agosto 2023 - Elo Medicina Reprodutiva
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Gestação compartilhada: o que é e quando pode ser feita?

Nos últimos anos, avanços importantes tanto em técnicas de reprodução assistida, quanto na área jurídica, trouxeram novas opções para casais homoafetivos que têm o desejo de formar uma família. 

Especialmente na fertilização in vitro, em que se tornou possível casais homoafetivos femininos vivenciarem a experiência gestativa de novas formas. Um exemplo disso é a chamada gestação compartilhada.

Também conhecido como método ROPA (recepção de óvulos da parceira), a gestação compartilhada é exclusiva da FIV, prevista e autorizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para casais homoafetivos femininos.

Continue a leitura e compreenda melhor o que é a gestação compartilhada e como ela se difere da técnica da inseminação artificial (IA), que também possibilita a gravidez de casais homoafetivos femininos. Ainda, descubra mais sobre como ela é feita e outros detalhes sobre o procedimento. 

O que é gestação compartilhada?

A gestação compartilhada é uma alternativa para que casais homoafetivos femininos tenham uma experiência compartilhada de gestação, ou seja, compartilhar igualmente o processo de maternidade. Por meio dela, a mãe gestacional recebe um óvulo de sua parceira.

Como é feita a gestação compartilhada?

Quando o casal homoafetivo feminino decide tentar a gravidez, entre as opções de reprodução assistida, há a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV). No entanto, apenas a FIV proporciona a gestação compartilhada.

Isso porque na IA a fecundação ocorre naturalmente, nas tubas uterinas. Enquanto na FIV é realizada em laboratório e os embriões transferidos para o útero da parceira. 

Em ambos os casos, é necessário a utilização de espermatozoides doados, cujos doadores podem ser escolhidos em bancos de esperma, de acordo com as características do casal. 

A gestação compartilhada é feita com uma parceira fornecendo os óvulos e a outra dando continuidade ao processo gestacional. 

A parceira fornecedora dos óvulos passará pela estimulação ovariana, procedimento realizado com medicamentos hormonais semelhantes ao produzidos pelo organismo, para elevar as chances de mais folículos desenvolverem e obter um maior número de óvulos para a fecundação. 

Os medicamentos são administrados ainda nos primeiros dias do ciclo menstrual e o desenvolvimento dos folículos é acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal realizados em intervalos regulares. Quando já estão quase maduros, novos medicamentos os induzem ao amadurecimento final e rompimento. 

Após a indução, são coletados por punção folicular: o líquido de cada folículo é aspirado e o óvulo posteriormente extraído. Os melhores óvulos são então selecionados e preparados para a fecundação. 

Nesse estágio, depois de definido o doador de sêmen, as amostras são enviadas para o preparo seminal, técnica que possibilita a seleção dos espermatozoides mais capacitados para a fecundação. 

A fecundação acontece em laboratório por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide). Nessa técnica, os espermatozoides são individualmente avaliados, em movimento, com o auxílio de um microscópio de alta magnificação. 

Somente após ter a saúde confirmada, é injetado diretamente no citoplasma do óvulo. A ICSI aumentou as chances de sucesso, possibilitando que um número maior de embriões seja formado. 

No método clássico, por exemplo, após serem selecionados pelo preparo seminal, os espermatozoides são colocados junto aos óvulos em uma placa de cultura e para a fecundação ocorrer 😮 espermatozoide deve romper a zona pelúcida e penetrar o óvulo. 

Os embriões formados deverão seguir para o cultivo embrionário, etapa em que são armazenados em incubadora, em meios de cultura com condições bastante semelhantes às encontradas no útero humano. 

Em alguns casos pode ser feita a preparação uterina da parceira que irá ter a experiência de gestar, garantindo, assim, que o endométrio esteja receptivo para receber o embrião. 

A última etapa é a transferência dos embriões, cuja quantidade transferida varia conforme a idade da paciente, segundo determinação do CFM: mulheres até 37 anos, até 2 embriões, com mais de 37 anos, até 3 embriões. 

