março 2022 - Elo Medicina Reprodutiva
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O que é clivagem?

A fecundação é uma das primeiras etapas da reprodução, ocasião em que o óvulo e o espermatozoide se encontram e se unem nas tubas uterinas. Esse processo origina uma célula conhecida como zigoto, que contém informações genéticas do casal.

O zigoto passa por diversas divisões celulares até que se transforme em um embrião. Esse período de desenvolvimento é denominado clivagem.

O processo, naturalmente também integra as técnicas de reprodução assistida, indicadas para pessoas que sofrem com problemas de infertilidade

Este texto aborda mais sobre o assunto. Acompanhe a leitura até o final e entenda o que é a clivagem e como acontece na reprodução assistida.

O que é clivagem?

A primeira fase do desenvolvimento embrionário é a clivagem. Inicia com a formação do zigoto, que se divide em duas células nucleadas que podem originar todos as células humanas.

O processo acontece via meiose, o que significa que o citoplasma é dividido sem que a célula original aumente o seu volume. A divisão acontece até que uma esfera seja formada, dando origem a outra fase, conhecida como mórula, estágio em que algumas células formam um pré-embrião, cerca de três a quatro dias após o encontro entre o óvulo e o espermatozoide.

Na etapa seguinte, conhecida como blastocisto, o embrião já se encontra na cavidade uterina, as células se separam e formam uma camada externa, que constituirá parte da placenta, e uma camada interna, que dará origem ao embrião.

Nesse momento, a clivagem chega ao fim e o novo embrião pode se fixar no endométrio (parede interna do útero), quando a gestação tem início.

Como a clivagem acontece na reprodução assistida?

A clivagem cumpre papel essencial para o desenvolvimento embrionário e, portanto, integra também as técnicas de reprodução assistida. Na FIV (fertilização in vitro), no entanto, ganha mais notoriedade devido à possibilidade de acompanhamento.

Isso acontece porque, na FIV, a fecundação e o desenvolvimento de embriões acontecem em laboratório, fora do corpo feminino. Assim, pode-se observar todas essas fases e escolher o dia ideal para a transferência do embrião para o útero materno, onde a gestação segue seu curso natural.

Antes disso acontecer, no entanto, a paciente da FIV passa por diversas etapas. Após exames e escolha do tratamento ideal, a mulher é submetida à estimulação ovariana, acompanhamento por ultrassonografia, coleta de gametas e a fecundação em laboratório.

Após a fertilização, geralmente feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica que introduz o espermatozoide, de boa qualidade, diretamente no óvulo, em ambiente controlado que favorece a fecundação de mais óvulo e a formação de mais embriões.

Os embriões são posteriormente cultivados por alguns dias, procedimento também controlado diariamente por um embriologista. 

Após um período de 3 a 6 dias, a equipe médica realiza a transferência do embrião para o útero materno. Há casos, no entanto, em que é melhor esperar o ciclo menstrual seguinte, pela possível influência dos medicamentos utilizados na estimulação ovariana na receptividade do endométrio. 

Nesse casos, os embriões em blastocisto, entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, são criopreservados.

Quando ocorre a transferência de embriões na FIV?

A transferência embrionária pode acontecer em mais ou menos tempo, decisão que varia conforme alguns fatores. Na gestação natural, a implantação do embrião (nidação) acontece em cerca de 5 dias após a fecundação.

Isso significa que a transferência em D5 ou blastocisto seria o estágio mais natural, pois as células estão desenvolvidas e divididas por função. Estudos indicam que a taxa de implantação e de gestação bem-sucedida são maiores nesses casos.

Assim, essa tende a ser a principal escolha, especialmente nos casos em que o ciclo de FIV gerou uma quantidade considerável de embriões, se for preciso rastrear alterações genéticas ou cromossômicas no embrião ou reequilibrar os níveis hormonais da mulher.

Esses procedimentos são, em alguns casos, necessários para evitar abortos espontâneos e bebê com doenças genéticas.

No entanto, há casos em que optar pela transferência em uma etapa de desenvolvimento anterior, em D3, quando acontece a clivagem, pode ser mais interessante.

