maio 2021 - Elo Medicina Reprodutiva
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Como tratar a infertilidade?

Atualmente, a infertilidade conjugal é considerada uma condição grave, que atinge a população em escala global: espera-se que aproximadamente 15% da população mundial, entre homens e mulheres, se depare em algum momento da vida com o diagnóstico de infertilidade.

A alta incidência na população mundial se deve, em parte, ao aumento no ritmo de vida da sociedade contemporânea, que expõe o ser humano a situações estressantes de forma mais frequente.

Hábitos alimentares pouco saudáveis, sedentarismo ou a prática excessiva de atividades físicas, bem como distúrbios do sono, também contribuem para a diminuição da fertilidade.

A percepção e a iniciativa para mudar esses hábitos cotidianos prejudiciais é o primeiro passo no combate à infertilidade. Além disso, as formas de tratamento das doenças e condições que causam infertilidade em homens e mulheres, inclusive as técnicas de reprodução assistida, serão abordadas nesse texto. Aproveite a leitura!

Infertilidade feminina

A infertilidade feminina é uma condição que pode ser causada por três principais motivos: falhas no processo ovulatório, obstrução das tubas uterinas e alterações funcionais ou anatômicas no útero.

Com exceção das deformações anatômicas uterinas, a maior parte das doenças e condições que provocam infertilidade nas mulheres são acompanhadas de desequilíbrios na dinâmica dos hormônios sexuais, responsáveis pela coordenação dos processos envolvidos com a função reprodutiva.

Assim como a infertilidade masculina, as origens dessa condição para as mulheres podem ser genéticas, adquiridas – como infecções resultantes do contato com ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) – ou causadas pela combinação desses dois aspectos.

Idade

Contudo, a idade é um fator muito importante para avaliação da fertilidade das mulheres, já que o corpo feminino conta com uma reserva limitada de células reprodutivas, diferente do que acontece com os homens, que produzem espermatozoides por toda a vida.

As células reprodutivas femininas são formadas no período embrionário, e após o nascimento a mulher não é mais capaz de produzir novos folículos (bolsas que contém o óvulo imaturo), por isso dizemos que a reserva ovariana é um estoque limitado.

A puberdade marca o início da vida reprodutiva das mulheres, enquanto a menopausa determina o seu fim, e entre esses dois importantes eventos a mulher consome sua reserva ovariana a cada ciclo reprodutivo.

Ainda que a menopausa só aconteça por volta da quinta década de vida, a partir dos 35 anos já é possível sentir uma relevante diminuição no potencial da fertilidade das mulheres.

Esse processo é natural e fisiológico, contudo, a infertilidade feminina pode também ser causada por doenças hereditárias, por anomalias anatômicas, pela predisposição genética ao desequilíbrio hormonal e também como consequência da contaminação por ISTs.

Entre as principais causas da infertilidade feminina destacamos as seguintes condições:

Já entre os principais exames solicitados para investigação das causas da infertilidade feminina, podemos destacar os exames de imagem, como as ultrassonografias pélvica transvaginal e suprapúbica, além da histerossonografia, histeroscopia diagnóstica, ressonância magnética e a histerossalpingografia.

As dosagens hormonais também são importantes para confirmar os diagnósticos das doenças hormônio-dependentes, e são realizadas a partir da análise de amostras de sangue.

Tratamentos para infertilidade feminina

O tratamento para infertilidade feminina pode ser realizado por via medicamentosa, cirúrgica e também pela reprodução assistida, dependendo dos fatores apontados pelos exames diagnósticos e da idade da mulher.

Para a maior parte das doenças causadas por desequilíbrios hormonais – SOP e as estrogênio-dependentes – os principais sintomas, com exceção da infertilidade, podem ser controlados pela administração de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, especialmente nos casos mais leves.

Contudo, tanto para os casos mais severos como quando o objetivo é reverter o quadro de infertilidade, na maior parte das vezes é necessário a retirada cirúrgica das massas celulares formadas pelas doenças mencionadas.

As principais formas de intervenção cirúrgica nesses casos são a videolaparoscopia e a histeroscopia cirúrgica, ambos procedimentos minimamente invasivos.

Esses procedimentos são igualmente utilizados para correção de problemas relacionados à anatomia uterina, como como a remoção de septos, indicados para os casos de útero septado didelfo (duplo) e bicorno, ou deformações causadas por doenças.

A cirurgia para reversão da laqueadura tubária também é feita por videolaparoscopia.

Infertilidade masculina

A infertilidade masculina se manifesta principalmente por quadros de azoospermia, evidenciados pelo espermograma, exame de excelência para análise dos principais parâmetros seminais.

O espermograma também é capaz de identificar alterações relativas à morfologia dos espermatozoides e à capacidade de motilidade, evidenciando quadros de teratozoospermia e astenozoospermia, respectivamente.

Com exceção da azoospermia, todas as alterações indicadas pelo espermograma afetam a função reprodutiva, seja por dificultar a chegada dos espermatozoides às tubas uterinas para fecundação, ou pela incapacidade de romper a zona pelúcida, uma barreira que protege o óvulo.

A azoospermia, por sua vez, indica a ausência de espermatozoides no líquido ejaculado e pode ser causada por fatores obstrutivos, quando o trajeto do cordão espermático se encontra bloqueado, ou por fatores não obstrutivos, que indicam problemas na espermatogênese, processo de formação dos espermatozoides nos túbulos seminíferos.

A varicocele é uma das principais doenças responsáveis por desenvolver um quadro de infertilidade por azoospermia não obstrutiva, já que as alterações nas válvulas da rede venosa, que irriga a bolsa escrotal, alteram a temperatura e a pressão internas do testículo, prejudicando a formação e o desenvolvimento de novos espermatozoides.

Na maior parte dos casos de azoospermia obstrutiva os bloqueios no interior dos canais espermáticos são decorrentes de lesões provocadas por intervenções cirúrgicas, ou de cicatrizes resultantes da contaminação bacteriana no cordão espermático.

Tratamentos para infertilidade masculina

Os tratamentos para infertilidade masculina são relativamente mais restritos que aqueles disponíveis para o cuidado dos problemas femininos, relacionados à função reprodutiva.

A varicocele pode ser tratada pela cauterização das veias defeituosas e a correção da varicocele é feita por videolaparoscopia, pelas vias inguinal e subinguinal.

