fevereiro 2023 - Elo Medicina Reprodutiva
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Tratamento de DIP: como é feito?

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem causar diversas complicações, entre elas, a doença inflamatória pélvica (DIP). Ela ocorre quando bactérias invadem o canal vaginal. Além das ISTs, procedimentos ginecológicos também podem ser a porta de entrada para a doença.

A DIP pode afetar ambos os gêneros, porém, vamos focar nas consequências da doença para as mulheres e mostrar por que elas precisam ficar atentas. Apesar de ter cura, a demora no tratamento aumenta o risco de danos permanentes que podem levar à infertilidade.

Ao longo do artigo, o nosso objetivo será mostrar como é feito o tratamento da DIP e quais são as possibilidades para o casal engravidar em casos de infertilidade. Mas primeiro, vamos abordar os seus principais sintomas e como ela é diagnosticada.

Boa leitura!

Quais são os sintomas da DIP?

As bactérias causadoras da clamídia e da gonorreia são os principais agentes infecciosos da DIP. Desse modo, precisamos entender como elas se manifestam.

Na maior parte dos casos, as pacientes com esses tipos de ISTs são assintomáticas, aumentando o risco de transmissão e a demora no tratamento. Quando a DIP apresenta sintomas, os mais comuns são:

  • Dor pélvica;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Corrimento amarelado com mau cheiro;
  • Sangramento anormal entre os períodos menstruais e depois da relação sexual;
  • Ardência ao urinar;
  • Febre;
  • Infertilidade.

Como a doença é diagnosticada?

O diagnóstico da DIP é feito com exames laboratoriais e de imagem. Hemograma completo, exame de urina e uma análise da amostra coletada do colo do útero da paciente são os mais pedidos. 

A ultrassonografia transvaginal também pode ser solicitada para identificar alguma alteração nos órgãos do sistema reprodutor, como obstruções e abscessos.

O tempo é um fator chave para o desenvolvimento da DIP. A demora no diagnóstico faz com que a infecção se espalhe para outros órgãos do sistema reprodutor e cause maiores danos. Ou seja, quanto mais tempo demorar, mais grave a doença pode se tornar.

Quais são as consequências da falta de tratamento?

A DIP é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, porém, ser diagnosticada com a doença não significa que a paciente será infértil. É a demora no tratamento que pode provocar graves consequências para a saúde reprodutiva da mulher.

A DIP pode ocasionar ooforite, inflação dos ovários, salpingite, das tubas uterinas, cervicite, do colo uterino e endometrite, do endométrio. 

Ao atingir as tubas uterinas, por exemplo, pode danificar o órgão alterando a sua anatomia. A infertilidade por fatores tubários é provocada por um bloqueio total ou parcial das tubas uterinas, que dificulta a passagem dos espermatozoides e, consequentemente, impede a fecundação. 

Além disso, a doença aumenta o risco de gravidez ectópica. Ela pode ocorrer mesmo nos casos em que o óvulo e o espermatozoide se encontram, pois existe uma maior probabilidade de o embrião implantar nas tubas uterinas devido ao bloqueio.

Como é feito o tratamento da DIP?

O tratamento da DIP depende do agente etiológico. Desse modo, é importante que o diagnóstico identifique o causador da doença. A medicação indicada para tratar a infecção por clamídia é diferente da utilizada para tratar a bactéria da gonorreia, por exemplo.

A DIP é combatida com a administração de antibióticos de dose única ou que se estendem durante alguns dias. Os primeiros sinais de melhora aparecem rapidamente, após 3 dias do início do tratamento. O parceiro também deve fazer os exames e ser tratado.

Uma das principais recomendações consiste em finalizar o tratamento da IST e confirmar a cura antes de voltar a ter relações sexuais. Assim, não há risco de reinfecção.

Nos casos em que a fertilidade não pode ser preservada, a reprodução assistida é recomendada para o casal. A técnica mais indicada para infertilidade por fatores tubários é a fertilização in vitro (FIV).

De alta complexidade, ela se diferencia das demais pois a fecundação é realizada em laboratório. De uma forma resumida, os gametas do casal são coletados e preparados para que apenas os mais saudáveis participem do processo.