Em aproximadamente duas semanas, é feito um exame de gravidez para verificar o sucesso do tratamento. 

No entanto, é importante destacar que, antes desses procedimentos, ambas as parceiras deverão realizar diversos exames para avaliar sua saúde geral e reprodutiva, de modo a obter dados para orientar a tomada de decisão sobre a técnica que garantirá maiores chances de resultados positivos. 

Quais são as chances de sucesso da gestação compartilhada?

Embora as taxas de sucesso dependam de diferentes variáveis, incluindo a idade da mãe que vai doar os óvulos e a saúde reprodutiva da que vai gestar, a fertilização in vitro é a técnica de reprodução assistida que possui as mais altas por ciclo de realização do tratamento: em média 40%.

Além disso, caso não exista sucesso na primeira tentativa, a transferência pode ser novamente repetida em um ciclo seguinte: os embriões que não foram transferidos, são congelados com esse objetivo, ou para uma nova gravidez no futuro. 

Saiba mais sobre o assunto lendo também nosso texto sobre técnicas de reprodução assistida para casais homoafetivos.

Casais homoafetivos masculinos e reprodução assistida: quais são as possibilidades?

Você sabe que os casais homoafetivos masculinos podem ter filhos? No entanto, tem dúvidas das possibilidades, das técnicas e resultados dos tratamentos? Fique tranquilo! Neste post, obterá informações relevantes sobre o assunto para que possa realizar seu sonho de ser pai.

Antigamente, os casais homoafetivos só podiam ter seus bebês, se adotassem um. Entretanto, com o avanço da medicina e das leis, adquiriram direito de terem uma criança, basta um parceiro ser o genitor biológico. Isso é possível por meio da reprodução assistida e regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Assim, pensando em trazer maior esclarecimento sobre o tema, produzimos o texto abaixo. Acompanhe!

Veja como a reprodução assistida permite que casais homoafetivos masculinos tenham filhos

Desde 2013 o CFM autorizou a utilização das técnicas de reprodução assistida para que casais homoafetivos femininos e masculinos possam gerar filhos biológicos. 

A gravidez dos casais femininos, que devem contar com um doador de espermatozoides, pode ser obtida por duas técnicas: inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV). Enquanto a dos masculinos é possível apenas pela FIV. 

Além de uma doadora de óvulos os casais homoafetivos masculinos precisam ainda da cessão temporária do útero ou gravidez de substituição. Nessa técnica, complementar à FIV, o útero pode ser cedido por parentes de até quarto grau dos pacientes. 

A participação de parentes próximos na gravidez, com a resolução atual do CFM publicada em maio desse ano, tornou-se também extensiva à doação de óvulos, considerando o mesmo grau de parentesco. No entanto, a opção por escolher entre doadoras anônimas com as mesmas características fenotípicas do casal, disponíveis em clínicas de reprodução assistida, ainda permanece. 

Conheça as estatísticas

De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), entre os anos de 2016 e 2017, houve um aumento de 10% no número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. Logo, são mais casais formando novas famílias. Desses, 15% são casamentos entre mulheres (mais de 3.300) e 3,7% de homens (2,5 mil).

Inclusive, segundo a Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA) os casais brasileiros são recordistas na fertilização in vitro, inseminação artificial e transferência de embriões. Pois, nasceram 83 mil crianças em apenas 25 anos, deixando a Argentina e o México para trás. Todavia, a pesquisa não informa o índice de procedimentos em pais homoafetivos.

Por outro lado, sabe-se, hoje, que milhões de crianças em diferentes países, entre adotivas e biológicas, são filhos de casais homoafetivos masculinos. Dessa maneira, mais homens no mundo todo têm encontrado caminhos para ser pai, e a reprodução assistida é um deles.

Saiba de que maneira um casal homoafetivo masculino pode ter filhos

Primeiro, é necessário procurar uma clínica de reprodução assistida para o casal ser avaliado. Como foi dito acima, os parceiros masculinos só podem ter filhos pela FIV. 

A mulher que vai ceder o útero, após ter a saúde avaliada para confirmar a capacidade de gestar a criança, se for necessário, recebe medicamentos hormonais para garantir a receptividade do endométrio, fundamental no processo de implantação do embrião, que inicia a gestação. 

