abril 2021 - Elo Medicina Reprodutiva
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DIP: veja quais são os sintomas

A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma infecção polimicrobiana, ou seja, causada pela ação simultânea de diversas bactérias, que atacam antes o canal vaginal e o colo do útero, ascendendo posteriormente para o interior do sistema reprodutivo e da cavidade pélvica, caso não sejam identificada e tratada adequadamente.

Além dos sintomas típicos de um processo infeccioso nessa região, a DIP também oferece risco de infertilidade feminina, especialmente quando afeta as tubas uterinas, já que mesmo após o tratamento a infertilidade pode ser persistente.

É importante ressaltar que a DIP é composta por um conjunto de processos infecciosos que se disseminam com relativa facilidade a partir do momento em que entra em contato com as estruturas do trato superior reprodutivo, oferecendo também o risco de sepse, que nos casos mais graves pode levar à morte.

A identificação dos primeiros sintomas é importante para que o tratamento seja feito de forma precoce, melhorando as chances de cura e também diminuindo a incidência de sequelas que possam afetar a fertilidade das mulheres.

Vamos mostrar aqui quais são os sintomas da DIP e como identificá-los, com o objetivo de ajudar mulheres que desconfiam desse quadro a buscar atendimento médico.

Quais são as causas da DIP?

A principal forma de contaminação primária para o desenvolvimento da DIP acontece por via sexual, embora hábitos de higiene inadequados possam também contribuir para a disseminação, no interior do sistema reprodutivo, de bactérias naturais do trato intestinal.

Nesse sentido, a bactéria Escherichia coli é uma das espécies intestinais mais recorrente nas infecções polimicrobianas que causam a DIP, que também pode ter início em infecções nas vias urinárias e com a proliferação anormal de espécies típicas da flora vaginal, como a Gardnerella vaginalis.

As duas principais ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) envolvidas no desenvolvimento da DIP são a clamídia e a gonorreia, causadas respectivamente pelas bactérias Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, que manifestam sintomas semelhantes.

É possível prevenir a DIP?

Assim como para todas as ISTs a única forma de prevenir a contaminação é a prática do sexo seguro, com o uso de preservativos de barreira, como as camisinhas feminina e masculina.

A disseminação das ISTs também pode ser controlada pela realização regular de testagens, considerando que muitos casos podem ser assintomáticos, levando homens e mulheres a contagiar outras pessoas sem saber.

Quais são os sintomas da DIP?

As infecções primárias que provocam a DIP podem ou não manifestar sintomas, o que constitui um verdadeiro obstáculo para determinação do diagnóstico de forma precoce. Estudos mostram que a clamídia, uma das principais doenças envolvidas na DIP, pode ser assintomática em até 80% dos casos, por exemplo.

Ainda assim, quando um conjunto de bactérias está produzindo infecções ativas e simultâneas na cavidade pélvica, mesmo os casos em que as doenças primárias eram assintomáticas passam a desenvolver uma sintomatologia bastante típica:

Dor ou incômodo no abdômen inferior

A sensação de dor ou incômodo na região pélvica é decorrente do processo inflamatório desencadeado pelas infecções localizadas nessa área.

Esse tipo de sintoma doloroso costuma ser difuso, ou seja, sem uma localização precisa, e pode irradiar-se para as costas, especialmente quando o processo infeccioso afeta o peritônio.

O peritônio é o tecido de preenchimento da cavidade pélvica, em contato com todos os órgãos e estruturas aí localizados, portanto, quando a infecção atinge esse tecido, são altos os riscos de sepse – infecção generalizada nas cavidades abdominal e pélvica – e a mulher deve buscar atendimento médico imediatamente.

Disúria

A proximidade entre o aparelho urinário e o canal vaginal pode fazer com que as infecções nesses dois locais aconteçam, muitas vezes, de forma simultânea.