Em seguida, a técnica injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é utilizada para inserir o gameta masculino diretamente no óvulo, aumentando as chances de sucesso. Após alguns dias de desenvolvimento, os embriões são transferidos para o útero da paciente.

Uma das consequências que as bactérias responsáveis pela infecção por clamídia e gonorreia podem causar é a DIP. O principal meio de transmissão é por contato sexual desprotegido, por isso, o uso de preservativos é essencial para preveni-la. A DIP é tratada facilmente com antibióticos, porém, a demora no tratamento pode causar complicações sérias, como a infertilidade.

A dificuldade para engravidar atinge milhares de mulheres em todo o mundo. Nesse artigo, mostramos apenas um dos fatores que podem afetar a saúde reprodutiva feminina. Aprofunde-se no tema com o nosso texto sobre infertilidade!

Doação de embriões: como é feita e quando buscar a técnica

Homens e mulheres possuem gametas responsáveis pelo processo de reprodução. Os espermatozoides, gametas masculinos, são produzidos nos testículos e chegam por meio do líquido seminal até as tubas uterinas para fecundar o óvulo, gameta feminino liberado pelos ovários.

As mulheres nascem com uma quantidade determinada de folículos, bolsas que armazenam o óvulo imaturo, que ao longo de sua vida reprodutiva desenvolvem, amadurecem e liberam os óvulos. Já os homens passam toda a vida, desde a puberdade, produzindo seus gametas e liberando-os na ejaculação pelo sêmen.

Quando a fecundação acontece, são formados embriões, que se fixam no endométrio, parede mais interna do útero, dando início à gestação. Esse processo pode acontecer de forma natural ou pelo tratamento com técnicas de reprodução assistida.

Além de técnicas muito eficientes para vencer a infertilidade, existem alguns métodos complementares para auxiliar nesse processo. A fertilização in vitro (FIV) é a principal técnica da medicina reprodutiva e é muito utilizada em diversos casos.

Na FIV, existe um procedimento realizado como forma de complementar o tratamento e aumentar as chances de sucesso, a doação de embriões. Pode ser feito em algumas situações e ajudar na busca pela gravidez.

A seguir, conheça um pouco mais sobre a técnica de doação de embriões, entenda como ela é feita e em quais casos pode ser indicada

O que é a doação de embriões?

A doação de embriões acontece quando o casal passa por problemas de infertilidade relacionados à quantidade ou qualidade dos gametas. 

Existem algumas regras determinadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece as normas éticas que direcionam a doação de gametas e de embriões na reprodução assistida.

A doação é feita de forma anônima, uma vez que apenas a clínica possui as informações dos doadores. Não pode haver fins lucrativos ou comerciais envolvidos na doação e a identidade dos doadores e receptores é mantida em sigilo.

É obrigatório que as clínicas mantenham um registro permanente com dados fenotípicos dos doadores, juntamente com seu material genético, assim como existem algumas orientações quanto ao número de embriões a serem transferidos, de acordo com a idade da mulher:

  • Mulheres até 35 anos: até 2 embriões;
  • Mulheres de 36 a 39 anos: até 3 embriões;
  • Mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões.

Quem pode optar pela doação de embriões e em quais situações?

Normalmente, a infertilidade conjugal é causada por fatores masculinos, femininos ou ambos, sendo a doação de embriões uma boa opção quando o problema resulta de alterações relacionadas à quantidade e qualidade de gametas, que dificultam ou impedem a formação do embrião. 

Outra situação em que a técnica é indicada é quando o casal apresenta incompatibilidade genética ou riscos de transmissão de distúrbios genéticos para o embrião.

Casais com repetidas falhas no tratamento da FIV devido à má qualidade embrionária também podem optar pela doação de embriões, assim como os homoafetivos, que desejam ter filhos.

Como é feita a doação de embriões?

A doação de embriões acontece somente na FIV. Normalmente, os embriões utilizados são resultado de ciclos de tratamento de outros pacientes, mantidos sob preservação: quando um casal que passa pelo tratamento possui embriões excedentes, pode escolher a criopreservação para guardá-los para uma próxima tentativa ou doá-los.

Os doadores são escolhidos de acordo com as características biológicas dos futuros pais, com ajuda médica, já que o processo acontece de forma anônima.