Entenda como isso ocorre na prática e tire suas dúvidas

Após a escolha da doadora de óvulos, o parceiro que vai doar o sêmen faz a coleta das amostras, submetidas posteriormente ao preparo seminal, técnica que seleciona por diferente métodos os melhores espermatozoides para a fecundação. 

Quando a doadora é parente, após a estimulação ovariana e indução da ovulação, procedimento que estimula o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, os maduros são coletados por punção folicular e os óvulos selecionados em laboratório para a fecundação. Já os óvulos de doadoras anônimas, devem ser descongelados. 

A fecundação também acontece em laboratório, atualmente a técnica mais utilizada é a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): cada espermatozoide é novamente avaliado e injetado diretamente no óvulo por um micromanipulador de gametas.

Os embriões formados são cultivados em laboratório por alguns dias e transferidos ao útero de substituição para que a implantação aconteça naturalmente. 

O CFM permite a transferência de até 2 embriões se a mulher que for gestar a criança tiver até 37 anos e, até 3 embriões para mulheres acima dessa idade. 

Assim, depois de aproximadamente 15 dias a parente fará o exame de gravidez para verificar se o embrião fixou no endométrio. 

Agora você sabe que os casais homoafetivos masculinos podem se tornar pais. Por isso, se esse é um desejo seu e de seu parceiro, busque uma clínica de reprodução assistida especializada, com médicos qualificados e que oferecem a segurança e o acolhimento necessários para esse momento.

Para entender mais profundamente sobre a FIV, toque aqui. Boa leitura!

Reversão da laqueadura: o que é e quando é indicada?

Por muitos anos, a laqueadura foi um dos procedimentos mais utilizados para garantir a contracepção da mulher quando ela não desejava ou, então, não podia utilizar métodos hormonais (como a pílula anticoncepcional). Porém, atualmente, essa recomendação está em desuso e já não é indicada normalmente.

Hoje podemos optar por outros métodos com alta taxa de eficácia. É o caso, por exemplo, do DIU de cobre ou hormonal e o implante subdérmico.

Porém, muitas mulheres passaram pela laqueadura e depois se arrependem e desejam engravidar novamente. O que pode ser feito nesses casos? Uma das opções que a medicina oferece é a reversão da laqueadura.

Neste texto, falaremos sobre o que é esse procedimento e quando ele é indicado. Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre o tema.

O que é a laqueadura?

A laqueadura é um método de contracepção feminina definitivo, também chamado de esterilização feminina. No procedimento, é realizada uma obstrução das tubas uterinas, impedindo a passagem dos espermatozoides e inviabilizando a fecundação.

O procedimento pode ser feito por alguns métodos, tais como:

  • Amarrar e cortar as tubas;
  • Apenas amarrar;
  • Cauterizar. 

Ainda assim, há uma chance rara de falha do método, dependendo da técnica utilizada. É quando ocorre uma reversão espontânea da laqueadura. 

Por que ela não é mais tão utilizada?

Como falamos na introdução, anteriormente a laqueadura era indicada para as pessoas que não queriam engravidar e desejavam métodos de longo prazo ou duradouros. Por isso, essa era a indicação nesse tipo de situação, já que não haviam, de forma popularizada, os métodos contraceptivos de longo prazo e opções não-hormonais.

Atualmente as mulheres podem contar com:

  • DIU de cobre (ou cobre e prata), cuja duração é 10 anos; 
  • DIU hormonal, cuja duração é 5 anos;
  • Implante subdérmico, cuja duração é 3 anos.

Contudo, mesmo assim, muitas ainda buscam a laqueadura por se tratar, justamente, de um método quase definitivo. Elas não desejam engravidar e, assim, não querem se preocupar com métodos contraceptivos temporários, ainda que possam ser utilizados por longo prazo.