Quando a uretra feminina é acometida por infecções bacterianas, os processos inflamatórios locais provocam uma hipersensibilidade nas paredes desse canal e uma sensação de ardor no momento em que a urina entra em contato com esses tecidos vulnerabilizados.

Corrimento vaginal

Como acontece em qualquer infecção bacteriana, o embate entre o sistema imunológico e os microrganismos responsáveis pela infecção resulta em um número expressivo de células humanas e bacterianas mortas, que se acumulam na superfície do tecido parasitado, em forma de secreção.

Essa secreção pode ser expelida pelo canal vaginal como corrimento, de cor esbranquiçada ou amarelo esverdeada, e com odor forte e desagradável.

Dispareunia e sangramento durante relações sexuais

De forma semelhante ao que acontece com a hipersensibilidade das vias urinárias quando há disúria, também o canal vaginal se torna revestido por um tecido mais sensível, devido ao processo inflamatório decorrente da infecção localizada nessa região.

Por isso, o atrito das relações sexuais pode ser incômodo e também provocar abertura de microfissuras nas paredes do canal vaginal e do colo do útero, que provocam um pequeno sangramento como resultado da relação sexual.

Febre e náuseas

Quando a mulher passa a sentir, além dos sintomas já mencionados, também um aumento relevante na temperatura corporal, náuseas e vômitos, o conjunto de sintomas podem indicar a contaminação de outros órgãos da cavidade pélvica, o que pode ser bastante grave.

Para todas as infecções, não somente aquelas que afetam a cavidade pélvica, a febre sempre é um sinal de que o corpo não está dando conta de lidar com o processo infeccioso sozinho, e existe a necessidade imediata de dar início a uma terapia medicamentosa, com antibióticos específicos para a bactéria que está causando a infecção.

Menstruação irregular e infertilidade

Especialmente quando a infecção afeta o útero, provocando um quadro de endometrite, o fluxo menstrual pode se mostrar também alterado, e a mulher pode apresentar o sangramento menstrual mais intenso e prolongado, acompanhado de cólicas relativamente mais fortes.

A infertilidade acontece principalmente quando o quadro polimicrobiano parasita a região das tubas uterinas. Quando a infecção está ativa, a mulher pode manifestar hidrossalpinge e o inchaço típico dessa doença pode bloquear a passagem no interior das tubas, impedindo que a fecundação aconteça.

Contudo, muitas vezes mesmo após o tratamento para a infecção tubária, a ação bacteriana deixa cicatrizes que podem ser salientes e obstruir as tubas, prejudicando de forma permanente os processos da fecundação.

Como tratar a DIP?

O tratamento para DIP deve ser direcionado de acordo com a intensidade dos sintomas: nos casos mais graves, quando se observa a presença de sintomas simultâneos de dor e febre, pode haver a necessidade de internação.

De qualquer forma, em todas as abordagens, hospitalar ou ambulatorial, a terapêutica deve ser feita a partir da combinação de antibióticos, que juntos possam incluir o maior número de bactérias possível, já que a DIP é polimicrobiana.

Para os casos em que a infertilidade é persistente mesmo após o tratamento com antibióticos, a abordagem mais indicada é a reprodução assistida e, entre as técnicas, a FIV (fertilização in vitro) é aquela com maior potencial e abrangência, incluindo também os casos de infertilidade por fator tubário obstrutivo, que é a principal forma de infertilidade decorrente da DIP.

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SOP: veja como é feito o diagnóstico

Quando se pensa em infertilidade feminina, é comum imaginar que todos os sintomas eventualmente associados a ela devam sempre estar relacionados, de forma direta, ao sistema reprodutivo das mulheres. Contudo, essa não é uma afirmação completamente verdadeira.

A função reprodutiva e o funcionamento de todos os órgãos e estruturas envolvidos nela, são orquestrados pelo sistema endócrino, mais especificamente por um conjunto de hormônios que, apesar de serem denominados hormônios sexuais, não atuam somente no sistema reprodutivo.