A FIV é feita em cinco etapas principais: estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e preparo seminal, fecundação, cultivo dos embriões e transferência embrionária. Quando a técnica de doação é utilizada, o casal é encaminhado diretamente para a última etapa, para transferir os embriões.

Em alguns casos, a mulher recebe uma dosagem de medicamentos hormonais para melhorar a sua receptividade endometrial, aumentando as chances de sucesso da implantação. A transferência é um processo simples e a mulher é liberada rapidamente para aguardar os resultados do tratamento.

Quando o casal deve congelar os embriões?

Na FIV, todos os embriões formados em um ciclo de tratamento que não forem transferidos a fresco são congelados para uso em um próximo ciclo, caso ocorram falhas, ou no futuro, para obter uma nova gestação. 

No entanto, após a gravidez nem sempre os embriões são utilizados. Por isso, o CFM determina que podem permanecer congelados por apenas 3 anos. Após esse período devem ser descartados ou doados. 

A doação de embriões, entretanto, se tornou uma opção importante para ajudar pessoas com problemas de infertilidade a alcançarem a gravidez. As taxas de sucesso gestacional proporcionadas pela FIV são semelhantes quando o tratamento é realizado com embriões frescos ou congelados e as mais altas da reprodução assistida. 

Se você se interessou pelo assunto, leia mais sobre a doação de embriões e entenda detalhadamente a sua utilização no tratamento com FIV.

Endometriomas: veja como é feito o tratamento

O útero é um órgão feminino responsável pelo desenvolvimento do feto até o seu nascimento. Seu revestimento é feito em camadas, sendo o perimétrio a mais externa, o miométrio a intermediária e o endométrio a mais interna. Quando há um crescimento anormal do tecido endometrial, é caracterizada a endometriose.

O tecido ectópico pode crescer na cavidade pélvica fora do útero, em regiões como o peritônio, ovários, tubas uterinas, bexiga e intestino, por exemplo. A endometriose é um problema comum que atinge muitas mulheres.

A doença pode causar fortes cólicas menstruais, dor durantes as relações sexuais e até mesmo a infertilidade feminina. Muitas vezes, o diagnóstico é demorado devido a semelhança dos sintomas com outros tipos de doenças femininas. Em alguns casos, a severidade pode interferir na qualidade de vida da mulher.

É importante acompanhar a doença de perto para minimizar os sintomas e oferecer melhor qualidade de vida para essas mulheres. 

Existem diferentes formas da endometriose, que variam de acordo com a localização e a profundidade. A seguir, conheça os endometriomas, uma das formas da doença, e saiba como pode ser feito o seu tratamento.

O que são os endometriomas?

A endometriose pode ser encontrada de três formas: superficial, profunda e ovariana, caracterizada pela formação de endometriomas, que podem causar algumas complicações para a saúde da mulher.

Nesse tipo de endometriose, são formados cistos nos ovários, que contêm um líquido espesso com aspecto de chocolate. Isso acontece quando uma parte do tecido endometrial descama e se fixa nos ovários, formando uma pequena bolsa de sangue que pode evoluir de tamanho.

Normalmente a endometriose é uma doença silenciosa e muitas vezes as cólicas causadas não são suficientes para a procura de um médico. Já os endometriomas apresentam algumas características, sendo o agravamento das dores uma das principais.

Quando eles se rompem, por exemplo, podem causar alguns sintomas como: dores abdominais intensas e repentinas. Além disso, geralmente provocam sangramentos fora do período menstrual, dores durante as relações sexuais, cólicas menstruais dolorosas e aumento do fluxo menstrual. Em alguns casos, podem levar à infertilidade devido ao comprometimento dos ovários.

Para diagnosticar o problema, é realizado inicialmente o exame físico com avaliação dos possíveis sintomas, detectando alterações como o aumento no volume dos ovários, comum diante de múltiplos cistos ou quando o endometrioma tem um tamanho maior.

O diagnóstico é confirmado por exames de imagem como a ultrassonografia pélvica transvaginal e a ressonância magnética da pelve, que possibilitam uma análise detalhada os ovários e a identificação dos endometriomas. 

Como os endometriomas afetam a fertilidade feminina?