Mas, e quando a laqueadura é realizada e a mulher se arrepende posteriormente? Eventualmente isso ocorre. Por isso, pode ser interessante pensar em outras alternativas ao invés do procedimento definitivo. Entre os casos mais comuns de arrependimento, estão:

  • O início de um novo relacionamento, que despertou o desejo em formar uma nova família com a pessoa;
  • Realização do procedimento de forma precoce, levando a um arrependimento depois de um tempo;
  • Influência de um então parceiro e familiares, gerando um procedimento que não era o que a mulher desejava naquele momento.

Nesses casos, pode-se indicar a reversão da laqueadura, como veremos a seguir.

O que é a reversão da laqueadura?

A reversão de laqueadura é um procedimento cirúrgico, que também é chamado de reanastomose tubária. Ela é possível quando não houve uma remoção das tubas ou não foram utilizados métodos como a cauterização. Assim, é possível buscar formas de realizar a religação.

A cirurgia é feita normalmente por videolaparoscopia. Esse é um dos métodos mais seguros e menos invasivos e garante que a paciente terá uma boa recuperação do procedimento.

Quando a reversão da laqueadura é indicada?

A reversão da laqueadura possui algumas indicações específicas. São elas:

  • Idade da mulher (abaixo de 35 anos);
  • Tempo transcorrido desde o momento em que o procedimento foi realizado;
  • A técnica utilizada na laqueadura;
  • As condições do sistema reprodutor feminino. 

É importante considerar, portanto, se realmente vale a pena, no que diz respeito às condições de fertilidade da mulher ou mesmo do seu parceiro. Por isso, ambos também são submetidos a diferentes exames para avaliar a saúde reprodutiva. 

Há outras opções além da reversão da laqueadura?

Quando o caso não se enquadra no caso de reversão da laqueadura é possível conseguir engravidar novamente? A resposta é sim. A medicina reprodutiva oferece como solução, nesse caso, a fertilização in vitro (FIV).

Na técnica a fecundação acontece em laboratório, sem precisar das tubas uterinas, e os embriões formados são transferidos posteriormente para o útero.

Reversão da laqueadura ou FIV: qual a melhor opção?

Quando pensamos em questões de custo-benefício e possiblidades de uma frustração, a FIV mostra-se um procedimento muito mais recomendado para quem deseja engravidar novamente. A reversão de laqueadura não garante o retorno da fertilidade. Isso dependerá de muitas questões relacionadas às condições do sistema reprodutor feminino naquele momento.

Por isso, a reprodução assistida permite que você já recorra diretamente à possiblidade de engravidar, com menos sofrimento pelas diversas tentativas malsucedidas.

A FIV É um tratamento indicado diversos casos de infertilidade, feminina e masculina

Contudo, há ainda quem tenha interesse em realizar a reversão de laqueadura. É o seu caso? Então, leia outro texto completo detalhando como o procedimento é feito e tire suas dúvidas sobre o tema.

Reversão da vasectomia: o que é e quando é indicada?

Nas últimas décadas, as técnicas de medicina reprodutiva evoluíram bastante. Nesse contexto, surgiu a possibilidade de reversão da vasectomia — uma cirurgia de esterilização masculina que era considerada definitiva. No entanto, essa é apenas uma das diversas formas para auxiliar os homens com dificuldades reprodutivas, mesmo aquelas causadas por procedimentos voluntários. 

Sabemos que a vida é dinâmica: novos relacionamentos, perdas e amadurecimento frequentemente levam as pessoas a reavaliar escolhas passadas. Por isso, uma característica importante da medicina reprodutiva é o seu olhar humanizado e personalizado para os pacientes.

Em uma avaliação, observamos as características biológicas, o contexto sociocultural, as expectativas e objetivos de ambos os parceiros. A partir disso, é possível mostrar as vantagens e desvantagens de cada tratamento para que a melhor decisão seja tomada junto com o casal. 

Ficou interessado em saber mais sobre o assunto? Acompanhe a leitura!

O que é a vasectomia?