Em algumas situações é possível realizar a reconexão ou a desobstrução dos ductos que compõem o cordão espermático, como é o caso da reversão da vasectomia, embora as indicações para esse tratamento dependam de outros fatores, além da própria vasectomia.

Contudo, na maioria dos casos, a infertilidade masculina é abordada com melhores chances de sucesso pelas técnicas de reprodução assistida, assunto do qual falaremos mais adiante.

ISTs (infecções sexualmente transmissíveis)

As infecções sexualmente transmissíveis oferecem um potencial de risco para saúde reprodutiva de homens e mulheres, especialmente a clamídia e a gonorreia, que podem deixar cicatrizes salientes nas tubas uterinas e no cordão espermático, obstruindo a passagem dos gametas nos dois casos.

A identificação das bactérias envolvidas nas ISTs é feita por exames laboratoriais, e o tratamento adequado é realizado a partir da administração de antibióticos específicos para cada tipo de bactéria.

A reprodução assistida como tratamento para infertilidade

 

 

A reprodução assistida também é considerada uma forma de tratamento para infertilidade conjugal, e atualmente oferece técnicas capazes de abordar praticamente todas as formas de manifestação dessa condição.

A RSP (relação sexual programada) é uma técnica de baixa complexidade, em que a ovulação é estimulada hormonalmente e a mulher é orientada a manter relações sexuais durante seu período fértil, que foi potencializado pela estimulação ovariana. Essa técnica é indicada apenas para os casos de infertilidade por oligovulação.

A IA (inseminação artificial) também é considerado uma técnica de baixa complexidade, embora os gametas masculinos sejam coletados e submetidos ao preparo seminal antes de serem depositados no interior do útero da mulher. O preparo seminal é capaz de selecionar amostras que contêm espermatozoides mais viáveis entre as obtidas por masturbação.

Apesar de as técnicas de baixa complexidade serem eficientes quando bem indicadas, a FIV (fertilização in vitro) é o procedimento que atualmente oferece as melhores taxas de gestação e soluciona praticamente todos os casos de infertilidade masculina e feminina.

Nessa técnica, os gametas masculinos e femininos são coletados e a fecundação acontece fora do corpo da mãe, em ambiente laboratorial e controlado.

Uma das principais vantagens da FIV é a possibilidade de realizar o PGT (teste genético pré-implantacional), que rastreia os embriões durante o cultivo embrionário em busca de doenças hereditárias e anomalias genéticas que possam prejudicar a gestação e o bebê.

Toque o link e acesse mais informações sobre infertilidade masculina.

Causas de infertilidade masculina

Durante muito tempo acreditou-se que a infertilidade conjugal somente poderia ser resultado de problemas no aparelho reprodutivo das mulheres, gerando um estigma que prejudicou inclusive as pesquisas sobre infertilidade masculina.

Atualmente, sabe-se que, apesar de a participação de fatores masculinos e femininos na composição do diagnóstico final de infertilidade conjugal ser relativamente semelhante, a infertilidade masculina tem se mostrado muitas vezes mais prevalente do que a infertilidade feminina.

Entre as principais causas da infertilidade masculina podemos destacar:

  • Azoospermia obstrutiva;
  • Azoospermia não obstrutiva;
  • Varicocele;
  • ISTs (infecções sexualmente transmissíveis);
  • Vasectomia;

Esse texto mostra detalhadamente quais são as principais causas da infertilidade masculina, e como essas doenças podem ser tratadas. Veja!

Causas da infertilidade masculina

A fertilidade masculina, de forma geral, pode ser afetada por dois principais motivos: problemas relacionados à formação dos diversos componentes do sêmen – espermatozoides e líquidos glandulares – ou pela obstrução do trajeto percorrido pelo esperma até o momento da ejaculação.

Na maior parte dos casos de infertilidade masculina o espermograma, exame mais utilizado para analisar a qualidade do sêmen, resulta em azoospermia e as causas desse quadro ainda precisam ser investigadas a partir de outros exames, especialmente aqueles que fornecem imagens, como a ultrassonografia testicular.

As doenças que prejudicam o potencial reprodutivo dos homens podem ter origens genéticas, ambientais ou ser causadas por uma combinação desses dois fatores.

Doenças que causam azoospermia não obstrutiva

Varicocele

A varicocele é uma doença que pode se manifestar ainda na adolescência, causando aumento do volume testicular, além da sensação de dor e peso nessa região.

A infertilidade por varicocele é decorrente das alterações no interior da bolsa escrotal provocadas pela doença. Elas afetam a espermatogênese pelo aumento da temperatura e pressão testiculares, resultado do acúmulo de sangue que os defeitos valvulares da rede venosa escrotal provocam.

Exposição a substâncias tóxicas

Em alguns casos os homens podem se ver expostos a um maior contato com substâncias tóxicas, especialmente poluentes, fertilizantes e radiação, inclusive por motivos profissionais, que podem prejudicar a formação dos espermatozoides.

Além disso, aqueles que passam pelo tratamento para o câncer, como a quimioterapia e a radioterapia, apresentam declínio considerável na função reprodutiva após o final.

Para essas pessoas, a preservação oncológica da fertilidade deve ser indicada, por ser um procedimento que permite a coleta e congelamento do sêmen, que pode ser utilizado após o fim do tratamento.

Hábitos cotidianos

Alguns hábitos cotidianos também oferecem um potencial para diminuir a capacidade reprodutiva dos homens, com destaque para o tabagismo, etilismo e o consumo de substâncias estimulantes, bem como as recorrentes rotinas estressantes, que incluem poucas horas de sono, má alimentação, o sedentarismo e também o excesso de atividades físicas.

Essas interferências também prejudicam o processo de espermatogênese, podendo levar a quadros de azoospermia não obstrutiva.

Doenças que causam azoospermia obstrutiva

As principais formas de azoospermia obstrutiva são causadas pela atividade bacteriana nas diversas estruturas do cordão espermático, incluindo os epidídimos, canal deferente e também a uretra.

Na maior parte das vezes as bactérias responsáveis por esses quadros infecciosos são transmitidas por via sexual, ainda que outras, como as provenientes do sistema urinário, possam causar uretrites com potencial para prejudicar a função reprodutiva masculina.

As principais ISTs que tendem a formar aderências no interior dos túbulos são a clamídia e a gonorreia, embora alguns casos de Herpes simplex possam produzir saliências igualmente prejudiciais.

