junho 2022 - Elo Medicina Reprodutiva
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Como preservar a fertilidade?

A fertilidade é um aspecto importante na vida de homens e mulheres que têm o desejo de ter filhos. Para que o processo de reprodução aconteça com sucesso, é necessário que o corpo esteja em bom funcionamento, com os órgãos reprodutivos saudáveis e com bons parâmetros de fertilidade.

Algumas condições, entretanto, podem levar o indivíduo a encontrar dificuldades para alcançar a gravidez. Problemas de infertilidade feminina e masculina são comuns em idade reprodutiva, mas podem ser evitados em alguns casos e quase sempre tratados.

Muitos não sabem, mas casais que buscam a gravidez podem adotar medidas como forma de prevenção, a fim de preservar a sua fertilidade e aumentar as chances de realizar o sonho de ter filhos.

Neste texto, saiba quais as atitudes homens e mulheres podem tomar para preservar a fertilidade e alcançar a gravidez.

Como preservar a fertilidade?

Para preservar a fertilidade existem alguns hábitos importantes a serem adotados na vida de homens e mulheres, capazes de evitar problemas maiores no futuro. Eles podem reduzir as chances de uma possível alteração no sistema reprodutor que cause a infertilidade.

Preservação da fertilidade feminina

Toda mulher nasce com um número já determinado de folículos nos ovários, que posteriormente são desenvolvidos e liberam óvulos para a fecundação. Essa quantidade representa a reserva ovariana feminina e é um dos parâmetros de fertilidade.

Com o passar do tempo e o avanço da idade, a mulher tem sua reserva diminuída, tanto em quantidade dos folículos, quanto em qualidade dos óvulos. Isso acontece a cada ciclo e pode reduzir as chances de gravidez, principalmente em mulheres com mais de 35 anos.

É indicado que as mulheres tentem engravidar antes dessa idade, porém, atualmente as jovens buscam uma independência financeira maior e uma estabilidade antes de pensar na possibilidade de ter filhos. 

No entanto, é possível recorrer ao congelamento de óvulos para preservar a sua fertilidade, e utilizá-los em um momento em que estiver mais preparada. O procedimento é chamado preservação social da fertilidade. 

Hábitos de vida também influenciam de forma negativa nos aspectos de fertilidade da mulher. O uso de álcool em excesso, tabagismo, alimentação desbalanceada, obesidade, sedentarismo e a prática excessiva de atividades físicas, são alguns hábitos que podem causar a infertilidade feminina. Problemas com bulimia e anorexia também oferecem riscos.

Por isso, deve haver um equilíbrio na vida da mulher para que essas ações não prejudiquem a sua saúde e qualidade de vida, evitando, ao mesmo tempo, problemas de fertilidade.

Preservação da fertilidade masculina

Normalmente os homens não enfrentam a mesma dificuldade que as mulheres em relação à idade reprodutiva. É comum que seus parâmetros seminais sejam normais até os 40 anos, enquanto os espermatozoides, por outro lado, são produzidos durante toda a vida, desde a puberdade, não havendo assim a diminuição da fertilidade ou a urgência de buscar a gravidez.

Ainda assim, existem alguns fatores que podem ser observados e evitados, a fim de preservar a fertilidade masculina. Uma das causas de problemas com a produção dos gametas é a exposição prolongada à radiação e produtos químicos. Homens que trabalham nessa área e necessitam passar por esta exposição devem se cuidar e manter a regularidade dos exames como forma de prevenção.

O tratamento para doenças como o câncer também pode ser prejudicial para a fertilidade do homem. Sabendo disso, ele pode optar pelo congelamento de seus gametas, por meio da criopreservação: preservação oncológica da fertilidade. 

Ele pode utilizá-los nas técnicas de reprodução assistida quando terminar o tratamento da doença.

Outro aspecto que pode causar a infertilidade masculina é o aumento da temperatura dos testículos, que também altera a produção dos espermatozoides. Homens que trabalham com muita exposição ao calor, devem ficar atentos à essa questão para evitar problemas futuros.

Hábitos de vida também interferem na saúde reprodutiva dos homens. Assim, é necessário evitar o uso de álcool em excesso, de anabolizantes, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade, ajudando na preservação de sua fertilidade. 

Como preservar a fertilidade com técnicas de reprodução assistida?

Existem duas formas de promover a preservação social da fertilidade, realizada com o uso de técnicas de reprodução assistida: pelo congelamento de gametas ou de embriões. Os dois procedimentos são feitos na fertilização in vitro (FIV).

