maio 2022 - Elo Medicina Reprodutiva
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Hidrossalpinge: veja quais são os sintomas

As tubas uterinas fazem parte do aparelho reprodutor feminino e são dois tubos contráteis responsáveis por conectar o útero aos ovários, se estendendo para os lados da pelve. Possuem cerca de 10 centímetros de comprimento e são compostas por uma camada muscular, mucosa e serosa. 

Todos os meses, durante o ciclo menstrual, um óvulo é liberado pelos ovários e capturado pelas tubas uterinas onde ocorre a fecundação. O óvulo fecundado também inicia o processo de divisão celular nas tubas uterinas e, depois de se transformar em embrião, migra por elas em direção ao útero onde implanta no endométrio, iniciando o desenvolvimento da gravidez.

Porém, várias condições podem provocar obstruções nas tubas uterinas inibindo esse processo, entre elas a hidrossalpinge. Obstruções nas tubas uterinas estão entre as principais causas de infertilidade feminina.

Embora seja uma condição pouco conhecida, a hidrossalpinge pode provocar a manifestação de sintomas que alertam para o problema. Continue a leitura deste texto até o final, conheça mais sobre a doença e saiba como identificar os sintomas.

O que é hidrossalpinge?

A hidrossalpinge é o termo usado para designar o acúmulo de líquido que pode ocorrer em uma ou ambas as tubas uterinas, provocado na maioria dos casos por uma obstrução. Com a aparência fluída aquosa, geralmente é composto por secreções características de infecções e resulta na à dilatação ou distensão das tubas.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST) como clamídia e gonorreia são a causa mais comum associada ao problema. Quando não são adequadamente tratadas podem evoluir para doença inflamatória pélvica (DIP), que causa a inflamação dos órgãos reprodutores femininos, incluindo as tubas uterinas, estimulando a formação de aderências que provocam a obstrução, que também pode ser consequência do tecido endometrial ectópico característico de endometriose. 

Quais são os sintomas de hidrossalpinge?

Embora a geralmente a hidrossalpinge seja assintomática, alguns sintomas podem alertar para o problema, incluindo infertilidade, percebida diante da tentativa malsucedida para engravidar. Outros sintomas mais comuns são:

  • Dor pélvica e abdominal;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Corrimento vaginal com odor forte;
  • Febre;
  • Náuseas;
  • Calafrios e fadiga.

Como a hidrossalpinge pode afetar a fertilidade?

O bloqueio pode impedir a captação do óvulo liberado pelos ovários, ou transporte dos espermatozoides para fecundá-lo, assim como do óvulo fecundado até a cavidade uterina. Nos dois primeiros casos, a fecundação não acontece e, no segundo, o embrião não implanta no endométrio. O risco é ainda mais alto quando o bloqueio ocorre nas duas tubas.

Ainda que a fecundação ocorra se o bloqueio for unilateral, o fluído pode acumular na trompa e refluir para o interior do útero, dificultando a implantação do embrião, ao mesmo tempo que causa um ambiente tóxico para ele.

Além de impedir a concepção, também aumenta as chances de ocorrer gravidez ectópica, quando o embrião implanta em uma das tubas em vez do útero, condição potencialmente perigosa para a mulher.

Como a hidrossalpinge é diagnosticada?

A hidrossalpinge é diagnosticada por exames laboratoriais e de imagem. Os laboratoriais incluem exames de sangue e urina para identificar a presença de bactéria, entre elas os agentes sexualmente transmissíveis.

Embora o método considerado padrão-ouro para avaliar a permeabilidade tubária seja a videolaparoscopia com cromotubagem, a histerossalpingografia é o mais utilizado atualmente. É um exame de raio-X com contraste iodado para realçar a cavidade e tubas uterinas, recomendado principalmente quando há suspeita de infertilidade.

Tratamento e reprodução assistida

A hidrossalpinge pode ser tratada por medicamentos ou cirurgia. Nos casos em que o bloqueio foi provocado por aderências resultantes de processos inflamatório, são prescritos antibióticos de acordo com cada tipo de bactéria. O reparo posterior das tubas é feito por salpingostomia, técnica também utilizada para remoção do embrião quando há ocorrência de gravidez ectópica.