Os ovários são os responsáveis pelo armazenamento dos folículos e a liberação dos óvulos para a fecundação. Quando são afetados pelos endometriomas sua função fica comprometida, interferindo na quantidade e qualidade dos óvulos.

A presença dos endometriomas pode afetar a ovulação, além de dificultar a implantação do embrião no útero por causa das alterações imunológicas e inflamatórias. 

Se a ovulação não acontece, o óvulo não é liberados e não há fecundação. Em alguns casos, os óvulos formados com a presença dos cistos nos ovários podem apresentar a zona pelúcida espessa, o que dificulta a penetração do espermatozoide.

Outro motivo pelo qual os endometriomas podem afetar a fertilidade da mulher é a alteração na reserva ovariana, levando à diminuição dos folículos ao redor. 

O desequilíbrio hormonal causado pela doença também pode gerar uma dificuldade de o embrião se fixar no endométrio e iniciar a gestação.

Qual o melhor tratamento para os endometriomas?

A endometriose não possui uma cura definitiva, seu tratamento é aplicado para aliviar os sintomas. O tratamento dos endometriomas é feito de acordo com o diagnóstico, pois depende da profundidade das lesões. Pode ser pelo uso de medicamentos hormonais ou por intervenção cirúrgica.

Ambos os tipos de intervenção podem afetar a fertilidade da mulher, por isso, a escolha do melhor tratamento é feita com base na análise de fatores como: a idade da paciente, sintomas apresentados e se ela possui ou não o desejo de ter filhos.

Tratamento hormonal

Pode ser indicado o uso de medicamentos hormonais, anticoncepcional ou DIU, para controlar sintomas como sangramento excessivo, a dor, além de inibir o crescimento dos endometriomas. 

Tratamento cirúrgico

Em alguns casos, pode ser necessária a realização da cirurgia para remoção dos endometriomas, realizada por videolaparoscopia: um tubo longo e fino, com uma luz e uma câmera acopladas na ponta, é inserido por uma pequena incisão. 

Esse método é recomendado para mulheres que apresentam dores intensas, endometriomas maiores ou com de infertilidade feminina. A cirurgia, entretanto, pode diminuir a reserva ovariana, uma vez que os folículos ao redor podem ser perdidos durante a remoção, assim como causar cicatrizes nos ovários, afetando, em ambos os casos, a fertilidade.

Por isso, geralmente é indicado o congelamento dos óvulos para a preservação da fertilidade e obtenção de uma gravidez no futuro.

Para mulheres com endometriomas que desejam engravidar, existe a possibilidade de tratamento pela reprodução assistida, independentemente de ser feita a remoção. A principal técnica utilizada nesses casos é a fertilização in vitro (FIV).

A FIV é muito eficiente e conta com métodos avançados no tratamento. É a técnica de maior complexidade e muito procurada em casos mais graves de infertilidade, tanto masculina quanto feminina.

É feita em cinco etapas principais: estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e preparo seminal, fecundação, cultivo dos embriões e transferência embrionária.

Por grande parte ser em laboratório, a FIV permite um controle maior dos seus procedimentos durante o tratamento. Com isso, mulheres com endometriomas podem optar por esse método para realizar os sonho de ter um filho.

Se você se interessou pelo assunto, leia mais sobre a endometriose e entenda melhor a doença e sua ocorrência.

Aborto de repetição: causas

Aborto de repetição é o termo utilizado quando ocorrem duas ou mais perdas consecutivas de gravidez antes da 22ª semana.

Para ser definido dessa forma, entretanto, é necessário que o processo tenha sido comprovado clinicamente por meio de exames, como a ultrassonografia transvaginal ou o exame de sangue beta-HCG quantitativo.

A forma clínica correta para definir a perda gestacional, entretanto, é abortamento. Ainda que o termo aborto seja frequentemente utilizado, significa o produto da concepção eliminado no abortamento.

Continue a leitura deste texto até o final para entender o que pode causar o aborto de repetição, suas consequências para a saúde feminina e as possibilidades de tratamento.

Entenda melhor o que é aborto de repetição

A gravidez é um processo complexo, que depende de diferentes fatores para ser bem-sucedida, incluindo o funcionamento correto dos órgãos reprodutores feminino ou masculino.