Essas doenças podem afetar a fertilidade masculina mesmo após o tratamento, pois oferecem risco para a formação de cicatrizes nos locais parasitados, normalmente compostos por tecidos bastante delicados.

Vasectomia

A vasectomia é a cirurgia de esterilização masculina. Realizada de forma voluntária, é atualmente o único método contraceptivo masculino disponível, além do preservativo.

É comum que os homens se arrependam da vasectomia. A cirurgia de reversão é possível, ainda que indicada apenas em algumas situações, especialmente quando passou pouco tempo entre a vasectomia e a cirurgia de reversão, e também quando a companheira com quem esse homem deseja ter filhos tem menos de 35 anos.

Para todos os outros caso, a reprodução assistida tem apresentado melhores resultados do que aqueles obtidos pela reversão da vasectomia.

Outras alterações seminais

Além da azoospermia, problemas na espermatogênese podem gerar também células reprodutivas que apresentam a motilidade ou a sua morfologia alteradas, provocando quadros de astenozoospermia e teratozoospermia, respectivamente.

Nesses casos, ainda é possível que a fecundação ocorra, porém, as anomalias espermáticas diminuem drasticamente as chances, assim como de que a gestação transcorra até o parto com segurança.

A infertilidade masculina tem tratamento?

Diferente da infertilidade feminina, que pode ser revertida a partir de procedimentos que vão desde tratamentos medicamentosas a intervenções cirúrgicas, a maior parte dos casos de infertilidade masculina só pode ser solucionada pela intervenção cirúrgica ou pela reprodução assistida.

A varicocele é um exemplo de doença que pode ser corrigida cirurgicamente, pela cauterização dos vasos defeituosos na rede venosa da bolsa escrotal. A cirurgia costuma atenuar os sintomas e, se realizada de forma precoce, pode também evitar que a infertilidade se instale de forma permanente.

Outra forma de intervenção cirúrgica para infertilidade são as tentativas de reconexão dos túbulos que compõem o cordão espermático, utilizadas para reverter a vasectomia e como tratamento para cicatrizes e aderências deixadas por eventuais processos infecciosos na região. Essas intervenções, porém, apresentam baixo potencial de reversão do quadro de infertilidade masculina.

Apenas as ISTs podem ser abordadas pelo tratamento medicamentoso com sucesso, nesse caso sempre por antibióticos específicos para as bactérias em questão. Importante lembrar que a parceria deve ser também tratada com os antibióticos de forma preventiva, mesmo que não apresente sintomas evidentes.

Reprodução assistida

A reprodução assistida tem oferecido boas taxas de gestação, mesmo para homens com problemas severos relativos à sua função reprodutiva.

Das técnicas disponíveis, a única totalmente contraindicada é a RSP (relação sexual programada), já que esse procedimento depende da perfeita integridade do sistema reprodutivo masculino.

Para os casos de infertilidade masculina leve e causados por azoospermia não obstrutiva, a IA (inseminação artificial) pode ser indicada, pois essa técnica prevê a possibilidade de preparo seminal.

No preparo seminal, a amostra de sêmen é fracionada por procedimentos envolvendo a centrifugação desse material, e sua divisão em fases distintas possibilita a coleta de extratos contendo o maior número de espermatozoides viáveis, antes da inseminação.

Contudo, a FIV (fertilização in vitro), é considerada a técnica que oferece maiores chances de conseguir uma gestação para os homens acometidos por distúrbios reprodutivos leves, moderados ou severos.

Mesmo aqueles que manifestam infertilidade por azoospermia podem ser beneficiados pela FIV, especialmente pela possibilidade de coletar os espermatozoides por punção testicular, diretamente nos epidídimos ou túbulos seminíferos.

A FIV abre espaço, ainda, para a realização do PGT (teste genético pré-implantacional), que rastreia os embriões de forma preventiva em busca de doenças genéticas, hereditárias ou não, melhorando a chance de uma gestação de sucesso.

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Causas de infertilidade feminina

Infertilidade conjugal é um termo utilizado para se referir a somatória final de todas as causas que levaram às dificuldades ou à impossibilidade de engravidar, do casal como um todo.

A infertilidade é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela comunidade médica internacional, como a dificuldade que um casal manifesta de engravidar ou de manter a gestação até o parto, mesmo após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer tipo de contraceptivo.

Isso significa que tanto os casos em que a mulher quer engravidar e não consegue, quanto aqueles em que o casal passa por sucessivas perdas gestacionais – abortos de repetição – são consideradas formas de infertilidade conjugal.

Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e compreenda, de forma mais detalhada, quais são as principais causas da infertilidade feminina e como funcionam as doenças e condições envolvidas em cada caso.

O que pode causar infertilidade feminina?

Idade

Ainda que a mulher não seja acometida por qualquer doença ou condição que prejudique sua função reprodutiva, a simples passagem de tempo leva a uma redução natural da fertilidade feminina.

Durante a idade reprodutiva, os processos ovulatórios consomem gradativamente a reserva ovariana, e aproximadamente na quinta década de vida não existem mais gametas femininos disponíveis para a fecundação: a menopausa marca o fim da vida reprodutiva da mulher.

Doenças

A maioria das doenças que afetam a fertilidade das mulheres têm origem genética, mas também podem ser adquiridas ao longo da vida, como é o caso principalmente das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), com destaque para clamídia e gonorreia, que podem afetar a função tubária de forma permanente.

A clamídia e a gonorreia oferecem risco à fertilidade das mulheres não apenas por que parasitam o sistema reprodutivo, prejudicando temporariamente suas funções, mas principalmente porque, mesmo após o tratamento, podem deixar cicatrizes nos lugares em que a bactéria se instalou, formando aderências salientes.

Quando essas aderências estão localizadas no interior das tubas uterinas, diminuem o diâmetro interno dessas estruturas e, por isso, impedem a fecundação e aumentam os riscos para gravidez ectópica.

As demais doenças que provocam infertilidade feminina têm origens genéticas, hereditárias ou não, e se manifestam por alterações hormonais ou pela formação de massas celulares anormais.

As doenças estrogênio-dependentes normalmente estão relacionadas à formação de massas celulares atípicas ou ectópicas, como acontece nos casos de endometriose, miomas uterinos, pólipos endometriais, além de alguns tipos de câncer de endométrio:

Endometriose

Na endometriose, o tecido endometrial passa a se desenvolver também fora da cavidade uterina, seu local de origem, especialmente aderido a outros tecidos da cavidade pélvica.

