV, que possibilita a detecção de anormalidades cromossômicas.

Outras duas técnicas complementares ao procedimento também contribuem para solucionar o problema, assegurando o desenvolvimento normal da gravidez. 

O teste ERA, que indica com bastante precisão o momento de maior receptividade do endométrio a partir da análise de células endometriais e, o hatching assistido ou eclosão assistida, que possibilita a criação de aberturas artificiais na zona pelúcida, película que envolve o embrião nos primeiros dias de vida, permitindo que ele a rompa facilmente para implantar no endométrio. 

Dificuldades para romper a zona pelúcida são comuns a embriões formados por óvulos de mulheres mais velhas.

Considerada a principal técnica de reprodução assistida a FIV registra percentuais altos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

O aborto de repetição é uma condição delicada. Quer continuar lendo sobre ele, toque aqui.

Avaliação da reserva ovariana: veja quais são os exames

Reserva ovariana é o termo que descreve o potencial funcional dos ovários e reflete a quantidade de folículos presentes nele, bolsas que armazenam os óvulos primários.

Toda mulher nasce com uma reserva ovariana, composta por milhões de folículos. Essa quantidade naturalmente diminui até a puberdade. Nessa etapa, o número é ainda bastante expressivo: aproximadamente 400 mil e, naturalmente diminui a cada ciclo menstrual, quando diversos folículos são recrutados, mas apenas um deles desenvolve, amadurece e ovula, enquanto os outros são eliminados (mais ou menos 1000 a cada ciclo menstrual).

Assim, a reserva ovariana naturalmente diminui com o envelhecimento, resultando, dessa forma, na falência dos ovários, o que acontece na menopausa, evento marcado pela última menstruação da mulher encerrando o ciclo reprodutivo.

No entanto, além do declínio natural outras condições podem causar alterações na reserva ovariana, confirmadas a partir da realização de exames para avaliação dos níveis. Continue a leitura para saber mais. 

Qual a relação entre reserva ovariana, fertilidade e infertilidade feminina?

A reserva ovariana reflete a capacidade reprodutiva da mulher: à medida que os níveis diminuem, aumenta a dificuldade de engravidar. Por isso, as chances de obter a gravidez são maiores até os 35 anos, quando os níveis da reserva ovariana ainda permanecem mais altos.

Durante a fase reprodutiva, entretanto, algumas condições podem provocar alterações na reserva ovariana, resultando em problemas de ovulação, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, em alterações na qualidade dos óvulos ou na interrupção da função dos ovários.

O envelhecimento não afeta apenas os níveis da reserva ovariana, mas também a qualidade dos óvulos, que igualmente diminui. Assim, o risco de ocorrerem anormalidades cromossômicas é maior. 

Chamadas aneuploidia, têm como característica a presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal e estão associadas a falhas na implantação do embrião e abortamento, na gestação espontânea ou nos tratamentos por fertilização in vitro (FIV).

A qualidade dos óvulos também pode ser alterada por processos inflamatórios em regiões como o colo uterino (cervicite), no endométrio (endometrite) ou nos ovários (ooforite). Eles podem, ainda, estimular a formação de aderências nos ovários, inibindo a liberação do óvulo, levando à ausência de ovulação, ou anovulação.

O desequilíbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo, por outro lado, tende a interferir no processo de foliculogênese, quando ocorre o desenvolvimento e amadurecimento do folículo ou na liberação do óvulo, impedindo, da mesma forma a ovulação e, consequentemente a fecundação.

Além disso, lesões nos ovários ou doenças genéticas podem provocar uma condição conhecida como falência ovariana prematura (FOP), caracterizada pela falência da função dos ovários antes dos 40 anos.

A avaliação da reserva ovariana reúne um conjunto de testes que indicam a quantidade de folículos presentes nos ovários no momento em que são realizados. É fundamental para definir a capacidade reprodutiva da mulher, indicando se há problemas de fertilidade. 

Os folículos se formam nos ovários durante o desenvolvimento embrionário. Após esse momento, nunca mais são criados novos e a reserva ovariana só se reduz, inclusive já iniciando essa redução antes mesmo do próprio nascimento. 

No início da puberdade, o número, antes na casa dos milhões, é de aproximadamente 400 mil, quantidade que se torna menor a partir dessa etapa, quando a cada ciclo menstrual os folículos recrutados que não desenvolveram são eliminados pelo organismo. 

Os resultados da avaliação da reserva ovariana contribuem para individualizar a investigação se houver problemas de infertilidade, assim como para a definição da abordagem terapêutica mais adequada a cada paciente.

Conheça os principais exames realizados para avaliar a reserva ovariana

Diferentes exames podem avaliar a reserva ovariana, no entanto, com a evolução dos métodos de imagem a ultrassonografia transvaginal, que hoje conta com as tecnologias 3D e 4D, com alta resolução de imagem, se tornou o principal deles e o mais realizado. 

Possibilita, por exemplo, a indicação de folículos menores, em crescimento, assim como a definição da quantidade de pré-antrais ou antrais, que possuem capacidade para posteriormente ovular. No entanto, outros também podem ser solicitados para confirmar ou complementar o diagnóstico:

  • Hormônio antimülleriano: o hormônio antimülleriano é produzido por células da granulosa dos folículos pré-antrais e antrais, portanto, está presente em todas as fases do desenvolvimento folicular. Assim, a definição dos seus níveis indica a reserva ovariana;
  • Avaliação dos níveis de FSH (hormônio folículo-estimulante):como o hormônio age no desenvolvimento e amadurecimento do folículo, a determinação dos níveis indica a resposta ovariana no ciclo em que o teste é realizado;
  • Avaliação dos níveis de inibina B e estrogênio:inibina-B, proteína produzida pelas células dos folículos em crescimento e o estrogênio são responsáveis pela regulação do FSH. Por isso, a avaliação dos seus níveis indica, da mesma forma, a resposta ovariana naquele ciclo;
  • Biópsia do tecido ovariano: a análise do tecido ovariano possibilita a definição da reserva ovariana a partir da avaliação da densidade folicular, ou seja, quantidade de folículos por unidade de volume do tecido. 

Avaliação da reserva ovariana na reprodução assistida

A avaliação da reserva ovaria é um marcador usado nas técnicas de reprodução assistida com o objetivo de predizer a resposta inadequada à estimulação ovariana ou determinar a dosagem correta para cada paciente.

A estimulação ovariana é a primeira etapa das três técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), indicadas quando há diminuição dos níveis da reserva ovariana com o objetivo de estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, garantindo, assim, mais óvulos maduros para a fecundação.

