Por Elo Clínica
A inseminação artificial (IA), também chamada de inseminação intrauterina (IIU), é uma das técnicas de reprodução assistida, indicada para homens e mulheres que não conseguem engravidar de forma natural.
É considerada um tratamento de baixa complexidade, reservada apenas para os casos mais brandos de infertilidade. A fecundação ocorre in vivo, isto é, dentro do organismo feminino.
No contexto atual da reprodução assistida, a IA é realizada em poucas situações, uma vez que os problemas mais graves recebem indicação da fertilização in vitro (FIV), enquanto os casos mais simples podem ser solucionados com a relação sexual programada (RSP). Ainda assim, trata-se de uma alternativa que pode aumentar as chances de gravidez em determinadas situações.
Acompanhe o texto para compreender quando a IA é indicada e como a técnica é realizada.
As indicações da inseminação artificial
A inseminação intrauterina pode ser realizada quando há fatores leves de infertilidade. Contudo, para ter sucesso no tratamento, a mulher precisa ter idade inferior a 35 anos, útero saudável e ao menos uma das tubas uterinas com boa permeabilidade, abertas à passagem dos óvulos e espermatozoides.
Veja em quais condições a IA pode ser indicada:
Disfunções ovulatórias
Problemas de ovulação são detectados a partir de irregularidades no ciclo menstrual, como intervalos mais longos entre os períodos menstruais ou mesmo ausência de menstruação. A principal causa de infertilidade por anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Nesses casos, a inseminação artificial pode ser suficiente para conseguir a gestação.
Já em quadros mais severos de anovulação, como falência ovariana prematura (FOP), pode ser preciso contar com a doação de óvulos — técnica utilizada somente no contexto da FIV.
Endometriose em estágios brandos
A endometriose é uma das doenças ginecológicas que mais acomete mulheres em idade reprodutiva. Em níveis avançados, essa patologia compromete a função dos órgãos reprodutores e impede a gravidez. Mesmo no estágio leve, a mulher pode encontrar dificuldades para conceber por métodos naturais, mas a IA é uma alternativa que costuma trazer bons resultados nesses casos.
Problemas encontrados no colo do útero ou no muco cervical
Mulheres com alterações no colo do útero, como aderências cicatriciais provocadas por curetagens ou cirurgias, podem ter mais dificuldades para engravidar, em razão dos obstáculos no caminho percorrido pelos espermatozoides. Com a IA, o sêmen é introduzido diretamente no interior do corpo do útero, transpondo as barreiras existentes no cérvix.
O muco cervical também tem importante papel na gravidez natural, uma vez que ajuda o espermatozoide em seu percurso até o útero. Assim, se forem detectadas alterações nessa substância, a paciente também pode optar pela IA.
Casais homoafetivos femininos
Mulheres solteiras que desejam reprodução independente, assim como casais homoafetivos femininos, podem engravidar com a inseminação intrauterina. Para isso, é preciso utilizar o sêmen de um doador, ao qual a paciente nunca poderá ter acesso nem saber sua identidade.
O casal homoafetivo feminino ainda pode optar pela gestação compartilhada, em que os óvulos de uma das pacientes são coletados, fertilizados e transferidos para o útero de sua parceira. Mas, para esse tipo de reprodução, é necessário passar pela FIV.
Alterações no sêmen
Quando o espermograma apresenta alterações seminais leves ou moderadas quanto à quantidade e motilidade dos espermatozoides, o casal pode tentar a gravidez com a IA. Fatores mais graves, como azoospermia (ausência de gametas no sêmen), requerem o tratamento com a FIV.
Ainda em relação aos fatores masculinos, a IA também pode ser indicada quando há problemas com a ereção. Contudo, o quadro deve ser bem avaliado, uma vez que boa parte dos casos de disfunção erétil é tratada com a ajuda de fármacos.
A realização da técnica
Antes da inseminação, a paciente passa por exames específicos para avaliar as condições de seu sistema reprodutor. Dosagens hormonais e exames ultrassonográficos ajudam a identificar se o processo de ovulação ocorre dentro do normal ou se há necessidade de estimulação ovariana.
A maior parte dos casos requer a administração de medicamentos hormonais para estimular a ação dos ovários. Com o apoio farmacológico, os folículos ovarianos — unidades funcionais que abrigam os óvulos — se desenvolvem e amadurecem para liberar os gametas armazenados.
Na IA, a estimulação ovariana é feita de forma cautelosa, com o objetivo de conseguir no máximo três óvulos maduros. Essa precaução é necessária para reduzir o risco de gravidez gemelar — diferentemente da FIV, em que não há limite na quantidade de gametas a serem coletados, uma vez que o números de embriões é observado somente no momento da transferência para o útero.
Após a aplicação dos hormônios, o desenvolvimento folicular é acompanhado por ultrassonografias e exames de sangue. Quando os folículos estiverem prontos para o processo de maturação final, é feita a indução da ovulação com hCG. Cerca de 36 horas depois disso, os folículos se rompem e liberam os óvulos, que seguem até as tubas uterinas, onde poderão ser fertilizados.
Enquanto isso, a amostra de esperma — obtida por masturbação ou recebida por doação de um doador — é submetida às técnicas de preparo seminal. Assim, são selecionados os espermatozoides com melhor morfologia e motilidade para a inseminação intrauterina.
Finalmente, no dia previsto para a ovulação da paciente, a amostra seminal recém-processada é introduzida em seu útero com uma cânula específica para o procedimento. Para isso, a mulher permanece em posição ginecológica e um espéculo é utilizado para manter seu canal vaginal em abertura adequada. Não é necessária anestesia, uma vez que o incômodo é leve, semelhante ao que acontece no exame de Papanicolau.
Por volta de duas semanas depois da inseminação artificial, a mulher pode realizar um teste de gravidez. As chances de sucesso da técnica giram em torno de 20%. Entretanto, quando a gestação não é confirmada após três tentativas de IA, recomenda-se a FIV como alternativa mais promissora de tratamento.