Por Elo Clínica
A epididimite é um processo infeccioso que afeta os epidídimos — ductos que se localizam na borda posterior dos testículos. A função desses órgãos é armazenar os espermatozoides e participar do processo de maturação dos gametas.
A epididimite é o quadro mais comum no espectro das afecções agudas intraescrotais. A condição ocorre com mais frequência em adultos jovens com vida sexual ativa, sendo a invasão bacteriana a principal causa da doença. A sintomatologia inclui edema, dor intensa e congestão sanguínea na bolsa testicular. Não raro, o processo inflamatório alcança os testículos, dando origem à orquiepididimite.
Este texto reúne importantes informações acerca da epididimite, como causas, sintomas e formas de tratamento. Acompanhe!
As causas da epididimite e os fatores de risco envolvidos
Os principais agentes etiológicos da epididimite em adultos jovens são as bactérias causadoras de clamídia e gonorreia — infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Quando o problema se desenvolve na infância (quadro raro), as causas podem ser atribuídas a microrganismos do grupo de coliformes e micoplasma. Já em homens com idade avançada, a inflamação nos epidídimos costuma ser decorrente da ação de bacilos presentes nas infecções urinárias.
A epididimite, como vimos, é principalmente desencadeada por agentes patogênicos. No entanto, o processo inflamatório também pode decorrer de traumas e cirurgias na bolsa escrotal. Além disso, há determinados fatores de risco que elevam as chances de contrair a doença, como:
- contaminação por ISTs em ocasião anterior;
- não uso de preservativos durante as relações sexuais;
- histórico de infecções urinárias;
- cirurgias e outras intervenções no trato urinário, como utilização de cateteres.
Os sintomas e possíveis complicações da doença
A sintomatologia envolve principalmente dor, edema e hiperemia (congestão sanguínea) da bolsa escrotal. Em alguns casos, a manifestação de dor pode ser bastante intensa e se espalhar até a região abdominal.
O paciente também pode passar por episódios de febre, além de apresentar sintomas urinários, como micção frequente e sensação de urgência para urinar. Quando o quadro de epididimite se desenvolve juntamente com a uretrite — especialmente em decorrência de ISTs — é comum haver secreção peniana.
Em resumo, os principais sintomas da epididimite são:
- inchaço na região do escroto;
- vermelhidão, endurecimento e sensibilidade no local afetado;
- dor intensa;
- dificuldades para urinar;
- dor durante a relação sexual e a ejaculação;
- gânglios linfáticos evidenciados na região da virilha;
- secreção, em alguns casos;
- vestígios de sangue na urina ou no sêmen;
- presença de nódulos;
- febre e náuseas.
A falta de tratamento efetivo pode gerar complicações, como a irradiação da infecção para os testículos, resultando em um quadro de orquiepididimite. Com o processo inflamatório, existe o risco de que a produção de espermatozoides seja prejudicada, provocando infertilidade.
Os exames para o diagnóstico
O diagnóstico da epididimite depende primeiramente da avaliação clínica. O exame físico pode detectar importantes sinais da doença, como epidídimo ingurgitado e doloroso. Para confirmar o quadro, é necessário fazer a cultura de urina e obter uma amostra de raspado uretral, quando houver secreção. Esses exames permitem identificar os agentes patógenos envolvidos.
A ultrassonografia da bolsa escrotal com Doppler também é realizada para detectar se a dor escrotal não está relacionada a outra condição, como a torção testicular.
As formas de tratamento
O tratamento da epididimite baseia-se na prescrição de medicamentos anti-inflamatórios e antibióticos. A definição dos fármacos a serem administrados depende da idade do paciente e do agente causador da infecção. Também são recomendadas medidas de suporte, como repouso e elevação da bolsa escrotal, com o auxílio de suspensórios. Já o uso de analgésicos e compressas de gelo é indicado para o alívio das dores.
Importante frisar que o tratamento medicamentoso deve ser seguido à risca, pois, como vimos, um quadro mal curado de epididimite pode resultar em complicações, incluindo a infertilidade.
Nos casos de epididimites recorrentes, a intervenção cirúrgica é indicada para remoção parcial ou total do órgão. Cirurgias também são necessárias para fazer a drenagem de abscessos escrotais.
Por fim, é válido acentuar a relevância do acompanhamento médico pós-tratamento, para confirmar se a infecção foi extinta e se os órgãos vizinhos não foram comprometidos.
Epididimite e infertilidade: a importância da reprodução assistida
Assim como outras doenças infecciosas, a epididimite pode levar a obstruções no trato reprodutivo e interferir nas funções dos órgãos masculinos. Além disso, se a infecção se alastrar até os testículos, há riscos de impactar a produção de espermatozoides, bem como seu processo de maturação e aquisição de mobilidade — o que ocorre nos próprios epidídimos.
Portanto, todos esses mecanismos prejudicam a fertilidade do homem. Quando isso acontece, é possível encontrar alternativas na reprodução assistida — ramo da medicina que dispõe de técnicas específicas para viabilizar o processo de concepção diante de diversas condições de infertilidade.
Dentre os tratamentos da reprodução assistida, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica que ganha mais notoriedade, especialmente nos casos de infertilidade masculina por fatores graves, os quais podem provocar azoospermia — ausência de espermatozoides no líquido ejaculado.
Nos processos de FIV, são realizados procedimentos de recuperação espermática que permitem coletar os espermatozoides dos testículos e epidídimos. Esse recurso é fundamental nos casos de azoospermia decorrente de infecções como a epididimite.