Por Elo Clínica
Para diferentes causas de infertilidade, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais eficaz. É um tratamento complexo, composto por cinco etapas, sendo que a última é a transferência embrionária para o útero materno.
Essa etapa final pode ser feita entre o segundo e o sexto dia de cultivo embrionário em laboratório, sendo que a escolha do melhor protocolo depende de alguns fatores.
Se você tem interesse em entender os detalhes da transferência de embriões na FIV, vai gostar de acompanhar este texto. Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre esse assunto!
Quais são as etapas da FIV?
Para explicar como acontece a transferência embrionária, é importante destacar todas as etapas da FIV. Veja a seguir.
Estimulação ovariana e indução da ovulação
Na estimulação ovariana, a mulher recebe medicamentos à base de hormônios, como os produzidos naturalmente pelo corpo feminino. O intuito é o desenvolvimento de uma grande quantidade de folículos, estruturas que armazenam o óvulo.
O crescimento dos folículos é monitorado por meio de exames de ultrassonografia: quando atingem o tamanho ideal, a mulher recebe o hormônio hCG para finalizar o processo de maturação e induzir ao rompimento e liberação do óvulo (ovulação).
Aspiração folicular e preparo seminal
A mulher é sedada para que seja feita a aspiração do líquido dentro dos folículos, onde estarão os óvulos, que passam por uma análise em laboratório, sendo separados somente aqueles maduros e saudáveis.
Em paralelo, uma amostra do sêmen é coletada e preparada para a escolha dos espermatozoides que cumpram os quesitos de vitalidade e motilidade.
Fecundação
Com a seleção dos melhores gametas, chega o momento da fertilização. A técnica convencional fazia o processo em placas de cultura, porém o procedimento mais adotado atualmente é a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), em que cada espermatozoide é injetado no interior do óvulo.
Cultivo dos embriões
Após fertilizados, os embriões ficam na fase de cultivo por 2 a 6 dias, processo acompanhado por um especialista em embriologia para verificar se os embriões estão desenvolvendo adequadamente. Nessa fase, quando o embrião está no blastocisto, entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, podem ser avaliadas alterações genéticas e cromossômicas.
Transferência embrionária
É o momento de os embriões saudáveis serem transportados para o útero materno, como detalharemos no tópico seguinte.
Como ocorre a transferência embrionária?
Na quinta e última etapa da FIV, os embriões são depositados no útero da mãe, um processo em que ela não precisa receber anestesia. Assim, a transferência é feita em ambiente ambulatorial e o médico utiliza a ultrassonografia para servir como um guia no transporte dos embriões para a cavidade uterina.
Em alguns casos, a mulher pode receber medicamentos à base de hormônios para favorecer a receptividade endometrial, desse modo, ter um sucesso maior na implantação do embrião.
Depois da transferência, ela espera por cerca de duas semanas e realiza o teste de gravidez.
Em que momento é feita essa transferência?
A transferência dos embriões pode ocorrer seguindo dois protocolos distintos e a escolha vai depender de cada tratamento.
Transferência em D3
Chamada de transferência em fase de clivagem, é um processo em que os embriões são transportados para o útero com 2 ou 3 dias de desenvolvimento. É uma opção para casais com poucos embriões formados, já que o ambiente intrauterino pode ser o mais propício para o desenvolvimento embrionário adequado.
Mulheres com idade avançada e homens com problemas de fertilidade com comprometimento da qualidade dos gametas podem se beneficiar com esse protocolo nessa etapa da FIV.
Transferência em D5
É a transferência de blastocisto, estágio atingido pelo embrião com entre o 5 e 6 dias de divisão celular. É um momento em que ele tem boas chances de implantação no útero, pois é esse o tempo em que, naturalmente, se implanta na gestação espontânea.
O processo é muito utilizado, pois se beneficia das tecnologias das incubadoras, que evitam interferências do ambiente externo no cultivo embrionário, favorecendo, dessa forma, o desenvolvimento.
Quantos embriões são utilizados?
A reprodução assistida deve seguir as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, em sua Resolução nº 2.294/2021, determina o número de embriões que podem ser transferidos de acordo com a idade da mulher:
- Mulheres com até 37 (trinta e sete) anos: até 2 (dois) embriões;
- Mulheres com mais de 37 (trinta e sete) anos: até 3 (três) embriões;
Apesar da transferência de mais do um embrião, o objetivo do tratamento é a gestação de somente um bebê por conta dos riscos associados de uma gestação múltipla, quando comparada à única.
Qual a relação entre transferência de embriões e receptividade endometrial?
Para o sucesso da etapa de transferência embrionária, é preciso uma boa receptividade do endométrio, que é a camada do útero em que o embrião será implantado. Dessa maneira, esse tecido deve ter a espessura adequada para fixar o embrião, o que ocorre em apenas alguns dias do ciclo menstrual.
Nesse sentido, é parte da FIV também analisar qual é o melhor período para essa implantação. Para mulheres que já apresentaram falhas na fixação embrionária, pode ser feito o teste ERA, utilizado para avaliar a receptividade endometrial.
Temos que destacar, ainda, a possibilidade da técnica freeze-all, que congela os embriões depois da fecundação para que a transferência ocorra em um ciclo menstrual futuro. Pode ser a alternativa mais viável para pacientes que não estão com o endométrio preparado para a boa fixação embrionária.
A transferência embrionária é a última fase da FIV, sendo que, depois desse procedimento, em poucos dias o casal pode fazer o teste de gravidez para aguardar o tão sonhado positivo.
Quer conhecer mais sobre um dos protocolos da transferência de embriões? Confira como é a transferência de blastocistos!