A testosterona é um bom exemplo de hormônio central para o ciclo reprodutivo – inclusive, mais conhecido por ser um hormônio masculino –, mas que exerce funções em outros locais do corpo, especialmente em tecidos periféricos, como a pele, tecido adiposo e tecido muscular esquelético.

Por isso, algumas alterações hormonais, como aquelas que estão por trás do diagnóstico da SOP (síndrome dos ovários policísticos), podem provocar sintomas aparentemente desconexos da função reprodutiva, mas com potencial para afetar também a fertilidade das mulheres.

Na SOP, a infertilidade é um dos sintomas principais, mas também o hiperandrogenismo, que provoca na mulher alterações físicas decorrentes do aumento da testosterona, como aparecimento de pelos faciais e corporais atípicos, alterações no peso, acne e seborreia, entre outros.

Para que o diagnóstico da SOP seja mais exato, é necessário observar com atenção cada um dos principais sintomas manifestados pela doença, já que muitos deles são compartilhados por outras, o que pode causar certa confusão ou demora para estabelecer o diagnóstico final, levando a comunidade médico-científica a estabelecer critérios mais bem definidos para diagnosticá-la.

Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e entenda melhor quais são os critérios utilizados para o diagnóstico da SOP, e como essa doença pode afetar o potencial reprodutivo das mulheres.

O que é a síndrome dos ovários policísticos?

A SOP (síndrome dos ovários policísticos) é considerada uma doença metabólica, em que alterações na secreção do GnRH (hormônio liberador gonadotrofinas) e das próprias gonadotrofinas hipofisárias provocam um aumento na concentração de testosterona e a diminuição na de estrogênio, simultaneamente.

Como é feito o diagnóstico da SOP?

Para entender melhor quais são os critérios diagnósticos que identificam a SOP, é preciso compreender como as alterações na concentração de testosterona e estrogênio interferem no sistema reprodutivo e no corpo da mulher como um todo.

No que diz respeito a atuação desses hormônios no sistema reprodutivo destacamos dois fatos principais: a testosterona é produzida pelas células foliculares sob estímulo da gonadotrofina LH (hormônio luteinizante), e esse androgênio deve ser rapidamente convertido em estrogênio pela ação do FSH (hormônio folículo-estimulante), também pelas células foliculares.

Os estrogênios atuam no espessamento do endométrio durante o processo de preparação endometrial, e também no amadurecimento folicular e na ovulação, que é justamente disparada pelo pico hormonal de estrogênio e gonadotrofinas.

Na SOP, a secreção de gonadotrofinas está alterada: o LH é produzido em excesso, enquanto o FSH se mostra insuficiente, levando ao mencionado desequilíbrio sobre a testosterona e o estrogênio.

Assim, a dinâmica hormonal típica da SOP faz com que o pico hormonal pré-ovulatório não aconteça e, consequentemente, também não ocorro o rompimento folicular para liberação do óvulo. Por isso, as células foliculares permanecem nos ovários, como os cistos ovarianos específicos da SOP, e a mulher passa a apresentar infertilidade por anovulação.

A diminuição da concentração estrogênica também leva à ausência de menstruação, e a amenorreia é um dos principais sintomas da SOP.

Paralelamente, o aumento na concentração de testosterona provoca mudanças em outros tecidos-alvo desse hormônio, especificamente relacionados à atividade das glândulas sebáceas e do complexo pele-folículo piloso, provocando acne, seborreia, o aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos e alterações no peso, num quadro geral denominado hiperandrogenismo.

No entanto, esses sintomas podem ser também compartilhados por outras doenças, se observados de forma isolada, fazendo do diagnóstico da SOP um processo que envolve tanto a observação dos sintomas, quanto a exclusão de outras doenças.

Por isso, os critérios finais para chegar a um diagnóstico preciso da SOP devem identificar a presença de, pelo menos, dois dos três principais sintomas dessa doença:

  • Infertilidade por anovulação (e expressa por um quadro de amenorreia);
  • Hiperandrogenismo (com confirmação laboratorial);
  • Cistos ovarianos (com confirmação ultrassonográfica).