A vasectomia é um procedimento contraceptivo cirúrgico realizado no homem com efeitos potencialmente definitivos. Para que ela seja indicada, é preciso que o indivíduo se enquadre em alguns requisitos, como:

  • Idade superior a 25 anos;
  • Ter, pelo menos, 2 filhos vivos;
  • Expressar o desejo de passar pela vasectomia após ter sido informado sobre suas consequências. Por isso, é feito um termo de consentimento, o qual deve ser assinado antes do procedimento.

O conceito da cirurgia é relativamente simples quando se entende a anatomia do sistema reprodutor masculino.

Os espermatozoides são produzidos nos testículos e amadurecidos em uma estrutura anexa, chamada de epidídimo. Durante a ejaculação, eles são transportados por uma série de canais. O primeiro deles é o ducto deferente, que tem de 30 a 40 cm.

Depois disso, ele se une com o ducto da vesícula seminal e forma o ducto ejaculatório. Após passar pela próstata, as células reprodutivas são transportadas para a uretra, que vai liberá-las durante a relação sexual.

A vasectomia busca interromper o trajeto dos espermatozoides logo no início, nos ductos deferentes em sua porção que fica dentro do escroto. Assim, após o período de recuperação, o conteúdo da ejaculação (sêmen) não conterá espermatozoides. 

Quais motivos podem levar ao arrependimento?

De forma geral, os motivos do arrependimento são os seguintes:

  • Desejo de ter filhos com uma nova parceira;
  • Falecimento de um ou mais filhos;
  • Realização do procedimento ainda jovem.

Entretanto, pode haver outras razões. Sem julgamento, o profissional vai ouvir atentamente os pacientes e conversar sobre as vantagens ou desvantagens de cada opção de tratamento. 

Quais as indicações de reversão da vasectomia?

A cirurgia é indicada para todos os homens que passaram por vasectomia. Apesar disso, os estudos mostram que há determinados fatores que reduzem as chances de sucesso reprodutivo após a reversão:

  • Período desde realização da cirurgia: após a cirurgia, ocorre um processo de cicatrização progressivo, que obstrui os ductos deferentes e reduz sua funcionalidade;
  • Presença de granulomas: devido à inflamação pós-cirúrgica, pode-se formar um “tumor” benigno, chamado de granuloma;
  • Infertilidade grave da parceira: há determinadas condições que impedem os diferentes estágios da ovulação e da fertilização; 
  • Idade da parceira maior do que 35 anos: esta pesquisa demonstrou que as taxas de gravidez após a reversão da vasectomia eram de 54% quando a parceira tinha mais de 35 anos. Após os 40 anos, ela se reduz ainda mais e chega a 14%. 

A maioria desses casos contraindica a reversão da vasectomia, mas não implicam a infertilidade do casal. Há técnicas de reprodução assistida que podem proporcionar a gestação desejada com excelentes taxas de sucesso. Afinal, apesar de não liberados pela ejaculação, os espermatozoides podem continuar viáveis.

Por isso, o olhar da medicina reprodutiva é tão importante. Após uma avaliação completa da saúde do casal, um plano terapêutico personalizado é elaborado de acordo com os diagnósticos estabelecidos e as expectativas dos pacientes.

Como é a cirurgia de reversão da vasectomia?

A cirurgia envolve um cuidadoso religamento das bordas cortadas do ducto deferente. Com isso, o canal é reconstruído e os espermatozoides poderão seguir o seu caminho pelo sistema reprodutor masculino. Tecnicamente, esse processo é chamado de recanalização.

Para isso, após a anestesia, será feito um corte na bolsa escrotal para a localização e exposição dos ductos deferentes. Então, dois métodos podem ser empregados:

  • Vasovasostomia: a conexão é feita diretamente pela união de duas extremidades do ducto deferente;
  • Vasoepididimostomia: em vez de reconectá-los diretamente, eles serão ligados ao epidídimo. Todavia, essa técnica é muito mais complexa e está associada a mais complicações. 

Depois disso, o sucesso da cirurgia dependerá da boa recuperação do paciente. Por esse motivo, serão necessários alguns cuidados:

  • Controle da inflamação por meio de medicamentos e compressas frias;
  • Utilização de suspensório escrotal;
  • Abstinência sexual e repouso por 4 semanas;
  • Uso de antibióticos, quando há indicação médica.

