Aborto de repetição: causas - Elo Medicina Reprodutiva
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Por Elo Clínica

Aborto de repetição é o termo utilizado quando ocorrem duas ou mais perdas consecutivas de gravidez antes da 22ª semana.

Para ser definido dessa forma, entretanto, é necessário que o processo tenha sido comprovado clinicamente por meio de exames, como a ultrassonografia transvaginal ou o exame de sangue beta-HCG quantitativo.

A forma clínica correta para definir a perda gestacional, entretanto, é abortamento. Ainda que o termo aborto seja frequentemente utilizado, significa o produto da concepção eliminado no abortamento.

Continue a leitura deste texto até o final para entender o que pode causar o aborto de repetição, suas consequências para a saúde feminina e as possibilidades de tratamento.

Entenda melhor o que é aborto de repetição

A gravidez é um processo complexo, que depende de diferentes fatores para ser bem-sucedida, incluindo o funcionamento correto dos órgãos reprodutores feminino ou masculino.

Todos os meses por exemplo, a cada ciclo menstrual feminino, diversos folículos, bolsas que contém o óvulo primário, são recrutados, embora apenas um deles se torne dominante, amadureça e rompa liberando o óvulo. 

Esse processo é estimulado pela ação de diferentes hormônios, incluindo as gonadotrofinas FSH (folículo hormônio-estimulante) e LH (folículo luteinizante), os hormônios femininos estrogênio e progesterona e os tireoidianos. 

Os hormônios femininos também são responsáveis pelo preparo do endométrio (camada interna do útero) para receber o embrião, tornando-o, para isso, mais espesso durante o ciclo.

Após ser liberado o óvulo é capturado pelas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, que também recebe os espermatozoides liberados na ejaculação. Embora milhares de espermatozoides sejam liberados, apenas um deles vence a corrida para fecundar o óvulo.

O embrião formado é, da mesma forma, transportado pelas tubas até o endométrio para que a implantação (nidação) ocorra iniciando a gravidez. Nele fica abrigado e é nutrido até a placenta ser formada. O útero é o órgão responsável pelo desenvolvimento da gravidez até o nascimento do bebê.

Alterações no funcionamento correto dos sistemas reprodutores de ambos os parceiros podem resultar em dificuldades reprodutivas, impedindo o processo de fecundação ou causando a perda da gravidez.

No entanto, é importante observar que muitas mulheres têm abortamento espontâneo sem perceber e isso nem sempre representa um problema. 

Embora a maioria engravide normalmente posteriormente, é aconselhável ficar atenta aos possíveis sintomas manifestados pela condição, uma vez que as chances de gravidez diminuem a cada perda, assim como aumentam as de o abortamento tornar-se de repetição.

O principal sintoma que alerta para a possibilidade de perda gestacional é o sangramento mais escuro, amarronzado ou vermelho vivo, que inicia de forma intensa ou aumenta em intensidade progressivamente, muitas vezes com expulsão de tecidos com coágulo. 

Outros sintomas são cólicas severas que não diminuem mesmo com o uso de medicamentos, secreção de muco em tom rosado, perda repentina de peso e diminuição dos sinais de gravidez.

Por que o aborto de repetição pode ocorrer?

O abortamento de repetição pode ser causado por diferentes fatores, o mais comum são as anormalidades cromossômicas, que possuem como característica a presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal. 

Podem ser consequência da perda de qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides), comum ao envelhecimento, resultando em embriões com a saúde comprometida ou de erros ocorridos durante o processo de divisão celular do embrião.

Alterações na anatomia do útero, congênitas ou provocadas por doenças uterinas comuns, como miomas, endometriose, pólipos endometriais e aderências resultantes de processos inflamatórios, podem dificultar o desenvolvimento e sustentação da gravidez, levando a perdas.

Desequilíbrios hormonais, incluindo nos níveis dos hormônios femininos responsáveis pelo preparo do endométrio, podem comprometer a receptividade endometrial, fundamental para a implantação do embrião ser bem-sucedida, causando falhas e abortamento. 

A inflamação do endométrio, geralmente consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), também pode causar alterações na receptividade endometrial, resultando em falhas e abortamento

Mulheres com trombofilia, doença caracterizada pela propensão para a formação de coágulos (trombos), têm alto risco de abortamento, uma vez que o problema tende a afetar a vasculatura placentária. O risco é ainda característico de doenças autoimunes como o Lúpus e a tireoide de Hashimoto. 

Além disso, é fundamental manter um estilo de vida mais saudável. Alimentação inadequada, hábitos como alcoolismo, tabagismo e uso de drogas recreativas, em excesso, são ainda apontados como fatores de risco.

Para detectar o que causou o problema, são realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem em ambos os parceiros. A partir da identificação da causa, é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, que na maioria dos casos proporciona a solução do problema e o desenvolvimento normal da gravidez.

Se não houver sucesso, ou nos casos em que o abortamento de repetição é causado por anormalidades cromossômicas, é indicado o tratamento por técnicas de reprodução assistida.

Como a reprodução assistida pode contribuir para solucionar o aborto de repetição?

A técnica indicada para aumentar as chances de gravidez de mulheres com abortamento de repetição como resultado de anormalidades cromossômicas é a fertilização in vitro (FIV).

O tratamento possibilita a seleção de óvulos e espermatozoides mais saudáveis, fecundados com a utilização da FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que aumenta as chances de sucesso do processo, pois prevê a injeção de cada espermatozoide diretamente no óvulo.

Além disso, as células do embrião podem ser ainda avaliadas pelo teste genético pré-implantacional (PGT), técnica complementar à FIV, que possibilita a detecção de anormalidades cromossômicas.

Outras duas técnicas complementares ao procedimento também contribuem para solucionar o problema, assegurando o desenvolvimento normal da gravidez. 

O teste ERA, que indica com bastante precisão o momento de maior receptividade do endométrio a partir da análise de células endometriais e, o hatching assistido ou eclosão assistida, que possibilita a criação de aberturas artificiais na zona pelúcida, película que envolve o embrião nos primeiros dias de vida, permitindo que ele a rompa facilmente para implantar no endométrio. 

Dificuldades para romper a zona pelúcida são comuns a embriões formados por óvulos de mulheres mais velhas.

Considerada a principal técnica de reprodução assistida a FIV registra percentuais altos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

O aborto de repetição é uma condição delicada. Quer continuar lendo sobre ele, toque aqui.

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