Quais exames permitem o diagnóstico da SOP?

Os exames utilizados para o diagnóstico da SOP incluem principalmente os de imagem e dosagens hormonais.

As ultrassonografias pélvicas transvaginal e suprapúbica são os exames de imagem mais solicitados na investigação para o diagnóstico da SOP, porém, em alguns casos, exames mais exatos e que fornecem imagens com maior resolução podem ser necessários, como a ressonância magnética.

As dosagens hormonais são feitas pela análise de uma amostra de sangue, e medem principalmente a concentração de testosterona, estrogênio e FSH, para confirmar o quadro de desequilíbrio provocado pela SOP.

A infertilidade por anovulação, contudo, deve ser averiguada a partir dos relatos apresentados pela mulher sobre suas tentativas de engravidar que não deram certo, ainda que a presença de cistos ovarianos possa atestar o quadro anovulatório.

Como é feito o tratamento?

A escolha do tratamento mais adequado para a SOP depende principalmente do desejo da mulher de engravidar e da gravidade dos quadros hiperandrogênico e anovulatório.

Quando ela não apresenta vontade de ser mãe em curto prazo, a terapêutica que utiliza contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona costuma ser bem sucedida para o controle dos sintomas, especialmente para regular a menstruação e atenuar os sinais de hiperandrogenismo.

Entretanto, se o quadro de SOP for grave, ou a busca por atendimento médico foi feita justamente porque existe o desejo de engravidar, esse tipo de tratamento medicamentoso é contraindicado.

Para esses casos a reprodução assistida apresenta as melhores possibilidades de abordagem terapêutica para a SOP, com destaque para a FIV (fertilização in vitro), considerada a técnica mais complexa e mais avançada, tanto para o tratamento desta síndrome, como para praticamente qualquer forma de infertilidade feminina ou masculina.

Toque o link e tenha acesso a mais informações sobre a SOP.

Endometriose: conheça melhor a doença

Durante a fase fértil diferentes doenças podem afetar a capacidade reprodutiva da mulher, resultando em subfertilidade ou infertilidade. Miomas uterinos e endometriose são exemplos bastante comuns.

Elas são conhecidas por serem dependentes de hormônios, nesse caso, são estrogênio-dependentes, ou seja, se desenvolvem a partir do aumento dos níveis de estrogênio na corrente sanguínea.

Estrogênio é um dos principais hormônios femininos e, entre as suas funções, está a de promover o espessamento do endométrio a cada ciclo menstrual. O endométrio, tecido que reveste internamente o útero, é responsável por abrigar e nutrir o embrião até a formação da placenta.

Quando não há fecundação, os níveis do hormônio decrescem provocando a descamação do endométrio e, consequentemente, a menstruação.

No entanto, por ser uma patologia dependente do hormônio, a endometriose, assim como os miomas, tende a retroceder na menopausa, período em que os níveis são mais baixos.

Continue a leitura e conheça mais sobre a endometriose, considerada a doença da mulher do século XXI.

O que é endometriose?

A endometriose é caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os locais mais comuns são os ovários, as tubas uterinas, os ligamentos uterossacros, a bexiga e o intestino.

Considerada um dos principais fatores de infertilidade feminina, a endometriose pode afetar aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, além de estar presente em 50% dos casos de pacientes inférteis com dor pélvica crônica, principal sintoma manifestado pela doença.

Até o momento não há conhecimento sobre o que motiva esse crescimento anormal. A teoria mais aceita é a da menstruação retrógada, que sugere o retorno pelas tubas uterinas de fragmentos de células do endométrio normalmente eliminados pela menstruação. Eles, então, se implantam em outras regiões e o desenvolvimento do tecido ectópico é estimulado pela ação do estrogênio.