As complicações envolvem principalmente a formação de um hematoma local ou de granulomas. Já as chances de reobstrução estão relacionadas ao tipo de cirurgia. Mesmo em caso de sucesso da cirurgia, não há garantia de gravidez pelas relações sexuais. Isso pode levar à frustração do casal, que terá de tentar outro método de reprodução.

Por isso, especialmente quando há contraindicação, o paciente deve avaliar alternativas à reversão da vasectomia, como a fertilização in vitro (FIV). Nessa técnica, os espermatozoides são coletados diretamente dos testículos e dos epidídimos por procedimentos minimamente invasivos, como o PESA, o MESA, o TESE e o Micro-TESE. Da mesma forma, a mulher será preparada para garantir a coleta de óvulos viáveis.

Então, a fertilização é realizada em laboratório. Se ela for bem-sucedida, os embriões gerados são cultivados por um período de 3 a 6 dias. Ao final do cultivo, são transferidos ao útero e espera-se que pelo menos um deles se implante no endométrio. Depois disso, a evolução da gestação será acompanhada de perto. 

Portanto, a reversão da vasectomia não é o único caminho para que os homens esterilizados cirurgicamente possam voltar a ter filhos. Há várias técnicas de reprodução assistida com resultados excelentes. Por esse motivo, a atenção médica especializada é essencial para fazer a avaliação da saúde reprodutiva do casal e, assim, indicar um tratamento personalizado e humanizado.

Quer entender melhor o procedimento de reversão da vasectomia? Então, não deixe de ler este nosso conteúdo completo sobre o tema!

Casais homoafetivos femininos e reprodução assistida: quais as possibilidades?

Constituir família e ter filhos biológicos faz parte dos sonhos de muitos casais, inclusive os homoafetivos. A constante evolução das técnicas de reprodução assistida e as mudanças das leis, inclusive com o reconhecimento oficial da união homoafetiva, abrem o caminho para a realização desses desejos. 

Neste artigo abordaremos as principais informações sobre a reprodução assistida, que além de tratar a infertilidade, torna possível a gravidez homoafetiva para casais femininos. Continue a leitura e confira!

O que é reprodução assistida?

A reprodução assistida é um conjunto de procedimentos técnicos e laboratoriais que viabilizam a gravidez nos casos de infertilidade ou casais homoafetivos, tanto masculinos, quanto femininos. 

As técnicas que possibilitam a gravidez dos casais homoafetivos femininos, são a inseminação artificial (IA), também chamada inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV)

Nesse caso, a decisão de qual tratamento realizar é do casal, mas é importante ressaltar que antes ambas as parceiras são submetidas a diferentes exames para confirmar a saúde reprodutiva. Apenas com os resultados, o médico especialista pode determinar a mais adequada em cada caso. 

Com funciona a reprodução assistida para casais homoafetivos femininos?

O Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio de resolução, permite que os casais homoafetivos utilizem recursos de reprodução assistida para gerarem filhos biológicos. No caso dos femininos, permite ainda a gestação compartilhada, situação em que o embrião obtido a partir da fecundação dos óvulos de uma mulher é transferido para o útero de sua parceira. 

Já os casais masculinos podem contar com a barriga solidária ou cessão temporária do útero, em que útero para gestar a criança pode ser cedido por parentes de até 4º grau dos pacientes em tratamento. 

Para os casais femininos o processo é mais fácil, pois já possuem os óvulos e o útero, sendo necessário apenas os espermatozoides. Enquanto os masculinos, além da barriga solidária, devem contar com óvulos de uma doadora. 

A resolução mais recente do CFM, publicada em maio desse ano, permite que os doadores também sejam parentes de até 4º grau dos pacientes, assim como podem ser escolhidos em bancos de esperma, no caso das mulheres, e em clínicas de reprodução assistida, dos homens, de acordo com as características fenotípicas do casal. 

Como mencionado anteriormente, as técnicas mais utilizadas para a gravidez de casais homoafetivos femininos são a IA e a FIV. Confira as principais informações sobre as duas. 