A mais adequada em cada caso quando há diminuição da reserva ovariana, assim como a definição de estratégias individualizadas, são determinadas a partir da observação de alguns critérios, que proporcionam mais chances de sucesso gestacional: 

  • Pacientes em idade mais avançada: em idades mais avanças o risco de ocorrerem alterações cromossômicas é maior, mesmo que os níveis sejam semelhantes aos de mulheres mais jovens;
  • Avaliação da reserva ovariana: a quantidade de óvulos coletados após a estimulação ovariana está relacionada aos níveis da reserva: níveis baixos indicam que poucos óvulos serão coletados para a fecundação;
  • Resposta insatisfatória à estimulação ovariana: mulheres com resposta insatisfatória dos ovários aos medicamentos utilizados na estimulação ovariana, resultando na coleta de mais ou menos 4 óvulos, têm chances de gravidez menores quando comparadas as que obtiveram 10 óvulos ou mais;
  • Sensibilidade ovariana às gonadotrofinas: quando há diminuição da sensibilidade as gonadotrofinas FSH e LH, mesmo se a reserva ovariana for normal.

Quer aprofundar seu conhecimento sobre a reserva ovariana? Continue lendo aqui.

Como preservar a fertilidade?

A fertilidade é um aspecto importante na vida de homens e mulheres que têm o desejo de ter filhos. Para que o processo de reprodução aconteça com sucesso, é necessário que o corpo esteja em bom funcionamento, com os órgãos reprodutivos saudáveis e com bons parâmetros de fertilidade.

Algumas condições, entretanto, podem levar o indivíduo a encontrar dificuldades para alcançar a gravidez. Problemas de infertilidade feminina e masculina são comuns em idade reprodutiva, mas podem ser evitados em alguns casos e quase sempre tratados.

Muitos não sabem, mas casais que buscam a gravidez podem adotar medidas como forma de prevenção, a fim de preservar a sua fertilidade e aumentar as chances de realizar o sonho de ter filhos.

Neste texto, saiba quais as atitudes homens e mulheres podem tomar para preservar a fertilidade e alcançar a gravidez.

Como preservar a fertilidade?

Para preservar a fertilidade existem alguns hábitos importantes a serem adotados na vida de homens e mulheres, capazes de evitar problemas maiores no futuro. Eles podem reduzir as chances de uma possível alteração no sistema reprodutor que cause a infertilidade.

Preservação da fertilidade feminina

Toda mulher nasce com um número já determinado de folículos nos ovários, que posteriormente são desenvolvidos e liberam óvulos para a fecundação. Essa quantidade representa a reserva ovariana feminina e é um dos parâmetros de fertilidade.

Com o passar do tempo e o avanço da idade, a mulher tem sua reserva diminuída, tanto em quantidade dos folículos, quanto em qualidade dos óvulos. Isso acontece a cada ciclo e pode reduzir as chances de gravidez, principalmente em mulheres com mais de 35 anos.

É indicado que as mulheres tentem engravidar antes dessa idade, porém, atualmente as jovens buscam uma independência financeira maior e uma estabilidade antes de pensar na possibilidade de ter filhos. 

No entanto, é possível recorrer ao congelamento de óvulos para preservar a sua fertilidade, e utilizá-los em um momento em que estiver mais preparada. O procedimento é chamado preservação social da fertilidade. 

Hábitos de vida também influenciam de forma negativa nos aspectos de fertilidade da mulher. O uso de álcool em excesso, tabagismo, alimentação desbalanceada, obesidade, sedentarismo e a prática excessiva de atividades físicas, são alguns hábitos que podem causar a infertilidade feminina. Problemas com bulimia e anorexia também oferecem riscos.

Por isso, deve haver um equilíbrio na vida da mulher para que essas ações não prejudiquem a sua saúde e qualidade de vida, evitando, ao mesmo tempo, problemas de fertilidade.

Preservação da fertilidade masculina

Normalmente os homens não enfrentam a mesma dificuldade que as mulheres em relação à idade reprodutiva. É comum que seus parâmetros seminais sejam normais até os 40 anos, enquanto os espermatozoides, por outro lado, são produzidos durante toda a vida, desde a puberdade, não havendo assim a diminuição da fertilidade ou a urgência de buscar a gravidez.

Ainda assim, existem alguns fatores que podem ser observados e evitados, a fim de preservar a fertilidade masculina. Uma das causas de problemas com a produção dos gametas é a exposição prolongada à radiação e produtos químicos. Homens que trabalham nessa área e necessitam passar por esta exposição devem se cuidar e manter a regularidade dos exames como forma de prevenção.

O tratamento para doenças como o câncer também pode ser prejudicial para a fertilidade do homem. Sabendo disso, ele pode optar pelo congelamento de seus gametas, por meio da criopreservação: preservação oncológica da fertilidade. 

Ele pode utilizá-los nas técnicas de reprodução assistida quando terminar o tratamento da doença.

Outro aspecto que pode causar a infertilidade masculina é o aumento da temperatura dos testículos, que também altera a produção dos espermatozoides. Homens que trabalham com muita exposição ao calor, devem ficar atentos à essa questão para evitar problemas futuros.

Hábitos de vida também interferem na saúde reprodutiva dos homens. Assim, é necessário evitar o uso de álcool em excesso, de anabolizantes, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade, ajudando na preservação de sua fertilidade. 

Como preservar a fertilidade com técnicas de reprodução assistida?

Existem duas formas de promover a preservação social da fertilidade, realizada com o uso de técnicas de reprodução assistida: pelo congelamento de gametas ou de embriões. Os dois procedimentos são feitos na fertilização in vitro (FIV).

Homens e mulheres passam por processos de análise dos gametas para identificar a qualidade e quantidade de óvulos e espermatozoides disponíveis para o tratamento. O exame realizado para avaliar os gametas masculinos é o espermograma, feito após a coleta do material.

Já a mulher passa primeiro pela avaliação da reserva ovariana. Depois ela recebe dosagens hormonais para estimular o desenvolvimento folicular e obter mais óvulos para o congelamento.

Outra forma de preservação da fertilidade é o congelamento de embriões, feito após a avaliação da fertilidade, estimulação ovariana, coleta e análise dos gametas e fecundação, processo pelo qual os embriões são formados. 

Ambos os procedimentos podem ser utilizados na preservação oncológica da fertilidade, quando pacientes passam por tratamentos contra o câncer, que causam danos temporários ou permanentes à fertilidade. As células criopreservadas são utilizadas, nesse caso, a partir do final do tratamento. 

Como a preservação da fertilidade acontece na reprodução assistida?

Mulheres e homens que pretendem preservar a fertilidade, podem realizar o processo pela fertilização in vitro (FIV), técnica obrigatoriamente utilizada para obter a gravidez no futuro. Considerado o principal método da medicina reprodutiva, a FIV conta com ótimos índices de sucesso por ciclo de realização do tratamento.

Por se tratar de uma técnica feita grande parte em laboratório, como a micromanipulação de gametas para a fecundação e o cultivo embrionário, a FIV é técnica usada após o descongelamento dos gametas e a única que possibilita o congelamento de embriões.

Se você se interessou pelo assunto, leia mais sobre a infertilidade masculina, entenda quais outros aspectos podem interferir no processo de reprodução e saiba como o problema pode ser tratado.

