Por Elo Clínica
Prostatite refere-se a um grupo de diferentes condições inflamatórias que atingem a próstata — órgão do aparelho sexual masculino, que tem como principal função o armazenamento e a secreção do líquido prostático, o qual se une ao fluído da vesícula seminal para formar o sêmen.
As prostatites apresentam diferentes etiologias. A sintomatologia também é variável, mas costuma ser marcada principalmente por dificuldades urinárias e dor perineal. O quadro requer avaliação médica e tratamento correto, uma vez que a infecção da próstata pode comprometer o funcionamento adequado do aparelho genital e desencadear outros problemas, inclusive infertilidade.
Continue a leitura para entender quais são os diferentes quadros de prostatite.
Os tipos de prostatite
As prostatites se dividem em quatro classificações:
I. Prostatite bacteriana aguda
As manifestações desse tipo da doença são súbitas e podem incluir febre, mal-estar, calafrios e dor muscular. O paciente apresenta próstata dolorosa e endurecida. Em casos severos, há riscos de sepse generalizada — processo inflamatório que se espalha pelo organismo.
II. Prostatite bacteriana crônica
Nesse quadro, a prostatite se manifesta em episódios infecciosos recorrentes, que podem ser intercalados por intervalos de meses em remissão. Dessa forma, o quadro pode ser confundido com uma infecção urinária de difícil tratamento. A sintomatologia tende a ser mais branda que na prostatite bacteriana aguda.
III. Prostatite crônica/síndrome da dor pélvica crônica (PC/SDPC)
Aqui, a prostatite também é dividida em dois subtipos: inflamatória e não inflamatória — embora os dois subgrupos sejam semelhantes quanto às características clínicas e resposta aos tratamentos. Esse é um dos quadros mais graves e apresenta dor predominante, inclusive durante a ejaculação. Sintomas urinários como irritação e obstrução também são comuns.
A PC/SDPC é uma condição de difícil tratamento, visto que suas causas não são bem esclarecidas. Mas sabe-se que a inflamação não é provocada por agentes infecciosos conhecidos, portanto, não há prescrição de fármacos com combate à ação de microrganismos específicos.
IV. Prostatite crônica inflamatória assintomática
Pacientes com esse tipo da doença não sofrem com os sintomas, mas as células inflamatórias são detectadas com a presença de leucócitos na urina ou no líquido seminal, bem como por meio de biópsia da próstata.
As causas da doença
Como vimos pela classificação das prostatites, a doença pode ser de origem bacteriana ou não bacteriana. Contudo, no caso da PC/SDPC, ainda não há uma teoria conclusiva em relação à sua etiologia.
As prostatites bacterianas — aguda ou crônica — são causadas por agentes patógenos típicos das infecções urinárias (Proteus, Escherichia coli, entre outros), bem como pelas bactérias presentes nas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Nesse último caso, o agente infeccioso mais comum é o causador da clamídia (Chlamydia trachomatis).
A etiopatogenia das prostatites não bacterianas não é totalmente conhecida. Uma das teorias sugere que pode haver pressão urinária elevada, decorrente de micção com dissinergia. Como consequência, ocorre um refluxo de urina para dentro da próstata, causando inflamação.
Os sintomas mais comuns
A prostatite aguda apresenta sintomas mais evidentes que a doença crônica. Nesse caso, a sintomatologia inclui:
- dor na região do períneo, mas que também pode ser percebida na lombar, nos testículos e no pênis;
- alterações urinárias, como dor, irritação, urgência para urinar, micção frequente e obstrução;
- evacuação dolorosa;
- sinais de sangue na urina;
- sintomas sistêmicos como febre, calafrios e mal-estar.
A prostatite crônica pode apresentar sintomas semelhantes aos do quadro agudo, embora com menor intensidade. Além disso, o paciente também pode sentir:
- dor perineal e na região abdominal inferior;
- dor durante ou após a ejaculação;
- disfunção sexual;
- hematospermia (presença de sangue no sêmen).
Nos casos de PC/SDPC, os sintomas aparecem em um padrão de remissão e recidivas. Pacientes com essa doença têm sua qualidade de vida prejudicada em diversos aspectos — sexual, emocional, funcional etc.
A avaliação diagnóstica
A prostatite é diagnosticada a partir da avaliação do histórico do paciente e do exame clínico. O toque retal é um procedimento importante para verificar a necessidade de realizar exames específicos para confirmação do quadro.
Os métodos diagnósticos incluem análise seminal, exames de sangue e urina, ultrassonografia transretal, ressonância magnética e biópsia. Análises adicionais como cistoscopia e citologia urinária também podem ser solicitadas em determinados casos.
O tratamento da prostatite
A definição do tratamento depende da etiologia do quadro. A prostatite bacteriana é tratada com a administração de antibióticos. Já a doença crônica não bacteriana é acompanhada com a finalidade de reduzir os sintomas incômodos e melhorar a qualidade de vida do paciente. Nesses casos, são prescritos analgésicos e anti-inflamatórios para atenuar a dor e o inchaço.
O paciente com prostatite crônica não bacteriana também pode fazer uso de laxantes para aliviar a dor ao evacuar, assim como recorrer a terapias não medicamentosas como massagens da próstata e banhos de assente quente.
Prostatite e infertilidade: a importância da reprodução assistida
A inflamação na próstata pode alterar a produção do líquido prostático e, por consequência, interferir na qualidade do sêmen e no processo de fecundação natural. Conforme a gravidade e o tipo de prostatite, o homem também pode apresentar dificuldades sexuais, como ejaculação precoce e disfunção erétil — problemas considerados causas secundárias de infertilidade.
A prostatite ainda pode provocar um quadro de azoospermia, uma vez que as vias da próstata podem ficar obstruídas, bloqueando a passagem dos espermatozoides e seu encontro com o líquido seminal. Nessas condições, as técnicas de reprodução assistida são indicadas para aumentar as chances de gravidez do casal.
A fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais eficaz nos casos de infertilidade masculina. Procedimentos como PESA e MESA, TESE e Micro-TESE são utilizados nos processos de FIV para coletar os espermatozoides dos testículos ou epidídimos em casos de azoospermia.
Há também a fecundação com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), que permite a micromanipulação dos gametas e a injeção direta no citoplasma do óvulo, aumentando consideravelmente as chances de que um embrião seja gerado.
O ideal é que a prostatite seja devidamente tratada para devolver o bem-estar ao paciente. Contudo, diante de um quadro de infertilidade causado por essa ou outras doenças, a reprodução assistida pode fazer diferença.