Essa pode ser uma opção mais viável quando o ciclo da FIV gerou poucos embriões ou embriões de baixa qualidade, que podem se desenvolver melhor em ambiente uterino.

Porém, a tecnologia reprodutiva atual permite o cultivo embrionário por mais tempo com segurança, em ambiente semelhante ao uterino, o que tornou a transferência embrionária em D5 a principal opção na maioria dos casos. 

A clivagem é o processo de divisões celulares que compreende o período da formação do zigoto, após a fecundação até o blastocisto, quando o embrião formado já possui as células formadas e divididas por função e está pronto para se fixar ao endométrio materno. 

As mesmas etapas fazem parte da FIV, quando muitas vezes é necessário transferir o embrião durante o processo de clivagem, entre o segundo e terceiro dia de desenvolvimento embrionário, fase conhecida como D3. 

Encontre mais informações sobre a FIV (fertilização in vitro) suas indicações, técnicas complementares e etapas.

Como identificar a infertilidade?

Ao sentir dificuldades para ter filhos naturalmente, muitas pessoas acreditam ter um problema de infertilidade. Embora essa seja uma possibilidade, a condição só é considerada após um ano de relações sexuais frequentes sem o uso de anticoncepcionais.

As possíveis causas do problema são variadas. Doenças, desequilíbrios hormonais, uso de substâncias químicas e até alguns hábitos, como o alcoolismo, o tabagismo e o sedentarismo, podem levar homens e mulheres a desenvolver um quadro de infertilidade.

Nos homens, o problema pode ser causado, por exemplo, por obstrução nos dutos que transportam os espermatozoides, anormalidades na anatomia do órgão genital ou traumas e como consequência de cirurgias escrotais.

A infertilidade feminina, entretanto, pode surgir devido a diferentes condições relacionadas ao funcionamento do sistema reprodutor, como distúrbios ovulatórios, obstruções uterinas, anormalidades da anatomia do útero e até mesmo o avanço natural da idade.

O diagnóstico da infertilidade pode ser um desafio em alguns casos, especialmente quando não há sintomas. No entanto, é importante conhecer os possíveis sinais e condições de saúde relacionadas para, diante de qualquer indicativo, procurar um médico, investigar o problema e solucioná-lo.

Este artigo tem o objetivo de ajudar nesse sentido. Acompanhe a leitura e descubra quais são os principais sintomas de infertilidade masculina e feminina, as condições de saúde associadas e de que maneira o problema pode ser diagnosticado.

Sintomas de infertilidade masculina

O homem pode desenvolver a infertilidade devido a diversas condições e, em muitos casos, é assintomático.

A azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen), por exemplo, é um dos problemas mais graves de infertilidade masculina, mas não manifesta sintomas.

Outras doenças, no entanto, podem apresentar desconfortos e indicativos físicos. Alterações no tamanho dos testículos, dor, inchaço, vermelhidão e a presença de nódulos na região genital, por exemplo, podem indicar varicocele, doença que consiste no surgimento de varizes na bolsa testicular e que prejudica o processo de produção de espermatozoides.

Alguns desses sintomas também podem estar relacionados a processos infecciosos e a ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como a uretrite, a orquite, a epididimite e a prostatite.

Nesses casos, o homem sente principalmente dor e queimação ao urinar ou ao ejacular, irritação ou inchaço no órgão genital, coceira e sensibilidade. A infecção também pode gerar a presença de sangue na urina, de secreção peniana e linfonodos na região.

Os sintomas de infertilidade masculina podem ser, no entanto, mais simples. Quando o homem tem distúrbios hormonais, como alterações nos níveis de testosterona, pode apresentar sinais comumente associados ao problema, como irritabilidade, desmotivação, ginecomastia (aumento das glândulas mamárias), diminuição na libido e problemas de ereção ou ejaculação.

Sintomas de infertilidade feminina

As mulheres podem desenvolver a infertilidade devido a diversas condições de saúde, inclusive processos inflamatórios e ISTs.

Assim como os homens, também podem apresentar desconfortos ao urinar e, ainda, ao evacuar. No entanto, os sinais costumam ser mais leves ou inexistentes.