Todos os meses por exemplo, a cada ciclo menstrual feminino, diversos folículos, bolsas que contém o óvulo primário, são recrutados, embora apenas um deles se torne dominante, amadureça e rompa liberando o óvulo. 

Esse processo é estimulado pela ação de diferentes hormônios, incluindo as gonadotrofinas FSH (folículo hormônio-estimulante) e LH (folículo luteinizante), os hormônios femininos estrogênio e progesterona e os tireoidianos. 

Os hormônios femininos também são responsáveis pelo preparo do endométrio (camada interna do útero) para receber o embrião, tornando-o, para isso, mais espesso durante o ciclo.

Após ser liberado o óvulo é capturado pelas tubas uterinas, local em que a fecundação acontece, que também recebe os espermatozoides liberados na ejaculação. Embora milhares de espermatozoides sejam liberados, apenas um deles vence a corrida para fecundar o óvulo.

O embrião formado é, da mesma forma, transportado pelas tubas até o endométrio para que a implantação (nidação) ocorra iniciando a gravidez. Nele fica abrigado e é nutrido até a placenta ser formada. O útero é o órgão responsável pelo desenvolvimento da gravidez até o nascimento do bebê.

Alterações no funcionamento correto dos sistemas reprodutores de ambos os parceiros podem resultar em dificuldades reprodutivas, impedindo o processo de fecundação ou causando a perda da gravidez.

No entanto, é importante observar que muitas mulheres têm abortamento espontâneo sem perceber e isso nem sempre representa um problema. 

Embora a maioria engravide normalmente posteriormente, é aconselhável ficar atenta aos possíveis sintomas manifestados pela condição, uma vez que as chances de gravidez diminuem a cada perda, assim como aumentam as de o abortamento tornar-se de repetição.

O principal sintoma que alerta para a possibilidade de perda gestacional é o sangramento mais escuro, amarronzado ou vermelho vivo, que inicia de forma intensa ou aumenta em intensidade progressivamente, muitas vezes com expulsão de tecidos com coágulo. 

Outros sintomas são cólicas severas que não diminuem mesmo com o uso de medicamentos, secreção de muco em tom rosado, perda repentina de peso e diminuição dos sinais de gravidez.

Por que o aborto de repetição pode ocorrer?

O abortamento de repetição pode ser causado por diferentes fatores, o mais comum são as anormalidades cromossômicas, que possuem como característica a presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal. 

Podem ser consequência da perda de qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides), comum ao envelhecimento, resultando em embriões com a saúde comprometida ou de erros ocorridos durante o processo de divisão celular do embrião.

Alterações na anatomia do útero, congênitas ou provocadas por doenças uterinas comuns, como miomas, endometriose, pólipos endometriais e aderências resultantes de processos inflamatórios, podem dificultar o desenvolvimento e sustentação da gravidez, levando a perdas.

Desequilíbrios hormonais, incluindo nos níveis dos hormônios femininos responsáveis pelo preparo do endométrio, podem comprometer a receptividade endometrial, fundamental para a implantação do embrião ser bem-sucedida, causando falhas e abortamento. 

A inflamação do endométrio, geralmente consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), também pode causar alterações na receptividade endometrial, resultando em falhas e abortamento

Mulheres com trombofilia, doença caracterizada pela propensão para a formação de coágulos (trombos), têm alto risco de abortamento, uma vez que o problema tende a afetar a vasculatura placentária. O risco é ainda característico de doenças autoimunes como o Lúpus e a tireoide de Hashimoto. 

Além disso, é fundamental manter um estilo de vida mais saudável. Alimentação inadequada, hábitos como alcoolismo, tabagismo e uso de drogas recreativas, em excesso, são ainda apontados como fatores de risco.

Para detectar o que causou o problema, são realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem em ambos os parceiros. A partir da identificação da causa, é definido o tratamento mais adequado para cada paciente, que na maioria dos casos proporciona a solução do problema e o desenvolvimento normal da gravidez.

Se não houver sucesso, ou nos casos em que o abortamento de repetição é causado por anormalidades cromossômicas, é indicado o tratamento por técnicas de reprodução assistida.