Doação de sêmen: para que serve e como é feita?

Na reprodução assistida existem tratamentos disponíveis para problemas de infertilidade por fatores masculinos ou femininos. A principal técnica é a fertilização in vitro (FIV), que conta também com alguns métodos complementares no tratamento.

Uma das técnicas complementares da FIV é a doação de gametas e de embriões, quando o material biológico utilizado é de doadores. O procedimento é feito de forma voluntária, anônima e sem qualquer fim lucrativo. 

Em alguns casos, pode haver problemas com os gametas, tanto masculinos quanto femininos, fazendo com que a doação de óvulos e de sêmen seja uma opção. Quando ambos sofrem com alterações em seu material genético, é possível optar pela doação de embriões, sendo o feto totalmente constituído de material biológico de doadores.

Essas técnicas são importantes recursos da reprodução assistida, uma vez que conseguem solucionar algumas questões que dificultam o alcance da gravidez. A seguir, saiba como funciona a doação de sêmen e entenda como ela é feita.

O que é a doação de gametas?

A doação de gametas se torna uma opção quando o casal passa por problemas graves de infertilidade, sejam masculinos ou femininos. Normalmente ela acontece quando não existe a possibilidade de recuperação nas técnicas de reprodução assistida e os gametas não são suficientes em quantidade e qualidade para o tratamento.

Existem normas éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM) que orientam a prática de doação, incluindo a de sêmen, que é feita quando não há espermatozoides suficientes para o tratamento ou quando são de baixa qualidade.

Uma das principais é a proibição da prática com fins lucrativos ou comerciais. É também determinado que doadores e receptores tenham a garantia do sigilo e do anonimato, não conhecendo as identidades uns dos outros. Para homens que desejam doar seu material genético, a prática é permitida até os 50 anos de idade.

As clínicas e bancos de sêmen devem manter um registro permanente dos doadores com as suas características fenotípicas, dados clínicos e a amostra do material genético. É permitida a repetição da doação, desde que os receptores sejam os mesmos.

Como é feita a doação de sêmen?

Inicialmente, o doador passa por uma avaliação do seu histórico clínico e dos seus parâmetros seminais. São analisados detalhes importantes como a presença de doenças genéticas ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Com isso, é possível identificar se ele está apto ao procedimento e se o sêmen pode gerar embriões saudáveis.

A coleta é feita por masturbação na clínica e é indicado que o doador mantenha pelo menos dois dias sem ejaculação antes do procedimento. É um processo simples e rápido, mas que pode ajudar muitos pais com o sonho de alcançar a gravidez. Mais de uma coleta é feita para analisar completamente o material, obtendo resultados da sorologia, cariótipo e do espermograma.

O espermograma é realizado para analisar as condições dos espermatozoides quanto à sua qualidade, quantidade, morfologia e motilidade. Em seguida, a amostra passa por uma preparação seminal para que possam ser selecionados os melhores gametas para o congelamento.

O material permanece congelado até o momento em que for selecionado para o tratamento. Normalmente, os casais escolhem de acordo com características fenotípicas do doador para manter a semelhança com os pais receptores.

Quando a doação de sêmen é indicada?

Além da FIV, a doação de sêmen pode ser utilizada em outra técnica de reprodução assistida: a inseminação intrauterina (IIU) ou inseminação artificial (IA). Isso é possível porque a IIU realiza a injeção dos espermatozoides no útero da mulher para que ocorra a fecundação, sendo eles originados do parceiro ou de banco de doação.

A indicação da técnica de doação de sêmen é feita em alguns casos de infertilidade masculina mais graves. Um deles é para homens com alterações ou doenças que causam azoospermia, a ausência de espermatozoide, ou oligozoospermia, quando a quantidade de gametas não é suficiente para o tratamento, cujos espermatozoides não puderam ser coletados por recuperação espermática.

Casos em que o homem possui algum tipo de doença genética que pode ser transmitida para o feto, também podem utilizar a doação para realizar os procedimentos de reprodução e evitar o risco do desenvolvimento de síndromes e anomalias cromossômicas.

A baixa qualidade dos gametas masculinos pode fazer com que ocorram falhas durante o tratamento, trazendo a necessidade do uso de banco de doações de sêmen. Esse problema pode atingir, inclusive, homens em tratamento contra o câncer, devido a efeitos colaterais que provocam alterações hormonais e interferem na espermatogênese, atrapalhando assim a produção dos espermatozoides.

Outra possibilidade para o uso da doação de sêmen é em casos de produção independente, quando a mulher solteira decide passar pela reprodução assistida para ter filhos. Casais homoafetivos femininos, que necessitam do material biológico masculino, também podem optar pela doação de sêmen para alcançar a gravidez.

Se esse conteúdo foi útil para você, leia mais sobre a doação de sêmen e entenda em quais casos ela pode ser utilizada na reprodução assistida.

Endometriomas: veja quais são os sintomas

O útero é o órgão responsável por acomodar o embrião durante seu desenvolvimento. Ele é constituído por uma parede espessa, formada por três camadas de células: a mais interna, denominada endométrio, uma camada muscular intermediária, o miométrio, e uma camada serosa que recobre a parte externa.

O endométrio é uma membrana de revestimento formada por tecido epitelial, tecido conjuntivo de suporte e vasos. Suas células respondem aos hormônios femininos, a progesterona e o estrogênio. Assim, ele aumenta de espessura quando os níveis hormonais se elevam e descama, resultando na menstruação, quando diminuem.

Esse tecido, contudo, pode invadir locais fora da cavidade uterina, tornando-se um problema, uma doença chamada endometriose, que se manifesta de três formas, como aderências pélvicas, implantes ou endometriomas.

Diversas teorias tentam explicar as causas dessa doença, entretanto, atualmente a mais aceita é a hipótese do fluxo retrógrado, quando pequenos pedaços do endométrio, que deveriam ser eliminados pela menstruação retornam pelas tubas uterinas e se implantam em outros lugares, principalmente no peritônio, ovários, ligamentos que sustentam o útero e tubas uterinas.

Os locais vão sendo invadidos pelo tecido ectópico à medida que se desenvolve, o que ocorre, assim como no endométrio normal, por estímulo do hormônio estrogênio, que prepara o endométrio durante os ciclos menstruais para receber o embrião

Os endometriomas se apresentam principalmente em estágios mais avançados da doença. Continue a leitura até o final, saiba mais sobre eles e quais sintomas podem manifestar.

O que é endometrioma?

O endometrioma é um tipo de cisto ovariano, que se forma em mulheres com endometriose nos estágios mais avançados. É característico da fase em que a doença é classificada como moderada, embora também esteja presente nas mulheres com endometriose infiltrativa profunda, fase em que a doença é considerada mais grave.