Febre, calafrios, coceira, corrimento vaginal, sangramentos não-relacionados ao período menstrual e dores, que podem se manifestar na região abdominal ou nas relações sexuais, são também sintomas de ISTs e de outras condições, como pólipos endometriais, adenomiose e DIP (doença inflamatória pélvica).

Aliás, a dor, que inclui cólicas, é um sintoma comum a muitas doenças que exercem influência no potencial reprodutivo de mulheres. É um sinal, por exemplo, de trombofilia, de endometriose e de anomalias müllerianas.

Em alguns casos, o problema pode ser acompanhado de períodos menstruais e fluxos irregulares, incluindo amenorreia (ausência de menstruação).

Esses podem ser sintomas de, por exemplo, problemas na tireoide, miomas e da SOP (síndrome do ovário policístico).

Essa última, aliás, está associada a sintomas muito específicos. A mulher pode desenvolver traços mais comuns aos homens, como pelos no rosto, nos seios e no abdômen, acne e ganho repentino de peso.

Algumas condições também são assintomáticas nas mulheres, que só percebem o problema devido à dificuldade para engravidar. As anomalias müllerianas, por exemplo, podem não emitir quaisquer sinais de sua existência.

A própria idade da mulher é um fator muito importante. Após os 35 anos, seu potencial reprodutivo reduz devido à diminuição natural da reserva ovariana e da qualidade dos seus óvulos.

Exames que podem diagnosticar a infertilidade

Mesmo que se passe um ano após tentativas frequentes sem o uso de anticoncepcionais, é preciso confirmar o diagnóstico e descobrir a causa da infertilidade.

Além da avaliação do histórico de saúde e familiar e da análise física, podem ser requisitados exames de imagem, como a ultrassonografia, a ressonância magnética e a histerossalpingografia.

Na investigação da infertilidade provocada por algum fator em específico, como a baixa qualidade de gametas, distúrbios hormonais ou problemas genéticos, os especialistas podem, ainda, solicitar outros exames, como o espermograma, a avaliação da reserva ovariana e o teste de função espermática.

A infertilidade pode ser causada por diversas condições de saúde, muitas vezes assintomáticas. No entanto, desconfortos urinários, dores, coceira, irritação, febre, secreções, sangramentos, mudanças no humor e no desejo sexual, irregularidades menstruais e o desenvolvimento de características físicas atípicas indicam a condição. Se houver suspeita é preciso procurar um médico para realizar exames, descobrir a causa e confirmar a infertilidade.

Se você quiser saber mais sobre como pode identificar o problema, leia o texto Como descobrir se sou infértil?

Endometrioma e reserva ovariana: qual a relação?

Toda mulher nasce com uma determinada quantidade de folículos em seus ovários. Essas estruturas são as responsáveis pelo desenvolvimento e liberação dos óvulos, gametas femininos que são fecundados pelos espermatozoides.

Com o passar do tempo e dos ciclos menstruais, o número vai diminuindo e cai consideravelmente quando a mulher atinge idades mais avançadas, próximo à menopausa.

A reserva ovariana representa a quantidade de folículos encontrados nos ovários e é um dos principais indicativos de fertilidade feminina. Quando esse número se esgota, a mulher deixa de ser fértil e entra na menopausa.

Outro fator que contribui para a infertilidade feminina é a qualidade dos óvulos, que diminui ao longo de sua vida reprodutiva. Além de as chances de gravidez serem menores, aumenta os riscos de transmissão de distúrbios genéticos.

Algumas doenças e alterações podem interferir na reserva ovariana da mulher e gerar dificuldades para engravidar. Uma delas são os endometriomas, pequenos cistos nos ovários que podem causar problemas à saúde reprodutiva da mulher.

A seguir, saiba mais sobre os endometriomas e entenda a sua relação com a infertilidade feminina.

O que são endometriomas?

Os endometriomas são um tipo de cisto no ovários, preenchidos por sangue envelhecido, encontrados com mais frequência em mulheres em idade reprodutiva. Eles podem causar intensas dores pélvicas e cólicas menstruais, além de interferir na fertilidade.

