Por Elo Clínica
A varicocele é caracterizada por uma dilatação nas veias do plexo pampiniforme, responsável pela drenagem sanguínea da bolsa testicular. Com essa alteração, o retorno venoso é prejudicado, o que resulta na formação de varizes nos testículos.
A presença das veias varicosas no cordão espermático interfere na circulação sanguínea e na oxigenação do órgão, ocasionando elevação da temperatura intratesticular e escrotal, bem como aumento da toxicidade no local. Como consequência, há um impacto no processo de espermatogênese — produção de espermatozoides — tanto em termos de quantidade quanto de qualidade dos gametas.
No leque de condições que afetam a fertilidade masculina, a varicocele se destaca como o problema de maior incidência. Contudo, apesar de ser um quadro comumente detectado durante a investigação da infertilidade, essa doença pode se desenvolver já no início da puberdade.
As causas da varicocele e sua relação com a infertilidade
A teoria mais utilizada para apontar a causa da varicocele destaca a ausência congênita ou ineficiência na função das válvulas internas do cordão espermático. Da mesma forma, falhas na drenagem sanguínea, em decorrência de sistema venoso obstruído, podem explicar o surgimento da doença.
O problema aparece com frequência aumentada entre homens com histórico de varicocele em parentes de primeiro grau, o que configura a hereditariedade como um fator de risco. A literatura ainda sugere que a prática extenuante e prolongada de exercícios físicos pode agravar o quadro dos pacientes diagnosticados, com notável piora nos parâmetros seminais.
A relação entre varicocele e infertilidade pode ser explicada pelos seguintes mecanismos:
- hipertermia;
- hipóxia;
- redução da irrigação sanguínea nos testículos e no epidídimo;
- estresse oxidativo;
- alterações nos níveis de testosterona, visto que o hormônio é produzido pelos testículos.
Os principais sintomas do quadro
É comum o caráter assintomático no início da doença. Sendo assim, a varicocele pode ser um achado clínico em exames de rotina ou mesmo durante a avaliação da infertilidade. De acordo com o agravamento do quadro, o homem consegue notar algumas alterações nos testículos, além de experimentar sintomas incômodos.
Os sinais e sintomas mais comuns da varicocele incluem:
- inchaço ou assimetria testicular;
- sensação de peso e desconforto na bolsa testicular;
- dor que aumenta quando o homem permanece muito tempo em pé ou quando faz esforço físico.
Os métodos diagnósticos utilizados na investigação
A avaliação diagnóstica da varicocele começa com o exame físico — que deve ser realizado preferencialmente em ambiente aquecido ou com temperatura natural, portanto sem refrigeração para facilitar o relaxamento da musculatura testicular. Conforme o grau da doença, as veias varicosas são identificadas já no exame físico.
As varicoceles clínicas são classificadas em três tipos:
- grandes (grau III) – as veias varicosas são visíveis;
- moderadas (grau II) – as varizes são palpáveis;
- pequenas (grau I) – as veias dilatadas são palpáveis somente quando realizada a manobra de Valsalva (exercício de expiração com nariz e boca tampados).
Exames específicos também são solicitados para confirmar o quadro de varicocele. Os mais importantes são o espermograma, que avalia a quantidade e a qualidade dos espermatozoides, e a ultrassonografia da bolsa testicular com doppler, que permite a observação do fluxo sanguíneo. O teste de fragmentação do DNA espermático é outro método que pode ajudar na investigação completa dos efeitos da doença.
A venografia da veia espermática ajuda a verificar o refluxo venoso do plexo pampiniforme, portanto trata-se de outro importante método na avaliação da varicocele. A termografia escrotal e a cintilografia também são recursos que podem nortear o diagnóstico.
As formas de tratamento
O grau de desenvolvimento da doença direciona a conduta terapêutica. Varizes pequenas e sem prejuízos confirmados à fertilidade masculina podem ser acompanhadas periodicamente, sem necessidade de correção cirúrgica. Nesses casos, o homem pode fazer uso de analgésicos quando sentir dor e utilizar um suspensório escrotal para amenizar a sensação de peso nos testículos.
No entanto, boa parte dos pacientes com varicocele recebe indicação de cirurgia, sobretudo quando a condição é apontada como causa de infertilidade. A varicocelectomia é o procedimento mais recomendado e pode ser realizada por diferentes vias: laparoscópica, retroperitoneal, inguinal e subinguinal — sendo esta última a técnica mais utilizada.
A embolização percutânea é uma alternativa de tratamento não cirúrgico, embora apresente mais taxas de recidiva, em comparação com a varicocelectomia.
A reprodução assistida no tratamento da varicocele
Muitos homens que passam pela correção cirúrgica da varicocele apresentam uma melhora nos parâmetros da análise seminal, o que indica que a fertilidade foi restaurada. Contudo, esse restabelecimento pode ser lento ou insuficiente para conseguir a concepção natural.
Como alternativa de tratamento para os casais que almejam confirmar uma gravidez, existe a reprodução assistida. Diante da infertilidade por fatores masculinos, a técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
Esse tipo de tratamento utiliza técnicas de recuperação espermática — PESA, MESA, TESE e Micro-TESE — para coletar os espermatozoides dos testículos ou do epidídimo. Durante a etapa de fertilização, os gametas masculinos são injetados diretamente no citoplasma dos óvulos, aumentando consideravelmente as possibilidades de fecundação. Portanto, uma opção favorável para os casos de infertilidade por varicocele.