A etiologia do endometrioma ainda é bastante controversa no meio científico, por isso, várias teorias também já surgiram para tentar explicar seu aparecimento. Uma das mais aceitas justifica que é um tipo especial de cisto ovariano produzido a partir da deposição e crescimento de tecido endometrial ectópico na superfície dos ovários.

Posteriormente, esse material é envolto por aderências e sofre invaginação. Os cistos, assim, são formados por uma porção externa de tecido cortical ovariano e, internamente, por sangue hemolisado. O que os tornou conhecidos como ‘cistos de chocolate’.

Uma outra teoria também bastante aceita propõe que os tecidos que revestem o epitélio da pelve são potencialmente capazes de se transformar em outro tipo sob certos estímulos hormonais. Esses tecidos, caso se implantem nos ovários, provocariam os cistos. 

Em ambas as teorias, os endometriomas se formam posteriormente a um foco de endometriose.

Quais sintomas os endometriomas provocam e qual a relação deles com a fertilidade?

O endométrio fora do local de origem, ou seja, ectópico, leva à processos inflamatórios crônicos, gerando os principais sintomas de endometriose: dismenorreia – termo utilizado para definir cólicas mais graves, que ocorrem antes ou durante a menstruação – e, dor durante as relações sexuais.

Os sintomas do endometrioma são similares ao da endometriose. Porém, sangramentos de escape e alterações no fluxo menstrual podem estar acompanhados da dor. A presença de endometriomas, contudo, pode ser assintomática.

Além desses sintomas, a endometriose é a causa mais comum de infertilidade na mulher, afetando um percentual bastante alto da população feminina em idade fértil no mundo todo. Entre as alterações que podem ser provocadas pela doença, os endometriomas são apontados como a principal consequência para que isso aconteça.

A relação dos endometriomas com a fertilidade também ainda não possui mecanismos bem esclarecidos, porém, sugere-se que os cistos condicionam alterações no desenvolvimento do folículo ovariano, levando a uma insuficiência luteínica ou luteinização sem ruptura folicular. 

Ou seja, a formação, a maturação e a expulsão do óvulo estão prejudicadas, assim como a composição do corpo lúteo, responsável pelo preparo final do endométrio para o embrião implantar (nidação).

Assim como podem causar danos ao tecido ovariano, resultando na redução dos folículos ao redor e, dessa forma, nos níveis da reserva ovariana, ou comprimir o córtex ovariano, interferindo na circulação, provocando, da mesma forma, perda folicular. 

Essas alterações afetam a fertilidade da mulher, diminuindo ou impossibilitando a fecundação e a nidação do óvulo fecundado, resultando, nesse caso, em falhas na implantação e abortamento.

Tratamento e reprodução assistida

Embora o exame considerado padrão ouro para diagnóstico de endometriose e, endometriomas, seja a videolaparoscopia, que possibilita a visualização direta dos endometriomas por uma microcâmera incorporada a um aparelho chamado laparoscópio, tornando-se simultaneamente uma ferramenta de tratamento, atualmente a ultrassonografia transvaginal com preparo especial tem sido usada com sucesso. 

Esse exame também possui alta sensibilidade e especificidade, com elevada capacidade discriminativa, diferenciando-os de outras doenças, ao mesmo tempo que é de baixo custo e não invasivo. Por isso é, atualmente, o principal método utilizado na identificação de endometriomas e determinação das taxas de recorrência.

Para mulheres com endometriomas que apresentam sintomas mais leves e não desejam engravidar, são prescritos medicamentos hormonais para suprimir a menstruação e, consequentemente a ação hormonal. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) também são comumente usados para diminuir os efeitos da inflamação.

A videolaparoscopia também é o método padrão ouro para cirurgia de endometriomas. É a abordagem indicada para mulheres que desejam engravidar ou manifestam sintomas de maior gravidade.

Minimamente invasiva a técnica preserva melhor a irrigação dos ovários e minimiza a remoção do tecido ovárico saudável, particularmente quando o procedimento é realizado por um especialista na doença. Tem como objetivo a remoção do maior número possível de endometriomas.

No entanto, apesar dos benefícios da técnica e a experiência do profissional, há ainda o risco de danos ao tecido ovariano e remoção dos folículos ao redor, o que pode diminuir ou resultar em perda permanente da fertilidade.

Motivo pelo qual geralmente é indicado o congelamento de óvulos para a preservação da fertilidade de mulheres que vão ser submetidas à cirurgia. 

Outra forma de engravidar sem que a cirurgia seja necessária é o tratamento por fertilização in vitro (FIV). Aliás, para beneficiar-se do tratamento a remoção, inclusive, não é indicada, uma vez que pode afetar a reserva ovariana, comprometendo, dessa forma, a quantidade de óvulos que poderão ser obtidos para a fecundação.

A FIV também é o método utilizado quando os óvulos são congelados. Em ambos os casos a fecundação acontece em laboratório, por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que o espermatozoide é injetado no citoplasma do óvulo, proporcionando, assim, a fecundação de uma quantidade maior de óvulos. 

Os índices de sucesso gestacional do procedimento são bem altos: em média 40% por ciclo.

Além dos endometriomas, a endometriose pode interferir na fertilidade de diversas maneiras. Toque aqui para saber mais.

Endometriose e infertilidade: saiba mais sobre a relação

A endometriose tornou-se uma doença de incidência bastante comum em mulheres no mundo contemporâneo, efeito justificado principalmente pala gravidez tardia.

Complexa, crônica e inflamatória, pode causar diferentes interferência na saúde feminina, de alterações na fertilidade à manifestação de sintomas severos, que impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras 

Resultando, assim, em problemas que vão desde comprometimentos na carreira e relações pessoais, ao desenvolvimento de transtornos emocionais, incluindo a depressão e, como consequência, no afastamento social.

Por essas características e a alta prevalência (responde hoje por milhões de casos), passou a ser motivo de atenção no mundo todo, com centros especializados para informações a mulheres portadoras vinculados à governos locais, instituições particulares ou entidades sem fins lucrativos.

A assintomatologia da doença muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce e, embora ela tenha um crescimento lento, agrava à medida que o progresso ocorre, aumentando ainda mais o risco de infertilidade.

Saiba, neste texto, sobre a relação da endometriose com a infertilidade e informe-se mais a respeito da doença.

O que é endometriose e quais são os tipos?

O endométrio, tecido que reveste a camada interna do útero, é responsável por abrigar e nutrir o embrião até a placenta ser formada. 

Nele ocorre a implantação ou nidação, iniciando a gravidez: estimulado pelo hormônio estrogênio, sofre mensalmente um processo de modificação, se tornando mais espesso para recebê-lo. Quando a implantação não ocorre, o endométrio se descama e é eliminado pela menstruação.

A endometriose é uma doença na qual ocorre o desenvolvimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os locais mais comuns são próximos ao órgão, entre eles estão o peritônio, os ovários, as tubas uterinas, os ligamentos uterossacros, a vagina e, mais raramente, a bexiga e o intestino.