Em alguns casos, os cistos funcionais podem desaparecer após a menstruação, mas mulheres com endometriose podem continuar com o problema, causando uma irritação nos tecidos e provocando sintomas.

São considerados um tipo de endometriose e constituídos de glândulas endometriais e estroma, que se formam fora do útero. Os cistos formados são compostos por um líquido espesso, com cor semelhante ao chocolate, como consequência de sangramento e acúmulo do sangue envelhecido.

O aparecimento e a intensidade dos sintomas causados pelos endometriomas variam de mulher para mulher, sendo alguns deles:

  • Cólicas abdominais intensas;
  • Dor na região pélvica;
  • Sangramento anormal;
  • Dor intensa durante a menstruação;
  • Desconforto ao urinar ou defecar;
  • Corrimento vaginal com cor escura;
  • Dor durante as relações sexuais.

O diagnóstico da doença é feito inicialmente por exames físicos em que os médicos procuram nódulos e alterações. Além disso, são realizados exames mais completos como: a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.

Assim, é possível avaliar as estruturas e os órgãos do sistema reprodutor, visualizando as alterações nos órgãos atingidos pela doença. Com isso, é feito o diagnóstico dos endometriomas e o tratamento adequado pode ser preparado e direcionado de acordo com cada situação.

Por que os endometriomas podem causar infertilidade?

Os ovários atingidos por este problema sofrem uma alteração em sua função, interferindo na quantidade e na qualidade dos gametas e causando uma diminuição da reserva ovariana. Além de dificultar a ovulação, os endometriomas podem interferir na implantação do embrião, devido às alterações inflamatórias causadas pela endometriose.

Os tratamentos para endometriomas têm foco no alívio das dores e na tentativa de recuperação da fertilidade da mulher. São utilizados analgésicos e, em casos de mulheres que não desejam engravidar, contraceptivos para inibir a função ovulatória e cessar o crescimento dos focos endometriais.

Existe um tratamento considerado radical, que pode causar algumas complicações para a paciente, a intervenção cirúrgica. Adotada em casos mais graves de endometriomas, consiste na remoção dos cistos. Porém, existe uma chance de a cirurgia afetar a reserva ovariana, dificultando ainda mais a gravidez ou causando infertilidade permanente.

Mulheres com esse problema, podem buscar a preservação da fertilidade antes do tratamento, pelo congelamento de óvulos, quando os gametas são coletados e preservados para que a utilização em outro momento, quando estiver apta para a gestação.

Como a reprodução assistida pode ajudar em casos de endometrioma?

Em alguns casos é possível engravidar de forma natural mesmo com endometriomas. Quando isso não acontece, a paciente tem ainda a opção de tratamento pela reprodução assistida. Técnicas avançadas foram desenvolvidas a fim de alcançar a gravidez, buscando resolver problemas de infertilidade em diversos casos.

Endometriomas são um tipo de endometriose mais avançada, por isso, a técnica mais adequada é a fertilização in vitro (FIV). É a mais complexa e com as maiores taxas de sucesso, indicada normalmente em casos mais graves ou quando há falhas em outros procedimentos.

A FIV é feita em cinco etapas principais: a estimulação ovariana, seleção e coleta dos gametas, fecundação, cultivo dos embriões e transferência embrionária. A maioria desses procedimentos acontece em laboratório, o que permite um acompanhamento maior para evitar falhas.

Técnicas complementares também estão disponíveis para auxiliar no tratamento, aumentando as chances de sucesso e evitando riscos de falhas de formação ou problemas durante a gravidez.

Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV por ciclo de tratamento são bastante altos, em média 40%. No entanto, se não houver sucesso, a transferência do embrião pode, ainda, ser repetida em um ciclo seguinte, uma vez que os excedentes são congelados para uso no futuro, inclusive uma nova gravidez. 

Para maiores informações sobre esse assunto, leia nosso post sobre a endometriose, entenda como a doença se desenvolve e conheça os tratamentos mais indicados em cada caso.

Cirurgia de endometriose: quando é indicada e qual é a conduta?

A endometriose é uma das doenças femininas mais prevalentes, especialmente entre as mulheres em idade reprodutiva, e também está entre aquelas que mais oferecem riscos de infertilidade feminina.

