Por Elo Clínica
Segundo estimativas, 20% das gestações não chegam até o final devido ao abortamento espontâneo. A perda gestacional involuntária ocorre, na maioria das vezes, até a 20ª semana da gravidez. Apesar de ser um processo relativamente comum, esse momento pode causar dor e frustração para o casal, especialmente para aqueles que estão tentando engravidar.
Em geral, as pessoas têm receio de falar sobre esse assunto por não terem muitas informações a respeito dele. Por isso, neste texto vamos mostrar as suas causas e consequências para a saúde da mulher, e, ainda, como a reprodução assistida pode ajudar os casais a terem filhos mesmo após passarem pela experiência da perda gestacional.
Continue a leitura e confira!
O que é aborto espontâneo?
Apesar de o termo aborto ser o mais conhecido, ele não é o mais adequado. A perda gestacional é chamada de abortamento, ocorrendo até a 22ª semana da gestação e com o feto pesando, no máximo, 500 gramas. E o produto do abortamento é que é chamado de aborto.
O abortamento espontâneo é um evento bastante comum e muitas vezes acontece antes de a mulher saber que está grávida. Por isso, saber mais sobre ele e suas principais causas são também uma forma de prevenir novos abortamentos.
A interrupção da gravidez, de forma involuntária, pode ocorrer por diversos motivos, como mostraremos a seguir.
Quais são as principais causas do abortamento espontâneo?
É comum que o motivo do abortamento espontâneo não seja diagnosticado, especialmente quando ele ocorre durante as primeiras semanas da gestação. Os sintomas podem não ser aparentes e, quando a gravidez é muito recente, a mulher pode confundir esse momento com o sangramento menstrual normal.
Entre as principais causas desse tipo de abortamento temos: as anormalidades cromossômicas, os fatores uterinos e endócrinos, e as infecções.
Anormalidades cromossômicas
A maioria dos casos de abortamento espontâneo acontece até a 12ª semana e, em geral, a causa está relacionada a anormalidades cromossômicas. Ela ocorre devido a um problema na divisão celular do embrião ou por serem originados de gametas com alterações, impedindo o seu desenvolvimento.
Fatores uterinos
As alterações uterinas podem ser congênitas ou adquiridas ao longo da vida. No primeiro grupo temos as malformações, como o útero bicorno, septado e unicorno. Eles reduzem o espaço para o feto se desenvolver de forma adequada.
Os fatores adquiridos são consequências de doenças que podem provocar lesões e aderências na cavidade uterina, dificultando o desenvolvimento da gestação. Entre as doenças mais comuns estão os miomas e os pólipos endometriais.
Fatores endócrinos
As condições endócrinas estão relacionadas a problemas hormonais, fator muito importante para o desenvolvimento saudável do feto. Assim, problemas na produção de progesterona e dos hormônios da tireoide podem causar abortamento espontâneo.
Infecções
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem causar graves consequências para a saúde reprodutiva da mulher, incluindo o risco de abortamento espontâneo. Os agentes infecciosos podem ser bactérias, vírus ou outros microrganismos. Entre as ISTs mais comuns temos: gonorreia, clamídia, HIV e sífilis. Outra doença que pode causar abortamento é a rubéola.
Passar por um processo de abortamento não significa que você passará novamente, mas isso pode acontecer, dependendo da causa do abortamento. Quando há mais do que 2 ocorrências consecutivas, ele é chamado de abortamento de repetição.
Nesses casos, é importante que o casal procure ajuda médica para investigar a causa das perdas gestacionais, que podem estar relacionadas a outros fatores e demandar providências diferentes do abortamento espontâneo.
Existem consequências físicas ou psicológicas?
Nos casos de abortamento espontâneo, as consequências físicas são pequenas. As complicações são raras e em pouco tempo a mulher está bem fisicamente. Para uma melhor recuperação, a paciente deve receber orientações dos próximos passos e apoio psicológico para lidar com a dor da perda. O suporte emocional do parceiro e da família também é muito importante nessa fase.
Se for do desejo da mulher tentar engravidar novamente, recomenda-se um intervalo de 3 meses entre o abortamento e o início da nova tentativa.
Após casos de abortamento, como casais podem ter filhos?
O abortamento espontâneo não impede que a mulher engravide naturalmente no futuro e tenha uma gestação saudável. No entanto, uma investigação médica deve ser feita se o casal tiver dificuldade para engravidar após um ano de tentativas ou em caso de abortamento de repetição.
A reprodução assistida pode ser indicada para esses casos em que o casal quer engravidar e não consegue, em especial a fertilização in vitro (FIV). Ela possui a maior taxa de sucesso entre as técnicas de reprodução assistida.
Além disso, a FIV também possibilita a utilização de técnicas complementares para aumentar as chances de uma gestação. Para os casais com histórico de abortamento, as mais indicadas são o teste genético pré-implantacional (PGT) e o teste de receptividade endometrial (ERA), mas cada caso é individualizado. Estudamos cada um para fazer a melhor indicação de tratamento.
Caso a paciente passe por abortamentos espontâneos consecutivos, a conduta mais indicada é investigar o motivo, embora nem sempre seja possível encontrá-lo. Para saber mais sobre o abortamento de repetição, as suas causas e alternativas de tratamento, confira a nossa página sobre o assunto!