Por Elo Clínica
Em uma gestação, logo após ser fecundado pelo espermatozoide o óvulo se transforma em zigoto, célula-ovo que sofre sucessivas divisões celulares até se tornar embrião, enquanto é transportado ao útero para se fixar no endométrio.
O endométrio é o tecido que reveste a parede mais interna do útero, rico em vasos sanguíneos. Nele, o embrião implanta e será nutrido até que a placenta seja devidamente formada.
Quando o endométrio não possui as condições adequadas, como espessura ou receptividade, é possível que aconteçam falhas nessa implantação, com consequente abortamento, muitas vezes de repetição, quando ocorrem mais de três perdas consecutivas.
É o que pode acontecer em casos de endometrite, a inflamação do endométrio: a fixação do embrião é comprometida e se a inflamação não for corretamente tratada, pode afetar a capacidade reprodutiva da mulher e resultar em infertilidade.
A seguir, entenda melhor sobre a endometrite e quais são os possíveis tratamentos. Confira!
O que é o endométrio e quais são as causas da endometrite
Endométrio é a camada mais interna do útero. Mensalmente, sob a ação dos hormônios estrogênio e progesterona, ele é preparado para receber o embrião, tornando-se mais espesso e vascularizado. Quando não há a fecundação, descama e é expelido pela menstruação, iniciando um novo ciclo.
A inflamação desse tecido se chama endometrite, em que há um desequilíbrio da flora bacteriana uterina. É possível que procedimentos médicos, como parto normal, cesariana, ou a implantação de dispositivos intrauterinos (DIU), facilitem a ascensão de bactérias naturalmente presentes na vagina. Nesse caso é classificada como endometrite aguda.
Também é uma das consequências da doença inflamatória pélvica (DIP), provocada na maioria das vezes por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia.
Já a endometrite crônica resulta normalmente da permanência da infecção, o que ocorre quando a doença não é tratada durante a fase aguda, ou o tratamento é feito de forma inadequada.
Quais são os sintomas da endometrite
Quando a endometrite é aguda, tem curta duração, no entanto, pode causar sintomas muitas vezes severos, como cólicas menstruais de maior intensidade antes e durante a menstruação (dismenorreia), aumento excessivo do fluxo menstrual, corrimento com odor forte, inchaço repentino da região abdominal, febre alta, calafrios e mal-estar em geral.
Na endometrite crônica os sintomas se diferem na forma de sangramento, como hemorragia em intervalos irregulares ou a presença de manchas avermelhadas entre os períodos menstruais. Além disso, quando há febre ela é moderada e pode ocorrer micção frequente e urgente.
No entanto, quase sempre a endometrite crônica é assintomática, descoberta principalmente diante da dificuldade em engravidar. Nessa fase a doença é, inclusive, reconhecida como uma das causas mais comuns de infertilidade feminina, sendo esse, portanto, seu sintoma mais grave.
Como diagnosticar e tratar a endometrite?
A presença dos sintomas, embora auxilie no diagnóstico, não é conclusiva. Na avaliação ginecológica, o médico realiza também um exame clínico da região pélvica, percebendo, por exemplo, se o útero está sensível ao toque, e solicita exames, como o hemograma completo para verificar a presença de bactérias e o tipo, o teste de urina e uma análise da secreção vaginal, para constatar agentes sexualmente transmissíveis.
Recomenda-se, além disso, a realização da histeroscopia, técnica que oferece uma visualização mais detalhada das condições uterinas ao introduzir pelo colo do útero um aparelho com uma microcâmera. Durante o exame é possível coletar uma amostra de tecido para biópsia.
O tratamento da endometrite é feito com a administração de antibióticos, prescritos de acordo com cada tipo de bactéria. Em alguns casos, também é necessário a realização de intervenção cirúrgica para a remoção de fragmentos abortivos, placentários ou drenar abscessos.
Qual a relação entre endometrite e infertilidade?
A infertilidade é uma condição definida pela incapacidade de engravidar após uma mulher em idade reprodutiva tentar por um período maior de um ano sem o uso de contraceptivos. A endometrite, quando já está instalada e se torna crônica, é uma causa frequentemente registrada.
A inflamação altera o ciclo endometrial, provocando um deslocamento do período de receptividade do endométrio e, assim, falhas na implantação e abortamento. Quando espalha para todo o útero, pode causar a formação de aderências, que levam à distorção da anatomia do órgão, dificultando ou impedindo a gravidez, resultando, da mesma forma, em abortamento.
Ao espalhar para as tubas uterinas e ovários, impende, de diferentes formas, a fecundação.
No entanto, com a cura da inflamação a fertilidade tende a ser restaurada e a mulher engravida de forma espontânea. Se tiver provocado maiores danos, a gravidez ainda pode ser obtida por técnicas de reprodução assistida, particularmente pela fertilização in vitro (FIV).
No entanto, a cura da infecção também é fundamental antes de iniciar o tratamento com a técnica, pois a endometrite, da mesma forma, pode causar falhas na implantação do embrião.
Assim, quanto mais cedo e eficiente for o tratamento, melhor a condição do endométrio para receber o embrião.
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