Como a reprodução assistida pode contribuir para solucionar o aborto de repetição?

A técnica indicada para aumentar as chances de gravidez de mulheres com abortamento de repetição como resultado de anormalidades cromossômicas é a fertilização in vitro (FIV).

O tratamento possibilita a seleção de óvulos e espermatozoides mais saudáveis, fecundados com a utilização da FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que aumenta as chances de sucesso do processo, pois prevê a injeção de cada espermatozoide diretamente no óvulo.

Além disso, as células do embrião podem ser ainda avaliadas pelo teste genético pré-implantacional (PGT), técnica complementar à FIV, que possibilita a detecção de anormalidades cromossômicas.

Outras duas técnicas complementares ao procedimento também contribuem para solucionar o problema, assegurando o desenvolvimento normal da gravidez. 

O teste ERA, que indica com bastante precisão o momento de maior receptividade do endométrio a partir da análise de células endometriais e, o hatching assistido ou eclosão assistida, que possibilita a criação de aberturas artificiais na zona pelúcida, película que envolve o embrião nos primeiros dias de vida, permitindo que ele a rompa facilmente para implantar no endométrio. 

Dificuldades para romper a zona pelúcida são comuns a embriões formados por óvulos de mulheres mais velhas.

Considerada a principal técnica de reprodução assistida a FIV registra percentuais altos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

O aborto de repetição é uma condição delicada. Quer continuar lendo sobre ele, toque aqui.

Avaliação da reserva ovariana: veja quais são os exames

Reserva ovariana é o termo que descreve o potencial funcional dos ovários e reflete a quantidade de folículos presentes nele, bolsas que armazenam os óvulos primários.

Toda mulher nasce com uma reserva ovariana, composta por milhões de folículos. Essa quantidade naturalmente diminui até a puberdade. Nessa etapa, o número é ainda bastante expressivo: aproximadamente 400 mil e, naturalmente diminui a cada ciclo menstrual, quando diversos folículos são recrutados, mas apenas um deles desenvolve, amadurece e ovula, enquanto os outros são eliminados (mais ou menos 1000 a cada ciclo menstrual).

Assim, a reserva ovariana naturalmente diminui com o envelhecimento, resultando, dessa forma, na falência dos ovários, o que acontece na menopausa, evento marcado pela última menstruação da mulher encerrando o ciclo reprodutivo.

No entanto, além do declínio natural outras condições podem causar alterações na reserva ovariana, confirmadas a partir da realização de exames para avaliação dos níveis. Continue a leitura para saber mais. 

Qual a relação entre reserva ovariana, fertilidade e infertilidade feminina?

A reserva ovariana reflete a capacidade reprodutiva da mulher: à medida que os níveis diminuem, aumenta a dificuldade de engravidar. Por isso, as chances de obter a gravidez são maiores até os 35 anos, quando os níveis da reserva ovariana ainda permanecem mais altos.

Durante a fase reprodutiva, entretanto, algumas condições podem provocar alterações na reserva ovariana, resultando em problemas de ovulação, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, em alterações na qualidade dos óvulos ou na interrupção da função dos ovários.

O envelhecimento não afeta apenas os níveis da reserva ovariana, mas também a qualidade dos óvulos, que igualmente diminui. Assim, o risco de ocorrerem anormalidades cromossômicas é maior. 

Chamadas aneuploidia, têm como característica a presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal e estão associadas a falhas na implantação do embrião e abortamento, na gestação espontânea ou nos tratamentos por fertilização in vitro (FIV).

A qualidade dos óvulos também pode ser alterada por processos inflamatórios em regiões como o colo uterino (cervicite), no endométrio (endometrite) ou nos ovários (ooforite). Eles podem, ainda, estimular a formação de aderências nos ovários, inibindo a liberação do óvulo, levando à ausência de ovulação, ou anovulação.

O desequilíbrio dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo, por outro lado, tende a interferir no processo de foliculogênese, quando ocorre o desenvolvimento e amadurecimento do folículo ou na liberação do óvulo, impedindo, da mesma forma a ovulação e, consequentemente a fecundação.

Além disso, lesões nos ovários ou doenças genéticas podem provocar uma condição conhecida como falência ovariana prematura (FOP), caracterizada pela falência da função dos ovários antes dos 40 anos.