Considerada uma doença complexa, cujas origens ainda não estão bem esclarecidas pela ciência, a endometriose pode ser difícil de lidar, com desdobramentos para a saúde física e mental da mulher, comprometendo a qualidade de vida.

Estima-se que a endometriose possa ser encontrada em um percentual bastante expressivo da população geral, presente em aproximadamente metade dos casos de infertilidade associada à dor pélvica, os dois principais sintomas dessa doença.

Classificada no grupo de doenças estrogênio-dependentes, a endometriose consiste no aparecimento e crescimento de tecido semelhante ao endométrio, porém fora da cavidade uterina, onde normalmente está localizado.

Por estar associada à ação do estrogênio e da progesterona, a endometriose é mais prevalente em mulheres em idade reprodutiva, que nunca tiveram filhos (nulíparas) e também naquelas diagnosticadas com outras doenças estrogênio-dependentes, como miomas uterinos e pólipos endometriais.

A infertilidade é uma das principais consequências da endometriose, famosa ainda por seus sintomas dolorosos e intensos, muitas vezes incapacitantes, que se manifestam mais comumente durante o período menstrual, em forma de dismenorreia severa.

Dependendo do estágio de desenvolvimento e da gravidade do quadro endometriótico, a conduta medicamentosa pode ser insuficiente. Para esses casos a principal indicação é a retirada cirúrgica dos focos endometrióticos.

Vamos mostrar neste texto quando a intervenção cirúrgica para endometriose é indicada, como pode ser realizada e quais as alternativas de tratamento.

Como é realizada a cirurgia para endometriose?

A cirurgia para retirada dos focos endometrióticos normalmente é feita por videolaparoscopia ou por histeroscopia cirúrgica, e a indicação de cada abordagem depende do estágio de desenvolvimento da doença, da localização dos focos endometrióticos e também dos desejos reprodutivos da mulher.

A videolaparoscopia consiste em um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, que demanda anestesia geral e, por isso, deve ser realizado em ambiente hospitalar. Normalmente a mulher recebe alta após 24 horas e o tempo de recuperação pode variar, mas costuma ser relativamente curto.

Nesse procedimento são feitas pequenas incisões no abdômen, por onde é introduzido um tubo de fibra ótica, com uma microcâmera, além dos instrumentos para a manipulação cirúrgica. As imagens da microcâmera são transmitidas em tempo real para um monitor, e guiam o procedimento cirúrgico, neste caso, para a localização e retirada dos focos endometrióticos.

A histeroscopia cirúrgica é um procedimento menos invasivo que a videolaparoscopia, porém indicado para casos leves, principalmente quando os focos estão localizados nas proximidades do útero e tubas uterinas.

Nesse procedimento, também é inserido um aparelho ótico com uma microcâmera e os instrumentos para a retirada dos focos endometrióticos, porém, o acesso aos focos é feito por via transvaginal.

Apesar de mais invasiva que a histeroscopia cirúrgica, a videolaparoscopia é um procedimento mais abrangente, podendo ser indicado também para casos mais graves, em que os focos endometrióticos são mais profundos, numerosos ou quando estão aderidos a outras estruturas da cavidade pélvica, como intestinos e a bexiga, inacessíveis por via transvaginal.

De acordo com a gravidade dos sintomas e o desenvolvimento da doença, o tratamento cirúrgico pode ser feito de forma conservadora, em que a fertilidade é preservada, ou radical, que leva à histerectomia, remoção total do útero.

A cirurgia para endometriose pode afetar a fertilidade das mulheres?

De forma geral, os objetivos da abordagem cirúrgica para endometriose são retirar a maior quantidade de endométrio ectópico possível e, assim, buscar restabelecer a fertilidade e a anatomia original da pelve.

Dependendo da localização dos focos endometrióticos, contudo, a abordagem cirúrgica pode oferecer riscos de dano tecidual e ser desaconselhada, especialmente quando a mulher tem planos de engravidar.