Implantes presentes nos ovários, tubas uterinas, colo uterino e ligamentos que sustentam o útero podem afetar a fertilidade. Nos estágios iniciais o tecido ectópico produz citocinas pró-inflamatórias que afetam a foliculogênese, termo que denomina o processo pelo qual os folículos desenvolvem e amadurecem.

Ou seja, pode causar problemas de ovulação e causar alterações no ciclo endometrial, resultando, nesse caso, em falhas na implantação do embrião no endométrio e, consequentemente, em abortamento.

Já nos estágios mais avançados o risco para fertilidade é ainda maior. A evolução do processo inflamatório resulta na formação de aderências, que podem inibir a liberação do óvulo pelos ovários, a captação dele pelas tubas uterinas, ou causar distorções na anatomia pélvica, dificultando o desenvolvimento da gravidez.

Em estágios moderados e graves normalmente há ainda a presença de endometriomas, um tipo de cisto ovariano preenchido por líquido marrom. Eles podem afetar a qualidade dos óvulos e interferem no processo de ovulação.

A endometriose é classificada de acordo com o comprometimento dos órgãos, o local de implantação, a quantidade das lesões, a profundidade dos implantes e o número de endometriomas.

Quais são os sintomas de endometriose?

Os sintomas manifestados pela endometriose também consideram os mesmos critérios adotados para classificação.

Uma doença de crescimento lento, a endometriose geralmente não manifesta sintomas nos estágios iniciais. Eles são mais comuns aos mais avançados e, embora sejam um importante indicador, a assintomatologia dificulta o diagnóstico precoce. Assim, frequentemente é descoberta quando já afetou a capacidade reprodutiva.

Como o endométrio o tecido ectópico também reage ao estrogênio, por isso pode sangrar durante a menstruação, aumentando a intensidade do fluxo menstrual e, consequentemente, dos sintomas que muitas mulheres experimentam no período. A dor na região pélvica, por exemplo, inicia antes da menstruação e se torna mais severa durante.

Além disso, tende a ocorrer dor durante a relação sexual (dispareunia), quando o tecido implanta na vagina ou nos ligamentos uterossacros, dor abdominal se houver rompimento dos endometriomas durante o ciclo menstrual – pode ser repentina ou intermitente, é pulsante e piora durante o dia.

Quando o tecido implanta na bexiga, por outro lado, há dificuldade de micção acompanhada de dor, micção frequente ou presença de sangue na urina. Já no intestino provoca constipação e sangramento retal durante o período menstrual.

Apesar da severidade dos sintomas e dos riscos provocados à fertilidade, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos, indicado de acordo com o desejo da mulher em engravidar.

O tratamento possibilita o alívio dos sintomas e aumenta as chances de gravidez, de forma natural ou por técnicas de reprodução assistida, mas a endometriose é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, embora possa ser controlada com a queda dos níveis de estrogênio a partir da menopausa.

Diagnóstico e tratamento da endometriose

O método preferido para o diagnóstico de endometriose é a visualização direta de lesões endometriais ectópicas via laparoscopia, acompanhada de confirmação histológica. No entanto, outros exames de imagem também possibilitam atualmente a detecção da doença, determinando a localização, quantidade, profundidade das lesões e comprometimento dos órgãos, entre eles a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética (RM).

Os resultados orientam o tratamento mais indicado para cada paciente, que considera o desejo da mulher em engravidar no momento.

Quando há a manifestação sintomas como aumento do fluxo menstrual e manifestação de algum tipo de dor, mas não há o desejo de engravidar, os sintomas são tratados com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e com medicamentos hormonais para suspender a menstruação.

Se houver o desejo de engravidar independentemente da dor, o tratamento deve ser cirúrgico para a remoção de implantes, aderências ou endometriomas e correção da anatomia uterina, quando for o caso.

A técnica mais utilizada é a laparoscopia cirúrgica. Após a remoção, a gravidez espontânea é possível em boa parte dos casos, porém, se não houver sucesso, pode ser obtida por técnicas de reprodução assistida.

