Por Elo Clínica
A reversão de vasectomia é um procedimento procurado por homens que passaram por cirurgia de esterilização, mas que desejam ter filhos novamente. Na operação de vasectomia, são cortados os vasos deferentes, responsáveis por transportar os espermatozoides pelo trato reprodutor. Dessa forma, o líquido ejaculado passa a não conter gametas, de modo a impedir que a fecundação aconteça.
A cirurgia de vasectomia pode ser feita por homens a partir dos 25 anos, desde que tenham pelo menos dois filhos vivos. No entanto, muitos decidem formar uma nova família e buscam alternativas para restaurar a fertilidade. Além disso, outras questões podem motivar o paciente à reversão da vasectomia, como a perda de um filho ou a realização da esterilização muito jovem.
Este texto explica como é feita a reversão da vasectomia, quais as condições para que o procedimento seja realizado e quais as alternativas de tratamento, quando os resultados são insatisfatórios.
Os casos em que a reversão de vasectomia pode ser realizada
Em suma, o procedimento é indicado para homens que fizeram a vasectomia, mas querem recuperar a capacidade reprodutiva. Contudo, são considerados alguns fatores para realizar a cirurgia de reversão, como o tempo decorrido desde a esterilização.
Quanto maior o tempo de operação, menos chances de recuperar a fertilidade. Isso porque, o processo de cicatrização, principalmente após períodos prolongados, pode resultar na formação de fibroses e obstruções mais profundas, reduzindo a efetividade da reconexão dos ductos.
Outro importante fator é a idade da parceira conjugal. O ideal é que a candidata à gestação tenha menos que 35 anos para tentar uma concepção natural, uma vez que, após essa idade, a fertilidade feminina começa a declinar.
No caso de gestação tardia, o casal encontra mais possibilidades na fertilização in vitro (FIV), dispensando a necessidade da reversão de vasectomia, já que os espermatozoides podem ser recuperados diretamente dos órgãos reprodutores.
Além do fator da idade, também é importante avaliar a saúde geral do sistema reprodutor feminino. Se a mulher apresentar fatores graves de infertilidade, como obstrução nas tubas ou doenças uterinas, não é indicado ao homem fazer a reversão de vasectomia, devido às chances reduzidas de gravidez.
A realização do procedimento
A restauração da fertilidade por meio da reversão de vasectomia só é possível porque a cirurgia de esterilização apenas obstrui a passagem dos gametas, mas não interfere na produção dos espermatozoides.
A operação de reversão é feita com a ajuda de um microscópio para que os vasos deferentes sejam devidamente visualizados. O processo pode ser feito de duas formas: vasovasostomia ou vasoepididimostomia.
Em ambos os casos, o procedimento cirúrgico começa com uma incisão na bolsa escrotal, para expor os canais deferentes. Caso as extremidades cortadas dos ductos sejam localizadas, a vasovasostomia é realizada. Esse método consiste na recanalização dos ductos, por meio da junção das pontas que foram separadas na operação anterior. Com isso, os espermatozoides podem novamente seguir seu trajeto pelo trato reprodutivo para se unir ao líquido seminal.
A vasoepididimostomia é um método de maior complexidade. Nessa técnica cirúrgica, os ductos deferentes são conectados diretamente aos epidídimos — órgãos localizados atrás dos testículos, responsáveis por armazenar e maturar os espermatozoides.
Os cuidados pós-operatórios e os riscos associados
O paciente que passa pela reversão de vasectomia permanece pouco tempo em internação. Algumas horas depois da cirurgia, ele já pode deixar o centro hospitalar, com algumas recomendações médicas. A recuperação total leva cerca de duas semanas, período este em que o homem deve adotar certos cuidados pós-operatórios.
O uso de medicamentos anti-inflamatórios deve ser seguido à risca, assim como é orientado após qualquer procedimento cirúrgico. Também podem ser aplicadas compressas de gelo na área da incisão, para reduzir o inchaço. Da mesma forma, a utilização de suspensório escrotal é indicada para manter os testículos elevados. O paciente ainda deve permanecer em abstinência sexual por cerca de quatro semanas, além de evitar atividades físicas.
Há poucos riscos pós-cirúrgicos. Em alguns casos, o homem pode notar hematomas na região escrotal. Processos infecciosos também podem se desenvolver em raras ocasiões, o que deve levar o paciente à busca por novo acompanhamento médico para fazer o tratamento adequado.
Para clarear uma dúvida comum, vale ressaltar que cirurgias realizadas no aparelho sexual masculino, como a vasectomia ou a reversão, não provocam disfunção erétil ou outras limitações sexuais.
As chances de êxito e as alternativas de tratamento
Passado um determinado período da cirurgia de reversão de vasectomia, são feitas análises seminais periódicas para verificar se a presença de espermatozoides no sêmen está normalizando. Importante acentuar que esse processo de estabilização é demorado e pode levar meses, ou até mais de um ano, para o casal finalmente confirmar uma gestação.
Se após um período prolongado de tentativas, o casal ainda não conseguir engravidar, as técnicas de reprodução assistida são indicadas como melhor opção de tratamento, sobretudo a FIV. Assim, é possível coletar os espermatozoides dos testículos ou epidídimos — com os procedimentos de recuperação espermática PESA, MESA, TESE ou Micro-TESE — para realizar a fecundação dos óvulos em laboratório.
A fertilização ocorre por injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), uma técnica de micromanipulação de gametas que permite que cada espermatozoide seja injetado dentro de um óvulo. Esse método aumenta as chances de gerar embriões em número suficiente para dar sequência ao tratamento, que ainda passa pelas etapas de cultivo embrionário e transferência para o útero.
Com os procedimentos de recuperação espermática e a fecundação por ICSI, são bem expressivas as chances de o casal obter uma gravidez, mesmo que a reversão de vasectomia não tenha alcançado os resultados esperados.