Por Elo Clínica
A ultrassonografia é uma ferramenta indispensável na rotina da avaliação ginecológica, obstétrica e fetal. Essa técnica começou a ser realizada no Brasil no início da década de 70, com aplicações nas áreas de ginecologia e obstetrícia, mas, hoje, é um recurso de investigação diagnóstica utilizado em várias especialidades médicas.
No exame de ultrassonografia, as imagens das estruturas internas são formadas por ondas sonoras de alta frequência, inaudíveis ao ser humano (ultrassônicas). Com o uso do transdutor ultrassonográfico, é possível avaliar a morfologia dos órgãos abdominais e pélvicos com boa acurácia e identificar alterações.
Na avaliação ginecológica, a ultrassonografia pélvica é indicada para investigar doenças que acometem o útero, os ovários e as tubas uterinas, como miomas uterinos, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e endometriose.
Durante a gravidez, o ultrassom obstétrico é realizado desde as primeiras semanas. Os objetivos são de confirmar a presença do embrião na cavidade uterina e verificar as condições da bolsa amniótica e da placenta, além de permitir a identificação do sexo do bebê. O exame também é importante para avaliar o desenvolvimento morfológico do feto e detectar precocemente o risco de malformações e outras alterações, a exemplo da síndrome de Down.
Indicações para o exame de ultrassonografia
A ultrassonografia é indicada durante o acompanhamento ginecológico regular quando a paciente apresenta alterações — sintomáticas ou detectadas no exame físico — que levantem a suspeita de doenças nos órgãos pélvicos.
As consultas periódicas ao ginecologista são fundamentais durante todas as fases da vida da mulher, desde a primeira menstruação até a pós-menopausa. A avaliação anual inclui o exame físico, o Papanicolaou e, após os 40 anos, a mamografia. No entanto, quando necessário, a ultrassonografia é solicitada.
Na avaliação da saúde da mulher, as indicações podem incluir três tipos de ultrassonografia: transvaginal; pélvica suprapúbica; das mamas, se forem identificadas formações nodulares. Além disso, essa técnica diagnóstica tem papel relevante na investigação da infertilidade feminina.
A ultrassonografia também é indicada várias vezes ao longo do período gestacional. A avaliação inicial pode ser feita a partir de uma semana de atraso menstrual. Nesse período, já é possível diagnosticar um embrião. Com 6 semanas de vida intrauterina, conseguimos captar os batimentos cardíacos do bebê que está começando a se formar.
O ultrassom obstétrico realizado logo no início da gravidez também é importante para descartar uma gestação ectópica — correspondente à implantação embrionária fora do útero, comumente em uma das tubas uterinas. Essa condição oferece riscos à vida da mulher, podendo desencadear uma hemorragia fatal, portanto, precisa ser interrompida.
A realização de ultrassonografias no decorrer da gestação é feita para estimar a idade gestacional, o peso aproximado do feto e a data prevista para o parto. Dentre esses exames, o ultrassom morfológico, realizado no quarto mês de gravidez, é fundamental para identificar malformações no feto e cromossomopatias.
A ultrassonografia na rotina da avaliação obstétrica e fetal também tem as finalidades de identificar o sexo do bebê, verificar a vitalidade do feto com o recurso de Doppler e observar a quantidade de líquido amniótico.
Condições que a ultrassonografia pode diagnosticar
O exame de ultrassonografia pode fornecer o diagnóstico das seguintes alterações ginecológicas:
- endometriose;
- síndrome dos ovários policísticos;
- cistos ovarianos (condição diferente da anterior);
- miomas;
- pólipos;
- sinequias;
- adenomiose;
- malformações congênitas;
- obstrução tubária;
- tumores pélvicos.
Em relação às condições obstétricas, além de monitorar o desenvolvimento do bebê, a ultrassonografia pode identificar problemas que inviabilizam a gestação, como a gravidez ectópica e a doença trofoblástica gestacional.
Uma condição rara, a doença trofoblástica — nas formas mola hidatiforme completa ou incompleta — precisa ser diagnosticada precocemente, em torno de 10 semanas de gestação, uma vez que existe o risco de que o quadro evolua para uma neoplasia.
Como o exame de ultrassonografia é realizado
Na rotina da avaliação ginecológica, os principais tipos de ultrassonografia realizados são os exames pélvicos. Há duas formas de avaliar os órgãos da pelve: por via vaginal ou suprapúbica.
O ultrassom transvaginal permite uma boa visibilização dos órgãos genitais internos. Para realizar esse exame, a mulher fica em posição ginecológica e o transdutor ultrassonográfico é recoberto com gel e introduzido em seu canal vaginal. As imagens captadas são imediatamente transmitidas em um monitor.
A técnica suprapúbica é realizada com o transdutor deslizando sobre o baixo abdômen da paciente. Aconselha-se que a mulher mantenha a bexiga cheia para fazer esse tipo de exame. Em alguns casos, pode ser necessário utilizar medicamentos para reduzir o conteúdo gasoso e, assim, melhorar a difusão das ondas ultrassônicas.
Na avaliação da saúde da mulher, outros tipos de ultrassonografia também podem ser solicitados conforme as suspeitas clínicas, incluindo o ultrassom das mamas, do abdômen total e da tireoide.
No acompanhamento obstétrico, a ultrassonografia transvaginal é realizada no início da gestação. Nos meses seguintes, utiliza-se o método suprapúbico para avaliar o desenvolvimento do feto.
Todos os tipos de ultrassonografia são procedimentos simples, rápidos, indolores, de fácil aplicação e baixo custo. Por todas essas razões, trata-se de uma ferramenta diagnóstica de importância ímpar e de ampla utilização na rotina da avaliação ginecológica, obstétrica e fetal.