Inseminação artificial

Nessa técnica, a parceira escolhida para passar pela gestação começa o tratamento com um procedimento chamado estimulação ovariana, que utiliza medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento de mais folículos, acompanhado por ultrassonografias realizadas a cada dois ou três dias, que indicam quando novos medicamentos devem induzi-los ao amadurecimento final e ovulação.

O sêmen do doador, passa pelo preparo seminal, técnica que capacita os espermatozoides por diferentes métodos, selecionando os mais saudáveis, inseridos no útero da mulher que vai gestar logo após a indução da ovulação. 

Em aproximadamente duas semanas a mulher realiza o teste de gravidez. Caso não seja positivo, novas tentativas podem ser feitas, conforme orientação da equipe médica. 

Vale ressaltar que a inseminação artificial é rápida e indolor e a paciente pode retomar suas atividades cotidianas imediatamente após o procedimento. No entanto, as tubas uterinas devem estar permeáveis, sem nenhum tipo de obstrução, uma vez que a fecundação acontece naturalmente, assim como o útero, para não haver nenhum problema no desenvolvimento da gravidez. 

Fertilização in vitro 

A FIV é indicada quando há a intenção de gestação compartilhada, se houver algum problema de infertilidade que impeça a gravidez por IA ou se o tratamento com o uso da técnica não for bem-sucedido. 

A primeira decisão do casal, após os resultados diagnósticos, é sobre qual das duas parceiras doará os óvulos, que será fertilizado pelo sêmen de um doador, e qual deverá gestar a criança. 

A doadora de óvulos, também é submetida à estimulação ovariana. Porém, após a indução da ovulação, os folículos maduros são coletados por punção, os óvulos selecionados e preparados para a fecundação. Enquanto os espermatozoides são, da mesma forma, capacitados pelo preparo seminal. 

O processo de fecundação ocorre em ambiente laboratorial. A técnica mais utilizada atualmente é a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI): cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com o uso de um aparelho específico chamado micromanipulador de gametas. 

Após a fecundação, os embriões formados são armazenados em uma incubadora por alguns dias, em condições muito parecidas com o útero humano, e transferidos para o útero da parceira que vai gestar. 

Assim como na IA, no caso de insucesso, é possível realizar novas tentativas. Na FIV, entretanto, os embriões que não foram transferidos, são congelados, para uso em um próximo ciclo, ou no futuro. 

Quer saber mais sobre barriga de aluguel? Toque aqui.

Transferência embrionária na FIV: como é feita?

Para diferentes causas de infertilidade, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais eficaz. É um tratamento complexo, composto por cinco etapas, sendo que a última é a transferência embrionária para o útero materno.

Essa etapa final pode ser feita entre o segundo e o sexto dia de cultivo embrionário em laboratório, sendo que a escolha do melhor protocolo depende de alguns fatores.

Se você tem interesse em entender os detalhes da transferência de embriões na FIV, vai gostar de acompanhar este texto. Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre esse assunto!

Quais são as etapas da FIV?

Para explicar como acontece a transferência embrionária, é importante destacar todas as etapas da FIV. Veja a seguir.

Estimulação ovariana e indução da ovulação

Na estimulação ovariana, a mulher recebe medicamentos à base de hormônios, como os produzidos naturalmente pelo corpo feminino. O intuito é o desenvolvimento de uma grande quantidade de folículos, estruturas que armazenam o óvulo.

O crescimento dos folículos é monitorado por meio de exames de ultrassonografia: quando atingem o tamanho ideal, a mulher recebe o hormônio hCG para finalizar o processo de maturação e induzir ao rompimento e liberação do óvulo (ovulação). 

Aspiração folicular e preparo seminal

A mulher é sedada para que seja feita a aspiração do líquido dentro dos folículos, onde estarão os óvulos, que passam por uma análise em laboratório, sendo separados somente aqueles maduros e saudáveis.

Em paralelo, uma amostra do sêmen é coletada e preparada para a escolha dos espermatozoides que cumpram os quesitos de vitalidade e motilidade.