O local de crescimento é um dos critérios considerados para a classificação da endometriose, assim como a quantidade e profundidade das lesões ou o comprometimento que elas causam nos órgãos afetados. 

A endometriose é classificada, então, em três subtipos morfológicos e quatro estágios de desenvolvimento: mínima, leve, moderada e avançada.

Já os subtipos morfológicos são:

  • Endometriose peritoneal superficial: apresenta lesões pequenas, planas e rasas no peritônio;
  • Endometriose ovariana: tem como principal característica a presença de endometriomas, um tipo de cisto ovariano preenchido por líquido achocolatado, conhecido como ‘cisto de chocolate’; 
  • Endometriose infiltrativa profunda: apresenta lesões superficiais e profundas em diversos locais, além da presença de endometriomas.

O tecido anormal, assim como o endométrio normal reage a ação do estrogênio, provocando o desenvolvimento da doença e a manifestação de diversos sintomas: como o endométrio normal pode sangrar todos os meses, causando aumento do fluxo menstrual e cólicas de maior severidade antes e durante a menstruação. 

Pode, ainda, causar dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais ou dor repentina e pulsante quando os endometriomas rompem.

A intensidade da dor muitas vezes é bastante alta, tornando-se, inclusive, incapacitante.

Embora em vários casos a endometriose seja assintomática, a intensidade dos sintomas ou mesmo a manifestação deles, nem sempre está relacionada ao desenvolvimento da doença ou quantidade de lesões. 

Muitas vezes mulheres com poucas lesões, nos estágios iniciais, os manifestam de forma mais severa, enquanto nas que possuem lesões, em estágios avançados, eles podem ser mais leves.

Independentemente do grau de severidade, entretanto, é importante ficar atenta a qualquer manifestação que possa sugerir a presença da doença. O diagnóstico precoce contribui bastante para o sucesso do tratamento, proporciona maiores chances de gravidez quando a intenção da mulher é engravidar e garante alívio dos sintomas.

O que é infertilidade e quais são as causas?

A infertilidade é clinicamente definida como a incapacidade de engravidar após 12 meses de tentativas, com a prática de relações sexuais desprotegidas. Pode ser igualmente provocada por fatores femininos ou masculinos, que afetam o funcionamento normal do sistema reprodutor.

Entre as causas femininas estão as doenças que resultam em distúrbios de ovulação ou danos ao útero, ovários e tubas uterinas, enquanto as masculinas são geralmente consequência de alterações no processo de produção dos espermatozoides, alteração na estrutura dos gametas masculinos, como morfologia (forma) e motilidade (movimento) ou de obstruções, que impedem o transporte deles até a tubas uterinas para fecundar o óvulo.

Além de endometriose, exemplos de condições femininas incluem miomas uterinos, pólipos endometriais, Síndrome dos ovários policísticos (SOP), inflamações que afetam os órgãos reprodutores, distúrbios hormonais, doenças hereditárias ou autoimunes.

Distúrbios hormonais, processos inflamatórios e doenças hereditárias também estão entre as causas masculinas, além de doenças como varicocele ou disfunção sexual.

Alguns hábitos de saúde podem ainda comprometer a fertilidade em ambos os casos, incluindo a alimentação desbalanceada, sedentarismo, excesso de atividades físicas, sobrepeso ou baixo peso, hábitos como tabagismo, alcoolismo ou consumo de drogas recreativas.

Quando há dificuldades para engravidar, diferentes exames são realizados para a investigação de ambos os parceiros e definição das possíveis causas.

Por que a endometriose pode causar infertilidade?

A endometriose pode causar interferências na fertilidade feminina desde os estágios iniciais aos mais avançados, ainda que nem toda mulher com a doença tenha a fertilidade comprometida. Isso acontece principalmente como consequência do processo inflamatório provocado pela presença anormal do tecido ectópico. 

Pode, por exemplo, comprometer o desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do folículo para a liberação do óvulo, processo chamado foliculogênese, resultando em distúrbios de ovulação, o que impede a fecundação.

Também afeta o ciclo endometrial, causando um deslocamento do período mais receptivo para a implantação do embrião, levando a falhas no processo e perda da gravidez. 

Tende, ainda, a comprometer a qualidade de óvulos e espermatozoides e, consequentemente, dos embriões, o que também causa falhas e abortamento

Por outro lado, os endometriomas geralmente presentes nos estágios mais avançados da doença, podem comprometer a qualidade dos óvulos ou interferir na receptividade do endométrio e, ao mesmo tempo, afetar a reserva ovariana ao causarem perda folicular. Assim, inibem a fecundação e levam a falhas na implantação e abortamento.

À medida que o processo inflamatório desenvolve há a formação de aderências, bastante comuns em estágios mais avançados da doença. 

Nos ovários e tubas uterinas inibem a fecundação, pois comprometem a liberação do óvulo durante a ovulação ou a captação dele pelas tubas uterinas. Assim como podem alterar a anatomia do útero, provocando, nesse caso, dificuldades no desenvolvimento da gravidez, o que também tem como consequência o abortamento.

Embora provoque todos esses efeitos na fertilidade feminina e sintomas que impactam a qualidade de vida das mulheres com a doença, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos. 

Tratamentos e reprodução assistida

O tratamento da endometriose considera o desejo da mulher de engravidar no momento. Quando não há o desejo e ela apresenta apenas sintomas mais leves, são geralmente prescritos medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação inibindo ação do estrogênio, além de anti-inflamatórios para dor e inflamação.

Nos casos em a mulher deseja engravidar ou manifesta sintomas de maior severidade, é indicada a abordagem cirúrgica para a remoção de todas as lesões. Depois do procedimento há boas chances de engravidar espontaneamente.

Chances que também podem ser aumentadas pelas técnicas de reprodução assistida. As três principais – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) – proporcionam a gravidez de mulheres com a doença. Elas são indicadas de acordo com o estágio de desenvolvimento.

Nos estágios iniciais, quando a endometriose é superficial peritoneal e ainda não comprometeu o funcionamento normal do útero, ovários ou tubas uterinas, são indicadas a RSP e IA, em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas.

Nos mais avançados, por outro lado, quando há presença de endometriomas e aderências, a técnica mais adequada é a FIV, na qual a fecundação acontece em laboratório e os embriões formados são transferidos para o útero onde ocorre normalmente a implantação e desenvolvimento da gravidez.

A relação entre endometriose e infertilidade é evidente. Quer saber mais sobre essa complexa condição? Acesse aqui e leia mais.

Hidrossalpinge: veja quais são os sintomas

As tubas uterinas fazem parte do aparelho reprodutor feminino e são dois tubos contráteis responsáveis por conectar o útero aos ovários, se estendendo para os lados da pelve. Possuem cerca de 10 centímetros de comprimento e são compostas por uma camada muscular, mucosa e serosa. 