Por continuar responsivo a ação estrogênica do ciclo reprodutivo, os focos desencadeiam processos inflamatórios locais, provocando sintomas dolorosos e intensos, incluindo infertilidade.

Miomas uterinos e pólipos endometriais

No caso dos miomas uterinos e dos pólipos endometriais essas massas celulares formam tumores benignos, que se diferenciam pela composição celular dos tecidos desenvolvidos, ainda que ambos levem à infertilidade por prejudicar a receptividade endometrial e a integridade do útero como todo.

Os miomas uterinos são formados por tecido semelhante ao miométrio, composto por células musculares fibrosas, e podem estar localizados em qualquer uma das três camadas uterinas.

Já os pólipos endometriais são formados por tecido endometrial e se desenvolvem na superfície do próprio endométrio, invadindo o interior da cavidade uterina e mudando a sua composição.

SOP (síndrome dos ovários policísticos)

A SOP também é causada por um desequilíbrio hormonal, porém, nesse caso, os sintomas são consequência da diminuição na produção de estrogênio, paralela ao aumento na concentração de testosterona.

Nessa síndrome, a infertilidade acontece por anovulação, pois o rebaixamento de estrogênio faz com que os folículos não se rompam, provocando a atresia destas estruturas, que permanecem aderidas ao ovário na forma de cistos.

Estilo de vida e outras causas para infertilidade feminina

Alguns hábitos cotidianos também podem afetar a fertilidade das mulheres, especialmente o tabagismo, consumo exagerado de bebidas alcoólicas, cafeína e outros entorpecentes, assim como a exposição a substâncias tóxicas, como poluentes, alguns tipos de fertilizantes e anabolizantes.

As que necessitam passar por tratamentos com quimioterapia e radioterapia têm sua fertilidade severamente afetada em função do tratamento e, nessas situações, a preservação oncológica da fertilidade deve ser indicada.

A laqueadura também é considerada uma forma de infertilidade ou esterilidade das mulheres, mesmo que a decisão para a realização desse procedimento seja voluntária. Apesar de a reversão da laqueadura ser possível, a decisão, caso mulher se arrependa da laqueadura, depende de outros fatores além da sua vontade.

Quais os principais tratamentos para infertilidade feminina?

Dependendo dos fatores que causaram quadro de infertilidade feminina, os tratamentos podem ser medicamentosos, principalmente hormonais ou antibióticos, ou realizados por intervenções cirúrgicas.

Tratamentos medicamentosos

Os tratamentos hormonais são indicados para casos leves de endometriose, SOP, miomas e pólipos e quando a mulher não deseja engravidar, já que na maior parte das vezes as terapêuticas são baseadas em contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona.

As ISTs e outras possíveis infecções decorrentes, inclusive, de procedimentos cirúrgicos malsucedidos e traumas, devem ser tratadas com antibióticos específicos para as bactérias envolvidas nos quadros infecciosos.

Intervenções cirúrgicas

As intervenções cirúrgicas são recomendadas para casos mais severos das doenças não infecciosas já mencionadas, e são realizadas principalmente a partir da videolaparoscopia e da histeroscopia cirúrgica.

Reprodução assistida

A reprodução assistida também é uma forma de tratamento para infertilidade feminina, e pode ser realizada atualmente a partir de três principais técnicas: a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro). A escolha da melhor depende das causas da infertilidade.

Todas as técnicas têm em comum a etapa inicial de estimulação ovariana, e por isso a mulher com infertilidade por anovulação é aquela que encontra mais opções entre as disponíveis.

Na RSP, indicada para casos leves de SOP e endometriose ovariana, a infertilidade não está relacionada com a capacidade de gestar, mas é decorrente de um quadro de oligovulação e anovulação.

As indicações da IA para infertilidade feminina são semelhantes às da RSP, porém, a IA também possibilita o tratamento se houver infertilidade masculina causada por pequenas alterações nos espermatozoides.

Embora essas técnicas possam ser indicadas para casos bastante específicos, a FIV é o procedimento mais complexo e abrangente, sendo a principal escolha para a maior parte dos casos de infertilidade conjugal, incluindo praticamente todas as formas de infertilidade feminina e masculina.

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Dor pélvica: o que é?

Apesar de incômoda e indesejada, a dor é considerada um mecanismo de defesa do corpo humano, sinalizando a presença da maior parte dos danos que podem representar riscos para a saúde e também para a vida das pessoas.

Por isso, muitas doenças que afetam o ser humano manifestam sintomas álgicos, inclusive as que podem prejudicar o funcionamento dos órgãos abdominais e pélvicos.

Quando os sintomas dolorosos estão localizados no abdômen ou na cavidade pélvica, as origens podem ser mais difíceis de precisar do que nos casos de acidentes e fraturas ósseas, por exemplo, mais evidentes, inclusive, para não especialistas.

Entre as principais condições que provocam dor pélvica, a maior parte está relacionada com a saúde do sistema reprodutivo de homens e mulheres, podendo também indicar alterações urinárias e intestinais, muitas vezes consequência de doenças ginecológicas e andrológicas pela proximidade dos órgãos e estruturas desses sistemas.

Leia o texto e entenda melhor o que é dor pélvica e quais doenças podem ser sinalizadas por esse sintoma.

O que é dor pélvica?

 

A dor pélvica é uma dor localizada no baixo-ventre, também chamado de cavidade pélvica, podendo se manifestar de forma aguda, como pontadas, ou irradiar-se para as costas, abdômen e, quando é mais severa, para as pernas.

As formas com que as dores pélvicas se manifestam podem ser crônicas e contínuas, indicando condições específicas, mas também agudas como as cólicas menstruais, que em algumas doenças adquirem uma intensidade praticamente incapacitante.

Quando, além da dor pélvica, a mulher apresenta sangramento uterino anormal e principalmente febre, o atendimento médico deve ser procurado imediatamente.

O que provoca dor pélvica?

Entre as principais doenças que têm a dor pélvica como um sintoma central, podemos destacar:

A DIP é resultado de ao menos um episódio de infecção polimicrobiana – causada por diversas bactérias, simultaneamente –, que dispara um processo inflamatório local e, se não tratada adequadamente, pode resultar em sepse, infecção generalizada que oferece risco de morte.