Homens e mulheres passam por processos de análise dos gametas para identificar a qualidade e quantidade de óvulos e espermatozoides disponíveis para o tratamento. O exame realizado para avaliar os gametas masculinos é o espermograma, feito após a coleta do material.

Já a mulher passa primeiro pela avaliação da reserva ovariana. Depois ela recebe dosagens hormonais para estimular o desenvolvimento folicular e obter mais óvulos para o congelamento.

Outra forma de preservação da fertilidade é o congelamento de embriões, feito após a avaliação da fertilidade, estimulação ovariana, coleta e análise dos gametas e fecundação, processo pelo qual os embriões são formados. 

Ambos os procedimentos podem ser utilizados na preservação oncológica da fertilidade, quando pacientes passam por tratamentos contra o câncer, que causam danos temporários ou permanentes à fertilidade. As células criopreservadas são utilizadas, nesse caso, a partir do final do tratamento. 

Como a preservação da fertilidade acontece na reprodução assistida?

Mulheres e homens que pretendem preservar a fertilidade, podem realizar o processo pela fertilização in vitro (FIV), técnica obrigatoriamente utilizada para obter a gravidez no futuro. Considerado o principal método da medicina reprodutiva, a FIV conta com ótimos índices de sucesso por ciclo de realização do tratamento.

Por se tratar de uma técnica feita grande parte em laboratório, como a micromanipulação de gametas para a fecundação e o cultivo embrionário, a FIV é técnica usada após o descongelamento dos gametas e a única que possibilita o congelamento de embriões.

Se você se interessou pelo assunto, leia mais sobre a infertilidade masculina, entenda quais outros aspectos podem interferir no processo de reprodução e saiba como o problema pode ser tratado.

Doação de sêmen: para que serve e como é feita?

Na reprodução assistida existem tratamentos disponíveis para problemas de infertilidade por fatores masculinos ou femininos. A principal técnica é a fertilização in vitro (FIV), que conta também com alguns métodos complementares no tratamento.

Uma das técnicas complementares da FIV é a doação de gametas e de embriões, quando o material biológico utilizado é de doadores. O procedimento é feito de forma voluntária, anônima e sem qualquer fim lucrativo. 

Em alguns casos, pode haver problemas com os gametas, tanto masculinos quanto femininos, fazendo com que a doação de óvulos e de sêmen seja uma opção. Quando ambos sofrem com alterações em seu material genético, é possível optar pela doação de embriões, sendo o feto totalmente constituído de material biológico de doadores.

Essas técnicas são importantes recursos da reprodução assistida, uma vez que conseguem solucionar algumas questões que dificultam o alcance da gravidez. A seguir, saiba como funciona a doação de sêmen e entenda como ela é feita.

O que é a doação de gametas?

A doação de gametas se torna uma opção quando o casal passa por problemas graves de infertilidade, sejam masculinos ou femininos. Normalmente ela acontece quando não existe a possibilidade de recuperação nas técnicas de reprodução assistida e os gametas não são suficientes em quantidade e qualidade para o tratamento.

Existem normas éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM) que orientam a prática de doação, incluindo a de sêmen, que é feita quando não há espermatozoides suficientes para o tratamento ou quando são de baixa qualidade.

Uma das principais é a proibição da prática com fins lucrativos ou comerciais. É também determinado que doadores e receptores tenham a garantia do sigilo e do anonimato, não conhecendo as identidades uns dos outros. Para homens que desejam doar seu material genético, a prática é permitida até os 50 anos de idade.

As clínicas e bancos de sêmen devem manter um registro permanente dos doadores com as suas características fenotípicas, dados clínicos e a amostra do material genético. É permitida a repetição da doação, desde que os receptores sejam os mesmos.

Como é feita a doação de sêmen?

Inicialmente, o doador passa por uma avaliação do seu histórico clínico e dos seus parâmetros seminais. São analisados detalhes importantes como a presença de doenças genéticas ou infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Com isso, é possível identificar se ele está apto ao procedimento e se o sêmen pode gerar embriões saudáveis.

A coleta é feita por masturbação na clínica e é indicado que o doador mantenha pelo menos dois dias sem ejaculação antes do procedimento. É um processo simples e rápido, mas que pode ajudar muitos pais com o sonho de alcançar a gravidez. Mais de uma coleta é feita para analisar completamente o material, obtendo resultados da sorologia, cariótipo e do espermograma.