Endometriose e técnicas de reprodução assistida

Todas as técnicas de reprodução assistida aumentam as chances de gravidez de mulheres com endometriose. Veja abaixo quando elas são indicadas:

Técnicas de baixa complexidade: as técnicas de baixa complexidade são a relação sexual programada (RSP) e a inseminação intrauterina (IIU). São assim definidas pois a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas, processo chamado in vivo. Dessa forma, é mais adequada quando a endometriose ainda está nos estágios iniciais, quando ainda não causou a formação de aderências que podem resultar em obstruções tubárias.

Fertilização in vitro (FIV): a FIV é de maior complexidade, uma vez que prevê a fecundação de forma artificial, em laboratório, in vitro. Portanto, é indicada se a endometriose já estiver em estágios mais avançados, quando há a formação de aderências, se for mais profunda ou se houver a presença de endometriomas.

Nas técnicas de baixa complexidade, as taxas de sucesso acompanham às da gestação espontânea: entre 20% e 25% a cada ciclo, enquanto na FIV são, em média, de 40% por ciclo de tratamento.

A endometriose é caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Pode causar infertilidade e a manifestações de sintomas que interferem na qualidade de vida das mulheres portadoras. Toque aqui para saber mais.

SOP: o que é e qual sua relação com a infertilidade feminina

SOP é a sigla para uma das principais causas de infertilidade feminina, a Síndrome dos Ovários Policísticos. Apenas observando o seu nome, podemos entender um pouco sobre ela. Síndromes, na medicina, são um conjunto de sinais e sintomas que podem ter causas diversas e, em geral, desconhecidas. Em contrapartida, as doenças possuem causas e sintomas definidos.

A SOP provoca um desequilíbrio hormonal que interfere na saúde reprodutiva de milhares de mulheres. O aumento de hormônios androgênios afeta a ovulação, processo em que um folículo ovariano amadurece e libera o óvulo para a fecundação, resultando em uma dificuldade para engravidar.

Ao longo desta leitura vamos mostrar o que é a SOP e como ela se relaciona com a infertilidade feminina. Confira!

O que é SOP?

A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição feminina diretamente relacionada com o sistema endócrino. Ela provoca um aumento do nível de hormônios androgênios, causando problemas na ovulação e formando cistos nos ovários.

Apesar das suas causas ainda não serem reconhecidas, há teorias que relacionam a resistência à insulina a um desequilíbrio nos hormônios androgênios.

Entre eles, a testosterona é o mais conhecido. Apesar de ser muito associado aos homens, as mulheres também o produzem. Em excesso, ele provoca um distúrbio endócrino chamado hiperandrogenismo. Ele causa sintomas que podem afetar a qualidade de vida e a autoestima da mulher, podendo causar problemas de ansiedade e depressão.

Quais são os seus sintomas e como ela é diagnosticada?

Os sintomas da SOP são diversos. Em alguns casos, os sintomas relacionados ao hiperandrogenismo podem ficar mais aparentes com o tempo, enquanto para outras pacientes, a dificuldade para engravidar é o principal fator que as levou ao consultório médico.

Entre os principais sintomas causados pela SOP estão:

  • Hirsutismo (aumento de pelos na face e em locais tipicamente masculinos);
  • Acne;
  • Pele oleosa;
  • Queda de cabelo;
  • Menstruação irregular (ciclos muito longos ou ausência da menstruação);
  • Ganho de peso;

O diagnóstico mais utilizado para a SOP é baseado no critério de Rotterdam. A paciente deve, pelo menos, dois entre os três critérios a seguir:

  • Oligomenorreia (intervalos de 90 dias ou mais entre uma menstruação e a outra);
  • Hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial;
  • Presença de cistos nos ovários.

Como a SOP se relaciona com a infertilidade?