Isso acontece principalmente para os casos de endometriose infiltrativa profunda e endometriomas, a forma ovariana da doença. No primeiro caso pela dificuldade em extrair os focos mais profundos e, no segundo, porque o manejo do tecido ovariano em si oferece riscos de danos à reserva ovariana e, consequentemente, à fertilidade.

Preservação social da fertilidade

A preservação social da fertilidade é uma opção interessante para as mulheres com infertilidade por endometriose, que precisam realizar a cirurgia para retirada dos focos.

O procedimento tem como objetivo coletar e criopreservar um número específico de gametas femininos, que podem ser utilizados posteriormente para engravidar com a FIV (fertilização in vitro).

Quando a conduta cirúrgica é indicada para endometriose?

Como mencionamos, a indicação da abordagem cirúrgica para os diversos tipos de endometriose depende principalmente da intensidade dos sintomas do estágio de desenvolvimento da doença, da quantidade, localização e profundidade dos focos endometrióticos e também dos desejos reprodutivos da mulher.

Se a mulher não apresenta sintomas álgicos relevantes e os exames para avaliação da endometriose mostram focos pequenos e localizados apenas em uma região, o tratamento pode ser expectante ou a mulher pode receber indicações para técnicas menos complexas de reprodução assistida.

De forma geral, as indicações para cirurgia incluem:

Dor sem melhora significativa com o tratamento medicamento

O tratamento farmacológico é realizado normalmente com administração de medicamentos contraceptivos, progestagênios e agonistas do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), todos envolvidos na regulação do ciclo reprodutivo.

Quando essa abordagem, se mostra insuficiente no controle dos sintomas dolorosos, no entanto, ou quando a mulher deseja engravidar, a indicação é para a abordagem cirúrgica.

Focos localizados no peritônio e aderidos aos ovários, às tubas uterinas, à bexiga, ureteres e intestino

É comum que, nos casos em que os focos endometrióticos estão localizados no peritônio – tecido de preenchimento da cavidade pélvica –, por seu contato com todos os órgãos e estruturas dessa região, as funções desses órgãos sejam prejudicadas pela endometriose, que pode invadir diferentes regiões.

A indicação da cirurgia é feita quando os focos invadiram órgãos que comprometem a fertilidade ou causam sintomas de maior severidade. A cirurgia é realizada por videolaparoscopia, procedimento minimamente invasivo.

Como é feita a preparação para a cirurgia?

A preparação para a retirada dos focos endometrióticos é feita principalmente com algumas mudanças na rotina alimentar pré-operatória. Recomenda-se que a mulher realize uma dieta restritiva nas 48h que antecedem a cirurgia, para diminuir relevantemente a formação de resíduos intestinais, que podem dificultar o procedimento e oferecer um maior risco de infecção.

A dieta restritiva consiste em não consumir alimentos cuja digestão aumenta muito o bolo fecal, como:

  • Vegetais de folhas, legumes, raízes e tubérculos (crus ou cozidos);
  • Leguminosas (feijão, lentilha etc.);
  • Produtos industrializados integrais;
  • Cereais;
  • Leite e laticínios.

Além disso, antes de se apresentar para a cirurgia, a mulher deve realizar um jejum de 8h, com restrição inclusive de líquidos.

Passos após a cirurgia

A cirurgia para retirada dos focos endometrióticos costuma demonstrar bons resultados para o tratamento dos sintomas álgicos e infertilidade, contudo é possível que mesmo com os sintomas controlados a mulher ainda apresente dificuldades para engravidar.

A reprodução assistida pode ser indicada para esses casos, especialmente a FIV (fertilização in vitro), por possibilitar a coleta de folículos ovarianos (que contém o óvulo imaturo) diretamente nos ovários, contornando possíveis problemas anovulatórios ou obstrutivos.

A fecundação acontece posteriormente em laboratório. Os embriões formados são cultivados por alguns dias e transferidos ao útero, o que permite a realização de um preparo endometrial, quando a endometriose provoca falhas na implantação do embrião, minimizando os riscos.

As demais técnicas – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial) também podem ser indicadas quando a doença está em estágios iniciais, contudo, a indicação depende da observação de alguns aspectos, como a idade da mulher, tratamentos anteriores e a presença ou não de fator masculino na infertilidade conjugal.

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