Já a dor pélvica causada pela endometriose, adenomiose e também pelos miomas uterinos, é resultado do crescimento das massas celulares típicas de cada doença, normalmente compostas por algum tipo de tecido ectópico: endométrio e miométrio ectópicos, no caso da endometriose e dos miomas uterinos, respectivamente, ou como acontece na adenomiose: o desenvolvimento anormal do tecido endometrial em seu próprio local de origem, mas no miométrio.

A dor pélvica pode se manifestar, nesses casos, por cólicas menstruais muito intensas e pela sensação de peso e aumento abdominal, provocados normalmente pelo crescimento das massas celulares envolvidas na doença.

No caso das ISTs, pode vir acompanhada de sintomas como corrimento de odor desagradável e a presença de secreção purulenta nos órgãos sexuais, além de febre, náusea e vômitos quando as infecções estão ativas.

Quais as consequências da dor pélvica?

Ao contrário do que muitos imaginam, a presença de dor pélvica não necessariamente significa que a função reprodutiva da mulher possa estar sendo afetada, a ponto de criar um quadro de infertilidade feminina, embora esse sintoma deva sempre ser considerado um sinal importante e indicativo da necessidade de buscar atendimento médico.

Contudo, em alguns casos, especialmente se acompanhada de outros sintomas mais específicos, a dor pélvica pode sinalizar principalmente a gravidade de algumas doenças com potencial para afetar a fertilidade das mulheres, como é o caso dos miomas, especialmente os submucosos, e da adenomiose, ambas doenças que afetam a receptividade endometrial.

Da mesma forma, as diversas manifestações da DIP, como endometrite, salpingite, ooforite e peritonite, que prejudicam diretamente a fertilidade das mulheres, seja por alterar a composição do endométrio, seja por prejudicar os processos ovulatórios, têm a dor pélvica como um dos sintomas principais.

Como a dor pélvica pode ser tratada?

O objetivo prioritário do tratamento para as doenças que causam dor pélvica é o controle desse sintoma, que pode ser incapacitante e oferece, além dos prejuízos fisiológicos, também danos à saúde mental, já que a mulher pode se ver isolada socialmente e com dificuldades no ambiente de trabalho, decorrentes de episódios intensos.

Nos casos mais leves, a maior parte das doenças que provocam o sintoma pode ser controlada com a administração de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, que ajudam a regular o ciclo reprodutivo e podem provocar a involução de algumas massas celulares, como nos casos de miomas.

Quando os sintomas são muito intensos, ou se a infertilidade for simultânea à dor pélvica e a mulher deseja engravidar, é possível que apenas a retirada das massas tumorais ou implantes seja capaz de cessar os sinais dolorosos e exercer algum efeito sobre o quadro de infertilidade.

Os principais procedimentos utilizados para essas intervenções são a videolaparoscopia e a histeroscopia cirúrgica, ambos minimamente invasivos e com prognóstico pós-operatório de melhora em curto prazo.

Reprodução assistida

A reprodução assistida pode ser indicada quando os tratamentos específicos sobre as doenças que causam a dor pélvica, ainda que tenham controlado os sintomas álgicos, não foram capazes de reverter o quadro de infertilidade.

As principais técnicas disponíveis atualmente são a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro). Entre elas, a FIV é a técnica mais complexa e abrangente, e também a que oferece as melhores taxas de gestação, para a maior parte dos casos de infertilidade.

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Hidrossalpinge: o que é?

Quando dão início às tentativas para engravidar, muitas mulheres podem encontrar dificuldades em virtude de quadros, transitórios ou não, de infertilidade feminina causada pela presença de bactérias no trato reprodutivo.

Na maior parte das vezes essas contaminações acontecem pelo contato com ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ou podem ser resultado do aumento na vulnerabilidade de alguns tecidos do sistema reprodutivo por outros motivos.

De modo geral, podemos dizer que qualquer alteração sistema reprodutivo tem potencial para prejudicar a fertilidade das mulheres, contudo, as tubas uterinas estão entre as estruturas mais delicadas desse sistema, e a maioria das alterações sobre elas pode resultar em infertilidade, tanto pela dificuldade de realizar a fecundação, como por prejuízos à implantação embrionária.

A hidrossalpinge costuma ser resultado da ação bacteriana, de lesões mecânicas e endometriose, que desencadeiam processos inflamatórios na região tubária, provocando um acúmulo de líquido e aumento nas dimensões dessas estruturas.

Nos acompanhando na leitura do texto a seguir você conhecerá melhor o que é hidrossalpinge, e como essa condição está conectada à infertilidade feminina. Aproveite a leitura!

O que é hidrossalpinge?

Chamamos hidrossalpinge a um processo específico que acomete as tubas uterinas e resulta de uma reação inflamatória nesse local, como resposta aos danos causados por parasitismo bacteriano (infecções), lesões mecânicas provocadas por procedimentos cirúrgicos, ou pela presença de focos endometrióticos.

O nome hidrossalpinge reflete bem os acontecimentos tubários envolvidos com esse quadro: a reação inflamatória provoca um acúmulo de líquido local, fazendo com que as tubas inchem e aumentem seu tamanho, bloqueando ou ao menos dificultando a passagem em seu interior.

Além do bloqueio, as diversas células e substância envolvidas no processo inflamatório alteram a composição química no interior das tubas uterinas, e podem tornar esse ambiente inóspito para os gametas masculino e feminino, inviabilizando a fecundação.

Lesões mecânicas ou infecciosas em qualquer tecido disparam o sistema imunológico, que envia ao local afetado principalmente histaminas, prostaglandinas, além das células leucocitárias, plaquetárias e os macrófagos, cujas principais funções são identificar e destruir os agentes causadores das lesões, ou isolar e proteger a área afetada para que a cicatrização ocorra.

No caso da hidrossalpinge, as histaminas e as prostaglandinas são responsáveis pelo acúmulo de líquido que torna as tubas edemaciadas, enquanto a ação das células imunológicas atua no combate às infecções e, em hidrossalpinge por lesão mecânica, auxiliam na cicatrização.

Muitas vezes as mulheres com hidrossalpinge são assintomáticas e a infertilidade pode ser o único sinal para o início da investigação sobre esse quadro.