Fecundação

Com a seleção dos melhores gametas, chega o momento da fertilização. A técnica convencional fazia o processo em placas de cultura, porém o procedimento mais adotado atualmente é a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), em que cada espermatozoide é injetado no interior do óvulo.

Cultivo dos embriões

Após fertilizados, os embriões ficam na fase de cultivo por 2 a 6 dias, processo acompanhado por um especialista em embriologia para verificar se os embriões estão desenvolvendo adequadamente. Nessa fase, quando o embrião está no blastocisto, entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, podem ser avaliadas alterações genéticas e cromossômicas.

Transferência embrionária

É o momento de os embriões saudáveis serem transportados para o útero materno, como detalharemos no tópico seguinte.

Como ocorre a transferência embrionária?

Na quinta e última etapa da FIV, os embriões são depositados no útero da mãe, um processo em que ela não precisa receber anestesia. Assim, a transferência é feita em ambiente ambulatorial e o médico utiliza a ultrassonografia para servir como um guia no transporte dos embriões para a cavidade uterina.

Em alguns casos, a mulher pode receber medicamentos à base de hormônios para favorecer a receptividade endometrial, desse modo, ter um sucesso maior na implantação do embrião. 

Depois da transferência, ela espera por cerca de duas semanas e realiza o teste de gravidez.

Em que momento é feita essa transferência?

A transferência dos embriões pode ocorrer seguindo dois protocolos distintos e a escolha vai depender de cada tratamento. 

Transferência em D3

Chamada de transferência em fase de clivagem, é um processo em que os embriões são transportados para o útero com 2 ou 3 dias de desenvolvimento. É uma opção para casais com poucos embriões formados, já que o ambiente intrauterino pode ser o mais propício para o desenvolvimento embrionário adequado.

Mulheres com idade avançada e homens com problemas de fertilidade com comprometimento da qualidade dos gametas podem se beneficiar com esse protocolo nessa etapa da FIV.

Transferência em D5

É a transferência de blastocisto, estágio atingido pelo embrião com entre o 5 e 6 dias de divisão celular. É um momento em que ele tem boas chances de implantação no útero, pois é esse o tempo em que, naturalmente, se implanta na gestação espontânea.

O processo é muito utilizado, pois se beneficia das tecnologias das incubadoras, que evitam interferências do ambiente externo no cultivo embrionário, favorecendo, dessa forma, o desenvolvimento.

Quantos embriões são utilizados?

A reprodução assistida deve seguir as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, em sua Resolução nº 2.294/2021, determina o número de embriões que podem ser transferidos de acordo com a idade da mulher:

  • Mulheres com até 37 (trinta e sete) anos: até 2 (dois) embriões; 
  • Mulheres com mais de 37 (trinta e sete) anos: até 3 (três) embriões; 

Apesar da transferência de mais do um embrião, o objetivo do tratamento é a gestação de somente um bebê por conta dos riscos associados de uma gestação múltipla, quando comparada à única. 

Qual a relação entre transferência de embriões e receptividade endometrial?

Para o sucesso da etapa de transferência embrionária, é preciso uma boa receptividade do endométrio, que é a camada do útero em que o embrião será implantado. Dessa maneira, esse tecido deve ter a espessura adequada para fixar o embrião, o que ocorre em apenas alguns dias do ciclo menstrual.

Nesse sentido, é parte da FIV também analisar qual é o melhor período para essa implantação. Para mulheres que já apresentaram falhas na fixação embrionária, pode ser feito o teste ERA, utilizado para avaliar a receptividade endometrial.

Temos que destacar, ainda, a possibilidade da técnica freeze-all, que congela os embriões depois da fecundação para que a transferência ocorra em um ciclo menstrual futuro. Pode ser a alternativa mais viável para pacientes que não estão com o endométrio preparado para a boa fixação embrionária.

A transferência embrionária é a última fase da FIV, sendo que, depois desse procedimento, em poucos dias o casal pode fazer o teste de gravidez para aguardar o tão sonhado positivo.

Quer conhecer mais sobre um dos protocolos da transferência de embriões? Confira como é a transferência de blastocistos!