O espermograma é realizado para analisar as condições dos espermatozoides quanto à sua qualidade, quantidade, morfologia e motilidade. Em seguida, a amostra passa por uma preparação seminal para que possam ser selecionados os melhores gametas para o congelamento.

O material permanece congelado até o momento em que for selecionado para o tratamento. Normalmente, os casais escolhem de acordo com características fenotípicas do doador para manter a semelhança com os pais receptores.

Quando a doação de sêmen é indicada?

Além da FIV, a doação de sêmen pode ser utilizada em outra técnica de reprodução assistida: a inseminação intrauterina (IIU) ou inseminação artificial (IA). Isso é possível porque a IIU realiza a injeção dos espermatozoides no útero da mulher para que ocorra a fecundação, sendo eles originados do parceiro ou de banco de doação.

A indicação da técnica de doação de sêmen é feita em alguns casos de infertilidade masculina mais graves. Um deles é para homens com alterações ou doenças que causam azoospermia, a ausência de espermatozoide, ou oligozoospermia, quando a quantidade de gametas não é suficiente para o tratamento, cujos espermatozoides não puderam ser coletados por recuperação espermática.

Casos em que o homem possui algum tipo de doença genética que pode ser transmitida para o feto, também podem utilizar a doação para realizar os procedimentos de reprodução e evitar o risco do desenvolvimento de síndromes e anomalias cromossômicas.

A baixa qualidade dos gametas masculinos pode fazer com que ocorram falhas durante o tratamento, trazendo a necessidade do uso de banco de doações de sêmen. Esse problema pode atingir, inclusive, homens em tratamento contra o câncer, devido a efeitos colaterais que provocam alterações hormonais e interferem na espermatogênese, atrapalhando assim a produção dos espermatozoides.

Outra possibilidade para o uso da doação de sêmen é em casos de produção independente, quando a mulher solteira decide passar pela reprodução assistida para ter filhos. Casais homoafetivos femininos, que necessitam do material biológico masculino, também podem optar pela doação de sêmen para alcançar a gravidez.

Se esse conteúdo foi útil para você, leia mais sobre a doação de sêmen e entenda em quais casos ela pode ser utilizada na reprodução assistida.

Endometriomas: veja quais são os sintomas

O útero é o órgão responsável por acomodar o embrião durante seu desenvolvimento. Ele é constituído por uma parede espessa, formada por três camadas de células: a mais interna, denominada endométrio, uma camada muscular intermediária, o miométrio, e uma camada serosa que recobre a parte externa.

O endométrio é uma membrana de revestimento formada por tecido epitelial, tecido conjuntivo de suporte e vasos. Suas células respondem aos hormônios femininos, a progesterona e o estrogênio. Assim, ele aumenta de espessura quando os níveis hormonais se elevam e descama, resultando na menstruação, quando diminuem.

Esse tecido, contudo, pode invadir locais fora da cavidade uterina, tornando-se um problema, uma doença chamada endometriose, que se manifesta de três formas, como aderências pélvicas, implantes ou endometriomas.

Diversas teorias tentam explicar as causas dessa doença, entretanto, atualmente a mais aceita é a hipótese do fluxo retrógrado, quando pequenos pedaços do endométrio, que deveriam ser eliminados pela menstruação retornam pelas tubas uterinas e se implantam em outros lugares, principalmente no peritônio, ovários, ligamentos que sustentam o útero e tubas uterinas.

Os locais vão sendo invadidos pelo tecido ectópico à medida que se desenvolve, o que ocorre, assim como no endométrio normal, por estímulo do hormônio estrogênio, que prepara o endométrio durante os ciclos menstruais para receber o embrião

Os endometriomas se apresentam principalmente em estágios mais avançados da doença. Continue a leitura até o final, saiba mais sobre eles e quais sintomas podem manifestar.

O que é endometrioma?

O endometrioma é um tipo de cisto ovariano, que se forma em mulheres com endometriose nos estágios mais avançados. É característico da fase em que a doença é classificada como moderada, embora também esteja presente nas mulheres com endometriose infiltrativa profunda, fase em que a doença é considerada mais grave.

A etiologia do endometrioma ainda é bastante controversa no meio científico, por isso, várias teorias também já surgiram para tentar explicar seu aparecimento. Uma das mais aceitas justifica que é um tipo especial de cisto ovariano produzido a partir da deposição e crescimento de tecido endometrial ectópico na superfície dos ovários.

