Por Elo Clínica
A endometriose, uma das principais causas de infertilidade, é uma doença complexa e difícil de ser diagnosticada. Apesar de ser mais conhecida atualmente, devido aos diversos estudos sobre ela, ela ainda está longe de consenso. Há teorias sobre a sua causa, por exemplo, mas ela não é unânime.
De caráter progressivo, ela se torna mais grave ao longo do tempo. Nos casos mais avançados, além do aumento de sintomas como dores pélvicas e irregularidades menstruais, que prejudicam a qualidade de vida da mulher, ela também pode dificultar a gravidez.
Diversos esforços foram feitos para classificar a endometriose, especialmente, com o propósito de entender a doença e encontrar a melhor conduta para tratá-la.
Continue a leitura para descobrir como é feita a classificação da endometriose e os benefícios desse esforço para o conhecimento e o tratamento da doença.
Vamos lá?
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela presença de células endometriais fora do útero, como nos ovários, no intestino, nas tubas uterinas, entre outros órgãos. Essas células respondem à ação do estrogênio, provocando inflamações e alterações nos órgãos.
A sua causa mais aceita é a da menstruação retrógrada. Quando a gravidez não acontece, o tecido endometrial descama e é eliminado pelo organismo (o que chamamos de menstruação). No entanto, nessa teoria, os fragmentos seguem um caminho diferente e se direcionam para outros órgãos.
Como é feita a classificação da endometriose?
A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina, por isso, a sua classificação é importante para que ela seja melhor compreendida e estudada. Nos últimos 100 anos, diversos estudos foram realizados sobre a doença, resultando em classificações que foram se aperfeiçoamento de acordo com o nosso conhecimento sobre ela.
A American Fertility Society, em 1985, criou uma classificação cirúrgica atrelado a um sistema de pontos. A endometriose era dividida em: mínima, leve, moderada e severa. Ela considerava a extensão da doença, a presença de aderências e outros fatores. Porém, o sistema de pontos definia pesos diferentes entre as lesões, o que prejudicava a classificação.
Atualmente, a classificação mais aceita avalia os aspectos morfológicos. Ela é dividida em três tipos, que vamos apresentar a seguir.
Endometriose superficial peritoneal
A forma mais leve de endometriose é a superficial peritoneal. Os seus implantes (focos endometriais) são superficiais e estão espalhadas pelo peritônio, na região abdominal. O seu diagnóstico é difícil, pois a ultrassonografia e o exame clínico não apresentam alterações.
Endometriose ovariana (endometriomas)
A endometriose ovariana é caracterizada pela presença de cistos endometriais — chamados de endometriomas — nos ovários, podendo ser unilateral ou bilateral.
Os cistos são de tamanhos variados e de formato achatado, a coloração vermelha bem escura se assemelha a cor do chocolate, por isso, eles também são chamados de cistos de chocolate. Os endometriomas são diagnosticados por ultrassonografia e é comum que ela esteja associada a endometriose profunda.
Endometriose infiltrativa profunda
A endometriose infiltrativa profunda é o caso mais grave e o que mais afeta a qualidade de vida da mulher. As lesões possuem mais de 5 mm de profundidade. Os seus sintomas são os mais graves e, assim como os endometriomas, ela está relacionada à infertilidade.
Como a endometriose afeta a qualidade de vida e a fertilidade feminina?
Ela atinge diversos órgãos e, em casos graves, impede muitas mulheres de terem uma boa qualidade de vida. Diversos sintomas estão relacionados com ela, por isso, é difícil de ser diagnosticada.
Entre os seus principais sintomas, estão:
- Dor pélvica (dores incapacitantes, principalmente, próximas ao período menstrual);
- Dispareunia (dor durante a relação sexual);
- Aumento do fluxo menstrual;
- Infertilidade;
Entre os tipos de endometriose, os endometriomas e a infiltrativa profunda são as mais relacionadas com a infertilidade feminina. Os cistos nos ovários provocam uma alteração na anatomia e na função dos órgãos, afetando a ovulação e a reserva ovariana da paciente.
A profundidade das lesões de endometriose infiltrativa profunda nas tubas uterinas podem causar obstruções e aderências, dificultando a fecundação. Porém, não são apenas os sintomas físicos que afetam as pacientes. As consequências da doença também atingem aspectos como a saúde mental, a financeira e a profissional.
As mulheres levam, em média, 5 anos para receber o diagnóstico da doença. Durante esse período, muitas pacientes procuram diversos profissionais e cancelam compromissos pessoais e profissionais devido às dores incapacitantes da endometriose. Como consequência, muitas também relatam quadros de depressão e ansiedade. Além disso, a demora no diagnóstico aumenta o risco de infertilidade.
Quais são as possibilidades de tratamento para mulheres que desejam engravidar?
A endometriose não tem cura, porém, é possível controlar os seus sintomas e melhorar a qualidade de vida da paciente. Como a doença pode se manifestar de diversas formas, a melhor conduta para o tratamento deve ser avaliada por um médico especializado.
Para as pacientes com infertilidade e que desejam engravidar, os tratamentos mais indicados são o cirúrgico e a reprodução assistida. A indicação deve considerar a idade da paciente, a gravidade das lesões e os órgãos atingidos.
A cirurgia, geralmente realizada por videolaparoscopia, visa retirar os focos endometriais e recuperar a anatomia do órgão atingido. Enquanto a fertilização in vitro é a técnica de reprodução assistida mais indicada para casos graves de endometriose.
Ela se diferencia das demais técnicas porque a sua fecundação é realizada em laboratório e os embriões são transferidos para o útero da paciente, após alguns dias de desenvolvimento.
A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. De acordo com os seus aspectos morfológicos ela é classificada em: superficial peritoneal, ovariana e infiltrativa profunda. A classificação da doença é importante, especialmente, para facilitar o diagnóstico e o tratamento.
Ao longo da leitura mostramos os aspectos gerais da doença e como ela é classificada. Para se aprofundar nesse tema e conhecer os seus fatores de risco, leia o nosso conteúdo sobre a endometriose!