Os casos sintomáticos normalmente estão relacionados à hidrossalpinge resultante de infecções bacterianas e de endometriose tubária – ou próxima às tubas uterinas –, produzindo sintomas mais específicos para essas doenças do que para a hidrossalpinge exclusivamente.

Entre os principais sintomas, destacamos:

  • Alterações no fluxo menstrual;
  • Dismenorreia;
  • Dispareunia de profundidade;
  • Sangramento fora do período menstrual;
  • Corrimento vaginal de odor desagradável;
  • Febre, náuseas e vômitos.

É importante ressaltar que, na ocorrência de febre, mesmo na ausência de outros sintomas, a busca por atendimento médico deve ser imediata.

Quais as consequências da hidrossalpinge?

As consequências da hidrossalpinge podem ser bastante sérias, já que se trata de um foco infeccioso no interior da cavidade pélvica, com potencial para contaminação dos demais órgãos, estruturas e tecidos aí localizados.

Como a cavidade pélvica está interligada também com a abdominal, os processos infecciosos nessa região podem ser a porta de entrada para quadros graves como sepse, uma infecção generalizada dos órgãos, que pode resultar em morte.

Além da obstrução das tubas uterinas, portanto, pode sugerir a existência de um quadro mais amplo, com aderências e focos de infecção em outras estruturas.

Hidrossalpinge pode causar infertilidade?

A hidrossalpinge claramente prejudica a fertilidade das mulheres quando a infecção está ativa, já que o próprio processo inflamatório obstrui a tuba uterina em que está localizado, alterando também a composição interna dos tecidos de revestimento em contato com os gametas.

Contudo, em alguns casos, mesmo após o tratamento para os processos infecciosos, a ação parasitária das bactérias pode deixar cicatrizes em formas de aderências salientes que, da mesma forma, causam obstruções e oferecem um potencial de risco à fecundação e à implantação embrionária.

A formação de cicatrizes pode ocorrer, ainda, como resultado de intervenções cirúrgicas malsucedidas na região tubária, inclusive a retirada dos focos endometrióticos que, por isso, só é aconselhada às mulheres com endometriose tubária que não desejam ter filhos.

Como é feito o tratamento da hidrossalpinge?

O tratamento mais adequado depende diretamente dos agentes causadores desse quadro inflamatório.

Nos casos de hidrossalpinge por ação microbiana é fundamental que as bactérias envolvidas na infecção sejam adequadamente identificadas: o tratamento é feito pela administração de antibióticos específicos, direcionados para cada microrganismo envolvido no processo.

Se as lesões tubárias foram provocadas por intervenções cirúrgicas malsucedidas, a mulher pode ser tratada com anti-inflamatórios orais durante o tempo prescrito pela equipe médica, para controlar os sintomas da inflamação com o objetivo de que as tubas uterinas retornem às suas dimensões e condições normais.

Quando a hidrossalpinge é resultado da implantação endometriótica, o tratamento deve ser específico para endometriose. A escolha da melhor terapêutica, nesses casos, depende da intensidade dos sintomas e do desejo que a mulher manifesta de ter filhos. Quando não há desejo e os sintomas são leves, o tratamento pode ser feito por contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona.

No entanto, se a endometriose for mais grave e a mulher tem um desejo de ser mãe, a reprodução assistida pode ser uma forma de tratamento indicada e bastante bem-sucedida.

Reprodução assistida

As mulheres que desenvolvem hidrossalpinge apresentam um risco maior para infertilidade por obstrução tubária, e a única técnica que pode ser indicada para esses casos é a FIV (fertilização in vitro), já que esse procedimento permite a coleta de gametas femininos diretamente dos ovários e promove a fecundação fora das tubas uterinas.

Entretanto, é importante lembrar que mesmo a FIV depende da integridade do sistema reprodutivo feminino, que deve estar realmente livre de qualquer infecção ativa durante todo o tratamento.

Por isso, nos casos em que a hidrossalpinge é provocada pela ação bacteriana, a infecção deve ser tratada antes de o tratamento iniciar.

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Endometriose: quais são os possíveis tratamentos?

A endometriose é uma doença crônica, que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva, principalmente aquelas que nunca tiveram filhos (nulíparas) e também as com histórico familiar para endometriose, especialmente entre parentescos próximos como mães e avós portadoras da doença.

Porém, essa doença é mais conhecida por seus sintomas dolorosos do que por seus efeitos sobre a fertilidade das mulheres, ainda que seja responsável por até 50% dos casos de infertilidade.

Embora a infertilidade seja um sintoma bastante recorrente entre as mulheres com endometriose, nem todas as manifestações dessa doença têm potencial para prejudicar realmente a função reprodutiva feminina.

A endometriose, de forma geral, consiste no aparecimento de focos de tecido endometrial ectópico, principalmente aderidos à órgãos e estruturas localizadas na cavidade pélvica, e cujo crescimento é estimulado pela ação dos estrogênios, o que classifica a doença como estrogênio-dependente.

Durante o ciclo reprodutivo o endométrio original responde positivamente à ação estrogênica, dando início a um processo de multiplicação celular que aumenta a espessura desse tecido, com objetivo de receber o embrião e facilitar sua implantação na cavidade uterina.

Da mesma forma, os focos endometrióticos ectópicos respondem à ação desse hormônio, desencadeando, porém, um processo inflamatório local.

Os sinais dolorosos da endometriose, famosos por sua intensidade, que em alguns casos pode ser incapacitante, são decorrentes desses processos inflamatórios e manifestam sintomas específicos, dependendo do órgão ou estrutura aos quais estão aderidos.

A escolha dos melhores tratamentos para cada caso depende não somente da intensidade dos sintomas, mas também do desejo reprodutivo da mulher e a reprodução assistida é a terapêutica mais indicada para as mulheres com endometriose que desejam engravidar.

Acompanhe o texto e conheça os tratamentos disponíveis atualmente para a endometriose, especialmente para as mulheres que estão tentando engravidar.

Qual a relação entre endometriose e a infertilidade?

Apesar de ser bastante recorrente entre as mulheres que apresentam infertilidade, apenas alguns tipos de endometriose são realmente capazes de trazer danos aos processos reprodutivos da mulher.

Os critérios utilizados para classificação dos tipos de endometriose são, principalmente, a profundidade alcançada pelas infiltrações endometrióticas, e também os órgãos e estruturas aos quais esses focos estão aderidos.

