Endometriose e infertilidade: saiba mais sobre a relação - Elo Medicina Reprodutiva
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Por Elo Clínica

A endometriose tornou-se uma doença de incidência bastante comum em mulheres no mundo contemporâneo, efeito justificado principalmente pala gravidez tardia.

Complexa, crônica e inflamatória, pode causar diferentes interferência na saúde feminina, de alterações na fertilidade à manifestação de sintomas severos, que impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras 

Resultando, assim, em problemas que vão desde comprometimentos na carreira e relações pessoais, ao desenvolvimento de transtornos emocionais, incluindo a depressão e, como consequência, no afastamento social.

Por essas características e a alta prevalência (responde hoje por milhões de casos), passou a ser motivo de atenção no mundo todo, com centros especializados para informações a mulheres portadoras vinculados à governos locais, instituições particulares ou entidades sem fins lucrativos.

A assintomatologia da doença muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce e, embora ela tenha um crescimento lento, agrava à medida que o progresso ocorre, aumentando ainda mais o risco de infertilidade.

Saiba, neste texto, sobre a relação da endometriose com a infertilidade e informe-se mais a respeito da doença.

O que é endometriose e quais são os tipos?

O endométrio, tecido que reveste a camada interna do útero, é responsável por abrigar e nutrir o embrião até a placenta ser formada. 

Nele ocorre a implantação ou nidação, iniciando a gravidez: estimulado pelo hormônio estrogênio, sofre mensalmente um processo de modificação, se tornando mais espesso para recebê-lo. Quando a implantação não ocorre, o endométrio se descama e é eliminado pela menstruação.

A endometriose é uma doença na qual ocorre o desenvolvimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os locais mais comuns são próximos ao órgão, entre eles estão o peritônio, os ovários, as tubas uterinas, os ligamentos uterossacros, a vagina e, mais raramente, a bexiga e o intestino.

O local de crescimento é um dos critérios considerados para a classificação da endometriose, assim como a quantidade e profundidade das lesões ou o comprometimento que elas causam nos órgãos afetados. 

A endometriose é classificada, então, em três subtipos morfológicos e quatro estágios de desenvolvimento: mínima, leve, moderada e avançada.

Já os subtipos morfológicos são:

  • Endometriose peritoneal superficial: apresenta lesões pequenas, planas e rasas no peritônio;
  • Endometriose ovariana: tem como principal característica a presença de endometriomas, um tipo de cisto ovariano preenchido por líquido achocolatado, conhecido como ‘cisto de chocolate’; 
  • Endometriose infiltrativa profunda: apresenta lesões superficiais e profundas em diversos locais, além da presença de endometriomas.

O tecido anormal, assim como o endométrio normal reage a ação do estrogênio, provocando o desenvolvimento da doença e a manifestação de diversos sintomas: como o endométrio normal pode sangrar todos os meses, causando aumento do fluxo menstrual e cólicas de maior severidade antes e durante a menstruação. 

Pode, ainda, causar dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais ou dor repentina e pulsante quando os endometriomas rompem.

A intensidade da dor muitas vezes é bastante alta, tornando-se, inclusive, incapacitante.

Embora em vários casos a endometriose seja assintomática, a intensidade dos sintomas ou mesmo a manifestação deles, nem sempre está relacionada ao desenvolvimento da doença ou quantidade de lesões. 

Muitas vezes mulheres com poucas lesões, nos estágios iniciais, os manifestam de forma mais severa, enquanto nas que possuem lesões, em estágios avançados, eles podem ser mais leves.

Independentemente do grau de severidade, entretanto, é importante ficar atenta a qualquer manifestação que possa sugerir a presença da doença. O diagnóstico precoce contribui bastante para o sucesso do tratamento, proporciona maiores chances de gravidez quando a intenção da mulher é engravidar e garante alívio dos sintomas.

O que é infertilidade e quais são as causas?

A infertilidade é clinicamente definida como a incapacidade de engravidar após 12 meses de tentativas, com a prática de relações sexuais desprotegidas. Pode ser igualmente provocada por fatores femininos ou masculinos, que afetam o funcionamento normal do sistema reprodutor.