A avaliação da reserva ovariana reúne um conjunto de testes que indicam a quantidade de folículos presentes nos ovários no momento em que são realizados. É fundamental para definir a capacidade reprodutiva da mulher, indicando se há problemas de fertilidade. 

Os folículos se formam nos ovários durante o desenvolvimento embrionário. Após esse momento, nunca mais são criados novos e a reserva ovariana só se reduz, inclusive já iniciando essa redução antes mesmo do próprio nascimento. 

No início da puberdade, o número, antes na casa dos milhões, é de aproximadamente 400 mil, quantidade que se torna menor a partir dessa etapa, quando a cada ciclo menstrual os folículos recrutados que não desenvolveram são eliminados pelo organismo. 

Os resultados da avaliação da reserva ovariana contribuem para individualizar a investigação se houver problemas de infertilidade, assim como para a definição da abordagem terapêutica mais adequada a cada paciente.

Conheça os principais exames realizados para avaliar a reserva ovariana

Diferentes exames podem avaliar a reserva ovariana, no entanto, com a evolução dos métodos de imagem a ultrassonografia transvaginal, que hoje conta com as tecnologias 3D e 4D, com alta resolução de imagem, se tornou o principal deles e o mais realizado. 

Possibilita, por exemplo, a indicação de folículos menores, em crescimento, assim como a definição da quantidade de pré-antrais ou antrais, que possuem capacidade para posteriormente ovular. No entanto, outros também podem ser solicitados para confirmar ou complementar o diagnóstico:

  • Hormônio antimülleriano: o hormônio antimülleriano é produzido por células da granulosa dos folículos pré-antrais e antrais, portanto, está presente em todas as fases do desenvolvimento folicular. Assim, a definição dos seus níveis indica a reserva ovariana;
  • Avaliação dos níveis de FSH (hormônio folículo-estimulante):como o hormônio age no desenvolvimento e amadurecimento do folículo, a determinação dos níveis indica a resposta ovariana no ciclo em que o teste é realizado;
  • Avaliação dos níveis de inibina B e estrogênio:inibina-B, proteína produzida pelas células dos folículos em crescimento e o estrogênio são responsáveis pela regulação do FSH. Por isso, a avaliação dos seus níveis indica, da mesma forma, a resposta ovariana naquele ciclo;
  • Biópsia do tecido ovariano: a análise do tecido ovariano possibilita a definição da reserva ovariana a partir da avaliação da densidade folicular, ou seja, quantidade de folículos por unidade de volume do tecido. 

Avaliação da reserva ovariana na reprodução assistida

A avaliação da reserva ovaria é um marcador usado nas técnicas de reprodução assistida com o objetivo de predizer a resposta inadequada à estimulação ovariana ou determinar a dosagem correta para cada paciente.

A estimulação ovariana é a primeira etapa das três técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), indicadas quando há diminuição dos níveis da reserva ovariana com o objetivo de estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, garantindo, assim, mais óvulos maduros para a fecundação.

A mais adequada em cada caso quando há diminuição da reserva ovariana, assim como a definição de estratégias individualizadas, são determinadas a partir da observação de alguns critérios, que proporcionam mais chances de sucesso gestacional: 

  • Pacientes em idade mais avançada: em idades mais avanças o risco de ocorrerem alterações cromossômicas é maior, mesmo que os níveis sejam semelhantes aos de mulheres mais jovens;
  • Avaliação da reserva ovariana: a quantidade de óvulos coletados após a estimulação ovariana está relacionada aos níveis da reserva: níveis baixos indicam que poucos óvulos serão coletados para a fecundação;
  • Resposta insatisfatória à estimulação ovariana: mulheres com resposta insatisfatória dos ovários aos medicamentos utilizados na estimulação ovariana, resultando na coleta de mais ou menos 4 óvulos, têm chances de gravidez menores quando comparadas as que obtiveram 10 óvulos ou mais;
  • Sensibilidade ovariana às gonadotrofinas: quando há diminuição da sensibilidade as gonadotrofinas FSH e LH, mesmo se a reserva ovariana for normal.

Quer aprofundar seu conhecimento sobre a reserva ovariana? Continue lendo aqui.