É importante ressaltar que a intensidade dos sintomas é diretamente proporcional à profundidade das infiltrações endometrióticas, assim como a manifestação de sintomas específicos está ligada às funções desempenhadas pelos órgãos em que estão aderidos os focos.

De forma geral, podemos dizer que existem basicamente três tipos de endometriose:

  • Endometriose superficial peritoneal;
  • Endometriose infiltrativa profunda;
  • Endometriose ovariana (endometrioma).

Entre elas, a endometriose ovariana é a principal forma da doença relacionada aos sintomas de infertilidade, especialmente porque os focos endometrióticos aderidos aos ovários formam cistos, chamados endometriomas, que exercem pressão no córtex ovariano afetando a reserva ovariana e os processos relacionados à ovulação.

Além dos endometriomas, a mulher que possui focos endometrióticos nas proximidades das tubas uterinas e até mesmo no interior dessas estruturas, também tem a sua função reprodutiva prejudicada, já que as infiltrações podem obstruir a passagem e impedir, ou ao menos prejudicar, as possibilidades de fecundação.

Quais são os possíveis tratamentos para endometriose?

A escolha do melhor tratamento para abordar a endometriose depende da intensidade dos sintomas, da idade da mulher, da extensão e profundidade dos focos endometrióticos, além de sua localização, mas principalmente do desejo que a mulher tenha ou não de engravidar.

Tratamento para quem não deseja engravidar

Quando a mulher com endometriose não deseja engravidar e os sintomas manifestados pela doença são relativamente leves, a abordagem realizada a partir de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona costuma resultar em um controle considerável, principalmente dos sintomas dolorosos.

Contudo, especialmente para mulheres com idade próxima à menopausa e que manifestam sintomas álgicos muito intensos – e por vezes incapacitantes – o tratamento à base de contraceptivos pode não ser suficiente para controlar essas manifestações.

Nesses casos, a mulher e a equipe médica podem optar por duas formas de abordagem: a retirada cirúrgica dos focos endometrióticos, normalmente realizada por histeroscopia cirúrgica ou por videolaparoscopia, e a retirada total ou parcial dos ovários.

A retirada dos ovários é realizada num procedimento denominado ooforectomia, considerado uma alternativa terapêutica para o controle dos sintomas da endometriose pois faz cessar definitivamente o estímulo provocado pelo estrogênio e, consequentemente, o desenvolvimento dos focos endometrióticos.

Entretanto, essa decisão deve ser tomada de forma delicada e cuidadosa, já que a retirada dos ovários provoca um quadro de menopausa precoce, colocando fim definitivo à vida reprodutiva da mulher.

Tratamentos para quem deseja engravidar

Quando a mulher apresenta um grau leve de endometriose, a indicação para reprodução assistida pode ser feita sem a necessidade de qualquer procedimento prévio, porém se os focos endometrióticos são profundos ou ocupam uma grande extensão no interior da cavidade pélvica, pode ser necessária a retirada cirúrgica desses focos para que a doença não afete as taxas de sucesso da técnica de reprodução assistida escolhida.

No entanto, quando afeta os ovários, os riscos de dano ovariano apresentado pela cirurgia, faz com que o procedimento seja desaconselhado para as que desejam engravidar.

Reprodução assistida

A endometriose pode ser abordada por todas as técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente: a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro).

Porém, a FIV é a mais indicada por oferecer um controle maior sobre os processos ovulatórios e sobre a fecundação, o que normalmente atende as demandas das mulheres com endometriose ovariana e obstrução tubária decorrente da endometriose.

Para as mulheres com infertilidade pela presença dos endometriomas, a FIV traz benefícios por prever uma intensa etapa de estimulação ovariana, cujo objetivo é promover o recrutamento e amadurecimento de aproximadamente 10 folículos ovarianos em um mesmo ciclo reprodutivo.

Quando a infertilidade é causada pela obstrução tubária, a FIV também é indicada, nesse caso, por permitir a coleta de gametas diretamente dos ovários pela punção folicular, e por realizar a fecundação em ambiente laboratorial, procedimentos que podem ser feitos independente da integridade dos tecidos tubários.

Quais os efeitos da gravidez na mulher com endometriose?

Apesar de a endometriose oferecer um risco potencial para a função reprodutiva das mulheres, aquelas que conseguem engravidar, mesmo em face da doença, podem observar uma relevante regressão em seus sintomas, fazendo da gestação um verdadeiro fator de proteção em relação à endometriose.

Isso acontece porque a placenta produz progesterona durante todo o período gestacional, com o objetivo de manter o endométrio estável, agindo como antagonista do estrogênio e paralisando os processos de multiplicação celular endometrial provocados por esse hormônio.

Nas mulheres com endometriose, esse efeito atinge também os focos de tecido endometrial ectópico, diminuindo a atividade celular nesses locais e, consequentemente, o desenvolvimento.

Esse é o motivo, inclusive, para o fato de a endometriose ser mais recorrente em mulheres que nunca tiveram filhos (nulíparas), quando comparadas àquelas que já passaram por gestações anteriores (multíparas).

Para saber mais toque o link.

Endometriomas: o que são?

Os endometriomas são o tipo de endometriose que mais oferece risco para a infertilidade feminina, embora não seja a única forma de manifestação dessa doença, que pode acometer também outras estruturas localizadas na cavidade pélvica e, em casos mais raros, outros órgãos da cavidade abdominal.

Em geral, os focos endometrióticos surgem aderidos à superfície de algumas estruturas, infiltrados com profundidade variável, com exceção da endometriose ovariana, que forma os endometriomas.

Os endometriomas são cistos ovarianos de cor achocolatada, constituídos por tecido endometrial e sangue oxidado, que respondem aos estímulos dos hormônios estrogênio e progesterona, assim como o endométrio original, localizado na cavidade uterina.

Vamos mostrar aqui o que são os endometriomas e como essa forma de endometriose pode afetar as possibilidades de gestação.

Os endometriomas são um tipo de endometriose

Para compreender o que são os endometriomas com mais profundidade, é necessário entender antes o que é e quais as alterações provocadas pela endometriose como um todo.

A endometriose é uma doença estrogênio-dependente e, por isso, muito mais recorrente nas mulheres em idade reprodutiva, ainda que em casos bastante raros possa também ser observada naquelas que estão passando pela menopausa.

