Por Elo Clínica
A obstetrícia é a área da medicina que cuida da saúde da mulher no decorrer da gestação, no momento do parto e no pós-parto. Durante essas fases, o acompanhamento de um médico especialista é fundamental para realizar os exames necessários, prevenir complicações na gravidez e orientar os cuidados da mãe e do bebê.
O termo “obstetrícia” tem origem na palavra em latim “obstetrix”, do verbo obstare, que significa “ficar ao lado”. A expressão reflete a relevância do papel do obstetra, que oferece assistência à paciente ao longo de todos os meses de gestação, parto e puerpério — uma fase de importância ímpar na vida da mulher, que envolve grandes mudanças, dúvidas, expectativas e ansiedade.
O profissional de obstetrícia também é ginecologista, portanto, tem todo o conhecimento necessário sobre o sistema reprodutor feminino e sobre o vasto leque de doenças que podem acometer a saúde da mulher. Assim, o acompanhamento obstétrico visa a preparação da gestante para obter bons resultados clínicos para a mãe e o recém-nascido.
Indicações para o acompanhamento obstétrico
O acompanhamento com um especialista em obstetrícia é uma indicação imprescindível para qualquer gestante. Logo que a mulher confirma a gravidez, o pré-natal já pode, e deve, começar. Assim, além de realizar os primeiros exames no início da gestação, a paciente recebe orientações sobre os cuidados que precisa tomar e inicia a suplementação nutricional com ácido fólico e demais vitaminas que o médico considerar necessárias.
A avaliação ginecológica e obstétrica também é indicada para mulheres que estão planejando a gravidez. Na consulta preconcepcional, o casal esclarece suas dúvidas e realiza exames para investigar condições de saúde que possam interferir no desenvolvimento da gestação, além de receber orientações para mudanças de hábitos, se for preciso.
O acompanhamento preconcepcional também é realizado por casais inférteis que buscam os serviços de reprodução assistida. A dificuldade de engravidar naturalmente pode estar associada a fatores de infertilidade feminina ou masculina. A identificação correta desses fatores ajuda na definição do tratamento mais efetivo para cada casal, que pode ser feito com técnicas de baixa complexidade — relação sexual programada e inseminação artificial — ou com a fertilização in vitro (FIV).
É oportuno ainda destacar que todas as gestantes e tentantes devem ser avaliadas e acompanhadas por um profissional de ginecologia e obstetrícia, mas em casos de gestação de alto risco esse acompanhamento é ainda mais necessário. Assim, com um especialista sempre ao lado, as chances de que a gravidez evolua até o final são maiores.
Como é o acompanhamento da gestação, parto e puerpério
O acompanhamento em obstetrícia envolve uma relação de confiança entre obstetra e gestante, construída ao longo de meses de orientações, cuidados e repasse de informações. Assim, o médico se torna peça fundamental durante essa fase tão importante da vida da mulher, prezando pelo atendimento humanizado e acolhendo a futura mãe em seus momentos de dúvidas.
O vínculo médico x paciente também é essencial para que a gestante sinta mais segurança na hora do parto — momento que desperta grande ansiedade nas mulheres. A assistência continua após o nascimento da criança, auxiliando a puérpera nos primeiros cuidados com o bebê.
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Pré-natal
Durante o pré-natal, as consultas ocorrem mensalmente. O profissional de obstetrícia é responsável por solicitar exames, avaliar os resultados, prescrever medicamentos e vitaminas, se necessário, e orientar a paciente quanto aos cuidados que ela deve ter com a gestação. Em cada visita ao consultório, também é feita a checagem de peso e a aferição da pressão arterial.
No último mês de gestação, as consultas ao obstetra ficam mais frequentes, a cada 15 dias ou, quanto mais o dia do parto se aproxima, 1 vez por semana. Assim, também são verificadas as condições do colo do útero e realiza-se a cardiotocografia anteparto, um exame que avalia a vitalidade do feto.
Exames laboratoriais são realizados no início da gestação, bem como no segundo e terceiro trimestres, os quais, de modo geral, incluem:
- Papanicolau;
- hemograma completo;
- sorologias para sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatite e HIV;
- grupo sanguíneo e fator Rh;
- análises de urina;
- glicemia de jejum;
- teste de tolerância oral à glicose;
Várias ultrassonografias são feitas ao longo da gestação para monitorar o desenvolvimento morfológico do bebê, permitindo a identificação precoce de alterações, como síndrome de Down e malformações cardíacas. O ultrassom obstétrico possibilita ainda a confirmação do sexo da criança. Além disso, trata-se de um momento especial para a gestante, que tem a oportunidade de ver seu filho no útero e apreciar seus pequenos movimentos.
Outro ponto importante do acompanhamento pré-natal é a orientação quanto aos tipos de parto e o esclarecimento sobre os benefícios do aleitamento — claro que as escolhas da mulher devem ser respeitadas, mas o conhecimento médico pode nortear essas decisões.
Assistência ao parto e puerpério
A assistência ao parto e puerpério começa muito antes que na hora do parto em si. A mulher passa pela preparação para esse momento ao longo do toda a gestação, tanto no aspecto clínico quanto humano. A finalidade da obstetrícia é propor um conjunto de ações que proporcionem uma experiência minimamente traumática, com condições favoráveis à saúde da mãe e do bebê.
Durante o trabalho de parto, quando realizado em ambiente hospitalar, há uma série de protocolos e tecnologias que visam a segurança da mãe e do feto. Atualmente, os princípios da humanização são preconizados, de modo que as decisões da mulher sejam respeitadas e os procedimentos médicos sejam autorizados, sendo ela a protagonista desse evento.
Apoio físico e emocional, direito a um acompanhante de sua escolha e alívio da dor são alguns dos pontos que não podem ser ignorados. Além disso, a parturiente não é deixada sem assistência por longos períodos, podendo sempre contar com alguém da equipe médica para atender suas necessidades e avaliar o bem-estar do feto.
A escolha do tipo de parto — normal ou cesárea — é feita junto ao obstetra durante o pré-natal, considerando as condições de saúde da mãe e a presença de comorbidades como diabetes gestacional e hipertensão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o parto normal como primeira escolha, com exceção das situações em que a cesariana seja uma conduta necessária por questões médicas.
No puerpério, os cuidados médicos são voltados tanto para a mãe quanto para o bebê. Assim, o recém-nascido é acompanhado desde as primeiras horas de vida por um pediatra, realiza exames e toma as primeiras vacinas.
A mulher tem o direito de ter seu filho junto de si logo após os procedimentos iniciais que sucedem o nascimento da criança, salvos os casos de alto risco que demandam cuidados neonatais em unidades de terapia intensiva.
O obstetra ainda mantém seu vínculo com a paciente após o parto. Ainda no hospital, a mulher recebe ajuda com a amamentação, uma vez que algumas crianças têm dificuldade para pegar o seio materno nos primeiros dias.
O puerpério se estende até a recuperação completa dos órgãos reprodutores femininos, o que pode levar cerca de 6 semanas. Após esse período, a mulher retorna com o profissional de obstetrícia que a acompanhou para fazer uma avaliação pós-parto e decidir sobre os métodos de contracepção que serão adotados.