Por Elo Clínica
Existem diversas doenças femininas que podem causar infertilidade, sendo a DIP (ou doença inflamatória pélvica) uma delas. A DIP é uma infecção que acomete a região pélvica da mulher e, por isso, possui diversas consequências.
Ela acontece quando há a entrada de agentes infecciosos pela vagina, afetando os órgãos reprodutores. Sendo assim, atinge o útero, as tubas uterinas e ovários, causando inflamações.
Você tem dúvidas sobre esse assunto? Então continue a leitura deste conteúdo e aprenda mais! Vamos lá?
O que é DIP?
Como vimos, a DIP é uma doença inflamatória que acomete a região pélvica e é causada por uma infecção polimicrobiana (quando há a existência de várias espécies microbianas), que pode afetar o cérvix uterino, útero, tubas uterinas e ovários. Nos três últimos, a infecção tende a acontecer ao mesmo tempo.
Ela pode ser transmitida sexualmente e, em casos mais graves, se espalhar. Existem diversas complicações quando isso acontece, como dor pélvica crônica, gestação ectópica, quando o embrião se implanta fora do útero, geralmente nas tubas uterinas e, infertilidade.
Geralmente, a DIP aparece em mulheres com idade inferior a 35 anos e raramente surge na menarca, durante uma gestão ou após a menopausa.
Quais são os principais sintomas da doença?
Os sintomas mais comuns da DIP são: dor abdominal, corrimento cervical, febre, sangramento uterino anormal, durante ou após a menstruação, dores na parte inferior das costas e dores circunstanciais durante a micção e relações sexuais.
Os sintomas são bem diversos e, por isso, o diagnóstico pode ser difícil. Além disso, muitas mulheres têm sintomas inespecíficos, leves ou são assintomáticas.
Qual é a relação da DIP com a infertilidade?
Uma das complicações da DIP é a salpingite, inflamação das tubas uterinas, que pode causar cicatrizes e aderências tubárias e, com elas, obstruções, dificultando ou impedindo a fecundação, aumentando o risco de infertilidade ou de gestação ectópica.
A inflamação dos ovários, ooforite, pode afetar o processo de desenvolvimento e amadurecimento folicular ou a qualidade do óvulo, impedindo a ovulação e, consequentemente, a fecundação, ou resultando em abortamento por falhas na implantação do embrião.
Já a endometrite, inflamação do endométrio, tecido que reveste internamente o útero, pode interferir na receptividade endometrial, o que também resulta em falhas na implantação e abortamento.
Como é feito o diagnóstico de DIP?
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), para diagnóstico e confirmação clínica da DIP, é necessário que haja:
- Três critérios maiores e um critério menor;
Ou
- Um critério elaborado.
Os critérios são:
Critérios maiores
- Dor hipogástrica;
- Dor à palpação dos anexos;
- Dor à mobilização de colo uterino.
Critérios menores
- Temperatura axilar > 37,5°C ou > 38,3°C;
- Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal;
- Massa pélvica;
- Mais de cinco leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice, ou seja, após a análise da secreção presente no colo do útero, a presença de leucócitos pode indicar a inflamação;
- Leucocitose em sangue periférico;
- Proteína C reativa ou velocidade de hemossedimentação (VHS) elevada;
- Comprovação laboratorial de infecção cervical por bactérias.
Critérios elaborados
- Evidência histopatológica de endometrite;
- Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem;
- Laparoscopia com evidência de DIP.
Para isso, o médico ginecologista realiza exames como o microscópico da secreção vaginal, ultrassonografia e laparoscopia.
Como é realizado o tratamento?
O tratamento é realizado com antibióticos. Se as mulheres têm um quadro clínico mais leve e sem sinais de pelviperitonite, aplica-se o tratamento ambulatorial.
Somente quando há casos de cirurgias emergenciais, gravidez ou a incapacidade de seguir o tratamento ambulatorial, acontece a internação e antibioticoterapia endovenosa.
Qual é a melhor maneira de prevenir a DIP?
A melhor forma de prevenção da doença é usar preservativos em todas as relações sexuais. Isso diminui os riscos de infeção, pois eles atuam como uma barreira contra as bactérias que podem transmiti-la
Qual é a relação da DIP com a reprodução humana assistida?
Mulheres que já tiveram um episódio de DIP têm mais chance de ter uma gravidez ectópica ou se tornar inférteis.
Então, como a DIP é uma doença que afeta a vida reprodutiva da mulher, assim como a sua qualidade em geral, é preciso ressaltar que a demora no diagnóstico pode levar a consequências mais graves, como o risco de sequelas no sistema reprodutor.
Em outras palavras, quanto mais rápido a mulher receber o seu diagnóstico, melhor, pois isso irá preservar a sua fertilidade.
Sendo assim, como vimos anteriormente, a DIP pode causar infertilidade quando o processo inflamatório afeta os órgãos reprodutores, como as tubas uterinas ou os ovários.
Vale ressaltar que a doença também pode se manifestar nos homens. Nesse caso, pode resultar na inflamação dos epidídimos, epididimite, dos testículos, orquite ou da próstata, prostatite. O que interfere na qualidade dos espermatozoides, na espermatogênese, processo pelo qual são produzidos, assim como pode causar obstruções impedindo o transporte para serem ejaculados.
Portanto, nos homens a DIP pode, da mesma forma, resultar em infertilidade.
No entanto, se a infertilidade permanecer após o tratamento primário, há ainda a possibilidade de realizar o sonho de ter um bebê por meio da reprodução assistida. A técnica mais indicada nesses casos é a fertilização in vitro (FIV).
Na FIV, a fecundação acontece em laboratório, não nas tubas uterinas e os embriões formados são transferidos diretamente ao útero. Os melhores gametas femininos e masculinos são selecionados para a fecundação e, quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen, podem ainda ser recuperados dos epidídimos ou testículos.
Além disso, diferentes técnicas complementares ao tratamento ajudam a solucionar diferentes problemas, como as falhas na implantação, aumentando as chances de sucesso.
Gostou de aprender mais sobre a DIP? Que tal aprofundar os seus conhecimentos sobre uma das doenças que causam a infertilidade feminina: a endometrite. Boa leitura!