Considerada uma doença crônica, a endometriose consiste no aparecimento de tecido endometrial ectópico, ou seja, que se desenvolve fora da cavidade uterina, local original.

Assim como o endométrio original, os tecidos que formam os focos endometrióticos também se mostram responsivos à ação dos hormônios envolvidos no ciclo reprodutivo, com especial destaque para os estrogênios e a progesterona.

A ação do estrogênio sobre o endométrio original faz com que esse tecido entre em um processo de multiplicação celular, que aumenta o número de lâminas celulares, provocando o espessamento: essa é uma das etapas da preparação uterina para receber o embrião e acontece durante a fase proliferativa.

Já a progesterona, produzida apenas durante a fase secretora do ciclo reprodutivo, atua de forma oposta ao estrogênio, paralisando os processos de multiplicação celular e reorganizando o tecido de revestimento interno do útero. Esse hormônio é típico da etapa final de preparação do endométrio para a implantação embrionária.

Nas mulheres com endometriose o estímulo estrogênico incide sobre os focos endometrióticos, desencadeando a multiplicação celular nos locais afetados e disparando processos inflamatórios, que causam dor e prejudicam a função das estruturas em que estão aderidos.

A endometriose pode ser classificada em três tipos, de acordo com duas variáveis principais: a profundidade dos focos endometrióticos e a localização no interior da cavidade pélvica.

De forma geral, podemos dizer que os focos endometrióticos mais profundos estão relacionados aos quadros mais severos da doença, ainda que a profundidade dos implantes tenha maior influência nos sintomas dolorosos do que na infertilidade.

Quando se manifestam aderidos ao córtex ovariano, os focos endometrióticos formam os endometriomas, cistos de cor achocolatada por conter endométrio ectópico e também uma quantidade de sangue coagulado, em seu interior.

Apesar da presença de focos endometrióticos tubários também representar riscos para fertilidade das mulheres, por obstruir essas estruturas, os endometriomas são realmente a forma de endometriose com maior potencial para causar danos à função reprodutiva da mulher.

Os endometriomas apresentam risco de infertilidade

Assim como as demais formas de endometriose, os endometriomas respondem positivamente à ação estrogênica, o que provoca a multiplicação anormal das células endometriais ectópicas e, consequentemente, um aumento nas dimensões desse cisto e o aparecimento de um processo inflamatório local.

Uma das principais características do processo inflamatório é o aumento da concentração local de prostaglandinas, além de edema, vasodilatação e aumento da temperatura, como a maior parte dos processos inflamatórios, onde quer que se localizem.

Essas mudanças no ambiente ovariano podem não somente impedir que a ovulação aconteça, como também danificar, inclusive, os folículos primordiais, que sequer foram recrutados para amadurecimento ainda, causando prejuízo severo para a reserva ovariana.

Além disso, o fato de os endometriomas estarem aderidos justamente aos ovários, local de produção tanto dos estrogênios quanto da progesterona, faz com que a ação desses hormônios seja mais intensa e mais imediata, com destaque para o estrogênio, produzido em maior ou menor quantidade durante todo o ciclo reprodutivo.

Como os endometriomas são estrogênio-dependentes, essa relação estimula fortemente o crescimento dos cistos e, consequentemente, o aumento na pressão sobre o córtex ovariano.

Além disso, atrelada às consequências imunológicas dos processos inflamatórios locais, a pressão danifica fisicamente os folículos ovarianos, os ovários e também interfere nos processos ovulatórios.

O diagnóstico deve ser feito de forma cuidadosa

Apesar de ser raro que as mulheres com endometriose manifestem apenas um tipo de foco endometriótico, quando a doença afeta exclusivamente os ovários, a infertilidade pode ser o único sintoma detectável sem a necessidade de exames clínicos laboratoriais, partindo unicamente do relato que a mulher apresenta sobre suas tentativas de engravidar.

Ainda assim, os exames são necessários para que o diagnóstico seja realmente preciso e exato, lembrando que por ser uma doença estrogênio-dependente, a endometriose pode compartilhar sintomas com outras doenças classificadas nesse mesmo grupo, o que costuma prejudicar ou ao menos retardar o diagnóstico.

Entre os principais exames solicitados destacamos:

  • Exame clínico;
  • Ultrassonografia pélvica transvaginal;
  • Videolaparoscopia;

A videolaparoscopia, além de ser um exame, pode ser também considerada uma forma de tratamento, já que permite fazer a intervenção cirúrgica simultaneamente à realização do exame, e é por isso uma das formas de see and treat, ou ver e tratar, uma metodologia em que alguns exames de imagem permitem também algum nível de intervenção médica terapêutica.

Quando a mulher não tem desejo de engravidar, após a confirmação diagnóstica e somente em face de sintomas dolorosos não intensos, administração de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona pode ser suficiente para controlar a maior parte dos sintomas e regular o ciclo menstrual.

Nem sempre a cirurgia é recomendada

Embora a videolaparoscopia para retirada dos endometriomas seja uma cirurgia de relativo sucesso, deve ser contraindicada para mulheres que desejam engravidar. A simples manipulação dos ovários pode prejudicar a reserva ovariana, pois oferece um alto risco de lesões mecânicas, inclusive nas áreas não afetadas pelos endometriomas.

Por isso, recomenda-se que a mulher passe pela avaliação da reserva ovariana antes de dar início a qualquer tipo de tratamento, seja para a retirada dos endometriomas, ou para a reprodução assistida.

A avaliação da reserva ovariana é feita com a combinação de dois exames: a contagem de folículos antrais, por ultrassonografia transvaginal, e também pela dosagem do hormônio antimülleriano (HAM), considerado um indicativo bioquímico da quantidade de folículos primordiais.

O papel da reprodução assistida

A reprodução assistida pode ser indicada para mulheres com endometriomas, pois todas as técnicas disponíveis atualmente contam com uma etapa inicial de estimulação ovariana, cujo principal objetivo é induzir os processos que levam à ovulação, atendendo às demandas da endometriose, em que a infertilidade é provocada por um quadro de anovulação.

Entre todas as técnicas disponíveis porém, a FIV (fertilização in vitro) é a mais indicada, especialmente por sua alta complexidade, grande abrangência e boas taxas de sucesso para a maior parte dos casos de infertilidade, incluindo as mulheres com endometriomas.

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