Endometriomas: veja quais são os sintomas - Elo Medicina Reprodutiva
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Por Elo Clínica

O útero é o órgão responsável por acomodar o embrião durante seu desenvolvimento. Ele é constituído por uma parede espessa, formada por três camadas de células: a mais interna, denominada endométrio, uma camada muscular intermediária, o miométrio, e uma camada serosa que recobre a parte externa.

O endométrio é uma membrana de revestimento formada por tecido epitelial, tecido conjuntivo de suporte e vasos. Suas células respondem aos hormônios femininos, a progesterona e o estrogênio. Assim, ele aumenta de espessura quando os níveis hormonais se elevam e descama, resultando na menstruação, quando diminuem.

Esse tecido, contudo, pode invadir locais fora da cavidade uterina, tornando-se um problema, uma doença chamada endometriose, que se manifesta de três formas, como aderências pélvicas, implantes ou endometriomas.

Diversas teorias tentam explicar as causas dessa doença, entretanto, atualmente a mais aceita é a hipótese do fluxo retrógrado, quando pequenos pedaços do endométrio, que deveriam ser eliminados pela menstruação retornam pelas tubas uterinas e se implantam em outros lugares, principalmente no peritônio, ovários, ligamentos que sustentam o útero e tubas uterinas.

Os locais vão sendo invadidos pelo tecido ectópico à medida que se desenvolve, o que ocorre, assim como no endométrio normal, por estímulo do hormônio estrogênio, que prepara o endométrio durante os ciclos menstruais para receber o embrião

Os endometriomas se apresentam principalmente em estágios mais avançados da doença. Continue a leitura até o final, saiba mais sobre eles e quais sintomas podem manifestar.

O que é endometrioma?

O endometrioma é um tipo de cisto ovariano, que se forma em mulheres com endometriose nos estágios mais avançados. É característico da fase em que a doença é classificada como moderada, embora também esteja presente nas mulheres com endometriose infiltrativa profunda, fase em que a doença é considerada mais grave.

A etiologia do endometrioma ainda é bastante controversa no meio científico, por isso, várias teorias também já surgiram para tentar explicar seu aparecimento. Uma das mais aceitas justifica que é um tipo especial de cisto ovariano produzido a partir da deposição e crescimento de tecido endometrial ectópico na superfície dos ovários.

Posteriormente, esse material é envolto por aderências e sofre invaginação. Os cistos, assim, são formados por uma porção externa de tecido cortical ovariano e, internamente, por sangue hemolisado. O que os tornou conhecidos como ‘cistos de chocolate’.

Uma outra teoria também bastante aceita propõe que os tecidos que revestem o epitélio da pelve são potencialmente capazes de se transformar em outro tipo sob certos estímulos hormonais. Esses tecidos, caso se implantem nos ovários, provocariam os cistos. 

Em ambas as teorias, os endometriomas se formam posteriormente a um foco de endometriose.

Quais sintomas os endometriomas provocam e qual a relação deles com a fertilidade?

O endométrio fora do local de origem, ou seja, ectópico, leva à processos inflamatórios crônicos, gerando os principais sintomas de endometriose: dismenorreia – termo utilizado para definir cólicas mais graves, que ocorrem antes ou durante a menstruação – e, dor durante as relações sexuais.

Os sintomas do endometrioma são similares ao da endometriose. Porém, sangramentos de escape e alterações no fluxo menstrual podem estar acompanhados da dor. A presença de endometriomas, contudo, pode ser assintomática.

Além desses sintomas, a endometriose é a causa mais comum de infertilidade na mulher, afetando um percentual bastante alto da população feminina em idade fértil no mundo todo. Entre as alterações que podem ser provocadas pela doença, os endometriomas são apontados como a principal consequência para que isso aconteça.

A relação dos endometriomas com a fertilidade também ainda não possui mecanismos bem esclarecidos, porém, sugere-se que os cistos condicionam alterações no desenvolvimento do folículo ovariano, levando a uma insuficiência luteínica ou luteinização sem ruptura folicular. 

Ou seja, a formação, a maturação e a expulsão do óvulo estão prejudicadas, assim como a composição do corpo lúteo, responsável pelo preparo final do endométrio para o embrião implantar (nidação).

Assim como podem causar danos ao tecido ovariano, resultando na redução dos folículos ao redor e, dessa forma, nos níveis da reserva ovariana, ou comprimir o córtex ovariano, interferindo na circulação, provocando, da mesma forma, perda folicular. 

Essas alterações afetam a fertilidade da mulher, diminuindo ou impossibilitando a fecundação e a nidação do óvulo fecundado, resultando, nesse caso, em falhas na implantação e abortamento.

Tratamento e reprodução assistida

Embora o exame considerado padrão ouro para diagnóstico de endometriose e, endometriomas, seja a videolaparoscopia, que possibilita a visualização direta dos endometriomas por uma microcâmera incorporada a um aparelho chamado laparoscópio, tornando-se simultaneamente uma ferramenta de tratamento, atualmente a ultrassonografia transvaginal com preparo especial tem sido usada com sucesso. 

Esse exame também possui alta sensibilidade e especificidade, com elevada capacidade discriminativa, diferenciando-os de outras doenças, ao mesmo tempo que é de baixo custo e não invasivo. Por isso é, atualmente, o principal método utilizado na identificação de endometriomas e determinação das taxas de recorrência.

Para mulheres com endometriomas que apresentam sintomas mais leves e não desejam engravidar, são prescritos medicamentos hormonais para suprimir a menstruação e, consequentemente a ação hormonal. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) também são comumente usados para diminuir os efeitos da inflamação.

A videolaparoscopia também é o método padrão ouro para cirurgia de endometriomas. É a abordagem indicada para mulheres que desejam engravidar ou manifestam sintomas de maior gravidade.

Minimamente invasiva a técnica preserva melhor a irrigação dos ovários e minimiza a remoção do tecido ovárico saudável, particularmente quando o procedimento é realizado por um especialista na doença. Tem como objetivo a remoção do maior número possível de endometriomas.

No entanto, apesar dos benefícios da técnica e a experiência do profissional, há ainda o risco de danos ao tecido ovariano e remoção dos folículos ao redor, o que pode diminuir ou resultar em perda permanente da fertilidade.

Motivo pelo qual geralmente é indicado o congelamento de óvulos para a preservação da fertilidade de mulheres que vão ser submetidas à cirurgia. 

Outra forma de engravidar sem que a cirurgia seja necessária é o tratamento por fertilização in vitro (FIV). Aliás, para beneficiar-se do tratamento a remoção, inclusive, não é indicada, uma vez que pode afetar a reserva ovariana, comprometendo, dessa forma, a quantidade de óvulos que poderão ser obtidos para a fecundação.

A FIV também é o método utilizado quando os óvulos são congelados. Em ambos os casos a fecundação acontece em laboratório, por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que o espermatozoide é injetado no citoplasma do óvulo, proporcionando, assim, a fecundação de uma quantidade maior de óvulos. 

Os índices de sucesso gestacional do procedimento são bem altos: em média 40% por ciclo.

Além dos endometriomas, a endometriose pode interferir na fertilidade de diversas maneiras. Toque aqui para saber mais.

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