A SOP é a principal causa de infertilidade por anovulação, ou seja, por provocar a ausência da ovulação. Com isso, muitas mulheres passam meses sem menstruar devido à irregularidade na duração do ciclo menstrual. Ao tentar ter filhos, a paciente encontra dificuldade porque sem a ovulação não é possível engravidar naturalmente.

O desequilíbrio hormonal provocado pelo excesso de hormônios androgênios também interfere na qualidade do óvulo e no aumento do risco de diabetes gestacional.

A síndrome é progressiva e, com o passar do tempo, os cistos ovarianos que se formam alteram a anatomia do órgão, tornando-o até três vezes maior do que um ovário normal. No interior desses cistos estão os óvulos que não foram liberados na ovulação.

A SOP também está relacionada com o sobrepeso e a obesidade. A perda de peso e a adoção de hábitos mais saudáveis contribui para a regularidade menstrual. Em alguns casos, apenas essa mudança no estilo de vida é suficiente para regular a ovulação.

Pacientes com SOP podem engravidar naturalmente, porém pode ser mais difícil. Nesses casos e, principalmente, quando há outros fatores envolvidos que podem dificultar a gravidez, a reprodução assistida é recomendada.

Como a reprodução assistida pode ajudar mulheres que desejam engravidar?

Até o momento, a SOP não tem cura, mas é possível conviver com a síndrome e aliviar os seus sintomas. Existem diferentes condutas para o seu tratamento, de acordo com o desejo da paciente em engravidar naquele momento ou não.

Em caso de infertilidade, a paciente pode recorrer às técnicas de reprodução assistida. Todas elas têm em comum a etapa de estimulação ovariana, essencial para pacientes que apresentam distúrbios ovulatórios. Na estimulação ovariana, a mulher recebe uma medicação hormonal para desenvolver os seus folículos ovarianos e induzir a ovulação.

A relação sexual programada e a inseminação artificial são indicadas para pacientes com até 35 anos e em boa saúde reprodutiva. Elas são técnicas simples, de baixa complexidade. Caso a paciente tenha mais idade ou existir algum outro fator de infertilidade no casal, a fertilização in vitro é a técnica com melhores resultados.

A SOP é caracterizada por cistos nos ovários, hiperandrogenismo e anovulação crônica. A ausência da ovulação e o aumento no volume dos ovários devido aos cistos afetam a fertilidade feminina, pois sem a ovulação não é possível engravidar naturalmente. Nessas situações, as técnicas de reprodução assistida podem ajudar o casal a ter filhos.

Como vimos, a SOP apresenta uma variedade de sintomas, que podem afetar a qualidade de vida e a autoestima da mulher. Para saber mais sobre ela, reunimos as principais informações sobre a síndrome dos ovários policísticos no nosso site. Confira!

Ovodoação: muitas possibilidades

A ovodoação, ou doação de óvulos, é uma técnica complementar à fertilização in vitro e auxilia diferentes perfis de pacientes que buscam uma gestação.

Hoje a ovodoação é uma alternativa não só para mulheres inférteis, mas também para casais homoafetivos masculinos e homens que optam pela produção independente.

A técnica também pode ser uma opção interessante para mulheres que estão realizando a FIV e possuem óvulos saudáveis que possam ser doados.

Existem regras bastante específicas que regulamentam o procedimento, tanto para as doadoras quanto para os receptores. Para entender como funciona a ovodoação, quem pode receber, como ela é feita e outras informações, continue lendo:

O que é ovodoação?

A ovodoação caracteriza-se pela doação e recepção de óvulos no contexto da reprodução assistida, mais especificamente da FIV. É uma técnica indicada para pacientes que não conseguem engravidar por problemas relacionados à ovulação ou por não possuírem óvulos.

Existem duas possibilidades de realização da técnica: a ovodoação compartilhada e a ovodoação voluntária. Na compartilhada, os receptores custeiam parte do tratamento da doadora, enquanto na voluntária isso não acontece.

