Por Elo Clínica
O espermograma é o primeiro exame solicitado para fazer a investigação diagnóstica da infertilidade masculina. O método compreende a análise qualitativa e quantitativa do plasma seminal, com o intuito de identificar possíveis alterações no sêmen ou nos espermatozoides.
A partir das anormalidades apontadas no resultado do espermograma, é definida a forma mais promissora de tratamento — o que pode envolver uso de medicamentos, procedimentos cirúrgicos ou técnicas de reprodução assistida, conforme o quadro clínico associado às alterações espermáticas.
No âmbito da reprodução assistida, o espermograma é um instrumento diagnóstico importante para auxiliar na definição do tratamento e na escolha das técnicas complementares que poderão ser aplicadas.
Por exemplo, quando não há espermatozoides no sêmen (azoospermia), é preciso recorrer a procedimentos para coletar os gametas dos órgãos masculinos (testículos ou epidídimos), o que somente é feito na fertilização in vitro (FIV).
Os aspectos analisados no espermograma
Para realizar a coleta do sêmen, o paciente deve manter cerca de 3 a 4 dias de abstinência, o que inclui qualquer prática que o leve à ejaculação — relação sexual, masturbação e até mesmo episódios de ejaculação noturna involuntária são impeditivos para a colheita do líquido seminal, uma vez que alteram os resultados da análise.
O mais recomendado é que o material seja colhido por masturbação na própria clínica ou laboratório em que será feito o espermograma. Caso a coleta seja feita em casa, a amostra de esperma deve ser entregue para análise em menos de uma hora para não afetar a motilidade dos espermatozoides.
O espermograma se divide em exame macroscópico e microscópico. A primeira parte da análise observa as características do sêmen, enquanto o uso do microscópio permite verificar o número e a qualidade dos espermatozoides.
Análise macroscópica
Por meio da avaliação macroscópica, o espermograma obtém dados sobre os aspectos físicos da amostra seminal. O primeiro fator observado é o volume do líquido, cujo parâmetro de normalidade estabelece número superior a 1,5 ml — quantidade inferior a essa indica condição patogênica.
Em relação à cor do sêmen, o padrão sugere opalescência esbranquiçada. Quando o líquido fica amarelado pode ser indício de infecção, enquanto a coloração amarronzada indica a presença de glóbulos vermelhos.
Quanto ao pH do líquido espermático, números entre 7 e 8,2 são considerados dentro da normalidade. Outros aspectos estudados na análise macroscópica são viscosidade, consistência e tempo de liquefação.
Análise microscópica
Os resultados obtidos com a análise microscópica do espermograma informam a quantidade de espermatozoides existentes no fluído ejaculado, bem como se os gametas são móveis e morfologicamente saudáveis.
Em termos de concentração, o ideal é que o homem tenha a partir de 15 milhões de gametas por ml de sêmen, enquanto no volume total ejaculado o número deve ser igual ou superior a 39 milhões. Já os parâmetros de vitalidade ditam que pelo menos 58% dos espermatozoides devem estar vivos.
Outro importante fator para a fertilidade masculina é a motilidade dos gametas, cujo resultado esperado da análise é que eles se movam de forma progressiva, direcional e contínua. Já os espermatozoides que apresentam movimento lateral ondulante ou progressivo lento estão relacionados à dificuldade de fertilização, uma vez que não conseguem chegar às tubas uterinas.
A quantidade esperada de células móveis e progressivas na amostra seminal é de no mínimo 32%.
A análise microscópica também possibilita o estudo da morfologia dos gametas, o que é feito por partes: cabeça, parte intermediária e cauda. Cada porção é avaliada para identificar se existem defeitos estruturais que afetam a qualidade do embrião, assim como as chances de concepção.
As indicações para o exame
Além de ser solicitado para avaliar a fertilidade do homem, o espermograma também é necessário para identificar problemas urológicos, como inflamações na próstata. Outra importante finalidade do exame é verificar o efeito da vasectomia, bem como da cirurgia de reversão de esterilização.
Nos casos de infertilidade, os resultados do espermograma devem direcionar a investigação das causas do problema, para propor uma intervenção pontual. Infecções no trato reprodutor, obstruções, desequilíbrio hormonal, tumores nos testículos e varicocele são exemplos de condições que interferem nas funções reprodutivas masculinas e devem ser devidamente corrigidas.
Os possíveis resultados do espermograma
Conforme os achados da análise seminal, são definidos os seguintes termos diagnósticos:
- aspermia – ausência de volume ejaculado;
- azoospermia – ausência de espermatozoides no fluído ejaculado;
- oligozoospermia – número insuficiente de gametas;
- astenozoospermia – espermatozoides com pouca ou nenhuma motilidade;
- teratozoospermia – número escasso de espermatozoides com morfologia adequada;
- necrospermia – todos os espermatozoides da amostra sem vitalidade.
Todas as anormalidades descritas interferem na capacidade de reprodução masculina. Diante disso, a FIV é a alternativa de tratamento mais eficaz para o homem que pretende ter filhos, mas que apresenta diagnóstico de infertilidade.
Para os casos mais complexos, são aplicadas as técnicas de recuperação espermática e a fecundação acontece com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
As técnicas de reprodução assistida, sobretudo a FIV, representam um avanço na medicina reprodutiva, visto que possibilitam a fecundação mesmo quando os fatores de infertilidade identificados são graves. Nesse contexto, o espermograma tem papel indispensável na avaliação masculina e no prognóstico reprodutivo do casal.