Entre as causas femininas estão as doenças que resultam em distúrbios de ovulação ou danos ao útero, ovários e tubas uterinas, enquanto as masculinas são geralmente consequência de alterações no processo de produção dos espermatozoides, alteração na estrutura dos gametas masculinos, como morfologia (forma) e motilidade (movimento) ou de obstruções, que impedem o transporte deles até a tubas uterinas para fecundar o óvulo.

Além de endometriose, exemplos de condições femininas incluem miomas uterinos, pólipos endometriais, Síndrome dos ovários policísticos (SOP), inflamações que afetam os órgãos reprodutores, distúrbios hormonais, doenças hereditárias ou autoimunes.

Distúrbios hormonais, processos inflamatórios e doenças hereditárias também estão entre as causas masculinas, além de doenças como varicocele ou disfunção sexual.

Alguns hábitos de saúde podem ainda comprometer a fertilidade em ambos os casos, incluindo a alimentação desbalanceada, sedentarismo, excesso de atividades físicas, sobrepeso ou baixo peso, hábitos como tabagismo, alcoolismo ou consumo de drogas recreativas.

Quando há dificuldades para engravidar, diferentes exames são realizados para a investigação de ambos os parceiros e definição das possíveis causas.

Por que a endometriose pode causar infertilidade?

A endometriose pode causar interferências na fertilidade feminina desde os estágios iniciais aos mais avançados, ainda que nem toda mulher com a doença tenha a fertilidade comprometida. Isso acontece principalmente como consequência do processo inflamatório provocado pela presença anormal do tecido ectópico. 

Pode, por exemplo, comprometer o desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do folículo para a liberação do óvulo, processo chamado foliculogênese, resultando em distúrbios de ovulação, o que impede a fecundação.

Também afeta o ciclo endometrial, causando um deslocamento do período mais receptivo para a implantação do embrião, levando a falhas no processo e perda da gravidez. 

Tende, ainda, a comprometer a qualidade de óvulos e espermatozoides e, consequentemente, dos embriões, o que também causa falhas e abortamento

Por outro lado, os endometriomas geralmente presentes nos estágios mais avançados da doença, podem comprometer a qualidade dos óvulos ou interferir na receptividade do endométrio e, ao mesmo tempo, afetar a reserva ovariana ao causarem perda folicular. Assim, inibem a fecundação e levam a falhas na implantação e abortamento.

À medida que o processo inflamatório desenvolve há a formação de aderências, bastante comuns em estágios mais avançados da doença. 

Nos ovários e tubas uterinas inibem a fecundação, pois comprometem a liberação do óvulo durante a ovulação ou a captação dele pelas tubas uterinas. Assim como podem alterar a anatomia do útero, provocando, nesse caso, dificuldades no desenvolvimento da gravidez, o que também tem como consequência o abortamento.

Embora provoque todos esses efeitos na fertilidade feminina e sintomas que impactam a qualidade de vida das mulheres com a doença, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos. 

Tratamentos e reprodução assistida

O tratamento da endometriose considera o desejo da mulher de engravidar no momento. Quando não há o desejo e ela apresenta apenas sintomas mais leves, são geralmente prescritos medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação inibindo ação do estrogênio, além de anti-inflamatórios para dor e inflamação.

Nos casos em a mulher deseja engravidar ou manifesta sintomas de maior severidade, é indicada a abordagem cirúrgica para a remoção de todas as lesões. Depois do procedimento há boas chances de engravidar espontaneamente.

Chances que também podem ser aumentadas pelas técnicas de reprodução assistida. As três principais – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) – proporcionam a gravidez de mulheres com a doença. Elas são indicadas de acordo com o estágio de desenvolvimento.

Nos estágios iniciais, quando a endometriose é superficial peritoneal e ainda não comprometeu o funcionamento normal do útero, ovários ou tubas uterinas, são indicadas a RSP e IA, em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas.

Nos mais avançados, por outro lado, quando há presença de endometriomas e aderências, a técnica mais adequada é a FIV, na qual a fecundação acontece em laboratório e os embriões formados são transferidos para o útero onde ocorre normalmente a implantação e desenvolvimento da gravidez.

A relação entre endometriose e infertilidade é evidente. Quer saber mais sobre essa complexa condição? Acesse aqui e leia mais.

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