Para realizar a técnica, é necessário seguir as normas contidas na resolução 2168 do CFM — Conselho Federal de Medicina. Entre elas, estão:

  • O procedimento deve acontecer de forma totalmente anônima. Receptores e doadores não devem conhecer a identidade uns dos outros;
  • O procedimento não pode ter caráter lucrativo ou comercial;
  • A doadora deve ter no máximo 35 anos.

Todo o procedimento é intermediado pela clínica de reprodução assistida e as duas partes envolvidas não têm contato em nenhum momento.

Os receptores podem escolher as características físicas de sua preferência, para que o bebê formado a partir dos óvulos doados tenha uma genética semelhante à família.

Indicações da ovodoação

As indicações para a ovodoação são diferentes para doadoras e para receptores.

Em relação à doação, qualquer mulher que tenha até 35 anos e óvulos saudáveis está apta a se tornar uma doadora, porém, para a ovodoação compartilhada é necessário que a paciente esteja também em processo de fertilização in vitro.

Já para receber os óvulos doados, as indicações são:

Mulheres que não podem utilizar os próprios óvulos

Mulheres que apresentam infertilidade causada por fatores relacionados à ovulação podem optar pela ovodoação. Estes problemas podem estar relacionados à baixa reserva ovariana ou anovulação, como em mulheres com:

  • Idade avançada;
  • Distúrbios hormonais;
  • Menopausa precoce;
  • Doenças ovarianas, como SOP, endometriomas e outras;
  • Ausência dos ovários;
  • Histórico de tratamento oncológico, etc.

Casais homoafetivos masculinos

Os casais homoafetivos masculinos que estão em processo de reprodução assistida precisam, necessariamente, da ovodoação. A única técnica indicada para estes casais é a fertilização in vitro (FIV) e, além da doação de óvulos, eles precisam de um útero de substituição — também conhecido como “barriga de aluguel“.

Os óvulos doados são fecundados com os espermatozoides de um dos parceiros e os embriões formados são transferidos para o útero da mulher que vai passar pela gestação.

Não é permitido utilizar os óvulos da “barriga de aluguel”. Além disso, de acordo com as normas da CFM, os casais homoafetivos só podem se submeter à ovodoação voluntária.

Homens solteiros

Assim como os casais homoafetivos masculinos, os homens solteiros em produção independente podem receber óvulos doados para se submeter exclusivamente à fertilização in vitro com útero de substituição.

Como a ovodoação é feita?

Existem dois processos diferentes relacionados à ovodoação: o de doação e o de recepção.

Na doação compartilhada, a mulher já em processo de fertilização in vitro passa pela etapa de coleta de óvulos para utilizar em seu próprio tratamento. Ao optar pela doação, metade dos gametas saudáveis coletados é selecionada e utilizada para a fecundação dos pacientes receptores.

Já na doação voluntária, geralmente os óvulos já foram coletados para uma FIV ou preservação social da fertilidade e estão criopreservados. De a mulher não for utilizá-los, pode optar pela doação ao invés de mantê-los congelados ou de descartá-los.

Para receber os óvulos, os pacientes precisam se encaixar em um dos perfis aptos à ovodoação e a mulher que vai passar pela FIV e receber o embrião deve realizar alguns exames e, se necessário, fazer um tratamento hormonal para o preparo endometrial adequado.

Ovodoação e FIV

É importante deixar claro que a ovodoação só pode acontecer no contexto da fertilização in vitro. Esta é a única técnica de reprodução assistida na qual há a manipulação de gametas para a fecundação em laboratório.

Na relação sexual programada (RSP) e na inseminação intrauterina (IIU) a fecundação ocorre dentro do corpo da mulher com seus próprios gametas, e não é possível introduzir os óvulos de uma mulher dentro do corpo da outra para que a fecundação aconteça.

A única possibilidade é a realização da fecundação em laboratório e posterior transferência do embrião formado para o útero.

Para mais detalhes sobre as indicações e normas éticas do procedimento, continue aqui no site lendo sobre a doação de óvulos.