Todos os meses, durante o ciclo menstrual, um óvulo é liberado pelos ovários e capturado pelas tubas uterinas onde ocorre a fecundação. O óvulo fecundado também inicia o processo de divisão celular nas tubas uterinas e, depois de se transformar em embrião, migra por elas em direção ao útero onde implanta no endométrio, iniciando o desenvolvimento da gravidez.

Porém, várias condições podem provocar obstruções nas tubas uterinas inibindo esse processo, entre elas a hidrossalpinge. Obstruções nas tubas uterinas estão entre as principais causas de infertilidade feminina.

Embora seja uma condição pouco conhecida, a hidrossalpinge pode provocar a manifestação de sintomas que alertam para o problema. Continue a leitura deste texto até o final, conheça mais sobre a doença e saiba como identificar os sintomas.

O que é hidrossalpinge?

A hidrossalpinge é o termo usado para designar o acúmulo de líquido que pode ocorrer em uma ou ambas as tubas uterinas, provocado na maioria dos casos por uma obstrução. Com a aparência fluída aquosa, geralmente é composto por secreções características de infecções e resulta na à dilatação ou distensão das tubas.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST) como clamídia e gonorreia são a causa mais comum associada ao problema. Quando não são adequadamente tratadas podem evoluir para doença inflamatória pélvica (DIP), que causa a inflamação dos órgãos reprodutores femininos, incluindo as tubas uterinas, estimulando a formação de aderências que provocam a obstrução, que também pode ser consequência do tecido endometrial ectópico característico de endometriose. 

Quais são os sintomas de hidrossalpinge?

Embora a geralmente a hidrossalpinge seja assintomática, alguns sintomas podem alertar para o problema, incluindo infertilidade, percebida diante da tentativa malsucedida para engravidar. Outros sintomas mais comuns são:

  • Dor pélvica e abdominal;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Corrimento vaginal com odor forte;
  • Febre;
  • Náuseas;
  • Calafrios e fadiga.

Como a hidrossalpinge pode afetar a fertilidade?

O bloqueio pode impedir a captação do óvulo liberado pelos ovários, ou transporte dos espermatozoides para fecundá-lo, assim como do óvulo fecundado até a cavidade uterina. Nos dois primeiros casos, a fecundação não acontece e, no segundo, o embrião não implanta no endométrio. O risco é ainda mais alto quando o bloqueio ocorre nas duas tubas.

Ainda que a fecundação ocorra se o bloqueio for unilateral, o fluído pode acumular na trompa e refluir para o interior do útero, dificultando a implantação do embrião, ao mesmo tempo que causa um ambiente tóxico para ele.

Além de impedir a concepção, também aumenta as chances de ocorrer gravidez ectópica, quando o embrião implanta em uma das tubas em vez do útero, condição potencialmente perigosa para a mulher.

Como a hidrossalpinge é diagnosticada?

A hidrossalpinge é diagnosticada por exames laboratoriais e de imagem. Os laboratoriais incluem exames de sangue e urina para identificar a presença de bactéria, entre elas os agentes sexualmente transmissíveis.

Embora o método considerado padrão-ouro para avaliar a permeabilidade tubária seja a videolaparoscopia com cromotubagem, a histerossalpingografia é o mais utilizado atualmente. É um exame de raio-X com contraste iodado para realçar a cavidade e tubas uterinas, recomendado principalmente quando há suspeita de infertilidade.

Tratamento e reprodução assistida

A hidrossalpinge pode ser tratada por medicamentos ou cirurgia. Nos casos em que o bloqueio foi provocado por aderências resultantes de processos inflamatório, são prescritos antibióticos de acordo com cada tipo de bactéria. O reparo posterior das tubas é feito por salpingostomia, técnica também utilizada para remoção do embrião quando há ocorrência de gravidez ectópica.

No entanto, a abordagem geralmente recomendada é a remoção total da tuba afetada, procedimento chamado salpingectomia, realizado por videolaparoscopia cirúrgica, tecnicamente invasiva que proporciona a correção permanente do problema.

Mesmo com a remoção de uma das tubas, a gravidez espontânea ainda é possível após o procedimento, com boas chances de sucesso. No entanto, se isso não acontecer, o tratamento por fertilização in vitro (FIV) aumenta bastante as chances.

Na FIV, a fecundação acontece de forma artificial, em laboratório, por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com o auxílio de um micromanipulador de gametas. Os embriões são posteriormente cultivados em laboratório por alguns dias e transferidos para o útero materno para que ocorra a implantação e o desenvolvimento da gravidez.

A técnica foi, inclusive, desenvolvida na década de 1970 para solucionar problemas de infertilidade por obstrução tubária, uma vez que as tubas uterinas não possuem função nesse processo. Tornou-se popularmente conhecida como ‘bebê’ de proveta, quando nasceu Louise Brown, o primeiro bebê concebido com a sua utilização. 

A hidrossalpinge tem relação com a infertilidade feminina. Para saber mais sobre isso, toque aqui.

Qual é a relação entre qualidade embrionária e transferência embrionária na FIV?

A reprodução assistida é uma área da medicina que vem se desenvolvendo muito ao longo dos anos. Suas técnicas são indicadas de acordo com os fatores de infertilidade identificados.

A principal é a fertilização in vitro (FIV), que possui procedimentos muito avançados e eficientes. Normalmente é indicada em diversos casos de infertilidade, principalmente os mais graves, assim como pode ser também uma opção quando outros tratamentos não são bem-sucedidos.

A FIV é feita em etapas, grande parte em laboratório, o que permite um maior controle dos procedimentos. Os índices de sucesso são altos e o tratamento conta ainda com técnicas complementares para aumentar as chances de gravidez e diminuir o risco de complicações para o feto.

Uma delas é o cultivo embrionário, em que o desenvolvimento dos embriões é acompanhada diariamente por um embriologista, garantindo maior qualidade, que também pode ser confirmada por teste específico, quando eles estão mais desenvolvidos. 

A qualidade do embrião é fundamental para a implantação ser bem-sucedida, quando ele se fixa ao endométrio iniciando a gestação. 

Neste texto, entenda a relação entre a qualidade embrionária e a transferência dos embriões ao útero.

Como são realizadas as etapas da FIV?

A FIV é realizada em cinco etapas principais. Tem início com a estimulação ovariana, quando são administrados medicamentos hormonais para a mulher, com a finalidade de estimular o desenvolvimento dos folículos e a liberação de mais óvulos maduros. 

Esse processo é acompanhado por ultrassonografias até que, no momento ideal, os folículos são induzidos ao amadurecimento final e coletados, os óvulos posteriormente extraídos e selecionados.

Após a coleta de sêmen e seleção dos espermatozoides, ocorre a manipulação dos gametas em laboratório para que o óvulo seja fecundado pelo espermatozoide. O que pode acontecer por FIV clássica, quando são colocados juntos em uma placa de cultura, ou por FIV com ICSI, em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, atualmente, o método mais utilizado. 