No entanto, a abordagem geralmente recomendada é a remoção total da tuba afetada, procedimento chamado salpingectomia, realizado por videolaparoscopia cirúrgica, tecnicamente invasiva que proporciona a correção permanente do problema.

Mesmo com a remoção de uma das tubas, a gravidez espontânea ainda é possível após o procedimento, com boas chances de sucesso. No entanto, se isso não acontecer, o tratamento por fertilização in vitro (FIV) aumenta bastante as chances.

Na FIV, a fecundação acontece de forma artificial, em laboratório, por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com o auxílio de um micromanipulador de gametas. Os embriões são posteriormente cultivados em laboratório por alguns dias e transferidos para o útero materno para que ocorra a implantação e o desenvolvimento da gravidez.

A técnica foi, inclusive, desenvolvida na década de 1970 para solucionar problemas de infertilidade por obstrução tubária, uma vez que as tubas uterinas não possuem função nesse processo. Tornou-se popularmente conhecida como ‘bebê’ de proveta, quando nasceu Louise Brown, o primeiro bebê concebido com a sua utilização. 

A hidrossalpinge tem relação com a infertilidade feminina. Para saber mais sobre isso, toque aqui.

Qual é a relação entre qualidade embrionária e transferência embrionária na FIV?

A reprodução assistida é uma área da medicina que vem se desenvolvendo muito ao longo dos anos. Suas técnicas são indicadas de acordo com os fatores de infertilidade identificados.

A principal é a fertilização in vitro (FIV), que possui procedimentos muito avançados e eficientes. Normalmente é indicada em diversos casos de infertilidade, principalmente os mais graves, assim como pode ser também uma opção quando outros tratamentos não são bem-sucedidos.

A FIV é feita em etapas, grande parte em laboratório, o que permite um maior controle dos procedimentos. Os índices de sucesso são altos e o tratamento conta ainda com técnicas complementares para aumentar as chances de gravidez e diminuir o risco de complicações para o feto.

Uma delas é o cultivo embrionário, em que o desenvolvimento dos embriões é acompanhada diariamente por um embriologista, garantindo maior qualidade, que também pode ser confirmada por teste específico, quando eles estão mais desenvolvidos. 

A qualidade do embrião é fundamental para a implantação ser bem-sucedida, quando ele se fixa ao endométrio iniciando a gestação. 

Neste texto, entenda a relação entre a qualidade embrionária e a transferência dos embriões ao útero.

Como são realizadas as etapas da FIV?

A FIV é realizada em cinco etapas principais. Tem início com a estimulação ovariana, quando são administrados medicamentos hormonais para a mulher, com a finalidade de estimular o desenvolvimento dos folículos e a liberação de mais óvulos maduros. 

Esse processo é acompanhado por ultrassonografias até que, no momento ideal, os folículos são induzidos ao amadurecimento final e coletados, os óvulos posteriormente extraídos e selecionados.

Após a coleta de sêmen e seleção dos espermatozoides, ocorre a manipulação dos gametas em laboratório para que o óvulo seja fecundado pelo espermatozoide. O que pode acontecer por FIV clássica, quando são colocados juntos em uma placa de cultura, ou por FIV com ICSI, em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, atualmente, o método mais utilizado. 

Depois disso, os embriões formados são cultivados em um meio de cultura adequado, até que estejam prontos para serem transferidos.

A última etapa da FIV é a transferência embrionária, que pode ser realizada em D3, no segundo ou terceiro dia de desenvolvimento (em fase de clivagem) ou em D5, entre o quinto e sexto dia, quando o embrião atinge a fase de blastocisto. 

Após serem transferidos ao útero, os embriões se fixam no endométrio para iniciar a gestação, o que acontece de forma natural, sem a intervenção técnica.

Qual é a relação entre qualidade embrionária e transferência embrionária na FIV?

A qualidade dos embriões formados é influenciada também pela qualidade dos gametas. Parâmetros de infertilidade de homens e mulheres devem ser observados, para que sejam selecionados somente os melhores para o processo de fecundação.