Posteriormente, esse material é envolto por aderências e sofre invaginação. Os cistos, assim, são formados por uma porção externa de tecido cortical ovariano e, internamente, por sangue hemolisado. O que os tornou conhecidos como ‘cistos de chocolate’.

Uma outra teoria também bastante aceita propõe que os tecidos que revestem o epitélio da pelve são potencialmente capazes de se transformar em outro tipo sob certos estímulos hormonais. Esses tecidos, caso se implantem nos ovários, provocariam os cistos. 

Em ambas as teorias, os endometriomas se formam posteriormente a um foco de endometriose.

Quais sintomas os endometriomas provocam e qual a relação deles com a fertilidade?

O endométrio fora do local de origem, ou seja, ectópico, leva à processos inflamatórios crônicos, gerando os principais sintomas de endometriose: dismenorreia – termo utilizado para definir cólicas mais graves, que ocorrem antes ou durante a menstruação – e, dor durante as relações sexuais.

Os sintomas do endometrioma são similares ao da endometriose. Porém, sangramentos de escape e alterações no fluxo menstrual podem estar acompanhados da dor. A presença de endometriomas, contudo, pode ser assintomática.

Além desses sintomas, a endometriose é a causa mais comum de infertilidade na mulher, afetando um percentual bastante alto da população feminina em idade fértil no mundo todo. Entre as alterações que podem ser provocadas pela doença, os endometriomas são apontados como a principal consequência para que isso aconteça.

A relação dos endometriomas com a fertilidade também ainda não possui mecanismos bem esclarecidos, porém, sugere-se que os cistos condicionam alterações no desenvolvimento do folículo ovariano, levando a uma insuficiência luteínica ou luteinização sem ruptura folicular. 

Ou seja, a formação, a maturação e a expulsão do óvulo estão prejudicadas, assim como a composição do corpo lúteo, responsável pelo preparo final do endométrio para o embrião implantar (nidação).

Assim como podem causar danos ao tecido ovariano, resultando na redução dos folículos ao redor e, dessa forma, nos níveis da reserva ovariana, ou comprimir o córtex ovariano, interferindo na circulação, provocando, da mesma forma, perda folicular. 

Essas alterações afetam a fertilidade da mulher, diminuindo ou impossibilitando a fecundação e a nidação do óvulo fecundado, resultando, nesse caso, em falhas na implantação e abortamento.

Tratamento e reprodução assistida

Embora o exame considerado padrão ouro para diagnóstico de endometriose e, endometriomas, seja a videolaparoscopia, que possibilita a visualização direta dos endometriomas por uma microcâmera incorporada a um aparelho chamado laparoscópio, tornando-se simultaneamente uma ferramenta de tratamento, atualmente a ultrassonografia transvaginal com preparo especial tem sido usada com sucesso. 

Esse exame também possui alta sensibilidade e especificidade, com elevada capacidade discriminativa, diferenciando-os de outras doenças, ao mesmo tempo que é de baixo custo e não invasivo. Por isso é, atualmente, o principal método utilizado na identificação de endometriomas e determinação das taxas de recorrência.

Para mulheres com endometriomas que apresentam sintomas mais leves e não desejam engravidar, são prescritos medicamentos hormonais para suprimir a menstruação e, consequentemente a ação hormonal. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) também são comumente usados para diminuir os efeitos da inflamação.

A videolaparoscopia também é o método padrão ouro para cirurgia de endometriomas. É a abordagem indicada para mulheres que desejam engravidar ou manifestam sintomas de maior gravidade.

Minimamente invasiva a técnica preserva melhor a irrigação dos ovários e minimiza a remoção do tecido ovárico saudável, particularmente quando o procedimento é realizado por um especialista na doença. Tem como objetivo a remoção do maior número possível de endometriomas.

No entanto, apesar dos benefícios da técnica e a experiência do profissional, há ainda o risco de danos ao tecido ovariano e remoção dos folículos ao redor, o que pode diminuir ou resultar em perda permanente da fertilidade.

Motivo pelo qual geralmente é indicado o congelamento de óvulos para a preservação da fertilidade de mulheres que vão ser submetidas à cirurgia. 

Outra forma de engravidar sem que a cirurgia seja necessária é o tratamento por fertilização in vitro (FIV). Aliás, para beneficiar-se do tratamento a remoção, inclusive, não é indicada, uma vez que pode afetar a reserva ovariana, comprometendo, dessa forma, a quantidade de óvulos que poderão ser obtidos para a fecundação.

