Por Elo Clínica
O hipotireoidismo é uma doença da tireoide — glândula responsável por secretar hormônios que agem nos diferentes sistemas do organismo. Nesse quadro, ocorre a redução ou a supressão da função tireoidiana, o que leva o corpo a um estado de hipometabolismo.
A doença pode se desenvolver em pessoas de ambos os gêneros e de qualquer faixa etária, mas a prevalência é maior em mulheres e pessoas idosas.
As consequências desse distúrbio são diversas e podem afetar importantes ações orgânicas, causando alterações metabólicas, cardiovasculares, neurológicas, entre outras. As funções reprodutivas também são prejudicadas pelo hipotireoidismo, resultando em infertilidade.
No decorrer deste texto, abordaremos mais temas importantes sobre o hipotireoidismo. Acompanhe!
As causas do hipotireoidismo
O hipotireoidismo pode ser decorrente de causas primárias ou secundárias, sendo a primeira forma da doença a mais prevalente. Entre os fatores primários, os principais são:
Tireoidite de Hashimoto
Um distúrbio autoimune em que os anticorpos atacam a tireoide, levando à uma redução progressiva das funções da glândula, até configurar um quadro de hipotireoidismo. Trata-se de uma condição crônica, considerada a causa mais comum da doença.
Tratamento de hipertireoidismo
Condição identificada como hipotireoidismo pós-terapêutico, essa é segunda causa mais comum do distúrbio.
O hipertireoidismo é uma disfunção que resulta em hiperatividade da glândula, elevando de forma anormal a produção de hormônios. No tratamento, são usados medicamentos que reduzem a função tireoidiana. No entanto, pode haver uma resposta excessiva aos fármacos, desencadeando a hipoatividade da tireoide.
Deficiência de iodo
A falta de iodo na dieta é uma causa reconhecida do hipotireoidismo. O iodo é um mineral essencial para o equilíbrio das funções da tireoide. As principais fontes dessa substância são os peixes e frutos do mar, assim como o próprio sal iodado.
A deficiência de iodo durante a gestação pode ocasionar hipotireoidismo congênito no feto, com riscos associados à deficiência intelectual. Por essa razão, os obstetras costumam recomendar a suplementação do mineral. Contudo, o consumo excessivo pode ser igualmente prejudicial.
Outras causas
Além das causas citadas, o hipotireoidismo primário ainda pode ser provocado a partir de terapias de radiação, usadas no tratamento de câncer na cabeça ou pescoço. O uso de lítio em tratamentos psiquiátricos também pode inibir a liberação de hormônios tireoidianos. Por fim, ainda há os distúrbios hereditários (defeitos enzimáticos), apontados como fatores etiológicos da doença, embora sejam considerados casos raros.
Já o hipotireoidismo secundário é caracterizado por falhas hipofisárias ou hipotalâmicas, que afetam a secreção do hormônio estimulador da tireoide (TSH) — também observado como um quadro de baixa incidência.
Os sintomas do quadro
Com a produção insuficiente de hormônios pela tireoide, as funções do organismo ficam mais lentas. Os sintomas se apresentam de forma branda, a princípio, e se tornam mais evidentes com a redução gradual do metabolismo. A letargia e as alterações nas expressões faciais podem, inclusive, simular um quadro de depressão, especialmente quando o hipotireoidismo acomete pessoas idosas.
Nesses casos, é possível notar um semblante de aborrecimento, com pálpebras caídas, rosto inchado e pele e cabelos ressecados, além da voz rouca e da lentidão para falar. Idosos com hipotireoidismo ainda podem apresentar confusão mental, redução de apetite, fraqueza, dor e rigidez nas articulações.
Outros sintomas são percebidos em qualquer idade, e afetam diferentes sistemas do organismo, por meio de alterações metabólicas, cardiovasculares, psiquiátricas, neurológicas, dermatológicas, gastrointestinais, oculares e ginecológicas.
Em geral, a sintomatologia do hipotireoidismo inclui:
- bócio (aumento da glândula tireoidiana);
- ganho de peso;
- dificuldade para tolerar o frio;
- redução da frequência cardíaca;
- esquecimentos;
- constipação;
- alterações na pele e nos cabelos;
- fadiga;
- fraqueza e cãibras musculares;
- formigamento nas mãos (parestesias);
- colesterol elevado.
As mulheres ainda podem apresentar irregularidades menstruais (menorragia e amenorreia) e, por consequência, dificuldade de engravidar. Nos homens, o hipotireoidismo pode alterar a libido e a potência sexual, sintomas que representam fatores secundários de infertilidade.
Os métodos para diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do hipotireoidismo é feito por meio da dosagem dos hormônios TSH, secretado pela hipófise, e tiroxina (T4), produzido pela tireoide. Níveis elevados de TSH e reduzidos de T4 afirmam a hipoatividade da glândula.
A dosagem hormonal é necessária não somente no diagnóstico da doença, mas também no acompanhamento do quadro, uma vez que as disfunções tireoidianas carecem de tratamento contínuo. Além disso, o exame ainda permite detectar os casos de hipotireoidismo subclínico — condição em que há o aumento do TSH sérico, mas não há redução do T4 livre, bem como nenhuma manifestação clínica.
Importante lembrar que, como se trata de um quadro comum em idosos, o exame para detectar o hipotireoidismo deve ser realizado após os 65 anos, mesmo sem sinais evidentes da doença.
Como forma de tratamento, a terapêutica padrão inclui a reposição com hormônios tireoidianos sintéticos — o que deve ser seguido como conduta permanente, incluindo ajustes nas dosagens, quando necessário.
A falta de tratamento adequado do hipotireoidismo pode acarretar outros problemas, incluindo anemia, hipotermia e insuficiência cardíaca.
Hipotireoidismo e infertilidade: a importância da reprodução assistida
O hipotireoidismo é uma das causas da infertilidade feminina, visto que a deficiência na produção de hormônios pode provocar irregularidades no ciclo menstrual. Dessa forma, ocorrem falhas na ovulação, impedindo a fecundação. O déficit hormonal também pode prejudicar a fase lútea e a receptividade uterina, elevando os riscos de falhas de implantação embrionária e abortamento precoce.
O homem também pode ter sua fertilidade comprometida pelo hipotireoidismo, em razão das disfunções sexuais ou até mesmo de falhas na produção de espermatozoides. Mas com a reposição dos hormônios tireoidianos, é possível equilibrar as funções reprodutivas masculinas e femininas.
Entretanto, diante da infertilidade persistente, o casal pode contar com a reprodução assistida como alternativa de tratamento para obter a gravidez. Entre as técnicas empregadas nesse campo da medicina, a fertilização in vitro (FIV) é a que apresenta mais taxas de gestação clínica e nascidos vivos.