Depois disso, os embriões formados são cultivados em um meio de cultura adequado, até que estejam prontos para serem transferidos.

A última etapa da FIV é a transferência embrionária, que pode ser realizada em D3, no segundo ou terceiro dia de desenvolvimento (em fase de clivagem) ou em D5, entre o quinto e sexto dia, quando o embrião atinge a fase de blastocisto. 

Após serem transferidos ao útero, os embriões se fixam no endométrio para iniciar a gestação, o que acontece de forma natural, sem a intervenção técnica.

Qual é a relação entre qualidade embrionária e transferência embrionária na FIV?

A qualidade dos embriões formados é influenciada também pela qualidade dos gametas. Parâmetros de infertilidade de homens e mulheres devem ser observados, para que sejam selecionados somente os melhores para o processo de fecundação.

Para a transferência embrionária são adotados dois protocolos, escolhidos de acordo com cada situação. Embora ambos sejam bons, o mais utilizado é o que permite a transferência em D5, pois nesse estágio de desenvolvimento há maior sincronia fisiológica, uma vez que nele também ocorre a implantação na gestação natural.

É indicada a transferência em estágio de clivagem quando o casal possui um número reduzido de embriões ou se eles tiverem a saúde comprometida. Nesse caso, o desenvolvimento em ambiente uterino pode ser mais adequado. 

Isso acontece muito com pais em idade mais avançada, pois é natural a perda de qualidade dos óvulos e espermatozoides com o passar do tempo. 

Em fase de blastocisto, por outro lado, o embrião já possui uma quantidade maior de células e já é possível identificar os que têm mais chance de sucesso na implantação. 

Além da sincronização fisiológica, os embriões podem ser congelados para que o endométrio, tecido que reveste internamente o útero no qual o embrião implanta, não sofra forte interferência dos medicamentos hormonais utilizados para a estimulação ovariana. 

A FIV conta ainda com técnicas complementares no tratamento, como o PGT, teste realizado para analisar a genética do embrião que é feito em fase de blastocisto devido a maior quantidade de células. 

Com isso, é possível garantir a qualidade embrionária, evitando a transmissão de doenças genéticas e identificando anormalidades cromossômicas que podem gerar falhas de implantação ou abortamentos. Ou seja, apenas os embriões mais saudáveis são transferidos.

A qualidade embrionária é um fator determinante para o sucesso da implantação e da conclusão do tratamento. Quanto mais saudáveis forem os gametas utilizados no processo, mais chances de alcançar a gravidez. Por isso, todos os fatores são avaliados com cuidado e a escolha dos protocolos é feita de acordo com as individualidades de cada casal.

Quais as chances de sucesso da FIV?

A FIV é a técnica com maiores taxas de sucesso da reprodução assistida. Seus procedimentos são muito avançados e existem técnicas complementares, como o PGT, capazes de aumentar as chances de alcançar a gravidez.

Devido ao fato de que a maior parte do tratamento ser feita em laboratório, há um maior controle de todos os processos. É possível identificar problemas antes da transferência embrionária e definir ações para solucioná-los.

O sucesso do tratamento também depende de outros fatores, como a idade da mulher, por exemplo. Mas a individualização e a aplicação dos recursos certos também contribuem para garantir a gravidez.

Se você se interessou pelo assunto, saiba mais sobre a transferência de blastocistos e entenda detalhadamente como é feito o procedimento na FIV.

Sintomas de endometrite: veja quais são

É amplamente conhecida a importância do útero na geração de um bebê: o órgão abriga a nova vida, desde quando ela é apenas um embrião até o nascimento.

Esse acolhimento inicia quando o embrião, recém-formado pela fecundação, se implanta no endométrio, a camada de revestimento interno do útero. O endométrio é um tecido que, a cada ciclo reprodutivo, se renova e se desenvolve para propiciar uma boa recepção ao embrião, pois sem o sucesso dessa implantação não há gravidez, mesmo tendo ocorrido a fecundação.

Por esse motivo é muito importante, principalmente para aquelas que desejam ter filhos, diagnosticar e tratar eventuais problemas que afetem o útero, como a endometrite, da qual falaremos nesse texto.

O que é endometrite?

A endometrite figura entre as doenças do útero que podem ser um empecilho para a fertilidade feminina. Ela é uma inflamação do tecido endometrial, que pode ocorrer de forma aguda ou crônica. 

Essa inflamação é geralmente causada por agentes infecciosos, principalmente bactérias, e pode estar associada a outras infecções ginecológicas, como a doença inflamatória pélvica (DIP) e infecções sexualmente transmissíveis (IST) como clamídia e gonorreia.

Esses agentes podem ter acesso ao útero durante procedimentos de manipulação do órgão, como cesarianas, parto vaginal e curetagem, durante histeroscopia cirúrgica ou implantação de DIU (dispositivos intrauterinos).

Além do endométrio, pode afetar todas as camadas que revestem o útero, ser aguda ou crônica.

A aguda normalmente é de curta duração, enquanto a crônica pode ocorrer pela persistência da infecção em função da falta de tratamento ou quando ele é feito de forma inadequada, assim como ocorre de maneira mais sutil, apresentando-se nesse formato desde o início, sem passar por um estágio agudo. 

Geralmente não manifesta sintomas nessa fase, embora seja associada à infertilidade feminina.

Sintomas e complicações provocados pela endometrite

Assim como a dificuldade para engravidar, que geralmente indica problemas de fertilidade, e a sensibilidade uterina, comum às duas fases, a doença pode apresentar diferentes sintomas enquanto aguda ou crônica.

Na fase aguda, apesar de durar poucos dias, podem ocorrer sintomas como o aumento do fluxo menstrual, cólicas mais severas durante a menstruação, corrimento vaginal amarelado ou esbranquiçado e com odor forte (leucorreia), inchaço abdominal repentino, febre alta, calafrios e mal-estar em geral. Eles indicam a presença da infecção e alertam para a necessidade de procurar auxílio médico com urgência.

Quando se torna crônica, por outro lado, mesmo assintomática na maioria dos casos, também pode presentar alguns sintomas mais discretos, entre eles sangramento uterino anormal, caracterizado pela presença de manchas avermelhadas entre os períodos menstruais ou hemorragia em intervalos irregulares, dor durante as relações sexuais, leucorreia, micção frequente e febre moderada.

O processo inflamatório pode espalhar para as tubas uterinas, ovários e colo uterino, causando salpingite (inflamação das tubas uterinas), ooforite (inflamação dos ovários), cervicite (inflamação do colo uterino). A salpingite resulta na falta de mobilidade tubária e na formação de aderências, que provocam obstruções impedindo a fecundação.

Além disso, tende a afetar a qualidade dos óvulos e a receptividade do endométrio, fundamental para implantação do embrião ser bem-sucedida, levando a falhas e abortamentos recorrentes na gestação natural, frequentemente registrados em mulheres com o processo inflamatório crônico. E, ainda, causar complicações obstétricas e neonatais.