A FIV também é o método utilizado quando os óvulos são congelados. Em ambos os casos a fecundação acontece em laboratório, por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que o espermatozoide é injetado no citoplasma do óvulo, proporcionando, assim, a fecundação de uma quantidade maior de óvulos. 

Os índices de sucesso gestacional do procedimento são bem altos: em média 40% por ciclo.

Além dos endometriomas, a endometriose pode interferir na fertilidade de diversas maneiras. Toque aqui para saber mais.

Endometriose e infertilidade: saiba mais sobre a relação

A endometriose tornou-se uma doença de incidência bastante comum em mulheres no mundo contemporâneo, efeito justificado principalmente pala gravidez tardia.

Complexa, crônica e inflamatória, pode causar diferentes interferência na saúde feminina, de alterações na fertilidade à manifestação de sintomas severos, que impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras 

Resultando, assim, em problemas que vão desde comprometimentos na carreira e relações pessoais, ao desenvolvimento de transtornos emocionais, incluindo a depressão e, como consequência, no afastamento social.

Por essas características e a alta prevalência (responde hoje por milhões de casos), passou a ser motivo de atenção no mundo todo, com centros especializados para informações a mulheres portadoras vinculados à governos locais, instituições particulares ou entidades sem fins lucrativos.

A assintomatologia da doença muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce e, embora ela tenha um crescimento lento, agrava à medida que o progresso ocorre, aumentando ainda mais o risco de infertilidade.

Saiba, neste texto, sobre a relação da endometriose com a infertilidade e informe-se mais a respeito da doença.

O que é endometriose e quais são os tipos?

O endométrio, tecido que reveste a camada interna do útero, é responsável por abrigar e nutrir o embrião até a placenta ser formada. 

Nele ocorre a implantação ou nidação, iniciando a gravidez: estimulado pelo hormônio estrogênio, sofre mensalmente um processo de modificação, se tornando mais espesso para recebê-lo. Quando a implantação não ocorre, o endométrio se descama e é eliminado pela menstruação.

A endometriose é uma doença na qual ocorre o desenvolvimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os locais mais comuns são próximos ao órgão, entre eles estão o peritônio, os ovários, as tubas uterinas, os ligamentos uterossacros, a vagina e, mais raramente, a bexiga e o intestino.

O local de crescimento é um dos critérios considerados para a classificação da endometriose, assim como a quantidade e profundidade das lesões ou o comprometimento que elas causam nos órgãos afetados. 

A endometriose é classificada, então, em três subtipos morfológicos e quatro estágios de desenvolvimento: mínima, leve, moderada e avançada.

Já os subtipos morfológicos são:

  • Endometriose peritoneal superficial: apresenta lesões pequenas, planas e rasas no peritônio;
  • Endometriose ovariana: tem como principal característica a presença de endometriomas, um tipo de cisto ovariano preenchido por líquido achocolatado, conhecido como ‘cisto de chocolate’; 
  • Endometriose infiltrativa profunda: apresenta lesões superficiais e profundas em diversos locais, além da presença de endometriomas.

O tecido anormal, assim como o endométrio normal reage a ação do estrogênio, provocando o desenvolvimento da doença e a manifestação de diversos sintomas: como o endométrio normal pode sangrar todos os meses, causando aumento do fluxo menstrual e cólicas de maior severidade antes e durante a menstruação. 

Pode, ainda, causar dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais ou dor repentina e pulsante quando os endometriomas rompem.

A intensidade da dor muitas vezes é bastante alta, tornando-se, inclusive, incapacitante.

Embora em vários casos a endometriose seja assintomática, a intensidade dos sintomas ou mesmo a manifestação deles, nem sempre está relacionada ao desenvolvimento da doença ou quantidade de lesões. 

Muitas vezes mulheres com poucas lesões, nos estágios iniciais, os manifestam de forma mais severa, enquanto nas que possuem lesões, em estágios avançados, eles podem ser mais leves.

Independentemente do grau de severidade, entretanto, é importante ficar atenta a qualquer manifestação que possa sugerir a presença da doença. O diagnóstico precoce contribui bastante para o sucesso do tratamento, proporciona maiores chances de gravidez quando a intenção da mulher é engravidar e garante alívio dos sintomas.

O que é infertilidade e quais são as causas?

A infertilidade é clinicamente definida como a incapacidade de engravidar após 12 meses de tentativas, com a prática de relações sexuais desprotegidas. Pode ser igualmente provocada por fatores femininos ou masculinos, que afetam o funcionamento normal do sistema reprodutor.