Para a transferência embrionária são adotados dois protocolos, escolhidos de acordo com cada situação. Embora ambos sejam bons, o mais utilizado é o que permite a transferência em D5, pois nesse estágio de desenvolvimento há maior sincronia fisiológica, uma vez que nele também ocorre a implantação na gestação natural.

É indicada a transferência em estágio de clivagem quando o casal possui um número reduzido de embriões ou se eles tiverem a saúde comprometida. Nesse caso, o desenvolvimento em ambiente uterino pode ser mais adequado. 

Isso acontece muito com pais em idade mais avançada, pois é natural a perda de qualidade dos óvulos e espermatozoides com o passar do tempo. 

Em fase de blastocisto, por outro lado, o embrião já possui uma quantidade maior de células e já é possível identificar os que têm mais chance de sucesso na implantação. 

Além da sincronização fisiológica, os embriões podem ser congelados para que o endométrio, tecido que reveste internamente o útero no qual o embrião implanta, não sofra forte interferência dos medicamentos hormonais utilizados para a estimulação ovariana. 

A FIV conta ainda com técnicas complementares no tratamento, como o PGT, teste realizado para analisar a genética do embrião que é feito em fase de blastocisto devido a maior quantidade de células. 

Com isso, é possível garantir a qualidade embrionária, evitando a transmissão de doenças genéticas e identificando anormalidades cromossômicas que podem gerar falhas de implantação ou abortamentos. Ou seja, apenas os embriões mais saudáveis são transferidos.

A qualidade embrionária é um fator determinante para o sucesso da implantação e da conclusão do tratamento. Quanto mais saudáveis forem os gametas utilizados no processo, mais chances de alcançar a gravidez. Por isso, todos os fatores são avaliados com cuidado e a escolha dos protocolos é feita de acordo com as individualidades de cada casal.

Quais as chances de sucesso da FIV?

A FIV é a técnica com maiores taxas de sucesso da reprodução assistida. Seus procedimentos são muito avançados e existem técnicas complementares, como o PGT, capazes de aumentar as chances de alcançar a gravidez.

Devido ao fato de que a maior parte do tratamento ser feita em laboratório, há um maior controle de todos os processos. É possível identificar problemas antes da transferência embrionária e definir ações para solucioná-los.

O sucesso do tratamento também depende de outros fatores, como a idade da mulher, por exemplo. Mas a individualização e a aplicação dos recursos certos também contribuem para garantir a gravidez.

Se você se interessou pelo assunto, saiba mais sobre a transferência de blastocistos e entenda detalhadamente como é feito o procedimento na FIV.

Sintomas de endometrite: veja quais são

É amplamente conhecida a importância do útero na geração de um bebê: o órgão abriga a nova vida, desde quando ela é apenas um embrião até o nascimento.

Esse acolhimento inicia quando o embrião, recém-formado pela fecundação, se implanta no endométrio, a camada de revestimento interno do útero. O endométrio é um tecido que, a cada ciclo reprodutivo, se renova e se desenvolve para propiciar uma boa recepção ao embrião, pois sem o sucesso dessa implantação não há gravidez, mesmo tendo ocorrido a fecundação.

Por esse motivo é muito importante, principalmente para aquelas que desejam ter filhos, diagnosticar e tratar eventuais problemas que afetem o útero, como a endometrite, da qual falaremos nesse texto.

O que é endometrite?

A endometrite figura entre as doenças do útero que podem ser um empecilho para a fertilidade feminina. Ela é uma inflamação do tecido endometrial, que pode ocorrer de forma aguda ou crônica. 

Essa inflamação é geralmente causada por agentes infecciosos, principalmente bactérias, e pode estar associada a outras infecções ginecológicas, como a doença inflamatória pélvica (DIP) e infecções sexualmente transmissíveis (IST) como clamídia e gonorreia.

Esses agentes podem ter acesso ao útero durante procedimentos de manipulação do órgão, como cesarianas, parto vaginal e curetagem, durante histeroscopia cirúrgica ou implantação de DIU (dispositivos intrauterinos).