Como a endometrite é diagnosticada e tratada?

Atualmente o principal exame solicitado para diagnosticar a endometrite é o ALICE, que proporciona a identificação das principais bactérias associadas à doença.

O tratamento da doença é, da mesma forma, facilmente realizado pela administração de antibióticos, prescritos de acordo com o tipo de bactéria que causou a inflamação. Quando são agentes sexualmente transmissíveis o parceiro também deverá ser investigado e tratado.

Na fase crônica podem ser formados abscessos na cavidade uterina ou na pélvica. Nesse caso a indicação é cirúrgica, com o objetivo de drená-los. A cirurgia pode ser ainda necessária para a remoção de aderências.

Após o tratamento a fertilidade geralmente é restaurada, possibilitando a gravidez espontânea na maioria dos casos.

Endometrite e reprodução assistida

A endometrite também é associada a falhas de implantação repetida na fertilização in vitro (FIV), ou seja, se houver perda de gravidez em dois ou três ciclos de transferência embrionária, mesmo quando os embriões possuem boa saúde. Da mesma forma que gestação natural, pode interferir no mecanismo fisiológico de fecundação dos óvulos.

O problema geralmente só é percebido após a ocorrência de abortamento recorrente. Para evitar que isso aconteça, a inflamação deve ser totalmente curada antes de a mulher iniciar o tratamento. Atualmente, inclusive, o exame passou a compor a relação dos que geralmente são solicitados para avaliar a fertilidade feminina.

Essa investigação também deve ser feita por mulheres com histórico de abortamento recorrente, normalmente associados a problemas de fertilidade feminina. 

Após a cura da inflamação, as chances de gravidez aumentam, ao mesmo tempo que os percentuais de falhas na implantação do embrião tendem a diminuir.

Para se ter uma ideia a FIV, hoje, é considerada a principal técnica de reprodução assistida, com os percentuais mais altos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

Quer saber ainda mais sobre endometrite, toque aqui.

O que é clivagem?

A fecundação é uma das primeiras etapas da reprodução, ocasião em que o óvulo e o espermatozoide se encontram e se unem nas tubas uterinas. Esse processo origina uma célula conhecida como zigoto, que contém informações genéticas do casal.

O zigoto passa por diversas divisões celulares até que se transforme em um embrião. Esse período de desenvolvimento é denominado clivagem.

O processo, naturalmente também integra as técnicas de reprodução assistida, indicadas para pessoas que sofrem com problemas de infertilidade

Este texto aborda mais sobre o assunto. Acompanhe a leitura até o final e entenda o que é a clivagem e como acontece na reprodução assistida.

O que é clivagem?

A primeira fase do desenvolvimento embrionário é a clivagem. Inicia com a formação do zigoto, que se divide em duas células nucleadas que podem originar todos as células humanas.

O processo acontece via meiose, o que significa que o citoplasma é dividido sem que a célula original aumente o seu volume. A divisão acontece até que uma esfera seja formada, dando origem a outra fase, conhecida como mórula, estágio em que algumas células formam um pré-embrião, cerca de três a quatro dias após o encontro entre o óvulo e o espermatozoide.

Na etapa seguinte, conhecida como blastocisto, o embrião já se encontra na cavidade uterina, as células se separam e formam uma camada externa, que constituirá parte da placenta, e uma camada interna, que dará origem ao embrião.

Nesse momento, a clivagem chega ao fim e o novo embrião pode se fixar no endométrio (parede interna do útero), quando a gestação tem início.

Como a clivagem acontece na reprodução assistida?

A clivagem cumpre papel essencial para o desenvolvimento embrionário e, portanto, integra também as técnicas de reprodução assistida. Na FIV (fertilização in vitro), no entanto, ganha mais notoriedade devido à possibilidade de acompanhamento.

Isso acontece porque, na FIV, a fecundação e o desenvolvimento de embriões acontecem em laboratório, fora do corpo feminino. Assim, pode-se observar todas essas fases e escolher o dia ideal para a transferência do embrião para o útero materno, onde a gestação segue seu curso natural.

Antes disso acontecer, no entanto, a paciente da FIV passa por diversas etapas. Após exames e escolha do tratamento ideal, a mulher é submetida à estimulação ovariana, acompanhamento por ultrassonografia, coleta de gametas e a fecundação em laboratório.

Após a fertilização, geralmente feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica que introduz o espermatozoide, de boa qualidade, diretamente no óvulo, em ambiente controlado que favorece a fecundação de mais óvulo e a formação de mais embriões.

Os embriões são posteriormente cultivados por alguns dias, procedimento também controlado diariamente por um embriologista. 

Após um período de 3 a 6 dias, a equipe médica realiza a transferência do embrião para o útero materno. Há casos, no entanto, em que é melhor esperar o ciclo menstrual seguinte, pela possível influência dos medicamentos utilizados na estimulação ovariana na receptividade do endométrio. 

Nesse casos, os embriões em blastocisto, entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, são criopreservados.

Quando ocorre a transferência de embriões na FIV?

A transferência embrionária pode acontecer em mais ou menos tempo, decisão que varia conforme alguns fatores. Na gestação natural, a implantação do embrião (nidação) acontece em cerca de 5 dias após a fecundação.

Isso significa que a transferência em D5 ou blastocisto seria o estágio mais natural, pois as células estão desenvolvidas e divididas por função. Estudos indicam que a taxa de implantação e de gestação bem-sucedida são maiores nesses casos.

Assim, essa tende a ser a principal escolha, especialmente nos casos em que o ciclo de FIV gerou uma quantidade considerável de embriões, se for preciso rastrear alterações genéticas ou cromossômicas no embrião ou reequilibrar os níveis hormonais da mulher.

Esses procedimentos são, em alguns casos, necessários para evitar abortos espontâneos e bebê com doenças genéticas.

No entanto, há casos em que optar pela transferência em uma etapa de desenvolvimento anterior, em D3, quando acontece a clivagem, pode ser mais interessante.

Essa pode ser uma opção mais viável quando o ciclo da FIV gerou poucos embriões ou embriões de baixa qualidade, que podem se desenvolver melhor em ambiente uterino.

Porém, a tecnologia reprodutiva atual permite o cultivo embrionário por mais tempo com segurança, em ambiente semelhante ao uterino, o que tornou a transferência embrionária em D5 a principal opção na maioria dos casos. 

A clivagem é o processo de divisões celulares que compreende o período da formação do zigoto, após a fecundação até o blastocisto, quando o embrião formado já possui as células formadas e divididas por função e está pronto para se fixar ao endométrio materno. 

As mesmas etapas fazem parte da FIV, quando muitas vezes é necessário transferir o embrião durante o processo de clivagem, entre o segundo e terceiro dia de desenvolvimento embrionário, fase conhecida como D3. 

Encontre mais informações sobre a FIV (fertilização in vitro) suas indicações, técnicas complementares e etapas.