Entre as causas femininas estão as doenças que resultam em distúrbios de ovulação ou danos ao útero, ovários e tubas uterinas, enquanto as masculinas são geralmente consequência de alterações no processo de produção dos espermatozoides, alteração na estrutura dos gametas masculinos, como morfologia (forma) e motilidade (movimento) ou de obstruções, que impedem o transporte deles até a tubas uterinas para fecundar o óvulo.

Além de endometriose, exemplos de condições femininas incluem miomas uterinos, pólipos endometriais, Síndrome dos ovários policísticos (SOP), inflamações que afetam os órgãos reprodutores, distúrbios hormonais, doenças hereditárias ou autoimunes.

Distúrbios hormonais, processos inflamatórios e doenças hereditárias também estão entre as causas masculinas, além de doenças como varicocele ou disfunção sexual.

Alguns hábitos de saúde podem ainda comprometer a fertilidade em ambos os casos, incluindo a alimentação desbalanceada, sedentarismo, excesso de atividades físicas, sobrepeso ou baixo peso, hábitos como tabagismo, alcoolismo ou consumo de drogas recreativas.

Quando há dificuldades para engravidar, diferentes exames são realizados para a investigação de ambos os parceiros e definição das possíveis causas.

Por que a endometriose pode causar infertilidade?

A endometriose pode causar interferências na fertilidade feminina desde os estágios iniciais aos mais avançados, ainda que nem toda mulher com a doença tenha a fertilidade comprometida. Isso acontece principalmente como consequência do processo inflamatório provocado pela presença anormal do tecido ectópico. 

Pode, por exemplo, comprometer o desenvolvimento, amadurecimento e ruptura do folículo para a liberação do óvulo, processo chamado foliculogênese, resultando em distúrbios de ovulação, o que impede a fecundação.

Também afeta o ciclo endometrial, causando um deslocamento do período mais receptivo para a implantação do embrião, levando a falhas no processo e perda da gravidez. 

Tende, ainda, a comprometer a qualidade de óvulos e espermatozoides e, consequentemente, dos embriões, o que também causa falhas e abortamento

Por outro lado, os endometriomas geralmente presentes nos estágios mais avançados da doença, podem comprometer a qualidade dos óvulos ou interferir na receptividade do endométrio e, ao mesmo tempo, afetar a reserva ovariana ao causarem perda folicular. Assim, inibem a fecundação e levam a falhas na implantação e abortamento.

À medida que o processo inflamatório desenvolve há a formação de aderências, bastante comuns em estágios mais avançados da doença. 

Nos ovários e tubas uterinas inibem a fecundação, pois comprometem a liberação do óvulo durante a ovulação ou a captação dele pelas tubas uterinas. Assim como podem alterar a anatomia do útero, provocando, nesse caso, dificuldades no desenvolvimento da gravidez, o que também tem como consequência o abortamento.

Embora provoque todos esses efeitos na fertilidade feminina e sintomas que impactam a qualidade de vida das mulheres com a doença, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos. 

Tratamentos e reprodução assistida

O tratamento da endometriose considera o desejo da mulher de engravidar no momento. Quando não há o desejo e ela apresenta apenas sintomas mais leves, são geralmente prescritos medicamentos hormonais, que promovem a suspensão da menstruação inibindo ação do estrogênio, além de anti-inflamatórios para dor e inflamação.

Nos casos em a mulher deseja engravidar ou manifesta sintomas de maior severidade, é indicada a abordagem cirúrgica para a remoção de todas as lesões. Depois do procedimento há boas chances de engravidar espontaneamente.

Chances que também podem ser aumentadas pelas técnicas de reprodução assistida. As três principais – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV) – proporcionam a gravidez de mulheres com a doença. Elas são indicadas de acordo com o estágio de desenvolvimento.

Nos estágios iniciais, quando a endometriose é superficial peritoneal e ainda não comprometeu o funcionamento normal do útero, ovários ou tubas uterinas, são indicadas a RSP e IA, em que a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas.

Nos mais avançados, por outro lado, quando há presença de endometriomas e aderências, a técnica mais adequada é a FIV, na qual a fecundação acontece em laboratório e os embriões formados são transferidos para o útero onde ocorre normalmente a implantação e desenvolvimento da gravidez.

A relação entre endometriose e infertilidade é evidente. Quer saber mais sobre essa complexa condição? Acesse aqui e leia mais.