Além do endométrio, pode afetar todas as camadas que revestem o útero, ser aguda ou crônica.

A aguda normalmente é de curta duração, enquanto a crônica pode ocorrer pela persistência da infecção em função da falta de tratamento ou quando ele é feito de forma inadequada, assim como ocorre de maneira mais sutil, apresentando-se nesse formato desde o início, sem passar por um estágio agudo. 

Geralmente não manifesta sintomas nessa fase, embora seja associada à infertilidade feminina.

Sintomas e complicações provocados pela endometrite

Assim como a dificuldade para engravidar, que geralmente indica problemas de fertilidade, e a sensibilidade uterina, comum às duas fases, a doença pode apresentar diferentes sintomas enquanto aguda ou crônica.

Na fase aguda, apesar de durar poucos dias, podem ocorrer sintomas como o aumento do fluxo menstrual, cólicas mais severas durante a menstruação, corrimento vaginal amarelado ou esbranquiçado e com odor forte (leucorreia), inchaço abdominal repentino, febre alta, calafrios e mal-estar em geral. Eles indicam a presença da infecção e alertam para a necessidade de procurar auxílio médico com urgência.

Quando se torna crônica, por outro lado, mesmo assintomática na maioria dos casos, também pode presentar alguns sintomas mais discretos, entre eles sangramento uterino anormal, caracterizado pela presença de manchas avermelhadas entre os períodos menstruais ou hemorragia em intervalos irregulares, dor durante as relações sexuais, leucorreia, micção frequente e febre moderada.

O processo inflamatório pode espalhar para as tubas uterinas, ovários e colo uterino, causando salpingite (inflamação das tubas uterinas), ooforite (inflamação dos ovários), cervicite (inflamação do colo uterino). A salpingite resulta na falta de mobilidade tubária e na formação de aderências, que provocam obstruções impedindo a fecundação.

Além disso, tende a afetar a qualidade dos óvulos e a receptividade do endométrio, fundamental para implantação do embrião ser bem-sucedida, levando a falhas e abortamentos recorrentes na gestação natural, frequentemente registrados em mulheres com o processo inflamatório crônico. E, ainda, causar complicações obstétricas e neonatais.

Como a endometrite é diagnosticada e tratada?

Atualmente o principal exame solicitado para diagnosticar a endometrite é o ALICE, que proporciona a identificação das principais bactérias associadas à doença.

O tratamento da doença é, da mesma forma, facilmente realizado pela administração de antibióticos, prescritos de acordo com o tipo de bactéria que causou a inflamação. Quando são agentes sexualmente transmissíveis o parceiro também deverá ser investigado e tratado.

Na fase crônica podem ser formados abscessos na cavidade uterina ou na pélvica. Nesse caso a indicação é cirúrgica, com o objetivo de drená-los. A cirurgia pode ser ainda necessária para a remoção de aderências.

Após o tratamento a fertilidade geralmente é restaurada, possibilitando a gravidez espontânea na maioria dos casos.

Endometrite e reprodução assistida

A endometrite também é associada a falhas de implantação repetida na fertilização in vitro (FIV), ou seja, se houver perda de gravidez em dois ou três ciclos de transferência embrionária, mesmo quando os embriões possuem boa saúde. Da mesma forma que gestação natural, pode interferir no mecanismo fisiológico de fecundação dos óvulos.

O problema geralmente só é percebido após a ocorrência de abortamento recorrente. Para evitar que isso aconteça, a inflamação deve ser totalmente curada antes de a mulher iniciar o tratamento. Atualmente, inclusive, o exame passou a compor a relação dos que geralmente são solicitados para avaliar a fertilidade feminina.

Essa investigação também deve ser feita por mulheres com histórico de abortamento recorrente, normalmente associados a problemas de fertilidade feminina. 

Após a cura da inflamação, as chances de gravidez aumentam, ao mesmo tempo que os percentuais de falhas na implantação do embrião tendem a diminuir.

Para se ter uma ideia a FIV, hoje, é considerada a principal técnica de reprodução assistida, com os percentuais mais altos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

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